domingo, 23 de fevereiro de 2025

Gare Oriente - Campanhã em comboio - 2025

 


GARE ORIENTE  CAMPANHÃ

COMBOIO




22 – Fevereiro – São imensas as conversas que podemos chamar, de conversas da “treta”, que por vezes vão-se tornar realidade. Foi mais uma dessas que desta vez resolvemos andar de comboio. Esta palratório desenrolou-se há seis dias atrás. Então o Carlos começou a espiolhar as viagens de comboio para o Porto, viu também local onde poderíamos ficar alojados e uma peça de teatro para a noite da chegada, também onde poderíamos jantar e almoçar igualmente não ficou de parte. Meia dúzia de conversas pelo telefone, onde ambos concordámos, foi então resolver as horas da partida de Lisboa, alojamentos e bilhetes para o teatro. Tudo ficou decidido num espaço que não chegou às 24 horas.

Já com bilhetes de combóio, teatro e alojamento do hotel, 5 estelas, foi só combinar a hora de nos encontrarmos na estação de combóio na gare do Oriente e apanharmos o intercidades nº 721, 2ª classe, carruagem 22, lugares 92, 94, 96 e 98, que vai sair às 9h39 e chegada prevista a Campanhã pelas 12h43.

A nossa saída da Tapada foi sem pressas para chegarmos à porta dos amigos Carlos e Júlia, sitiados na Av. de Berlim a poucos metros da estação do Oriente e a horas de fazermos a caminhada até à estação. Percorríamos a 2ª circular e por volta da estação de Calvanas estava a Sofia a ligar para a Júlia a informá-la de que já nos encontrávamos perto. Os poucos quilómetros que teríamos de fazer foram percorridos num instante e quando chegámos já a Júlia estava a indicar-nos onde estacionar o nosso carrinho. Cumprimentos do costume e colocarmo-nos a caminho. Esta uma caminhada curta, chegados à estação encaminhamo-nos para o cais de embarque. Poucos minutos esperámos e, entretanto, chegou o desejado comboio. Notámos que havia muita gente para embarcar, para nós foi uma enorme surpresa, porque não fazíamos a menor ideia de que haveria tanta gente a viajar de comboio. Agora já sentados nos lugares marcados, começou a nossa viagem de comboio. Todos nós, os presentes gostam de andar de comboio, é que não nos cansamos nem nos aborrecemos de tal acto.
O comboio é dos mais antigos transportes que nunca perdeu a moda, muito seguro, rápido, confortável e familiar, tantos predicados que existem para o elogiar. Nos primeiros quilómetros fomos permutando palavras e conversas curtas, pois os dois casais estavam separados, uns dum lado outros opostos, não era assim tão linear as conversas, tanto que o resto dos passageiros vizinhos, nada teriam a ver com aquilo que podíamos dizer. Já no Entroncamento vimos a infinidade de carruagens e máquinas que ali existem, umas estacionadas, outras em via de reparação. Sei lá mais o quê! Sem dúvida um entroncamento de muitas linhas e composições. Passada esta estação aí vamos a caminho de Coimbra onde também parámos em Coimbra B, aqui subsistem obras e serão concretamente para quê, ampliação da estação, obras de restauro, não nos pareceram de ampliação para o novo trajecto da linha do norte de alta-velocidade, nem podemos pensar. Esta será como tantas outras, uma obra para durar décadas, as obras de “Santa Engrácia”. Partimos de Coimbra com rumo ao Porto, mais umas paragens para finalmente passarmos por Gaia e atravessarmos a ponte concluída há alguns anos pelo Eng.º Edgar Cardoso um visionário na minha maneira de ver. Já em Campanhã foi sair do comboio e decidirmos como íamos para o centro ou outro lugar da cidade.
Achamos que fazer o percurso a pé era o desejo de todos e aí vamos pé ante pé pela rua do Heroísmo para seguidamente alcançarmos a Avenida Rodrigues Faria, onde a meio começamos a pensar em almoçar, sucedeu que o restaurante eleito seria o ”Xico dos Presuntos”, mas este tinha as portas fechadas, pensamos mesmo que tinha encerrado, mas não. Os nortenhos resolveram estarem encerrados neste dia porque sondaram que quatro morcões vinham invadir a cidade. Não ficamos chateados e quando chegámos à Praça dos Poveiros, imediatamente conseguimos lugar na Casa Guedes. A verdade é que não comemos nada de especial, eu vinha com o apetite de que ia comer uma ou duas sandes de presunto no Xico, foi suficiente para reduzir o meu apetite. Fizemos mais umas voltas para irmos para a nossa casa alugada que fica a 100 metros do centro da cidade. Esta situada no Largo da Lapa e conhecida pela “Casa da Lapa”.
Antes havíamos telefonado para a sujeita que tratou do aluguer. Tantas coisas más poderia começar a escrever sobre este logradouro, estou a usar este termo porque de casa pouco tinha, quartos minúsculos, separados por paredes feitas em gesso cartonado, camas tipo tarimba, televisão minúscula colocada quase no tecto, um aquecedor muito velho, janela não tinha, casa de banho uma autêntica quemua, as roupas da cama do mais barato, já um pouco delidas. Como é só uma noite que se lixe. A realidade é que já dormimos poucas vezes em situações destas, mas foi em África no Ruanda e América do Sul em El Salvador. Agora a nossa cidade do Porto ter locais destes não lembra ao diabo. Lá deixamos as mochilas e saímos para visitar a igreja da Lapa, local onde se encontra o coração do rei D. Pedro IV, doado pelo próprio à cidade do Porto, como forma de reconhecimento da vitória de seu irmão no cerco do Porto de 1832 a 1833. Encontra-se depositado num mausoléu com 7 metros de altura. Para efeito de determinadas cerimónias são solicitadas ao presidente da câmara do Porto que guarda religiosamente no seu gabinete a cedência das 5 chaves para poderem abrir o relicário.
Situação sarcástica para esta época em que nos encontramos. Fomos até ao mercado do Bolhão, também uma porção valiosa da cidade, mais voltas e revoltas e chegou a noite e está a aproximar-se a hora de irmos a pé até ao Teatro Sá da Bandeira para assistirmos à peça “Cama para 4” com protagonistas como o Carlos Cunha, Erika Mota, David Carronha e Carla Janeiro. Muito engraçado em que o enredo estava fantástico. Eu gostei, mas os restantes elementos do grupo foram unanimes em dizerem-me que eu não me ria e que não devia ter gostado, mas não é verdade, gostei mesmo. Foi uma boa aposta do Carlos Neves em irmos assistir ao desenlace da estória. Terminada a sessão, foi regressar aos aposentos vergonhosos, situados do Largo da Lapa.

23 – Fevereiro – O despertar foi um desespero, pois água quente não havia nem no nosso quarto nem do Carlos, a fúria iniciou-se. Depois de várias tentativas em telefonar para a dita senhora que nos tinha atendido no dia anterior saíram frustradas.
Se por acaso existisse telefone, imediatamente entraríamos em contacto com a recepção, mas nada disso existe. Tive de me vestir e ir à procura da fulana para resolver o problema. No andar onde nos encontrávamos não havia ninguém para nos atender, fui andando e encontrei uma escada que me levou ao piso por cima de nós. Depois de tanto chamar lá apareceu um homem maltrapilho e sonolento. Disse-lhe o que se estava a passar e de imediato foi-me dito que não era possível não haver água quente. Desceu as escadas e entrou num cubículo onde se encontrava o termoacumulador de pouca capacidade, se não estou errado pareceu-me que o homem disse 15 litros, ou seja, dava para se lavar uma pessoa e pouco mais. Esteve de volta dele e disse que não encontrava nada de mal e que nunca tinha acontecido tal situação, no entanto mais umas voltas nas torneiras e conclui que algo estava errado e que não conseguia resolver o problema.
A verdade é que fomos parar numa residencial do mais rasca que se pode encontrar. Ficamos sem tomar banho, lavou-se os dentes e pouco mais, a banhoca usual fica para amanhã quando chegarmos a casa. O Carlos mencionou que no quarto deles existia um aquecedor que ligado faz um enorme chavascal. Quando viemos embora tranquei a porta e trouxe as minhas chaves de danado por me sentir enganado, coloquei-as no cesto do lixo que se encontrava no corredor. Mais tarde arrependi-me de as não ter colocado na rua num dos contentores do lixo. Na volta quando deitarem o lixo fora daquele balde, nem vão ver que as chaves se encontravam ali. Já fora da pocilga, fomos tomar o pequeno almoço num café de um morcão portuense. Demos mais umas voltinhas até que resolvemos ir de metro até Matosinhos.
Foi engraçado o trajecto deste transporte a maioria do percurso feito à superfície o que nos possibilitou ver outros locais desta cidade do Porto bem como Matosinhos. Assim que chegámos fomos intentados em visitar o terminal de cruzeiros, mas não o fizemos porque não havia cruzeiros ancorados, mas em sua substituição fomos caminhar até uma parte deste imenso porto de Leixões e resolvemos ir visitar o “Titan”, o maior guindaste a vapor do mundo que foi utilizado na construção do porto de Leixões no século XIX, agora recuperado. Este em 2012, já se encontrava num elevado estado de degradação. Todos admiramos esta obra feita por portugueses de outros tempos que idealizaram e construíram este monstro feito em ferro movido a vapor. Aproximou-se a hora do almoçar e a oferta de bons restaurantes nesta zona é imensa. O restaurante que saiu na rifa foi o “Dom Peixe”, situado na Rua Heróis de França, 241 em Matosinhos. Todos escolhemos peixe um deles o rodovalho grelhado para mim e para o Carlos a Sofia ficou-se pelo arroz de camarão com ameijoas, por fim a Júlia optou também com arroz, mas este de tamboril com camarão. Finalizamos com boas sobremesas e um café para encerrar a degustação.
Agora de regresso ao Porto novamente de metro. Fomos dar mais umas voltas por esta cidade já bem conhecida de todos nós para que ao final do dia fossemos para a estação de comboio de Campanhã, onde ainda comemos num tasco alguma coisa, não mais do que bifanas, isto antes de entrarmos no comboio que nos levará até Lisboa. O regresso vai ser feito no inter-regional nº 820, classe única que vai sair às 19h54. Chegou, entretanto, a hora de partimos e eis que passados poucos minutos o comboio parou uns quilómetros a seguir a Vila Nova de Gaia, onde permaneceu longos minutos para retomar o trajecto em marcha lenta por mais algum tempo. O nosso pensamento surgiu a questão, mas a que horas vamos chegar a Lisboa?
Quando olhei para as horas encontrávamo-nos mais de meia-hora atrasados. Entretanto retomou a marcha e reparámos que a velocidade era alta. Resultado toda aquela velocidade era para repor o tempo perdido. As paragens foram as que faziam parte do percurso, para finalmente chegarmos à estação do Oriente por volta da meia-noite. Fizemos o percurso a pé até à nossa viatura que estava estacionada perto da casa do Carlos. Com isto mais uma viagem espectacular, desta vez de comboio, ficamos todos com o desejo de não ser a última em andar de comboio no nosso Portugal. Vamos todos ficar à espera da próxima.
 


domingo, 8 de dezembro de 2024

Lisboa - Cidade do Cabo em Navio Corsário da Norwegian - 2024

 


LISBOA - CIDADE DO CABO

NAVIO CORSARIO DA NORWEGIAN


Dia 16 de Novembro – Mais um cruzeiro que vai fazer parte na nossa existência com a companhia de mais quatro cúmplices os mesmo do costume como tem sido habitual há alguns anos. Ora vejamos quem teve a ideia de fazermos este cruzeiro?

Foi o Carlos Neves, este andava à procura de coisa diferente e esbarrou com este itinerário que lhe agradou e não foi de modas, transmitiu para mais alguns elementos da pandilha a perguntar se estariam interessados. Não fomos de modas e aceitámos a oportunidade de irmos para alguns locais dissemelhantes em África. Tudo ficou delineado com alguns contratempos pelo meio. O Carlos andou uns dias nervoso, porque pensou que os lugares iam-se esgotar, mas nada disso aconteceu e a viagem ficou definitivamente reservada e paga. Os dias passaram-se e aí estávamos prontos para a partida, porém surgiu azafama dos preparativos, um deles o check-in, este complicadíssimo por causa da colocação da fotografia, um enredo que da nossa parte só avançou com a ajuda da Top Atlântico.
Dias depois a preparação das malas, no que respeita à Sofia teve de estar a passar a totalidade da roupa para as amontoar nas malas, friso amontoar porque depois de tudo direitinho vão chegar vincadas e um pouco amarrotadas. Neste caso, chegou o dia da partida, havíamos combinado com o nosso filhote, Ricardo para nos levar a Lisboa ao cais de embarque de cruzeiros, ele que há poucas horas se tinha deitado, coitado tivemos que o acordar, quando prevíamos a hora de partir com alguma antecedência para que não haja situações inoportunas. Carregámos toda a tralha no seu carro e aí vamos a caminho pela dramática IC19, desta vez não havia acidentes, mas em certas artérias da capital foi um drama com vias cortadas, outras em péssimo estado de conservação, muito trânsito na zona do Cais do Sodré o mesmo no Terreiro do Paço e lá chegámos sãos e salvos ao nosso destino.
O Ricardo lembrou-se de estacionar o carro no parque subterrâneo para ficarmos mais perto do local de embarque. Subimos de elevador e mal saímos do elevador a fila para entrar iniciava ali. Aqui despedimo-nos do “Cádolas” e ficámos à espera de chegarmos até ao controlo da entrada para registo dos passaportes e passarmos todos os bens pelo RX. Aqui começa uma fila infindável, à nossa frente os corredores apinhados de pessoas, à vontade mais de 800 almas, não quero exagerar, mas de certeza muitas mais ali estariam. Perdemos cerca de uma hora, os nossos amigos que já se encontravam dentro do navio telefonaram-nos a perguntar pela nossa existência, foi com desagrado que lhes transmitíamos a nossa posição, e eles nos diziam que também tinham estado naquela fila, mas não com a dimensão da nossa. Finalmente chegou a nossa vez de fazer o check-in final, o meu estava praticamente concluído o da Sofia parcialmente, faltava a foto e agregar o meu cartão de crédito, porém para complicar a menina norueguesa não se esforçou para anexar o meu cartão de crédito e teve que utilizar o da Sofia. Também lhe tirou uma foto com o telemóvel para finalizar a sua presença.
De todos os cruzeiros que fizemos ao longo dos anos, neste, deparamo-nos com uma espera longa nunca vista, vamos esperar que as coisas que teremos ao longo destes 22 dias sejam céleres e práticas, nada disto favorece esta companhia de cruzeiros a “Norwegian”. Um caso que nos fez reflectir ao longo destas filas infindáveis, foi que eramos apenas nós com as malas, as outras pessoas continham apenas, um saco, mochila ou maleta, nós éramos, sim os únicos carregados que nem dois machos. A Sofia várias vezes se interrogou como era possível tanta gente para entrarem só com aqueles pertences, como é possível, sim éramos os únicos, únicos saloios naquele propósito. Assim nos interrogámos, se não estávamos a exagerar levarmos tantas coisas, bastava umas calças, um vestido, duas cuecas, duas t-shirts e escovas de dentes, na volta nada do que tínhamos nas malas seria necessário.
Entramos, então no barco, conseguimos levar a tralha para o quarto, não antes de nos obrigarem a ir até ao convés no local onde se encontra a letra “J” para nos colocarem uma etiqueta amarela no cartão de hóspede. Só a partir daí é que tivemos liberdade de movimentação. Fomos então encontrar os amigos no 11º deck que esperavam pelos atrasados. Cumprimentos, abraços e beijinhos, mais parecia que não nos víamos há anos, ainda dois dias antes estávamos todos a jantar. Depois de comermos algumas coisas instalamo-nos numa das varandas apreciar as lindas paisagens da nossa cidade, nada tem a ver quando a visitamos de carro ou a pé pelas ruas ou quando subimos a uma das colinas para avistar aquela ou aquelas zonas. Lindo ver sim Lisboa do lado do rio, ainda mais na altitude como a que estamos agora.
E chegou da hora de jantarmos, comemos no restaurante self-service, porque queremos assistir ao espectáculo, um costume já habitual que não queremos perder. Sempre conseguimos assistir e gostamos da cantora e dos músicos, a última canção foi a que mais gostei, acho que se esforçaram para o final, tanto que a equalização do som se alterou para melhor. Ainda demos mais umas voltas e lá resolvemos irmo-nos deitar que se faz tarde. Outro dia está próximo. Uma situação pessoal – faz hoje anos que o nosso filho Gonçalo teve de ser operado aos intestinos por não conseguir obrar.
No dia anterior os médicos encostaram-no à parede para lhe dizerem tantas coisas, sendo uma delas a mais ordinária possível, que uma das situações era que poderia morrer nessa operação, o nosso filho não conseguiu dormir nessa noite, um drama que os nossos médicos podiam-se abstrair, uns carniceiros sabendo de antemão o estado lastimável em que o Gonçalo se encontrava, apesar de ser um grande Guerreiro. Quando de manhã nós pais fomos ter com ele depois de ser operado, este estava muito feliz e sorridente, teve muita coragem de se rir para lhe tirar uma foto e a enviar para a mãe que não podia entrar para a sala de recobro, esta estava a vê-lo, mas do corredor. Mais uma vez filho que estejas em paz, teus pais Sofia – Gilberto, nunca te esquecerão.

Dia 17 de Novembro – No mar, estamos afiançados aos programas que nos oferecem. Todos queríamos que a temperatura subisse, mas não sobreveio, céu muito nublado, mas nada de chover, demos uma voltas pelo interior do barco para descobrir coisas novas, vimos onde se encontram os restaurantes, teatro, bares e casino, de certeza que não vamos gastar um tostão nele.

Há bastantes bares onde as pessoas se podem emborrachar, nós por exemplo que gastamos um quinhão de notas para termos acesso a todas as bebidas à nossa descrição, como água, limonada, chá, gelados e outros. Teremos de ter cautela com a quantidade de limonada que possamos ingerir para não apanharmos nenhuma carroça. Seria uma vergonha andar a cambalear pelos corredores, não basta a ondulação mais o excesso de limonada alcoólica. Mais conversa daqui e dali fomos parar ao ginásio para execução de alguns movimentos em bicla, passadeira ou ver gajas boas, não aqui não vemos nada, velhos, velhotas, falhados e falhadas à procura de melhores dias. Tenho uma marca pessoal a revelar andei de bicla aqui, pela primeira vez onde fiz 10 milhas, um recorde. A Cândida e Sofia, segundo contas percorreram 18 km, mais atrás com 17 ficou a Júlia, recebendo a medalha de bronze. O Cláudio desconfiou desta marca e mantém a dele que não foram assim tantos quilómetros. O caso foi remetido para o Fórum Olímpico para obtenção da conformidade desta marca vernácula.
De qualquer das formas uma marca relevante para estas três atletas que se destacam não somente em viagens, almoços e jantares. Mais tarde chegaram os resultados e confirmou-se que as marcas delas foram aceites pelo comité olímpico internacional, nada mesmo nada de falsidade nesses tempos, tudo nos trinques. O dia foi-se passando o sol ia espreitando, mas nada de aparecer em força, não foi hoje, mas temos a certeza de que ele aí vem. Chegou a hora da janta, resolvemos comer no 11º deck, onde lográmos escolher o que nos vai na mente, não, nos expositores, qual mente qual carapuça. Estamos convictos de que a qualidade, variedade e quantidade de alimentos é fraca. Como o dia de hoje é passado em alto mar, não vai haver espectáculo, estranho não haver. Com isto fomos todos para a cama mais cedo, amanhã será outro dia e mais descobertas.

Dia 18 de Novembro – Primeira paragem só poderia ser na Madeira a pérola do Atlântico. Quando chegámos a temperatura estava amainada e assim se manteve durante todo o dia. Desembarcarmos e concluímos ser-nos benéfico alugar um carro de 6 lugares, subimos a escadaria defronte do cais de desembarque e fomos caminhando até encontrar um ren-ta-Car.

Foi rápido e prático o processo do aluguer de um Peugeot 505 automático. Este chegou e imediatamente seguimos para o pico do Areeiro percorrendo estradas do tipo veredas, ingremes como raios, por vezes a inclinação era tal que a caixa automática do carro se queixava e quase parava recomeçando a marcha com força, no entanto lá chegámos. A temperatura nesta altitude encontrava-se mais baixa e o nevoeiro não nos ajudou na vista panorâmica que poderíamos ter observado, podia ter sido mais desagradável se o nevoeiro estivesse mais denso e baixo. Concluímos esta etapa e partimos para outra mais abaixo a Eira do Serrado onde avistámos o Curral das Freiras e o que devastou parte do incêndio meses atrás, encostas queimadas e perto de locais habitacionais. Também deu para compreender a grande complexidade dos bombeiros para combatê-lo em escarpas arriscadas.

Ter


minado o trajecto a pé voltámos para o carro e resolvemos ir almoçar ao restaurante Santo António onde comemos umas espetadas que na verdade não estavam nenhuma delícia como os nossos companheiros nos tinham informado em que a carne destas espetadas eram uma classe, achei serem de qualidade banal, porque o sabor da carne não existia, deparei que ganharam fama e colocaram-se à sombra da bananeira.
A sobremesa mousse de maracujá, sim esta era de qualidade, mas lhe chamaram pudim! Já me esquecia deram o nome a uns cubos de milho que disseram serem de milho, mas de milho não tinham nada, gostámos também do bolo do caco e da cerveja. Para finalizar a contenda um dos funcionários deste tão fino restaurante ao retirar os espetos da mesa sujou-me o polo com diversas nódoas, este ao passar com os espetos, pingos enormes derramaram sobre o meu polo, nada menos do que 5 nódoas gigantescas e 7 mais pequenas, todas bem visíveis, um nojo para quem ali vá comer, não será caso isolado. Quantas pessoas já saíram dali sebosas, estas com certeza com roupas escuras que na altura esconde a sujidade.



O funcionário tinha traços de Indiano ou daquelas bandas. No final falei com o dono a mostrar o meu desagrado com o sucedido. Das diversas conversas que tive com ele disse-lhe que se eu estivesse naquele momento apenas com a minha mulher não pagava o almoço, mas na companhia de amigos não iria ter tal atitude.
Ainda finalizei, que iria fazer a avaliação do restaurante e que essa seria muito desagradável para ele. Este ainda me disse para não fazer isso. A realidade é que vou mesmo fazê-la. Seguimos depois para o Cabo Girão, um local onde já todos estivemos, mas nunca é demais voltar. Fomos dar mais umas voltas a outros locais de menor interesse, mas é de louvar a nossa visita. Por fim Funchal, onde passámos defronte do melhor restaurante do mundo, segundo versão do Cláudio e onde o amigo do Jardas o Freitas trabalha, o McDonalds. 
Finalizámos a nossa volta no Mercado do Lavradores, muito bem abastecido e limpo.
 Seguidamente regressámos ao cais de embarque para devolver a viatura intacta e voltarmos para a casa flutuante que está logo defronte.

Dia 19 de Novembro – Chegámos à ilha de La Palma onde há poucos anos uma erupção vulcânica gigantesca sucedeu, onde dezenas de casas foram subterradas pela lava. Vamos estar pela primeira vez nesta ilha e mal havíamos desembarcado logo conseguimos alugar uma carrinha para nos transportar aos seis por esta encantadora ilha.



O motorista é uma pessoa que conhece muito bem a ilha e vai-nos levar aos locais mais essenciais para visitarmos. Primeiramente uma volta na cidade de Santa Cruz de La Palma e seguimos para um miradouro lá no alto que nos deu paisagens fantásticas da costa desta ilha e um panorama diferente da cidade. Prosseguimos para vermos a zona onde em Setembro de 2021 houve a tal erupção que durou 85 dias e que chamou atenção para todo o mundo do que se estava a passar nesta pequena ilha do Atlântico. Foi um rio de lava imenso que se arrastou pela encosta até alcançar o mar e destruindo à sua passagem aldeias inteiras. Em certa altura a lava alcançou uma zona industrial, desta vez a combustão com outros materiais formou gases muito perigosos dando origem a uma evacuação forçada desse polígono industrial. Este vulcão ficou com o nome de “Tajogaite”.


Não fazíamos ideia da dimensão deste acontecimento da natureza, só vendo. O que a natureza ainda pode fazer com as entranhas vindas do seu interior. No final de algumas horas de passeio, cruzámos mais uma vez a serrania e regressámos ao ponto de partida desta forma finalizou-se mais uma etapa no arquipélago das Canárias.

Dia 20 de Novembro – Lanzarote a ilha onde viveu parte da sua vida José Saramago é esta a segunda paragem do cruzeiro no arquipélago das Canárias. Já nos sentimos preparadíssimos para dar início a mais um passeio. Reparámos que os acessos à cidade são muito mesmo muito precários, já percorremos cerce de 2 quilómetros e só damos voltas e voltas sem propósito, tudo uma bandalheira e a maior parte dos transeuntes são encaminhados até a uma via rápida em que os motoristas ou outras pessoas dão-nos a nós e aos outros indicações de que o trajecto será andarmos para trás e apanhar mais um caminho ou carreiro, uma grande trapalhada.

Saltámos muros, caminhámos por uma praia seguida de uma vereda que tivemos de ter cuidado e não irmos por ali abaixo. À frente uma cancela e logo alguns metros à frente um fulano sentado no muro, não mais do que um trabalhador colocado ali de propósito para intimar as pessoas a não seguirem em frente, uma nojeira. Já lá no alto mais uma cancela e depois mais outra, esta última o Cláudio retirou-a do caminho e ao tentar retorce-la um arame roçou pelo braço provocando uma ferida com muito mal aspecto. Todos verificámos o seu estado e resolvemos ir para o hospital mais próximo para ser suturado e desinfectado, o arame estava ferrugento, um perigo para uma infecção. Todos a caminho em passo acelerado para o hospital, quando chegámos a este não foi possível recebê-lo, só um outro mais adiante cerca de 1,4km.
Combinámos que ele e a Cândida seguiam para lá os restantes iriam dar uma volta pela cidade. Assim sucedeu, nós fizemos um percurso reduzido, o Carlos ainda comprou uns sapatos de uma marca americana produzidos no Vietname com um aspecto excelente. A Sofia e Júlia adquiriram os ímans e contactámos os infelizes por mais do que uma vez, estes encontram-se à espera de serem atendidos, já aparenta que estão uma eternidade à espera de serem acolhidos nos hospitais portugueses, ou seja, aqui a doutrina é simplesmente igual. Tal foi o tempo de espera, cerca de hora e meia passada desistiram e resolveram ir para o barco para lhe ser prestada assistência.
Nós resolvemos também regressar a pé pelo mesmo caminho, todavia desta vez fizemos umas alterações e conseguimos de tal forma reduzir o percurso, mas extenso na mesma. As senhoras vinham com má cara, sim carrancudas por estarem a andar em demasia, não tenho dúvidas que foi uma volta excessivamente cansativa para elas, mas amanhã já estão cheias de forças para retomarem outros obstáculos que nos possam aparecer. Mais soubemos que também o serviço hospitalar do navio foi escasso em produtividade, queriam que o Cláudio fosse visto por um médico quando na realidade o que era necessário era uma prestação de enfermagem, nada mais, é tão fácil nos tempos que decorrem complicar, é usual estas atitudes do faz de conta só porque temos de facturar.
Deram-lhe pensos e pouco mais – agora vai-te tratar. Se por acaso fosse uma pessoa com outra idade e os conhecimentos parcos, como iria fazer! O Cláudio já levou os primeiros socorros feitos pela enfermeira Cândida e mais uma etapa por hoje concluída com um ponto negativo, amanhã lá estaremos novamente fortes para prosseguirmos.

Dia 21 de Novembro – Terceiro dia nas Ilhas Canárias, penso que é um exagero tantos dias nestas ilhas, não vamos ficar por aqui porque amanhã teremos mais outra a Gran Canária. Por vezes pensamos porque estas ilhas têm este nome, é que nada têm a ver com canários, assim o seu nome deriva do período greco-romano a partir da Juba II, rei da Numídia que as mandou reconhecer e que se afirma, por nelas ter sido encontrados grande quantidade de cães, dando-lhe o nome que hoje são conhecidas, Canárias “Ilhas do Cães”.

Pouco sentido nos dá esta informação, mas é o que se arranja de momento. Continuando com um pouco de história, os ingleses quiseram apropriar-se desta ilha, eles fizeram três ataques em massa contra Tenerife, mas não tiveram êxito entre os anos de 1657 e 1797. Esta ilha de Tenerife já a conhecemos e visitámos pela 3ª vez, sem dúvida não podemos dizer que a conhecemos perfeitamente, há sempre coisas que passamos ao lado, no entanto hoje vamos até ao centro dar um giro, comprar, gastar umas pesetas. Há saída do porto estão colocados uma quantidade de painéis que consagram pessoas que se destacaram ao longo dos séculos ao serviço do Reino castelhano, entre eles “Fernão de Magalhães”, estes dizendo que foi um navegador português ao serviço de Espanha que partiu com 5 barcos e 234 homens que iniciaram a primeira volta ao mundo.
Este portuga, naquela altura teve a primeira escala em Tenerife entre 26 e 29 de Setembro do ano de 1519. Nesta viagem Fernão de Magalhães morreu em Cebu nas Filipinas, também a maioria dos seus marinheiros vieram a falecer e não só durante esta viagem. O mundo ficou impressionadíssimo com este homem, tanto que nunca ficará no esquecimento a nível planetário. Foram dados vários nomes graças a ele como o pinguim de Magalhães, já que foi o primeiro Europeu a ter visto um. As aptidões de navegação de Fernão também foram reconhecidas na nomeação de objectos associados à astronomia, incluindo as Nuvens de Magalhães e as crateras lunares de Magalhães e as crateras marcianas de Magalhães a sonda espacial da Nasa “Magellan” e a carruagem presidencial dos Estados Unidos da América de nome Ferdinand Magellan em serviço desde o presidente Franklin Roosevelt em 1933 até Ronald Reagan em 1984.
Tive de escrever algumas palavras de mais um português que ficou na história, mas ainda há pessoas como eu que têm imenso gosto de relembrar para os incautos que nada sabem do que foi Portugal noutros tempos. Nas voltas que fizemos pela cidade lembrei-me de comprar uma cautela da lotaria espanhola para o Natal, mais conhecida como “El Gordo”, o sorteiro será no dia 22 de Dezembro. Prometi e fica aqui escrito que na pequenina hipótese de ele me sair todos nós iremos fazer uma volta ao Mundo em cruzeiro, está prometido. E por aqui me fico por hoje.

Dia 22 de Novembro – Aportamos em mais uma ilha das Canárias, desta vez a Grande Canária que é conhecida pelas praias de areia branca e de areia preta proveniente da lava. Esta é a terceira maior ilha deste arquipélago. Esta ilha já era habitada pelos povos guanches quando os castelhanos a conquistaram no ano de 1496. A capital é Las Palmas, sendo esta a terceira vez que aqui venho. da primeira vez vim com a minha mãe, para ela o primeiro cruzeiro da sua vida, foi com muita satisfação e amor que a trouxemos, ela adorou e ficou encantada por este acontecimento da sua vida.

Hoje já não tem capacidade mental de descrever a sua viagem dessa altura, ela tem 98 anos feitos a 21 de Agosto. Tantas coisas nestes últimos anos transformaram a sua vida, encontra-se mesmo muito velhinha, mas mãe é sempre mãe. No que respeita ao grupo levantamo-nos já tarde pois a ideia que temos para hoje será apenas de dar umas voltas pela cidade e pouco mais iremos fazer. Fomos tomar o pequeno almoço da praxe e de seguida sairmos. Mal abandonámos o barco fomos surpreendidos por um gigante do mar que se encontra também aqui ancorado o Sky Princess, um luxuoso cruzeiro em comparação com o nosso o Norwegian Sky. Agora seguimos em direcção ao centro da cidade vimos à saída do porto que o centro se encontra a 5km, logo ouvimos a Júlia dizer vamos de táxi, nós um pouco incrédulos pois a ideia é mesmo andar, só nos faz bem. Concordámos irmos a pé e regressarmos de táxi, sucede que fomos andando e quando demos por conta encontrávamo-nos no passeio que rodeia a praia de Las Canteras, fomos deambulando até concluirmos que chegava, com isso 4 quilómetros já havíamos percorrido.
No final do passeio o Cláudio e Cândida resolveram ir para a borda da água e descalços foram patinhando pela água até à ponta de onde havíamos iniciado o percurso. No início desta volta pensámos que seria oportuno saborearmos a cerveja desta região a “Dorada”, entrámos num tascoso, mandámos vir presunto pão e cerveja, mais umas bebidas para quem não aprecia as mijecas. Estava tudo bom que pedimos mais cervejas e pão. No final veio a conta e vimos que tivemos de pagar mais 9€, apenas porque pedimos mais um cesto de pão com 6 unidades, um roubo. O Carlos falou com o dono que casualmente era chinês e perguntou se aquele preço se referia ao pão. O chinoca deu uma resposta esfarrapada como que não entendesse o que lhe estavam a perguntar, mas o Carlos insistiu, mais uma, duas vezes e desistiu.
Quando alguém vier à Gran Canária, passe defronte do Tesoro Iberico na Calla Luis Morote, 59-B em Las Palmas, mas não pare, siga, porque pode acontecer o mesmo do que a nós, pagar mais por um prato de pão do que um de presunto. Estamos a regressar ao barco e pelos vistos ninguém se atreveu a perguntar se não iríamos de táxi, tão lindo o percurso a pé que até deu para alguém se lembrar que precisava de comprar algo. Já no barco fomos até ao deck 11 comermos ou bebermos mais alguma coisa. No final do dia fomos jantar e como de costume gostamos muito de assistir aos espectáculos apresentados no teatro, porém pelo segundo dia consecutivo não vai haver nenhum programa. Penso e já disse que há falta de dinheiro para pagarem aos artistas, muito fraco está a ser este cruzeiro, nada mais do que o mais mexeruco.

Dia 23 de Novembro – O que nos espera para hoje, este é o primeiro de dois dias de alto mar, mais conhecido no cruzeiro como “at sea”. Programa na realidade não temos nem obtivemos, vamos jogar em branco e ver o resultado, nem poderia ser assim, foi, depois do quotidiano pequeno-almoço e de não termos uma hora exacta de acordar, resolvemos ir até ao ginásio e outros até ao deck 6 caminhar ou andar de bicicleta estática, finalizando na zona de manutenção ou do ferro ou aço como queiram entender para dinamizar e explorar as nossas forças recatadas ou recaídas da idade.

Isto não é para todos, pois o Cláudio e a Cândida ainda se encontram noutro patamar, os restantes vão muito à frente nesta corrida da vida. Eu consegui percorrer em bicla qualquer coisinha como 10 milhas, uma grande vitória, somente para mim que logo no primeiro dia finalizei a etapa com mérito. Nesta manhã o processo de ginástica cueca terminou com todo o grupo a malhar no ferro, é que esta brigada do reumático, encontra-se fora dos limites e quer ir mais longe, assim seja, camaradas de armas.
Depois do almoço uns resolveram abeirar-se da piscina para apanhar um pouco de sol, nota, o sol está à espreita, um pouco envergonhado connosco e não quer aparecer, por essa razão eu a Sofia resolvemos ficar e ir ler para um lugar sossegado e o tempo foi-se passando, uma pasmaceira do caraças para nós e para a enorme quantidade de pessoas, velhotes que deambulam por todo o cruzeiro. Deu para reparar que viajam muitos mais portugueses do que havíamos pensado. À noite não houve espectáculo, aquilo que geralmente aguardamos para finalização da nossa labuta diária. Este cruzeirito tem muito a desejar com o entretenimento e categoria de espectáculos necessários. Já somos unânimes em afirmar que Norwegian, nunca mais. Já temos razões de mais para dizermos que são fracos, muito fraquinhos estes americanos, donos desta companhia de cruzeiros.

Dia 24 de Novembro – Temos hoje o segundo dia de alto mar, temperatura amena, já com mais sol do que ontem.

O que fizemos hoje, todos nos fartámos de trabalhar, uma “cansera”. Fomos para o ginásio onde andamos de bicicleta a Cândida de passadeira, no entanto a Sofia e a Júlia optaram por começar nas caminhadas ao longo do deck 6, cada volta corresponde a 460 metros, como objectivo era darem 10 voltas, ficaram-se pelas 8, por causa dos exercícios da tripulação efectuados naquele local. Apareceram no ginásio e tomaram conta de vários aparelhos de musculação, ali estivemos todos a finalizar a maratona da manhã.
Eu consegui fazer de bicicleta a distância 12,13 milhas, quando na realidade tinha programado 9 milhas, excedi-me porque nessa altura a Sofia ainda não tinha chegado. Depois do almoço abordamos a zona da piscina para nos colocarmos ao sol. A seguir ao jantar seguimos para o teatro ver um excelente artista italiano a tocar violino, seu nome Valentino Alessandrini, onde tocou o tema do filme Gladiador, este deu espectaculares momentos de quem sabe e se orgulha por tocar tão nobre instrumento. Num dos momentos tocou uma música com ternura e saudade de seu avô já falecido, um tributo a quem sempre amamos. Considerámos que este foi o programa mais valioso que assistimos.
Finalmente mais umas pequenas voltas pelo navio, este é muito pobre em lojas. Há algumas salas e bares onde se encontram quase sempre os mesmo a tocar. Há um recinto em que a charanga é sempre a mesma, já enjoa, até as presenças dos turistas, estes são sempre os mesmos. Sou capaz de estar a repetir, dizer mal, mas este é o cruzeiro mais fraco que fizemos ao longo de muitos anos. Norwegian, empresa Americana, nunca mais.

Dia 25 de Novembro – Depois de dois dias de alto mar a navegar neste descomunal Oceano Atlântico chegámos ao Senegal pela manhã desta segunda-feira. Um despertar fantástico com o sol a cucar. Soubemos que existe um atraso de mais ou menos trinta minutos para se proceder ao desembarque, contudo para nós não existe qualquer constrangimento.

Na véspera fez-se um pequeno programa do que podemos visitar, aceite na globalidade para que quando saíssemos termos as ideias praticamente definidas. Já fora da embarcação “pirata” conseguimos alugar dois táxis pelo preço total de 150€. Um deles cheio de amolgadelas, ferrugem, ópticas partidas, fixadas com cola, uma mão cheia de arranhões, super sujo e nojento no seu interior, aquilo que se pode chamar de um chaço. O outro táxi, esse já posso falar de viatura, tinha outro aspecto e encontrava-se limpo. Deu-se início ao trajecto onde fizemos a primeira paragem no Kermel Market em que entrámos e ficámos intoxicados pelo cheiro nauseabundo existente logo na chegada, onde havia carne muito fresca, comestível, mas, para as aves necrófagas e animais que gostam de carnes estragadas, péssimo aspecto que tinha. Ao lado a zona da peixaria, aqui havia grandes quantidades de peixes e mariscos, muitos por nós conhecidos, mas estes com todo o aspecto de frescos. Encontrámos aqui uns chineses que andam sempre com máscaras dentro do barco, qual foi a reacção deles com este pestilento cheiro! Comprámos umas peças em madeira esculpidas, artesanato, mas muito rudimentar. Seguimos e vimos o palácio do governo, mais adiante o parlamento Senegalense, mesmo ao lado, outra má imagem deste Dakar. No caminho cruzamo-nos com carros de alta cilindrada e charroncas de transporte para pessoas, aquilo a que chamamos de autocarros. Na marginal outro mercado, este de artesanato, famoso Soumbedioume Market com coisas bem bonitas, aqui pudemos ver os diversos artesãos na sua labuta de todos os dias, o Carlos arrematou um lote de peças em madeira por um preço plausível.
Seguimos mais para a frente, fomos até à mesquita que hoje estava encerrada. Numa curta visita ao símbolo do milénio, uma coisa sem jeito nenhum, apenas tirámos umas fotos, mas quando íamos a sair, saiu-me a sorte grande quando ia a passar no pórtico da saída, eu, espetei uma cabeçada na cabeceira de pedra, tinha de baixar a cabeça, não o fiz porque ia completamente alheio aquele passadouro. Fiquei um pouco consternado, a doer-me a cabeça. Passamos ainda na área das embaixadas, vimos a do Estados Unidos e da Espanha, mas outras ali existiam. Parámos numa das zonas mais altas desta cidade onde se encontra um monumento colossal a distinguir os povos africanos, aí estiveram na sua inauguração 19 chefes de estados africanos e o presidente da Coreia do Sul. Nesta altura já se fazia um pouco tarde, términus do passeio. Requalificado o preço, agora vamos passar a pagar 180€. Partimos em direcção aquilo que chamam o ponto mais alto da cidade, mas é um farol e a vista que obtemos é deveras inferior à anterior. Finalizamos os pontos que achámos de interesse e regressámos ao nosso navio pirata.

À entrada existiam um sem número de vendedores a comercializar artesanato, a pouquinhos metros da entrada, um homem a vender postais ilustrados e selos para quem quisesse escrever umas palavras para seus familiares ou amigos, notas CFA francos, aí foram feitas as últimas compras e demos entrada nos aposentos. Tivemos depois de ir ao balcão de atendimento para resolvermos os problemas dos cartões de crédito que dizem estarem bloqueados, o nosso e do Cláudio. Uma grande trapalhada orquestrada pela atitude do cruzeiro que gerou um problema de não podermos comprar fosse o que fosse.
Afirmavam que os cartões estavam bloqueados pelos respectivos bancos. Não era verdadeiro, depois de contactarmos os bancos e nos asseverarem que o problema não era deles porque não havia bloqueio de parte nenhuma, nada tinha a ver com o banco, era sim um problema dos serviços do cruzeiro. No nosso caso a pessoa da WiZink que me atendeu disse para os funcionários activassem novamente os cartões, pois nada se passava. Foi-lhes transmitido, espero que logo na altura do jantar não nos venham dizer que o crédito está roto. Na situação do Cláudio, depois de ter estado mais de 50 minutos ao telefone e ter repetido um sem número de vezes a mesma coisa, até a chamada acabou por cair, nada ficou resolvido ou esclarecido, lembrei-me de há muitos anos atrás ter um problema idêntico com a Caixa Geral de Depósitos que é nem mais nem menos o banco do Cláudio, foi questão para eu ter desistido desse cartão que já o possuía há muitos, muitos, anos, mesmo. Com isto tivemos mais um dia encalorado, amanhã outro teremos.

Dia 26 de Novembro – Hoje é um dia grande para um dos componentes do grupo. A Cândida faz hoje 48 anos, nós todos já fizemos também esta idade, alguns já vão muito à frente, eu por exemplo não me importava nada de fazer a mesma idade, apenas queria manter o conhecimento e aprendizagem da vida que tenho hoje, mas ainda bania algumas coisas negativas que por mim passaram.

Desejamos-lhe tudo de bom com muita saúde pelos longos anos que tem pela frente, parabéns, parabéns. Já não é novidade do que fizemos hoje. Fomos todos para o ginásio andar de bicicleta estática, outros foram caminhar ao longo do 6º deck onde conseguem fazer umas excelentes voltas e estarem em constante contacto com o mar. Eu e a Sofia desistimos de ir malhar na zona dos aparelhos de musculação e detivemo-nos na proa no navio num local sossegado, ali lográmos ler e escrever, sim estou a escrever um dia que se encontrava em atraso, completar o dia de ontem e escrever parte do dia de hoje. São precisamente 12h15 e vou concluir por agora, deixando algumas situações relevantes. Por exemplo, aqui ao nosso lado, cerca de dois metros nos separam de um grupo chinócas em que a Sofia me alertou de que um deu um grande peido, para de seguida dar mais uma rajada deles, eu ouvi perfeitamente. Um gajo peidar-se numa sala onde o sossego perdura, é mesmo de um badalhoco chinóca. Foi a educação que o Mao Tsé Tung lhe deu a este e mais não sei quantos milhões de cagões chineses.
Cá estou de novo a redigir mais umas linhas. Este é mais um dia de alto mar, mareamos neste imenso oceano Atlântico onde os nossos antepassados por aqui ambularam a descobrir novos mundos. Podemos fizer à boca cheia que somos descendentes de marinheiros e guerreiros que dinamizaram o mundo, séculos atrás. Somos sem dúvida um grande povo, isto para nos destacarmos da falta de conhecimento destes atrasados americanos, filhos, netos, bisnetos ou “quatrinetos” de corsários ou camponeses falhados, que foram para o continente americano matar e estropiar a geração índia. São uma corja de tristes pois neste barco viajam qualquer coisa como 200 portugueses de primeira espécie, e, nos diversos espectáculos que têm havido em nenhum momento fazem menção a nós, nem ao nosso idioma o Português, esta uma das grandes línguas latinas. Estes burros evidenciam os ingleses, australianos, zelandeses, alemães, franceses e outros, quantas vezes já sucedeu perguntarem por elementos destes que referi e é que não se ouviu ninguém dizer, aqui estou eu. Vou acabar por hoje que já me metem nojo estas escumalhas.

Dia 27 de Novembro – Ao acordar a Sofia reparou numa borboleta que se encontrava no exterior da nossa janela da cabine. Mais tarde eu também a vi, nessa altura comentei com a Sofia que estava uma borboleta ali fora, imediatamente me disse eu já a vi há muito mais tempo do que tu. Ambos achámos estranho aquela visita e logo à nossa janela.

Pela tarde uma nova visita nos surpreendeu, desta vez um passarinho sobrevoou a janela no 11º deck, junto a nós e fez um voo acrobático mesmo junto ao vidro e mais uma vez veio, nos maravilhou novamente. Todas estas surpresas ou visitas que são estranhas para connosco e, quando nos encontrávamos em alto mar, muito longe da costa. Já tenho tido muitas mensagens de aves ao longo da minha vida, algumas são mensagens estranhas, gostava que desta vez fosse algo de bom, pois das últimas há pouco mais de um ano foi mesmo fatídica em que disse à Sofia que aquele voo da pomba junto à nossa casa e a esvoaçar à frente do nosso carro era coisa má. Passado pouco tempo chegou a péssima notícia da doença do nosso Gonçalo. Nesta etapa entre Dakar e Abidjan este é o 2º dia de alto mar, as coisas que vamos fazer são repetitivamente idênticas às de ontem, ginásio, piscina, leitura. Comer, beber e pouco mais. Espectáculo não os há. É mais umas das circunstâncias deste cruzeiro e também faltam divertimentos. Isto para quem já fez muitos cruzeiros é desvaneço da companhia Norwegian.

Dia 28 de Novembro – Data tão fatídica para nós, Sofia e Gilberto faz hoje 1 ano que o nosso filho Gonçalo faleceu com 40 anos. Eram 9h10, quando a Sofia foi ter comigo à sala e disse-me – o nosso ficou acabou de falecer- sim, para ele terminou o sofrimento de um guerreiro que sempre teve muita força e sempre pensou que iria safar-se da terrível doença que se apoderou dele. Tantas vezes tinha frases encorajadoras como esta “tenho de me livrar disto que está dentro de mim é por isso que não me chateio”. 

Nós pais vivemos ao longo de 6 meses com uma dor que nos esfrangalhava o peito todos os dias. Também não compreendo como a doença do nosso filho fez com que algumas vezes nos apercebêssemos que não havia cura como outras vezes o nosso pensamento nos dizia que se ele se ia safar. No dia seguinte eu, isolado no quarto dele, escrevi estas últimas palavras que só podem ser do Gonçalo “eram 9h10, quando parti no dia 28 de Novembro. Meus pais ficam com uma tristeza e uma falta para o resto das suas vidas. Os meus pais adoravam-me e eram os meus únicos amigos do coração mais os meus gatinhos o Yoshi e o Mia. Estarei sempre convosco, o vosso filho que continua a amar-vos, Gonçalo”. Agora quanto tempo eu estarei por cá, não me sinto nada agarrado à vida, apenas vou fazendo o dia a dia, e, planos muito minorados, é que não vale nada a pena termos planos, tudo se esvanece num instante. Hoje, nós pais acordamos com o pensamento do que se passou há um ano atrás, mas todos os dias a qualquer hora a nossa mente arrasta este sofrimento. Sim, mas estamos a fazer um cruzeiro na companhia dos nossos amigos, esta companhia faz-nos alegrar e podemos caminhar mais um pouco nesta pequena vida que temos pela frente, é que vai ser sem dúvida curta. No entanto, hoje chegámos à Costa do Marfim, país situado no Golfo da Guiné. Ontem à noite alinhavámos um pequeno percurso que vamos tentar concretizar. Ao romper na aurora lá estamos nós no 11º deck de volta do pequeno-almoço, mal terminámos a labuta, rápido arregaçámos as mangas para sairmos da barcaça dos corsários. A saída de hoje deve-se exclusivamente para visitarmos a antiga capital colonial desta república que tinha sido uma colónia francesa até ao ano de 1960, altura que se tornou independente. Antes da sua colonização pelos franceses era o lar de vários estados, entre eles o Reino Jamã o Império de Congue e Baúle. Esta área tornou-se um protectorado da França em 1843.
Em 1999 um golpe de estado seguindo-se duas guerras civis entre 2002 e 2007 e novamente entre 2010 e 2011. Este país é dos maiores produtores mundiais de cacau, algodão e café, além de outros produtos. 
Saímos, e fomos num transfer do barco para nos colocarem numa zona da cidade de Abidjan, antiga capital deste país. Apanhámos dois táxis para nos encaminharem até a uma pequena cidade com o nome de Grand Bassam que fica a leste de Abidjan e que foi capital da colónia Francesa de 1893 a 1896, quando a administração foi transferida para Bingerville, após um surto de febre amarela. Quase a totalidade encontra-se maioritariamente em ruínas, sem dúvida construções coloniais que no seu período do tempo tinham uma arquitectura muito avançada para a época.
Colocada perto da orla marítima com uma praia de areia branca a perder de vista, que mais esses habitantes poderiam desejar se estavam num paraíso. Fizemos uma pequena volta, até muito trapalhona, eu ainda aproveitei para adquirir uma máscara deste país feita em madeira para colocar no quarto do Gonçalo, ele que tanto adorava que quando chegávamos de viagem, queria saber o que lhe levávamos para ele, quase sempre uma máscara. Passado pouco tempo resolvemos regressar ao cruzeiro. Os táxis que havíamos alugado pelo valor de 100000 CFA francos, os motoristas levaram-nos até aos limites da cidade e de seguida retrocedemos para iniciarmos o regresso.
Os primeiros quilómetros foram feitos devagar, mas a determinada altura começou a chover torrencialmente e o trânsito ficou quase obstruído. O andamento ia de lento a estático e nós a vermos o tempo a passar, não conseguíamos ver solução para tal lentidão. Pelo GPS do nosso motorista víamos que a fila era intensa por alguns quilómetros, mas mais adiante passando uma rotunda as coisas melhorariam, mas primeiro que ali chegássemos, era obra. Finalmente a rotunda, de seguida começámos a andar um pouco mais, mas ainda tivemos mais outro engarrafamento antes de finalizarmos a etapa. Pela falta de tempo a maioria de nós optou que deveríamos ir imediatamente para o cruzeiro, eu vi que não era necessária tanta angústia, ainda havia tempo de sobra e podíamos fazer as compras que as senhoras ansiavam, adquirirem os ímans.
Eu disse não, e que ficava, depois seguiria no próximo autocarro contratado pelo cruzeiro. Fui para dentro do mercado, mas logo atrás de mim as madames ali estavam e lá compraram os seus ímans à pressa. Dali a poucos minutos seguimos todos no autocarro que chegou. A caminho do porto para embarcar, o trânsito inicialmente não estava rápido, mas começou a fluír com rapidez. Ou seja, não era necessário tanto afogo pois chegámos com tempo de sobra, depois de termos chegado mais viaturas vieram. Eu tinha razão, mais uma vez. Até hoje e já 50 aninhos, mas com quase o Iva e nunca fiquei em terra. Têm de acreditar como eu, e dessa forma podem viver mais uns bons anos.


Na realidade o que é que conhecemos de Abidjan, nada, nada mesmo. O quê os engarrafamentos, para mim não são novidade, tenho-os todos os dias a qualquer hora na IC19 e o resto da malta também o conhecem, noutros locais. Se todos pensarem um pouco, concluem que da Costa do Marfim, nada sei.

Dia 29 de Novembro – Outro dia de at sea para navegarmos em direcção a S. Tomé e Príncipe por mares antes navegados por marinheiros deste povo português que descobriram o novo mundo para os europeus saberem algo mais e terem as especiarias mais baratas vindas por via marítima. Antes o que tínhamos de leaders na marinha e agora somos uns nabos.
Continuamos a ter um mar imenso, mas não o conseguimos usufruir. Se os nossos antepassados cá viessem perguntavam logo o que nós andámos cá a fazer - sois a nossa vergonha, estão despedidos e vamos mandá-los para as galés de outros povos. Ainda lhe dizíamos temos no Alentejo, Sines e voltaremos a ser grandes. Eles se ririam e diziam que sim, isso vai ser um museu da vossa inoperância arcaica desta época. Esqueçam não vão ficar na história, vocês são uns meninos mimados que perderam tudo o que nós vos deixámos, ok. No entanto passou-se esta noite algo de estranho neste cruzeiro, só apanhámos alguns comentários vindos de alguns portugueses em que viram uma pessoa tapada com lençóis em cima de uma maca, mais outra versão que alguém tinha caído do barco, mais outra que existiu um incêndio e mais coisas férteis para fazer notícia as “fake news”. Este grande alarido aconteceu pelas 4 horas da madrugada, cerraram as portas estanques e a circulação ficou interdita no deck acidentado, resumindo a notícia verídica é que existiu um pequeno foco de incêndio numa cabine e nada mais.
Pela fresquinha a Sofia e o Gilberto chegaram bem cedo ao 11º deck e reservámos seis lugares nas espreguiçadeiras compostas com toalhas logo na primeira fila junto à piscina, atendendo ao pedido da Cândida, ficámos o mais longe do palco onde se desenrolam os espectáculos, porque os decibéis das colunas do som estão sempre na máxima saída, um exagero ou saloiada. Conseguimos entre todos aproveitar o sol maravilhoso deste dia em alto mar entre a Costa do Marfim e São Tomé e Príncipe. Pelo final da tarde, Cândida, Sofia e Gilberto desceram até ao 6º deck para fazermos o percurso pedestre ao longo do navio, foram 11 voltas e concluímos 10 quilómetros com calor e uma humidade relativamente alta, transpirámos. Mais um problema, mais uma escaramuça no trânsito, quando se cruzaram na pista onde fizemos o joing dois fulanos um inglês e um português começaram a discutir porque o inglês chamou atenção do português que a circulação era feita no outro sentido, pela esquerda para não haver acidentes, estes discutiram e nós prosseguimos a marcha, mais outra volta e voltámos a ver nova discussão em que o bife foi ter com o português com modos agressivos e paranóicos, parecia que ia atirar o português borda fora. É verdade estamos a viajar num barco de corsários americanos, os índios e os ingleses, os bifes. Os portugueses nesta altura do campeonato ainda não foram reconhecidos como tal, mas cuidado pois ainda lhe partimos as trombas.

Dia 30 de Novembro – Chegámos às águas territoriais de São Tomé e Príncipe pelas 5h00 da manhã e pelas 6h30 já estávamos fundeados porque este país ainda não possuiu nem terá nas próximas décadas dinheiro para fazer um cais de acostagem para navios. O desembarque será feito pelos botes salva-vidas, ou tenders.
Tudo calendarizado no papel para desembarque, sucede que a barafunda e desorganização é elevadíssima. Foi-nos dado fichas para a ordem de saída, estas com a posição 21ª para termos de aguardar que chegue a nossa vez, passou-se uma hora e ainda estavam a chamar 1ª posição, mais meia hora e as reclamações começaram a surgir dos mais diversos lados, até que os passageiros principiaram o preenchimento das reclamações em papel e a caixa destas começou a encher-se. A Cândida preencheu a dela e mais a de todos nós em inglês o idioma materno do barco corsário. Eu, porém, ainda não contente preenchi mais uma em meu nome, mas no idioma português. Entre muitas coisas que escrevi disse que “o comandante é um corsário ao serviço de sua majestade, já defunta, este que é um falhado, um nabo que deveria ser atirado aos tubarões” e finalizei dizendo-lhe mais entre outras que é “uma merda”.
Tal é a organização destes piratas que se não fosse a Cândida mais uma vez perguntar para quando estava prevista a nossa saída, lhe disseram que podíamos sair já. A ordem já não existia, tudo à molhada e fé no caraças. Há pouco tinham chamado a posição 10
° e 11° e praticamente não havia ninguém ou já tinham desistido ou foram para outro lado à espera que chegasse a sua vez. Com isto eram 12h00 quando saímos para terra. Logo que desembarcámos começámos a visitar um antigo forte dos nossos heróis doutros tempos. O porteiro Alex, conhecido e amigo de momentos do Carlos pediu 4€, mas na conversa da treta passou para 2€, como ainda era muito caro o Carlos perguntou se o pagamento podia ser feito em CFA francos, moeda corrente de alguns países francófonos da região, mas aqui em São Tomé, pouco ou nada podem valer.
O Carlos ofereceu o livro do Miguel Sousa Tavares “O Equador” e mais alguma literatura da nossa terra. Partimos para visitar a igreja principal, passámos por muitas casas coloniais, mas coitadinhas tão destruídas, é razão da descolonização acelerada sem quaisquer proveitos para nenhuma das partes intervenientes. Queríamos visitar um mercado, foi-nos dito que o mais próximo se encontrava encerrado, mas outro a 4 quilómetros estava aberto, por esta informação arranjámos um táxi Toyota a cair de podre vindo há muitos anos de Portugal, mas ainda a funcionar em pleno. A bandeirada e voltas ficaria nos 20€. Chegámos ao mercado Boboforo, este é enorme, bem aprovisionado, mas com muitas bancas já encerradas, caminhámos ao longo dos vários pavilhões e corredores, íamos falando com algumas vendedoras, foi engraçado, mas o aspecto é de pobreza, pelos panos que tapam as bancas, estas feitas de resto de madeiras velhas e retorcidas.
Apenas notámos mal cheiros nas zonas onde se vende a carne e o peixe. Visita concluída regressámos e pensámos almoçar num restaurante já conhecido do resto do grupo, apenas eu e a Sofia não o conhecíamos, razão de ser a primeira vez que estamos em São Tomé. O restaurante é o Papa Figos contruído em madeira, mas com bom aspecto. Dissemos ao funcionário que tínhamos pouco tempo, pouco mais de 1 hora, mas informou que tinha peixe e seria rápido o serviço, sucedeu que passado pouco tempo já estávamos todos a comer e a beber umas super bock. O peixe estava ao contentamento de todos, algumas qualidades um pouco secas, acompanhado de batatas fritas, bananas e mais condimentos. Por fim as sobremesas, maracujá gigante e mousse de maracujá.



A realidade em lugar nenhum tinha comido uma mousse de maracujá tão bem feita com um sabor robusto e incorporado, produto natural, nada de aldrabice. A grande novidade que tive quando ia a sair, olhei para uma mesa onde se encontravam algumas pessoas e quem vi, o Orlando, mas parei para concluir se o estava mesmo a ver, olhei novamente e defronte a Fernandinha e mais uns amigos deles.
Como é possível a uns milhares de quilómetros das nossas residências que são no mesmo prédio, andar e as portas perto uma da outra vir-nos encontrar a milhares de quilómetros das nossas casas. Já há muito tempo que não nos víamos, tinha de ser nesta terra tão longínqua, ficámos deveras felizes com tal encontro e estivemos a falar algum tempo. O Carlos e a Júlia também os conhecem, pena foi termos pouco tempo mais nesta ilha, despedimo-nos e regressámos ao cruzeiro, dando por concluída esta tão curta visita a São Tomé e Príncipe.

Dia 01 de Dezembro – Já nos encontrámos a navegar em alto mar a caminho de Angola, antiga província e colónia portuguesa.

O programa para hoje era ficarmos na piscina apanhar um pouco de sol, infelizmente a chuva e o tempo nublado não permitiram.

Resolvemos eu e a Sofia ir comprar um rímel, mas fomos confrontados mais uma vez pela falta de crédito. Na realidade não há falta de crédito nenhum, tinha-se verificado dias atrás, depois de telefonarmos para Lisboa e falarmos com o banco que o cartão ou cartões se encontravam activos, este WiZink nos informou que o problema era daqui do cruzeiro. Muitas mais informações nos cederam entre elas a refazerem novamente o cartão, nessa altura este trabalho foi feito e o cartão de imediato ficou activo.

Hoje a cena repetiu-se, a Cândida explicou ao funcionário o que tinha sido feito e o que deveria fazer, este apenas repetiu o débito das despesas, mas nada concluído, foi-lhe dito para activar ou refazer o cartão, mas disse que isso não era possível. Então se dias atrás esse procedimento foi executado porque não agora. Ficou com o número do quarto e que ia tentar mais tarde, não acredito, este é um dos que estão formatados para fazer apenas aquilo e nada mais, é que nem se vai preocupar. Mais, sempre mais, este navio pirata/corsário é uma trampa. Dias atrás partiu com menos 4 passageiros na Costa do Marfim e ontem deixou em São Tomé, mais dois pelos nomes me pareceram coreanos, mais coisas aconteceram que nós não sabemos, não ouvimos. Como hoje é um dia de alto mar, apenas podemos ir até ao ginásio e esperar que o tempo melhore, nada de chuva, vento e céu nublado é o que predomina. Aguardemos, então. 

Dia 02 de Dezembro – Angola, é nossa. Mas que frase esta. Sim antes do 25 de Abril era frequente em muitos lugares dizermos isso, fazia arte da nossa educação e do valor que os portugueses davam a esta colónia a maior com 1 246 700km2. Com isto vou dar a conhecer um pouco de história deste país.
 
Foi Diogo Cão, este navegador português descobriu Angola entre o ano de 1482 e 1486, natural de Vila Real onde nasceu no ano de 1452, vindo a falecer na Namíbia no Cabo Cross em 1486, note-se que qualquer destas datas mencionadas não estão totalmente autentificadas, há quem diga que estão correctas como outros registos as diferem. Seja como for é desde Diogo Cão que Angola foi durante muitos anos um pouco de Portugal. Foi a partir do século XV que Portugal seguiu uma dupla estratégia na região onde marcou presença continua com o reino do Congo e introduzindo o cristianismo e estabeleceu em 1575 uma feitoria em Luanda.
Ao longo dos séculos nem sempre foram um mar der rosas, tanto que os holandeses ocuparam angola entre 1641 e 1648, no entanto em 1648 os nossos valentes guerreiros dessa época deram-lhe trolha e eis que fugiram. Não bastando iniciou-se um processo de conquistas militares dos estados do Congo e Dongo que terminou com a nossa vitória, ouviram, ouviram bem, vitória em 1671 com o controlo desses reinos. Durante os seguintes séculos sempre houve guerrilhas com os diversos povos onde mais tarde lutaram pela independência que nunca lhe foi atribuída, somente com o 25 de Abril de 1974 é que esse veio da pior forma, porque de imediato começou a guerra cível entre as diversas facções existentes, MPLA, UNITA e FNLA que destruíram e esfacelaram esta colónia.
Portugal teve toda a culpa do que aconteceu porque esta colónia foi entregue à sorte e não houve uma descolonização pacífica. Foram os socialistas e comunistas que desordenadamente deram mais um passo em falso na democratização de Angola. Sim, agora vou falar das poucas horas que desembarcaremos em Luanda. Mal havíamos andando e na marginal de Luanda, fomos abordados por um polícia que nos alertou de andarmos a pé nessa via, ouvimo-lo um pouco, mas toda aquela conversa era um pouco disparatada, não nos apercebemos que houvesse tanto perigo como nos tentou relatar. Prosseguimos a caminhada e fomos passando por possíveis malandrins e fomos visitando locais inicialmente propostos.
Numa artéria conseguimos alugar um machimbombo a cair de podre a decompor-se com motorista e ajudante por um preço que achámos justo para ambas as partes. Um dos locais que visitámos foi a fortaleza de S. Miguel, um baluarte dos portugueses erigido no século XVI, primeiramente contruído em barro, anos mais tarde substituído por taipa e adobe, mais tarde com materiais mais resistentes. Depois da ocupação holandesa veio a alvenaria com construção de baterias, armazéns à prova de bombas, aumentando a sua resistência para defesa e ataque a quem os visitasse. Ficámos maravilhados com este imenso espaço, há dentro dele numa sala bem preservada com ladrilhos elaborados onde contam a história de Angola desde os primeiros anos e no pátio estão grandes e imponentes estátuas do primeiro rei de Portugal do primeiro europeu a chegar a Angola, Diogo Cão e do renomado explorador Vasco da Gama e outros. Fantástico o povo angolano preservar todas estas memórias que no final fazem grande parte da história deste país. Foi aqui que se efectuou a última cerimónia do arrear da bandeira portuguesa em Angola no dia 10 de Novembro de 1975.
Tivemos ainda tempo para visitar a ilha de Luanda em que a percorremos até ao seu final. No regresso parámos no restaurante “Miami Beach Lounge”, onde comemos umas pizas maravilhosas com umas maravilhosas cervejas “CUCA”, tudo muito bom desde o serviço, localização e praia, todos gostávamos de poder termos ficado aqui mais alguns dias. Dos diversos locais visitados esquecia-me de mencionar o Palácio de Ferro, sendo este um edifício histórico que se crê ser da autoria de Gustave Eiffel, porém a embaixada de França em Angola classificou-o como uma obra de autoria de Gustave Eiffel. 


Há mais do que uma história deste edifício envolta em mistérios, já que não há registos da sua origem. Acredita-se que a estrutura em ferro forjado tenha sido construída na década de 1880 a 1890 em França como pavilhão pra uma exposição e posteriormente desmontado e transportado de barco com destino provável Madagáscar.

Existe alguma especulação sob a forma como chegou a Angola. Segundo algumas fontes, o navio que a transportava acabou desviado da sua rota pela corrente de Benguela naufragando perto da Costa dos Esqueletos em território angolano. Para não ser enfadonho, pois tanto teria para escrever sobre esta tão pequenina paragem em Angola, vou ficar por aqui. Somos todos unânimes em referir que voltaremos com mais tempo para visitar Ango
la.

Dia 03 de Dezembro – Depois de um dia tranquilo em Luanda aqui está mais um dia em alto mar que tanto apreciamos, entre a quietude o sol e repouso dos guerreiros que nada têm feito. Hoje papo para o ar apanhar sol que por acaso nem está aquilo que podemos chamar um excelente dia, mas remedeia.

Fomos para o ginásio desenferrujar as dobradiças, algumas já velhas como as minhas e tirar algum peso das banhas, estivemos a desentorpecer até nos esfalfarmos, bem perto das 2 horas, estamos cá com uma pujança que nem queiram saber. Todos achámos que os movimentos do Carlos Neves são tipo tartaruga, lento, lento, quase parado. No seguimento o caminho que fizemos foi para a piscina apanhar mais sol ouvir a música estridente e ler mais um pouco dos livros que todos trouxemos.
Note-se a temperatura para hoje estimada é de 30
°. Há momentos quando estava a olhar para o horizonte reparei que ao longe navega no mesmo sentido um enorme cargueiro carregado de mercadorias. Alguns minutos depois uma enorme tartaruga muito perto do navio a cruzar este, deve ter passado resvés por este, donde esta vinha e para onde ia, sei lá uma viagem transatlântica da tartaruga ninja. O restante dia foi passado de forma idêntica aos outros dia em alto mar. São 22 dias de passeio, mas já estou a ver o tempo a passar muito depressa, é sinal de que o final se aproxima. 

Dia 04 de Dezembro – Este é mais um dos dias em alto mar o segundo desde que partimos de Luanda. Vamos dar continuidade ao programa de ontem em que fomos todos para o ginásio desgastar um pouco dos excessos de gorduras e bolangas que havíamos ingerido nas semanas anteriores e que nos tem feito aumentar umas graminhas ou até quilos para alguns. Estamos todos determinamos em andar de passadeira, bicicleta e aparelhos para esticar os músculos e ficarmos a suar. Seguiu-se um pouco de leitura e o sol que podemos apanhar no 11º deck junto às piscinas e ouvir um pouco de música barulhenta que por vezes estoira os tímpanos devido aos elevados decibéis colocados, um exagero e parvoíce de quem a coloca daquela forma. Há pessoas que se afastam só por causa do estridente atroada. O calor não é o que havíamos esperado, dá para nos deitarmos apanhar uma ressa, de sol. Ressa é uma expressão portuguesa que designa calor do sol. Como dizer esta ressa está me matando. É só uma deixa para eu poder exprimir uma palavra que sai muito raramente do meu vocabulário vindo da província.

Depois da árdua hora do almoço em que pouco já temos para comer, isto porque o que há é repetitivo e começou já há dias a enjoar. Eu para variar como verduras e mais qualquer coisinha que possa agradar, bebo limonada, como depois um gelado e com a quantidade de limonadas que se ingerem vamos a cambalear pelo atrium ou popa, perfeitamente alcoolizados. O que é que estavam à espera de bêbados verdadeiros, está bem… À noite, depois do jantar este no restaurante no 5º deck, fomos assistir a um espectáculo pormenorizado pela Michele Montuori. É a segunda vez que esta personagem actua, da primeira gostámos e desta vez concluímos que é uma senhora com carácter e uma forte personalidade na actuação e na conversa que se vai desenrolando com algumas pessoas do público, entre elas há uma senhora, personagem caracterizada que sempre achámos estar alcoolizada e que fala pelos cotovelos a interferir por vezes na actuação da actriz. Conclusão gostámos mais do que a sua primeira actuação, apenas esta companhia de cruzeiros aproveitar mais do que uma vez a actividade destes elementos o que torna pobre os espectáculos que se desenrolam. Fomos dar mais umas voltas e descansar para o dia que se avizinha.

Dia 05 de Dezembro – Cá estamos novamente na Namíbia, sim há alguns anos atrás fizemos uma grande viagem por este sudoeste e sudeste africano, passando pela Namíbia percorrendo-a de norte a Sul, locais fantásticos foram encontrados por todos nós.
Há três elementos que têm falta de comparência, eles possuem diversas atenuantes concernentes à idade e ao progresso social de cada um, ficam aqui mencionados o Jóia o Gui e Tana. Todos eles iriam gostar de terem feito este cruzeiro pirata, apesar de ter sido o pior, o mais réles de todos que até hoje fizemos. Isto no que se refere a organização, péssimos espectáculos, falta de produtos alimentares, repetição diária dos menús, preço das bebidas superexagerados, valor das excursões com valores também exorbitantes, em suma, uma desgraça americanada. Aqui há um xerife e muitos ajudantes, no final os índios quem são! Somos nós. Por estas razões, dou razão aos faltosos. Soubemos na véspera as horas de saída, são só que estas apenas existem no papelucho, depois surge a anarquia total. A hora programada deixa de existir e a barafunda instala-se, isto pela simples razão de carimbarem os passaportes. De certeza que já não é a primeira vez que esta companhia de cruzeiros atraca nestas águas namibianas,
já poderiam acautelar-se de que os funcionários alfandegários eram morosos, tais como a funcionalidade da gestão do cruzeiro, juntou-se a fome à vontade de comer.
 O desembarque situou-se no porto de Walvis Bay com uma imensidão de gente à espera do transfere para nos colocarem fora da zona portuária e podermos arranjar transporte que nos leve a conhecer mais um pouco desta terra, não temos assim tanto tempo, mas iremos aproveitá-lo. Depois de uma pequena conversa com um motorista de táxi lá conseguimos um contracto comutativo por 150€, inicialmente tinha pedido 250€, nós propusemos 200€ que aceitou, mas passado momento informou que tínhamos de mudar de transporte e a companhia de mais 4 pessoas, sendo assim concluímos que o preço teria de baixar, portanto aconteceu. Percorremos uma pequena distância para cambiarmos de viatura e condutor e entrarem os quatro passageiros, estes chinócas. Primeira visita uma enorme colónia de flamingos rosa, seguidamente ir visitar a duna 7 que fica alguns quilómetros a norte.


Quando chegámos deparámo-nos com o pagamento da entrada para subir a duna, apenas o Cláudio e a Cândida resolveram pagar a exígua quantia de 20€, eu achei que não deveria gastar fosse o que fosse para subir uma duna, ainda mais que já tinha subido à duna 45 em Sossusvlei, muito maior e nada tinha pago.

A vontade era grande, mas detive-me. Apreciei a subida dos nossos amigos e bastou-me, reparei na dificuldade que a Cândida teve, mas foi uma valente. Terminada tão árdua tarefa fomos a um campo de golfe que a nós nada nos disse ou transmitiu, achei que era apenas para perfazer o tour. Retomámos o regresso ainda fizemos uma paragem em Swakopmund, regressámos ao navio de corsários onde estivemos numa imensa fila para entrarmos. Mais um dia finalizado com prazer de sermos viajantes e não turistas corriqueiros.
  

Dia 06 de Dezembro – Os últimos cartuchos estão a expirar. Novamente em alto mar perto da costa Namibiana e Sul Africana. Como já poucas ideias temos como passar este dia, levantámo-nos mais tarde do que o habitual e tarde já estivemos a tomar o pequeno-almoço.

Está frio, uma aragem desconfortante e ondulação intrigante, ou seja, não é daqueles dias que estaríamos aguardando, para mais depois de passarmos o equador as temperaturas deveriam estar mais quentes, pelo contrário parece estarmos no clima que espera por nós daqui a dois dias. Estive a ler o livro “O protoloco Caos”, já quase no final deste, faltam-me ler cerca de 15 páginas e fiz uma pausa mais uma vez, pois o local onde estava na proa é onde o balanço do barco é péssimo, causando mal-estar, tivemos de arranjar um local também sossegado, este mais ao centro do navio situado desta vez no 5º deck. A hora do almoço aproxima-se, mas não temos fome, apenas o enjoo. Para a parte da tarde que se aproxima, ainda não delineámos nada do que possamos fazer, logo se verá. Aproveito para mencionar um pouco de história da Namíbia e o que é realmente. Este é um país do sudoeste da África que se distingue pelo deserto do Namibe, ao longo da sua costa Atlântica. O país tem uma fauna diversificada, incluindo uma população significativa de guepardos ou chitas. A capital é Windhoek que já todos estivemos há alguns anos e a cidade de Swakopmund, visitada ontem por nós, aqui comprei mais uma máscara em madeira trabalhada à mão com destino ao quarto do Gonçalo, que ele tanto adorava estas máscaras. As senhoras aproveitaram e adquiriram os seus ímanes.
A área deste país são 824 292km2 com uma população de 2 604 000. No final dos anos 1480 os navegadores portugueses foram os primeiros exploradores das regiões costeiras como Cape Cross, Walvis Bay e Dias Point, séculos depois outros exploradores apareceram do Reino Unido e Países Baixos. Mais tarde em 1884 a Alemanha veio estabelecer um protectorado denominando-o de Sudoeste Africano, porém os colonizadores do Reino Unido que vieram, foram o povo retentor de um outro enclave, este incluindo o porto de Walvis Bay. O território ficou sob o domínio dos alemães até que se iniciou a 1ª guerra mundial. Em 1915 as tropas do Reino Unido com base na África do Sul ocuparam a região. Hoje pode-se ver a grande influência alemã existente desde as casas coloniais até ao desenvolvimento do país. Só em 1990 é que este país se tornou independente. Em 1994 a África do Sul faz a devolução à Namíbia do porto de Walvis Bay. Nota final: O português foi adicionado como uma segunda língua ensinada nas escolas.

Dia 07 de Dezembro – Última noite a navegar ao longo da costa da África do Sul para chegarmos à Cidade do Cabo pelas 8h00. Fomos tomar o pequeno-almoço às 8h30 como estava combinado e rapidamente nos apercebemos que a temperatura não era a que esperávamos, vento e uma aragem fresca. Havíamos sido informados da hora de saída, ou seja, o abandono do barco corsário, mais uma vez a hora estabelecida não sucedeu, quando chegou a hora destravada lá saímos, fomos levantar as nossas malas de porão.

As malas da Cândida e do Cláudio tinham sido levadas em mão por eles, não tiveram este trabalho, mas sim tiveram o trabalho de as carregar ao longo dos percursos até chegarmos à saída do pavilhão onde se encontravam as nossas, ou seja, a saída do porto, antes de todos passarmos pela alfândega para controlo dos passaportes em como íamos entrar neste país. Continuámos o percurso para obtermos o transporte já pago por nós com destino ao aeroporto, todo o trajecto efectuado calmamente e entrámos para o autocarro, onde fizemos um percurso longo por vias rápidas até ao aeroporto, demorou cerca de 30 minutos. Agora é fazer o check-in, despachar as malas e sacos volumosos, seguindo-se o percurso até alfândega, agora para carimbar a saída nos passaportes e passar o resto da tralha pelo RX e entrar nas zonas de acesso aos voos. Como tínhamos tempo, fomos ainda gastar uns euros em ímanes e t-shirts. Como a fome se apoderou de nós comemos umas pizas e hambúrgueres, não podiam faltar umas cervejolas acompanhar. Chegando a hora da partida lá fomos para dentro do boeing 737-300 em que ficámos bem instalados, tal como tínhamos solicitado à Ana Pombal na marcação dos lugares para que fossemos todos juntos sem nenhum vizinho a nosso lado. Este voo de cerca de 4 horas leva-nos até Luanda.
Já fartos de estarmos encaixados nos bancos a sobrevoar a totalidade da África do Sul, seguindo-se a totalidade da Namíbia e entrarmos em território Angolano até chegarmos ao destino de hoje. Pousámos ao longe e de seguida fizermos o percurso em machibombo sem ar condicionado e com um calor e humidade que nos cansa ainda mais. Agora passar pela zona de conecção para o voo que se segue e que só vai partir daqui às 22 horas. Vai ser lindo o tempo de espera. Como iremos passar este tempo morto! Tivemos de estar à espera por um funcionário que quando chegou pediu os passaportes e bilhetes do próximo voo. O seu olhar para tais documentos foi passageiro a preocupação deste era colocar um rabisco no bilhete e mais nada, dizendo para quase todas as pessoas que é virar à direita. Eram mais de 30 pessoas que se juntaram numa sala sem condições nenhumas à espera deste funcionário. Isto é que se chama organização organizada. De seguida mais alfândega, carimbos, RX e deixar tudo que é comida ou água, leis é ordens, têm que ser cumpridas. Ora vejamos no voo anterior tinham dado um bolo, uma maça, uma sande e uma garrafa de água, poucas pessoas tinham comido esta tralha toda e o que sobrou algumas pessoas levavam para comer naquelas longas horas que as esperavam.
Por exemplo a Sofia tinha uma garrafa de água que teve de a deixar, eu uma sandes que passou pelo RX e ninguém a viu, será que este estava a trabalhar, mais, sendo uma ligação entre dois voos em que as pessoas não têm qualquer contacto com o exterior ou local onde possam adquirir seja o que for, para quê este controlo incontrolado? Entrámos numa sala ampla neste aeroporto internacional 4 de Fevereiro em que o ar condicionado não funciona, um calor do caraças, local onde praticamente não há nada, um dois ou três locais onde se pode comer alguma coisa e umas mesas de café de 4 lugares, juntámos duas mesas para podermos estar mais juntos e conversarmos, a determinado momento vieram ter connosco um casal que nós conhecemos no cruzeiro, sempre ajudam na conversa deste tão longo espaço de tempo. É que nem dá para dormitar, mas como numa cadeira de café!
As horas foram-se passando o calor era severo e o nosso cansaço apoderava-se de todos, apenas íamos ouvindo nos altifalantes que tivéssemos cuidado com os pertences e se víssemos algum abandonado procurássemos um funcionário do aeroporto para o entregar. Mas onde é que estão os funcionários ou mesmo funcionário do aeroporto. Não vimos nenhum. Até que veio a hora do embarque. Entrámos para outra sala e de seguida descemos e lá vamos nós apanhar mais um machimbombo até ao avião que estava algures longe dali. Entrámos nele por uma escada ingreme e pela sua traseira. Os lugares também nos colocaram três e mais três, uns atrás dos outros e nada de vizinhança neste Boeing 777-300 ER que ficou completamente cheio. Após alguns minutos partimos. 

Dia 08 de Dezembro – Encontramo-nos a 10,3km de altitude em que estamos a passar por um período de turbulência, é desaprazível, mas daqui a pouco vai amainar. Começaram a servir aquilo a que chamam jantar, temos como escolha massa com frango ou carne tipo jardineira, optei por esta última opção, todavia não comi tudo, bebi um copo de vinho branco, um bolo de sobremesa e um pãozinho com queijo tipo Eru, nada mais porque o resto não me agradou. Quase ao finalizar a altura do jantar, nova turbulência em que o pessoal de cabine teve de parar o seu trabalho.

No momento, alguns já dormitavam ou dormiam mesmo, eu, porém, ia fechando os olhos, mas o cansaço de estar tanto tempo sentado e não ter nada para me distrair, porque os visores e rádios estavam avariados. Sei que fechei os olhos e dormi umas boas horas, acordando, porém, quando estavam a começar a distribuir os pequenos almoços, daí até sobrevoar e aterrar em Lisboa, foi cerca de 2 horas. Finalmente chegámos com um frio que já não tínhamos há 21 dias, frio a valer, contudo é o que iremos ter nos próximos tempos. Ainda estivemos muito tempo, mesmo à espera que as nossas malas fossem entregues nas passadeiras, só depois desse tempo perdido, saímos do aeroporto. Despedidas efectuadas e até um dia destes, que seja breve com saúde e boa disposição para todos. O Cláudio e Cândida tinham o filhote Gui à espera de os levar para casa. O Carlos e Júlia foram para casa à boleia do Cláudio, apesar de estarem a cerca de 1 quilómetro de casa. Nós Gilberto e Sofia o nosso filhote Ricardo estava já também à nossa espera para nos levar até casa, para isso percorrer a 2ª circular, entrar na IC19 e sairmos em direcção à Tapada das Mercês.



Final de todos os serviços adquiridos e combinados, até já.




O Misterioso Iraque - 2025

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