domingo, 30 de agosto de 2009

Trilho nos Andes e Incursão até à Patagónia - 2009



TRILHO DOS ANDES



               INCURSÃO ATÉ À PATAGÓNIA

  PERU-BOLÍVIA-CHILE-ARGENTINA-URUGUAI


Viagem programada com bastante antecedência, surgiram inicialmente valores muito elevados propostos pela agência de viagens no que respeita a certas ligações aéreas, terrestres, hotéis e refeições. Ficamos apreensivos e vimos que eram exagerados. Tentei saber outra forma de viajarmos gastando menos e podendo deslocarmo-nos sem que os agentes de viagens nos perseguissem e nos estropiassem.
Iria  ter sem dúvida muito trabalho  quando  pusesse  em andamento o nosso
estratagema de tratar certas despesas sem a interferência dos ditos comilões. 
No final ficamos boquiabertos com esse resultado, poupamos muito dinheiro e a viagem decorreu à nossa maneira, acima de todas as expectativas.




8 de Agosto

Como tantas outras viagens que temos feito a nossa partida do aeroporto da Portela é frequente, vamos apanhar o avião de ligação a Madrid para depois seguirmos directos para a cidade de Lima no Peru. São muitas horas de viagem e sempre perdemos tempo na ligação entre a  Espanha e o Peru. A Ibéria tem praticamente o monopólio com estes países da América, que também faz os preços serem muito elevados comparados com outros destinos que se situam muito mais longe e noutros continentes. Também não gostamos de viajar pela Ibéria, tem um serviço muito mau, os assentos estão tão apertados que mal nos mexemos. No final de uma viagem destas estamos cansados pela horas engaiolados e a posição no assento ser do género encaixotado. A alimentação burlesca, depois só nos querem impingir café e chá.
Este dia praticamente foi perdido no ar, quando chegamos a Lima foi  seguirmos directamente para o hotel, deixar as malas e pouco depois já estávamos no centro da cidade conhecido por “Plaza de Armas”, onde Francisco Pizarro fundou esta cidade em 1535. Esta também foi a capital do império espanhol durante  quase dois séculos, mas o grande marco foi  a declaração da independência  do Peru em 1821. Foi agradável passarmos nesta praça a nossa primeira noite, mas  como estávamos  muito cansados fomos para o hotel um pouco mais cedo.

9 de Agosto


Lima é uma cidade com imensas atracções, onde existem lugares que nos vão encantar, apenas o tempo que vamos ter é escasso, iremos no entanto aproveitar o mais que podermos.
O nosso hotel está situado mesmo aqui no centro, é a partir daqui o começo do nosso trajecto. Logo começamos pela Praça de Armas, Convento de San Francisco e Palácio do Governo , conhecido como Casa de Pizarro. Apreciamos os diversos edifícios que conservam os seus balcões, não são mais do que enormes varandas muito bonitas feitas e decoradas em madeira. A presença da polícia ou forças de segurança é bem presente nestes locais, parece que vem aí revolução ou algo se passou, é intimidatório. Mais à frente podemos ver a encosta de um enorme morro já coberto de casas que mais parece uma favela gigantesca.
Vimos a catedral e Lima, obra perfeita e muito bem preservada. Fomos visitar o museu do ouro onde estão expostas diversas peças muito valiosas, são imensas que a certa altura ficamos baralhados, foi interessante e recomendo.
Já em Miraflores avistamos do cimo deste barranco vê-se uma parte de Lima e o imenso oceano Pacífico, seguidamente fomos almoçar, pois já era um pouco tarde. Encontramos um local aqui em Miraflores interessante que na placa de entrada indica “Anticuchos Picarones – Javier”. Bom almoço onde nos divertimos.
Pela tarde o tempo estava frio e nublado, não podemos esquecer que nos encontramos no inverno no hemisfério sul. Estamos bem agasalhados.
Mais uma fugida até ao Barranco eu rebatizei-o e para nós é "Barranco Velho”.  Por aqui andamos até  ser noite e regressaríamos mais tarde ao hotel pois iriamos madrugar e apanhar o autocarro bem cedo para Paracas.

10 de Agosto

É ainda noite e já estamos dentro do autocarro a viajar em direcção a Paracas que fica a cerca de 260 quilómetros a sul de Lima. É lá que se encontra uma reserva nacional, cuja atracção são as ilhas Ballestas, formadas por um conjunto de pequenas ilhotas.
Chegamos praticamente ao fim de três horas um pouco ensonados, logo procuramos onde comprar as passagens para nos levar a visitar estas ilhotas. Foi fácil e pouco demorou a embarcamos, há sem dúvida muitos turistas. 
Quando íamos a meio da travessia vimos numa montanha arenosa um enorme candelabro desenhado nessa montanha. Esta enorme escultura tem um comprimento de 170 metros por 54 metros de largura, foi cuidadosamente desenhada por civilizações pré-colombianas. Ainda se mantém quase intacta pela escassez da chuva.
Chegados deparamos com milhares de aves, algumas em voos metódicos e onde existem imensas espécies. Numa das ilhas deveria ter milhares de aves, mais parecia um estádio de
futebol com capacidade para 150.000, completamente repleto abranger o relvado, não havia espaço para mais ninguém. Há também pinguins e leões marinhos em grande quantidade. Viemos aqui, numa época do ano excelente para ver este espaço repleto de animais. Foi um excelente passeio de lancha que nos mostrou esta área num período de três horas.
Permanecemos na cidade de Paracas, mais algum tempo que nos deu para visitar alguns locais de interesse, não esquecendo que ainda vamos embarcar de autocarro para Nasca. 
No final da tarde apanhamos o autocarro que nos levou até ao nosso destino, nele dormitamos e chegamos cheios de força.

11 de Agosto

Já em Nasca tivemos de procurar o acesso as linhas de Nasca que são o propósito da nossa passagem por este local. 
Estas linhas são geóglifos e linhas no deserto, feitas pelo povo Nazca que floresceu entre 200ac e 600dc. Ao longo de rios que desciam dos Andes. Estas pedras têm uma cor vermelha escura, os solos foram limpos, neste deserto não existe areia. Só do ar podemos concluir que são linhas e formas geométricas, mas também representam animais e plantas. Algumas, incluem imagens de humanos. Há pessoas que dizem terem sido criadas por seres de outros planetas. Nós terráqueos só descobrimos estas imagens nos anos 30 deste século, quando foram sobrevoadas, até aí ninguém imaginava a razão de existirem tantas  pedras neste local. 
Ficamos na incógnita se este mistério algum dia será desvendado, sê-lo-á por cientistas sérios e não por pseudocientistas especuladores moldando os dados para se encaixarem nas suas histórias da treta. 
Quando iniciamos o nosso voo para fazer a nossa descoberta, apercebemo-nos que só foi possível termos imagens perfeitas já a uma certa altura, caso fosse feito um voo baixo não se distinguiam e passavam despercebidas da sua dimensão e formas. Fizemos um percurso espectacular, tiramos boas fotografias e a avioneta era tão boa que quando o piloto nos explicava o local onde nos encontrávamos se distraía e a velocidade baixava, fazendo de imediato que a avioneta começasse a descer repentinamente, logo de seguida tinha de fazer uma grande aceleração.
Lá terminamos as nossa volta, aterramos em segurança. Neste percurso a Sofia ficou muito mal disposta por causa deste voo repentino/abrupto.
E já estamos prontos para apanhar outro autocarro que nos vai fazer chegar a Arequipa, este saiu às 15h00 e terminou o percurso às 23h00 . 

12 de Agosto


Ontem partimos no início da tarde para percorrer a distância de 570 quilómetros em estradas muito perigosas e a velocidade terá de ser algo lenta. Ao fim de pouco mais de uma hora circulávamos numa via que se por acaso houvesse uma anormalidade na condução só rebolava-mos por uma ribanceira e parávamos dentro do oceano Pacífico, tal era este salto para a morte. Ao fim de duas horas tivemos a nossa primeira paragem para esticar as pernas e beber mais alguma coisa. Retomada a marcha, entramos numa zona ainda junto à costa mas muito montanhosa, assim decorreu toda a viagem muitas montanhas e quilómetros que nunca mais acabam. Neste percurso ainda conseguimos dormir algum tempo conclui-se ao fim de 9 horas de viagem.
Mal chegamos, fomos logo deixar as nossas malas no hotel e partir de imediato. Será que daqui a mais alguns anos estaremos com esta pujança e fazer maratonas destas! 
Tenho algumas dúvidas, mas veremos onde é que vamos parar, haja saúde e dinheiro e chegaremos a outros lugarejos. 
Já estamos a ver um imponente vulcão que está mesmo à nossa frente, não mais do que o “Chachani”, mais parece uma gigantesca bomba que vai rebentar a todo o momento.  
Em Arequipa estivemos na Plaza Mayor, Companhia Cloister e nos subúrbios de Cayma e Yanahuara e ainda no convento de Arequipa, onde a irmã Júlia esteve em clausura durante 22 anos, foi expulsa porque se meteu com o padre Carlos que a trouxe para a liberdade. Portanto este convento foi aberto ao público em 1970, depois de 400 anos fechado. 
Tantas voltas demos por esta cidade que só finalizamos quando a fome nos apertou, desta forma procuramos um bom restaurante onde comemos pratos típicos desta região.
Ainda tivemos de fazer uma pequena ligação até Chivay onde a meio da tarde fomos até às termas de Chivay, vai imenso frio e aproveitamos para tomamos a nossa banhoca em água quente proveniente de uma corrente vulcânica que a aquece. Também foi aqui que o Carlos Neves levou uma sova de uma gaja que caracterizou, dançou e por fim deu umas arrochadas com um pau neste ilustre Sancho Pança.  Não passava de uma representação mas a forma que o fez magoou. A D. Júlia ficou possessa e vontade tinha ela de lhe arriar também.
Já noite fomo-nos deitar. Eu tinha uma grande dor de cabeça e tinha sempre uma pequena hemorragia no nariz, dificilmente adormeci.

13 de Agosto


Destino final de hoje Cañon del Colca, viagem de 4 horas, mais uns pozinhos. Desta vez subimos até ao sopé do Vulcão Chachani, cruzamos a Reserva Nacional de Vicunhas, situada  na Reserva Nacional de Salinas e Água Branca. A altura a que nos encontramos nos incomoda bastante temos cansaço, dores de cabeça e algum frio estão a dar cabo de nós. Conseguimos ver imensas vicunhas, alpacas e guanacos pastando, poucos estavam nesta altura deitados, está mesmo na hora da lide. A Passarada também está irrequieta, cantando ou voando. 
Encontramos ao longo do percurso muitos nativos já encostados ao cansaço, outros a trabalhar nos campos, mais os que vendem sempre algo. Como estamos agora a uma altura ainda mais elevada a rondar os 5400 metros, mal nos podemos baixar para apertar os sapatos um movimento mais brusco sentimos logo o nosso coração aos saltos, ou o cansaço, nem os rebuçados ou folhas de coca nos ajudam.
Neste percurso que percorremos nesta Cordilheira Branca, chegamos ao fim de algumas horas à Crus do Condor, onde podemos apreciar uma das maiores aves do mundo a voarem ao sabor do vento, O tempo que aqui estivemos apreciar esta passarada nunca conseguimos ver alguma vez a baterem as asas para voarem. Eles planam ao sabor do vento ou seja vão nas correntes e estivemos cerca de 2horas apreciar toda aquela movimentação, aconteceu que quase sem darmos por conta já não havia nenhum condor. Todos  desapareceram por aquele vale imenso. Tivemos mais uma vez muita sorte, pois já tínhamos ouvido falar que nem sempre eles estão cá no cimo para os podermos apreciar.
Começamos o nosso regresso até Arequipa onde pelo caminho fomos encontrando mais povoações onde íamos parando constantemente, havia sempre algo que nos chamava  atenção.  Quando entramos numa destas povoações encontramos imensas pessoas a dormirem sentadas às portas das suas casas. Pensei, estão na hora da La ciesta. 
Não os incomodem estão a levar com o sol em cima da moleirinha, estão dormindo ferradinhos no seu sono aprazível.
Tivemos contacto com muitos elementos desta povoação, soubemos parte dos seus afazeres diários e costumes, pois percorremos imensas ruas e sempre foram afetuosos connosco, apenas não gostavam que lhes tirássemos fotografias.
Chegados à cidade fomos procurar restaurante e alojamento em regime de "tromba estendida".
Quando nos fomos deitar as dores de cabeça tinham-se agravado ainda mais. Fadiga e cansaço apoderaram-se das nossas mentes o que fez que adormecêssemos mais facilmente.

14 de Agosto


Hoje mudamos o nosso método de deslocarmo-nos , resolvemos fazer o percurso entre Arequipa e  Cuzco de avião, ainda são 323 quilómetros de distância  se tivéssemos ido de autocarro eram muitos mais e perderíamos imenso tempo. Com isto levantámo-nos cerca das 4h00 da manhã, porque a partida desta aeronave era às 6h25, lá chegamos a Cuzco eram praticamente 9h00, pouco menos. 
Já é costume nosso chegarmos e colocar a tralha toda no hotel que já tínhamos feito marcação há muito tempo. Também, era ponto assente que as principais visitas seriam; Cuzco, ruínas de Qenco, Puca-Pucara, Tambomachay e Saqsayhuman.
Cuzco, reconhecida como a capital da dinastia Inca situa-se a 3440 metros de altitude e dá-nos a conhecer as diversas etapas e culturas que por lá passaram. O coração desta cidade a Plaza de Armas, onde se vêm igrejas e casarões que foram  construídos em cima das ruínas de antigos palácios, Mas ainda restam indícios desse imenso império Inca, por toda a cidade vimos a forma robusta das pedras que resistiram a tremores de terra e destruição dos espanhóis. Bem reparamos que os habitantes desta terra não param, ,andam sempre numa azafama desenfreada.
Cidade maravilhosa esta seria interessante que os Incas não tivessem sido dizimados pelo espanhóis e hoje depararíamos com  situações muitos interessantes do desenvolvimento desse povo.
Próxima etapa Saqsayhuman situado no vale Sagrado, construída com propósitos religiosos para serem adorados os deuses Inti (Sol), Quilla (Lua), Chaska (Estrelas), Illapa (Raio) e mais divindades, nesta construção existem pedras que rondam as 90 toneladas. Mais adiante e estamos em Qenco, mais um local de grande interesse. Um pouco mais adiante e já vemos Puca-Pucara, mais um local da nossa visita de hoje. Mais sítios passamos e adoramos, sempre com o cansaço e dores de cabeça. Por fim regressamos a Cuzco para descobrir outros locais notáveis da história do povo Inca.

15 de Agosto


Um dos locais que vamos hoje visitar será Pisac, que se encontra no Vale Sagrado dos Incas. Fizemos a nossa primeira paragem no cimo de uma montanha de onde podemos apreciar todo o vale do rio Urubumba, é sem dúvida uma vista soberba, silêncio e umas cores que nos fazem lembrar um paraíso perdido. 
Chegamos a Pisac, visitamos diversos locais, entre eles um forno comunitário que no momento estava a cozer pão para os mais diversos residentes, muito engraçado o seu funcionamento e naquela confusão toda de tantos pães a coserem, conseguirem saber no final qual era o pão de cada um, bem estranho. Seguidamente fomos a uma demonstração em como a prata de Pisac é a melhor do mundo, para eles pode ser mas é muito relativo. Aconteceu que a Sofia comprou uns brincos de fundo azulado com uma linha em espiral, engraçados. 
De seguida visitamos as ruínas de Pisac, são grandiosas e encontram-se a 2972 metros de altitude. Aqui encontra-se o templo do sol e um observatório astronómico, ali perto existem uns buracos nas paredes que foram túmulos dos Incas, infelizmente já saqueados para lhes rapinarem os seus objectos.
Hoje temos um grande dia de sol o que se está a tornar agradável,  pois temos andado todos estes dias com temperaturas muito baixas. Outro ponto que percorremos foi Ollantaytambo, aqui deparamos com diversos conjuntos de construções muito estranhos, dificilmente de entender a sua forma ou significado, foram-nos dadas algumas teses mas para mim pouco explícitas. Nestas montanhas existem um número indeterminado de construções que gostaria de ter visitado, encontram-se em locais de difícil acesso e o nosso tempo é escasso para lá irmos. No entanto a nossa permanência aqui foi extensa. Ainda demos uma fugida até ao mercado que se encontrava na falésia. Finalizada a nossa visita encaminhamo-nos para Chinchero, esta encontra-se a 3772 metros acima do nível do
mar, já estamos mais habituados mas continuamos com as nossas mazelas. Percurso lindo, consiste em subir sempre pela borda da montanha, paramos a certa altura em que a menina Julia se sentiu com tremores por causa da altura que estávamos a passar, possivelmente estaríamos nos 4000 metros, depois ainda descemos para alcançarmos Chinchero. 
Nesta cidade fomos entre outros visitar uma exposição de como se trabalha a lã e sua coloração, interessante  o idioma deste povo é o quéchua dos Incas. Cá fora são bem visíveis os socalcos onde eram plantadas as batatas. Mais um dia em grande sempre preenchido com muito interesse, onde concluímos que podíamos aqui estar mais uns dias que nos regalavam.

16 de Agosto


A grande viagem das nossas férias será esta!
Irmos a Machu Picchu partindo e regressando em combóio, provavelmente será uma das formas mais apetecíveis de a visitarmos. Cidade também chamada “cidade perdida dos Incas”, foi construída no século XV, por ordem de Pachacuti e só foi descoberta em 1911, mas existem outras teorias que indicam a sua descoberta anos antes, uma delas um alemão  em 1867 lá esteve mas reteve o segredo para poder usurpar a riqueza existente. Apenas 30% da cidade é de construção  original o restante é reconstrução.
Quando chegamos à estação imediatamente adquirimos os bilhetes e entramos para a composição do comboio que parece já estar à nossa espera. Quem fazia parte dos passageiros era um repórter de imagem brasileiro que acompanhava um grupo de pseudo artistas e que falava pelos cotovelos, fazia-nos entender que ele era o maior e nós apenas uns leigos que ali fomos parar, ok que viva na sua ilusão. Este combóio fez-me lembrar por vezes uma canção portuguesa que tem como letra. 

O comboio vai a subir a serra.
Parece que vai, mas não vai cair.
Sempre assobiar vai de terra em terra.
Como a perguntar  onde eu quero ir.

O comboio vai a subir a serra.
Parece que vai, mas não vai parar.
Sempre assobiar vai de terra em terra.
Sempre eu quero ver se ele vai chegar.

Malta não estavam à espera desta?
Verdade!


É nestas alturas que a nossa felicidade se espraia e recordamos coisas sentidas e quando estamos tão longe da nossa terra como agora ficamos saudosistas.
A distância que percorremos é extensa, parece que nunca mais chegamos. A paisagem é linda vamos passando ao longo do vale e por vezes vimos grupos ou pessoas isoladas que fazem todo este percurso a pé, é doloroso e quantas horas demorarão.
Chegamos, mas ainda tivemos de apanhar um autocarro que nos vai levar mais acima.
Às ruínas chegamos e propusemo-nos a conhecer o mais que podermos este lugar tão
insólito. Nós vimos e revimos alguns do locais onde passamos uma primeira vez para depois no regresso voltarmos a esses mesmos sítios. Sem dúvida que nos cativou este lugar, perdido de tão belo, ser. É mesmo daqueles locais que nos detinha mais tempo, como seria o cair da noite ou o nascer do dia aqui, só poderia ser fantástico. E o auge desta civilização, aqui, esplendoroso. Ficamos radiantes por visitar Machu Picchu e um dia gostaria de cá voltar, quem sabe!

Muito  tarde regressamos a  Cuzco no nosso comboio panorâmico, foi chegar e encontrar um restaurante pois a fome se apoderou de nós. O local onde dormimos o seu aspecto era-nos comum, mais parecia um pátio sevilhano todo feito em madeira e pintado azul. Muito agradável.

17 de Agosto


A etapa de hoje para Puno vai ser enorme e toda feita em autocarro, naqueles que por vezes se avariam e vão por uma ribanceira ou chocam de fronte, coisas muito comuns aqui no Peru.
Eram 11h00, altura em que partimos num autocarro em que o aspecto exterior é exímio o seu interior também. Sentamo-nos em lugares antecipadamente marcados e pouco tempo se tinha passado, estava praticamente cheio a maioria dos passageiros eram estrangeiros, mas havia ainda uma dúzia de cidadãos peruanos. Assim partimos e foram feitos cerca de 100 quilómetros e estávamos a parar com uma avaria, não mais, estava com falta de água, abastecido e lá vamos andar novamente. A conversa entre nós foi; vamos chegar a que horas se é que chegamos. 
Cerca das 13h00 paramos para entrarem mais passageiros. São duas mulheres e um homem, elas com umas alcofas enormes, coisa estranha. Alguns momentos se passaram e há barafunda na coxia, as alcofas estão carregadas de bocados, enormes de carneiro, mais pareciam cadáveres  que estas mulheres trouxeram para vender, desta forma com um cutelo partem aos bocados e vendem pelos ocupantes, apenas os peruanos são clientes.  O cheiro a cebo é pestilento e bocados se espalham quando o partem à cutilada. 
A meio da tarde outra paragem forçada, novamente o autocarro parou com falta de água, lá estivemos mais outra vez apreciar aquela geringonça que só tinha aparência.
Desta vez um dos motoristas esteve a falar ao telemóvel com alguém a comunicar o que estava acontecer. Arrancou, mais uns quantos quilómetros foram feitos mas voltou a parar com o mesmo problema. Pensamos várias vezes, será que ainda chegamos hoje a Puno.
Grande chacota havia entre os ocupantes. Onde é que estamos, é que  povoações por perto não há, apenas montanhas, deserto e mais montanhas.
Andaram a mexericar no motor e mais uma vez outra dose de água, partimos devagar e lá fomos andando inicialmente devagar para depois começarem a andar normalmente. Não voltou avariar, o certo é que a chegada estava prevista para  as 18h00, mas eram perto das 20h00 e terminamos este pesadelo de viagem num autocarro de luxo, foi esta a tarifa que pagamos para tal viagem. Assim passamos este dia das nossas férias.

18 de Agosto

O programa  desta viagem dava este dia como perdido, ou seja, hoje provavelmente ainda não estaríamos aqui, apenas serviria de passagem e continuação para a Bolívia, mas não, estamos dentro das datas correctas e como brinde vamos parar no Lago Titikaka e conhecer este lago que está situado a 3800 metros acima do nível do mar.
Numa das aldeias mais próximas da margem deste lago arranjamos barco  para nos levar até às ilhas flutuantes onde os nativos bolivianos e peruanos as habitam. Estas ilhas são feitas à base de totoras, esta é uma planta aquática, muito comum nos pântanos da América do Sul. São imensas camadas desta planta que fazem uma superfície estável e por cima destas  são feitas as suas casas e espaços de laser onde estes povos vivem à séculos com mais segurança, fugindo desta forma de outros povos e principalmente dos Incas. É aqui que pescam, caçam pássaros e cozinham, digo cozinham porque à primeira vista o fogo será o grande inimigo deles, mas desta forma parece não o ser. Nesta nossa viagem olhamos e vimos imensas pessoas que aqui habitam todas elas com um aspecto remoto na aparência como no próprio vestuário. Em alguns sítios que passamos verificamos que estão à nossa espera para nos venderem artesanato,
mas o nosso piloto tem outro ou outros locais como destino. Há imensos barcos, alguns enormes todos feitos em totora. Paramos numa primeira ilha e o nosso caminhar sobre ela é um pouco estranho, sabemos que estamos sobre água, os primeiros passos parecem ser um pouco desequilibrados mas com o tempo se encontram e praticamente já nos habituarmos. Podemo-nos sentar nestas plantas que se encontram secas sem que sentíssemos humidade, técnica perfeita. Há aqui ilhas de todos os tamanhos desde as mais pequenas até outras que são aldeias com inúmeros habitantes.  
Foi uma viagem com grande impacto para nós, nem fazíamos ideia o que havia de tão importante neste lago.
Fomos ainda até Puno onde demos as nossas voltas entre outras visitar a catedral, pouco mais existe de interesse nesta cidade que é leader do folclore peruano.
Resolvemos que ainda hoje podíamos atravessar a fronteira e ficar do lado da Bolívia, continuávamos a ganhar tempo.
Encontramos a empresa de transporte ideal para tal viagem e lá vamos dentro de um machimbombo, só visto nunca andamos nestas condições tão precárias, no entanto o sol já se está a pôr, são 17h30 , não esquecer que estamos no inverno e o frio aperta. Lá conseguimos finalmente chegar a Copacabana, onde já noite conseguimos arranjar alojamento.

19 de Agosto

Como ficamos encantados com este lago, verificamos que ainda temos tempo para visitar outra parte do lado boliviano, desta vez vamos até à ilha da Lua e do Sol, alugamos mais uma vez uma lancha a motor que nos vai levar aos quatro a conhecer estes lugarejos.
Ao fim de algum tempo a navegar chegamos à ilha da Lua, onde nos detivemos  com lugares desabitados e bastante  entregue ao abandono. O tempo “Iñak Uyu” era o  local onde viviam as mais belas mulheres dos Incas  que eram oferecidas aos Deuses em sacrifício. Grandes loucos estes gajos, deveriam era de lhes oferecer sapos e pedregulhos nos cornos. De seguida partimos para a ilha do Sol que se encontra ainda a uma distância considerável, desembarque efectuado, lá vai a companhia em marcha para mais voltas. Visitamos o templo do Sol descemos subimos e descemos as “escalinatas de Los Incas” e fomos até à fonte sagrada, onde o menino Carlos bebeu aquela água cheia de bactérias, sagradas. Foi aprazível, mas nada de excelente, fizemos uma grande caminhada onde
desfrutamos uma paisagem magnífica. Por fim regressamos a Copacabana para apanharmos mais um machimbombo para La Paz da empresa “Trans Tur 2 de Febrero”, mais uma relicário destas bandas.
Percorridos alguns quilómetros, tivemos de sair para apanhar uma barcaça que nos vai colocar na outra margem. A carripana vai ser colocada também na outra margem mas num arrastão a cair de podre, sem passageiros como calculam. Esta distância ainda é considerável e todas as cautelas são poucas. Quando chegamos ainda faltavam 112 quilómetros para La Paz, á nossa direita estão os imponentes Andes todos cobertos de neve.
Como já se torna tarde vamos ver se  a sarronca acelera para chegarmos o mais rápido a La Paz, Por fim chegamos a uma terra no cimo da montanha de onde já avistávamos a capital, mas a paragem final era um pouco mais à frente em Huatajata a partir dali teríamos de alugar um táxi para nos levar até lá baixo. Já estava a escurecer quando desembarcamos e de imediato fomos abordados pela polícia para nos informarem que deveríamos ter muitas cautelas, pediram-nos a nossa identificação como a do motorista do táxi que nos transportaria até ao nosso hotel.
Não houve problema e chegamos mais uma vez exaustos, iremos jantar e descansar, amanhã outra tirada está em mente.

20 de Agosto  

Pequeno almoço, depois digam que não comemos.
Partimos pela 8h00 em direcção das ruínas de Tiwanaku, esta foi a capital de uma civilização altamente desenvolvida que nasceu por volta do ano 1580ac. A estrutura física das ruínas prova que a organização social alcançou um altíssimo grau de desenvolvimento. A nação Aymra desenvolveu-se através de cinco períodos e teve o seu apogeu por volta do ano 700dc, onde cobria uma área de 600.000km2, chegando a ser a cidade mais populosa do mundo, com cerca de 100.000 habitantes. Os artesãos Tiwanacotas esculpiram os misteriosos monólitos que caracterizam estas ruínas,  muitas delas em granito. Durante esta visita, fomos ver a pirâmide de Akapana e o templo de Kalasasaya o templo semi-subterrâneo, os aquedutos quase intactos e a famosa porta do Sol, esculpida com figuras simétricas representativas. Tiwanaku é considerado o “berço da Civilização Americana” e foi declarada em 2000, património cultural da humanidade.
Regressamos a La Paz, por volta das 13h00 e do cimo desta serra conseguimos ver a cidade  embutida num vale imenso, mesmo assim está a uma altitude de 3.360 metros.
Pela tarde visitamos esta cidade que é sede do governo e centro de todas as actividade industriais, culturais e bancárias da Bolívia. Foi fundada em 1548, como uma zona de paragem para o transporte de minerais, entre as lendárias minas de Potosi na Bolívia e Cuzco no Peru. Conhecida como a cidade dos contrastes, é uma combinação harmónica de culturas: Mercados indígenas, mercado dos bruxos, museu aberto de Tiwanaku, bairros modernos e coloniais.  
Para no final nos deslocarmos até ao vale da Lua, não mais do que um Canyon, local agradável e insólito, fizemos um caminhada ao longo deste vale, onde encontramos um
boliviano com todo o aspecto de índio que me vendeu uma flauta de qualidade e me ensinou os primeiros passos para que a pudesse utilizar sem que fosse um objecto decorativo. 
Regressamos a La Paz, onde deparamos com uma grande festa, com desfile militar e o cortejo dos cidadãos, muitos vestidos com trajes e roupas domingueiras.
Concluída a nossa volta, regressamos para o hotel, pois amanhã vamos mudar de ares e partimos para o Chile.

21 de Agosto

Eram 9h00, já estávamos no aeroporto para partimos para Santiago do Chile, foram pouco
mais de que quatro horas de voo. A meio da tarde já tínhamos chegado e começamos de imediato a nossa contenda por esta cidade, foi curta, amanhã será dada a grande volta, vamos descansar um pouco bem estamos a precisar.
Um pouco de história desta cidade.
Foi fundada pelo conquistador espanhol Pedro de Valdivia a 12 fevereiro de 1541, nesse ano a  11 de Setembro esta cidade foi destruída pelas forças dos nativos da região chefiados por Michimalonco que promoveu a guerra do Arauco. De realçar que a companhia de Jesus, sofreu um incêndio em 1863, durante uma missa matando mais de 2000 pessoas.
A temperatura nesta altura do ano ronda os 9 graus.

22 de Agosto

Começa a visita a esta cidade, onde fomos à descoberta do palácio Presidencial “La
Monda”, um dos poucos edifícios da era colonial que ainda restam. Este foi bombardeado a 11 de setembro de 1973 para deporem o presidente Salvador Allende. O feito dos explosivos utilizados provocou um incêndio  que o destruiu em parte arrastando documentos inestimáveis entre eles a Ata da Independência do Chile em 1818, irremediavelmente perdida. Durante a ditadura de Augusto Pinochet o salão da Independência foi cerrado para evitar o seu simbolismo, bem como outras partes deste palácio. 
A catedral, praça de armas e avenida da Alameda foram os pontos que se seguiram
nesta volta. Chegou a hora do almoço e lá vamos nós deliciarmos no mercado, onde a fartura de peixe é bem visível, deu para que apreciasse-mos umas deliciosas vieiras e outras iguarias, acompanhadas por boa cerveja chilena.
De tarde subimos num elevador histórico que nos levou até ao Cerro de San Cristoban, local engraçado de onde tivemos uma vista panorâmica sobre Santiago. São muitos os chilenos que aqui se deslocam para passearem por este parque e adorarem a virgem que se encontra numa monumental estátua.
Passamos mais tarde pela casa onde viveu Pablo Neruda e concluímos a nossa visita a esta cidade que está equiparada a muitas cidades europeias, tantas as vezes que me surgiu na ideia esta conclusão.

23 de Agosto

Pouco haveria para contar deste dia, mas veremos que não será assim tão verdade.
Apenas que tivemos de nos levantar bem cedo, praticamente às 4h00 da manhã, pois fomos apanhar o avião que sai às 6h40, sendo um voo internacional tivemos que estar no aeroporto antes duas horas para trâmites de embarque. 
À nossa chegada a Punta Arenas fomosi presenteados com um desfile militar, incluindo a fanfarra e grupos de escolas isto não fazia parte do nosso programa. Finalizado este desfile encontrava-se instalado num jardim, toda a frota de abastecimentos militares a oferecerem a toda a gente bebidas quentes e outras coisas para se comer. Estava muito frio e nós lá fomos também para a contenda.
Fomos visitar a estátua de Fernão de Magalhães, célebre navegador português, nascido em Sabrosa em 1480, que iniciou a primeira viagem de circum-navegação tendo morrido na batalha Cebu em Mactan nas Filipinas. Pela tarde embarcamos num autocarro até Puerto Natales, onde percorremos longos quilómetros por locais cobertos de neve e desertos, não se vê uma única casa, locais mesmo inóspitos.
Quando desembarcamos em Puerto Natales, havia habitantes a oferecerem estadia, tivemos a ideia de aceitar a proposta de um deles e lá vamos nós de malas arrastarem-se com as rodas ruas abaixo até que ao fim de 2 quilómetros entramos num local onde estava a tal casa, esta composta por diversos quartos, mas um tanto estranhos. Mais estranho ainda foi quando um homenzito saltou para cima de uma das camas a mostrar e a informar como tudo funcionava, este era anão e corcunda. Houve da nossa parte um momento de pausa, mas aceitamos a situação e vamos ficar aqui. Quando saímos as nossas madames caíram logo em cima de nós, tais como; vocês acham que vamos ficar aqui, ai que medo, aquele homem mete-me medo, será que nesta terra não há hotéis. O certo é que subimos aquela rua até ao centro, logo vimos um hotel onde fomos marcar quartos. Ficou assente que vamos buscar as nossas malas e o dinheiro que já pagamos que se lixe. Também quando fomos ao casinholo e pusemos a nossa situação com clareza ao arrendatário, ele próprio sem o pedirmos nos devolveu o valor que já tínhamos pago. Troca feita e lá fomos para um local digno onde damos plena razão às senhoras.
Mais um final de dia terminado em glória.

24 de Agosto

Hoje o que temos de especial!
Visita de dia inteiro ao Parque Nacional de Torres Del Paine, vimos os lagos Sarmiento, Nordenskjold, Pehé, os saltos Grande e Chico do rio Paine e lago Gery, não bastando ainda fomos à Cova de Milódon.
Iniciamos trajecto pela Cova de Milódon, um lugar muito bonito que se encontra na ladeira do Cerro Benitez e no seu interior encontrámos uma réplica do Milódon, um animal que foi extinto entre os 5000 e 8000 anos atrás.
Segui-se o lago Grey, onde encontramos imensos blocos de gelo por ele espalhados, lá ao fundo já avistamos as Torres Del Paine. As árvores estão desprovidas de folhagem, assim a passarada nos seus galhos é bem visível, sim, estamos numa zona em que há imensos pássaros.
Vamos ficar mais perto das ditas Torres, não sai mais do que grandes montanhas em que as rochas pontiagudas são visíveis, não existe nelas qualquer vegetação, porque nos últimos anos vários incêndios deflagraram por ingerência humana, foco alguns deles, não mais do que os mais importantes;  em 1985 um turista iniciou um incêndio tendo devorado 150km2 de floresta em 2005 um mochileiro checo provocou mais um incêndio, este acidental que destruiu mais 155km2, finalmente em 2011, mais um mochileiro
Israelita provocou mais um que devorou 176km2, entre eles 36km2 de floresta nativa. Por este andar estas espécies raras vão conseguir destruir tudo que ali existe. 
Pelos quilómetros que já andamos, é extraordinário todo o percurso que fizemos e concluímos que a falta de tempo é o nosso grande inimigo.
Fotos extraordinárias tiramos nos lagos visitados, um deles o lago Nordenskjold, enorme, nesta altura não tem qualquer movimentação das suas águas, nada de vento, águas paradas, nada de se mexerem um autêntico espelho que reflecte nas suas águas  a imagem das Torres Del Pine, lindo, lindo.
A próxima paragem foi o salto Grande do rio Paine, visto cá do alto é um salto para o abismo, com as suas águas a passarem à nossa frente em grande fúria e a precipitarem-se pela garganta que não conseguimos ver o fim. 
O dia já está a querer escurecer, resolvemos regressar à nossa base situada ainda a alguns quilómetros de distância. Já se nota que o frio aumenta e um reconfortante  jantar com uma boa pinga chilena veio mesmo a calhar.

25 de Agosto


Vamos fazer uma grande tirada em autocarro de Puerto Natales até El Calafate na Argentina, são 272km que irão ser feitos em 4 horas .  Decorridas as primeiras horas podemos dizer que passaram-se com tranquilidade, para seguidamente fazermos uma pequena paragem para desenferrujar as pernas e comermos qualquer coisa. Novamente em marcha, fomos falando para ajudar o tempo a passar e apreciamos as lindas paisagens que iam passando, fomos lendo informações que trazíamos connosco para nos identificarmos com os locais a visitar. 
Por fim chegamos ao nosso destino bem dispostos e capazes de continuar-mos a nossa jornada, já nos encontramos bem calejados nesta forma de viajar. 
Primeiro que tudo teremos de encontrar um local para pernoitar nas próximas três noites. Procura exaustiva, mas encontramos uma casa que nos foi alugada para a nossa permanência em local sossegado e afectuoso. 
Nas primeiras horas percorremos diversos locais desta cidade que fica próximo da fronteira com o Chile e a cidade mais próxima do Parque Nacional Los Glaciares, cerca de 80km, onde iremos encontrar o glaciar Perito Moreno e o glaciar Upsala. Nesta cidade há imensos cães espalhados por todas as ruas, ali vivem e ninguém lhes faz mal, são cães que não têm dono, para nós portugas são cães vadios na verdade as pessoas os alimentam e não os escorraçam dos locais onde lhes apetece parar ou mesmo dormir, grandes admiração esta, para nós.  Também quisemos trocar dinheiro, porém os bancos aqui fecham muito cedo, mas  lá conseguimos desembaraçarmos.
O frio é imenso, mas estamos devidamente agasalhados. No final do dia jantamos numa das tascas desta terra, comida Argentina, boa carne aqui se encontra.

26 de Agosto


O nosso programa para hoje será este, poderão aparecer alterações mas a base que temos de cumprir não mais do que;  Pequeno almoço. Excursão do dia inteiro ao glaciar Upsala e Lago Onelli, que será feita num moderno catamarã, desembarcarmos na baía Onelli para um merecido almoço, mais tarde caminhada pelo bosque para apreciar este lago com o seu glaciar, mais adiante veremos os glaciares Bolados e Agassiz.
Aconteceu que a nossa primeira visita foi ao lago Argentino que não fazia parte do nosso roteiro e não estamos a navegar em catamarã mas num pequeno cruzeiro. Está um frio do caraças nós na coberta deste navio a levar com um ventinho no focinho, à nossa volta só vemos montanhas e margens cobertas de gelo, no meio do lago vamos passando por blocos enormes de gelo, fantástico, pois é o nosso baptismo andar e navegar nestas conjunturas. As cores do gelo derivado à sua espessura e reflexo do sol fica com tonalidades azuis. Já estamos na língua do glaciar Upsala que termina numa das margens do lago, pela informação que aqui nos foi dada este glaciar está muito mais pequeno ou seja dantes entrava pelo lago a dentro agora fica-se simplesmente pelas margens.
Seguiu-se o glaciar Spegazzini alimentado por outros dois glaciares o Mayo Norte e Peineta, em 2009 tinha 1,3km de largura e 18km de comprimento, tendo diminuído apenas 100 metros, uma das características principais é a altura da parede de desprendimento, considerada a mais alta do Parque Nacional dos Glaciares com picos entre os 80 e 130 metros, enquanto a dos outros glaciares ficam pelos 60 metros.
Ficou para último o tão badalado Perito Moreno com uma largura de 5km e uma altura de 60 metros. É considerado uma das reservas de água doce mais importantes do mundo. Parte deste glaciar foi apreciado quando estávamos a navegar no lago, está guardado para amanhã a nossa visita por terra que será também espectacular.

27 de Agosto


Com a nossa base assente em El Calafate daqui partem todos os passeios ao redor deste grande lugar na Patagónia.
Está reservado para hoje a visita ao glaciar Perito Moreno por terra para podermos apreciar num dos lados onde periodicamente se cria uma barreira de gelo que forma um lago, por sua vez de tempos a tempos que pode ir até mais do que um ano ou mesmo 15 essa barreira transforma-se num túnel que aumenta e colapsa e oferece um espectáculo surpreendente com a quantidade de gelo que se desprende naquela altura formando uma torrente colossal, Segundo se consta ao contrário do que está acontecer com outros glaciares que se estão a derreter este pelo contrário está aumentar o seu volume e comprimento.
Quando chegamos mais perto deste glaciar começamos a ouvir estalos vindos da pressão e fragmentação do gelo, é um som tão estranho e forte que nos faz pensar que este barulho vem de um outro mundo, lembra-nos que a terra se está a partir. Quando chegamos aos passadiços existentes para podermos caminhar em segurança e termos uma visão mais pormenorizada o espectáculo é por vezes impressionante com o desprender de enormes blocos de gelo que se vão soltando da frente do glaciar. O tempo que aqui  estivemos vimos uns quantos a caírem e a formarem uma desmedida ondulação.  
A barreira de gelo tem tons azulados que evidenciam uma beleza estranha onde por vezes nos focamos a olhar como é que aquilo acontece e lá vão mais umas quantas fotografias desse detalhe.
Podemos verificar do local onde nos encontrávamos que um grupo de pessoas estavam naquele momento em cima do gelo deste glaciar, nós
 não fomos fazer esse passeio, mas gostava de o ter feito, fiquei com essa vontade para ver que sensação usufruiria. Há locais em que vimos que o gelo é pontiagudo e impenetrável, pois há grandes  gretas que formam buracos profundos. 
Soubemos que este glaciar se movimenta a uma velocidade de 2 metros por dia.
Com todas as voltas programadas detivemo-nos neste local quase o  dia inteiro com um espectáculo inesquecível. Ao fim do dia regressamos a El Calafate onde fomos jantar a um local  agradável, eu e a Sofia comemos um cabrito assado, acompanhado por um vinho tinto, argentino  a Júlia e o Carlos detiveram-se pelo bife de três pimentas e parrilhada. Recomendamos para o que de bom tem o Restaurante Mi Viejo na Av. del Libertador, 1111, El Calafate.

28 de Agosto


Quando hoje abrimos a porta da rua do apartamento, deparamos com um manto de neve imenso, caiu muita neve durante a noite e tinha uma altura de alguns centímetros, foi com espanto e alegria que vimos tal facto. Não tínhamos ideia de que isso poderia acontecer, sim estamos no inverno, as montanhas ao redor estão cobertas de neve, mas o dia anterior estava seco e muito frio. Maravilhosa esta diversão, ainda demos uns saltos e voaram das nossas mãos alguns punhados de neve.
Há última da  hora fomos informados da  alteração da nossa partida, com esta alteração iria-mos  sair mais tarde, inicialmente era para as 11h40 e como já não vamos ter a escala que estava prevista. Abalamos no voo AR2886 com partida às 16h47, chegada prevista para as 19h43.
Demos mais umas voltas por El Calafate para diluir o tempo que tínhamos ainda. 
Por fim chegou a  hora de sair-mos, arranjamos transfer para o aeroporto, chegamos e dali a pouco iniciamos o voo de três horas num Boeing 737-700 até Buenos Aires. 
Quando chegamos já era noite, ainda demos uma volta por esta cidade, vimos ainda uma das manifestações que se fazem nesta terra com muita  abundância. As últimas manifestações deste tipo que estive mais perto foi nos meses que se seguiram ao 25 de Abril de 1974 e nunca tive interferência directa em nenhuma delas, apenas quando me cruzava com alguma a mesma situação que aconteceu hoje.
Para o final da noite não podíamos perder uma linda exibição de tango numa das boas salas “El Qurandi”, onde aproveitamos e jantamos. Poderia ter sido um barrete, não, contrariamente aquilo que inicialmente pensamos foi às nossas medidas. Mais uma forma de terminarmos este dia em pleno descanso com uma exibição de bons bailarinos.
Hoje podia ser  apenas um dia a que eu chamo “dia morto”, mas contrariamente ao seu início com a queda de neve e alteração do voo, foi mais outro excelente. Vamos ver amanhã com a nossa fugida até Montevideu.

29 de Agosto


Alvitrada bem cedo, temos de aproveitar este dia ao máximo.
Travessia de Buenos Aires para Montevideu em catamaran. 
Esta cidade  é sede do Mercosul, que engloba a Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela qualquer coisa parecida com a União Europeia. Esta cidade surgiu de um pequeno povoado de índios tapes e imigrantes provenientes das Canárias radicados em torno de um forte construído em 1723, para manter as tropas portuguesas afastadas. Foi conquistada pelos portugueses  em 1817, tornou-se capital da província Cisplatina do reino de Portugal, Brasil e Algarve, em 1821, pertenceu ainda ao Brasil durante o reinado de D. Pedro I em 1828. 
Já no porto de Montevideo, deparamos com imensos navios de guerra, mais pareciam barcos em fim de vida, mas se houver guerra aqui está a 5ª, 6ª e 7ª esquadra Uruguaia para atacar seja quem for. Chegamos, fomos  dar as nossas primeiras voltas por esta cidade, passamos pela praça da Independência, palácio Salvo, Catedral, palácio
Taranco e outros. Chegou também a hora do almoço para conhecermos alguns pratos típicos deste país, almoçamos num local típico que nos agradou. 
Voltamos ao nosso trajecto para conhecer a cidade velha a qual conserva edifícios coloniais de grande valia arquitectónica com a sua majestosa “Puerta de la Cidade” com o valioso resto do passado que demonstra as monumentais obras de defesa de Montevideu colonial. Visitamos também  o bairro “El Prado” e do Carrasco a Punta Gorda e Pacitos.  Para o final deixamos o mercado do porto que é um dos símbolos da cidade onde existem vários restaurantes e lojas de lembranças.
Tivemos de regressar e fazer a travessia marítima do Rio da Prata que nos vai levar a Buenos Aires.
Para não fugir à regras chegamos mais uma vez de noite. Jantar espectacular  numa das tascas bem lindas e típicas da cidade.

30 de Agosto


Estamos praticamente no final destas belíssimas férias que nos têm encantando.
Vamos de manhã visitar as principais avenidas, a casa do governo a catedral, congresso, teatro Colon a Recoleta, residências de Palermo, Barisso de La Boca e o El Caminito, etc.
Buenos Aires, uma das cidade maiores do mundo, uma mega metrópole que com os subúrbios supera os onze milhões de habitantes. É também a cidade mais elegante e activa da América do Sul e a que melhor resume a variada e heterogénea essência do argentino. Cidade de estrutura moderna e actividade dinâmica têm sabido conservar  velhas tradições e recantos estranháveis. Fascina o visitante pelo seu ambiente a diferente personalidade de cada um dos seus bairros a cordialidade de sua gente e o célebre abanico de suas ofertas culturais e comerciais.
Um dos locais que mais nos surpreendeu foi o Caminito, muito colorido, sendo ele uma rua-museu, localizado no bairro de La Boca. Antes de lá chegar e termos perguntado onde ficava, algumas pessoas nos disseram para termos muito cuidado para não sermos roubados. Estivemos sempre com a nossa à vontade e nunca, mas nunca nos apercebemos que era perigoso. Ali fica também o estádio do célebre clube de futebol o Boca Juniors, clube célebre em todo o mundo com um estádio a cair de podre, visto pelo lado de fora.
Vêem-se por todo o lado carros e autocarros muito antigos, por vezes faz-me lembrar Cuba.
Um dos locais que nos atraiu foi o cemitério de Recoleta onde está sepultada Eva Perón, porém não encontramos a tumba e perguntamos a muitas pessoas mas as informações que nos davam eram controversas, por vezes opostas ao lugar inicialmente indicado, desistimos exaustos de tanta informação aldrabada.
À tarde fizemos uma digressão até à cidade de Tigre onde demos um passeio de barco entre as ilhas da zona e o delta do lado da Argentina do Rio Paraná, por fim perdemo-nos de propósito para conhecermos melhor esta cidade. De nada valeu a tentativa de nos perder. facilmente encontramos a estação de comboios para regressarmos a Buenos Aires. 
Já em Buenos Aires ainda fomos visitar um museu e percorrer uma das ruas principais onde abundam artistas de toda a espécie, até os inoportunos fazem dote do seu fraco cunho, entre eles cantores falhados. Há locais que nos parecem ferro velhos, pessoas que levam toda a traquitana, para fazer
negócio, esta rua é uma autentica loucura nesta tarde de domingo, tanto que em qualquer canto há uma tasca para se beber um copo.
Quando já íamos buscar as nossas malas ao hotel deparamos com mais uma manifestação seguida de outra no centro desta cidade. Pareceu-nos que todos os dias tem que haver comício mais manifestação, grande programa o cidadão aqui tem.
Pronto, temos de ir para o aeroporto  porque às 21h35 partimos para Madrid, onde chegamos às 14h30 da amanhã, iremos passar 11h35 dentro do aviaralho, até calha em verso – Se cair vamos todos pró caralho.

31 de Agosto


Sim chegamos todos com saúde a Madrid, cansados de tanto andar de avião. Pergunto quem não gosta de andar de avião, resposta de  todos nós, não, que tenhamos medo, nada disso, só pelo tempo que ali se perde e a posição de sentado, apertado à espera da chegada. Estes aviões da Ibéria são autênticos cangalhos o serviços a bordo miserável a alimentação intragável.
Às 15h40 o nosso último voo até Lisboa.

Finalizámos estas férias mais uma vez felizes, tudo correu como estava concebido e prontos para o próximo veraneio que este seja o mais breve, não conseguimos ficar quietos. 





O Misterioso Iraque - 2025

O MISTERIOSO IRAQUE EXPEDICAO MESOPOTANIA