NA RAIA
TRASMONTANA
Restavam-nos três dias de férias do ano anterior que tinham de ser gozadas até finais de Março, foi quanto bastou para idealizarmos este passeio. Há uns três anos que já tínhamos feito um percurso idêntico a este, onde o tempo escasseou nessa altura. Hoje temos mais uns dias e iremos visitar este território que nos tem servido de inspiração para descobrir novos lugares.
28 fevereiro
Fizemos um programa para estes 6 dias, nada de grande elaboração, apenas o essencial para irmos a locais desconhecidos e no final termos um pouco de tempo de passarmos por Cabeceiras de Basto e Braga.
Desta forma, pela manhã pusemo-nos a caminho para uma longa etapa.
Estava um tempo agradável, um pouco nublado, fizemos um percurso em auto estrada para depois sairmos e percorremos perto de uns 70 quilómetros em estrada onde passamos por localidades e lugares por nós desconhecidos. Mais adiante regressamos à auto estrada para recuperarmos algum tempo, só depois da Guarda é que fizemos mais outro percurso em estrada, esta mais parece uma via rápida.
Eram já 13h30 quando chegamos a Trancoso e fomos directamente para o restaurante onde estava marcado o nosso almoço. Tínhamos a informação que o restaurante Área Benta era um local prestigiado e onde havia bons pratos à escolha. Foi sem dúvida uma boa aposta, pratos bem confeccionados um bom serviço e um vinho da casa de grande qualidade.
Seguidamente fomos conhecer melhor esta cidade onde o castelo é milenar e no início de Portugal se travaram grande batalhas com os nossos vizinhos e mais tarde os saqueadores franceses que vieram a Portugal roubar, destruir e violar. Não podia faltar a estátua do Bandarra, famoso poeta, profeta e sapateiro. Outros locais passamos para de seguida darmos uma fugida ao campo da batalha de Trancoso onde em 1385 se deu a batalha com os Castelhanos que levaram no toutiço mais uma vez.
Ao final do dia ainda houve tempo para irmos até à vila de Celorico da Beira e vermos uma parte do castelo que se encontrava fechado. É vulgaríssimo em Portugal certos locais históricos encontrarem-se encerrados. Fizemos uma pequena volta pela vila e vimos toda a sua beleza.
O final do dia chegou, resolvemos ficar a repousar em Trancoso onde encontramos boa guarida para o merecedor descanso.
1 Março
Para hoje não definimos nenhum percurso, sabemos que iremos percorrer uma zona praticamente constituída por montanhas onde o granito é frequente e o rio Tua e Douro estão no nosso carreiro.
Nos primeiros quilómetros de hoje já vimos imensas amendoeiras em flor, são lindas assim tão floridas a sua cor branca e rosa muito clara fazem uma paisagem encantadora. Fizemos a primeira paragem em Cidadelhe, uma pequena aldeia perdida no meio da serrania toda edificada em granito, não vimos nem uma vivalma nos caminhos. Aqui estivemos algum tempo apreciar a monotonia deste lugar perdido na serrania. De seguida partimos, mais alguns quilómetros adiante entramos numa estrada que desce por entre montanhas até à ponte da União do rio Coa, aqui existe uma placa que homenageia os cidadãos que contribuíram em tempos para que uma ponte fosse aqui construída depois de uma mais antiga ter sido levada pelas águas tumultuosas deste rio.
Mais adiante fizemos mais paragens por várias razões, não fosse esta região tão diversificada. Eis que numa aldeia encontramos uma cidadã montada na sua carroça puxada por um burro, achamos imensa graça que lhe pedimos se podíamos tirar umas fotos a ela e ao fidalgo Burro, este era um cagãozito pela posse que evidenciou nesta altura.
Paramos em Freixeda do Torrão e vimos o solar dos Metelos, grande parte encontra-se em ruínas bem avançadas. Pena é que demonstra que em tempos passados era um local de grande riqueza e onde existia a fidalguia, hoje apenas o pé-rapado da época em que estamos.
Passamos por Escalhão onde existe um restaurante de grande qualidade, hoje ainda era cedo para almoçar. Chegamos ao Alto da Sapinha, onde podemos avistar a imensidão deste grande vale. Quando chegamos a Freixo da Espada-à-Cinta, enchi-me com todas as minhas forças e subi à torre do castelo, foram imensas escadas, mas valeu a pena, do alto têm-se uma visão total desta vila.
Nesta tarde ainda percorremos imensas aldeias e lugares para chegarmos já noite dentro a Miranda do Douro onde repousamos para que amanhã continuemos o nosso circuito transmontano.
2 Março
heróis retratado, não mais do que Viriato em estátua e nome da praça bem como em nome de restaurante e nome de rua nos deixam pensar que estamos em casa. Há imensos edifícios históricos em condições excelentes, muitas lojas com preços acessíveis, onde a Sofia comprou uma quantidade de roupa de qualidade por valores muito baixos. Quando a fome apertou fomos almoçar num restaurante típico desta cidade onde comemos um arroz de Zamorana, acompanhado de um óptimo vinho de Toro das adegas Fariña. Boa refeição com qualidade e uma imensa quantidade, ficou comida para mais duas pessoas. Quando acabamos de almoçar todo o comércio já estava fechado e só abriria dali a 2 horas, pois a “ciesta” vale mesmo e descanso é mesmo descanso.
Demos mais uma volta e resolvemos voltar para a nossa terra completamente satisfeitos de ali termos estado. Já em Portugal, decidimos passar por Valpaços, local que ouvimos falar tantas vezes e daí a nossa ida lá. O que vimos foi de uma cidade sem qualquer motivo de visita, completamente parada no tempo. É este o Portugal sombrio e sem brilho que está escondido por detrás da pederneira. Retomamos o nosso trajecto em direcção a Vale de Salgueiro, onde alugamos uma casa para passarmos a noite, neste percurso tivemos lindas paisagens que nos regalaram a nossa vista. O local que escolhemos para dormir em Vale de Salgueiro, foi uma boa aposta, gostamos do local e também da casa. Esta foi totalmente reconstruída, onde foram aproveitadas todas as paredes e janelas. Até a porta de entrada colocada no cimo das escadas tinha uma altura baixa, tive de me baixar para não bater com a cabeça. O interior estava com as mesmas áreas e paredes do antigamente. Já é um pouco tarde desta forma concluímos o dia que muito apreciamos.
3 Março
Estamos já a meio da província de Trás-os-Montes, onde ainda existem imensas terras desconhecidas para nós, vamos fazer a nossa primeira paragem de hoje em Mirandela, já estivemos mais do que uma vez aqui, é aqui que vamos tomar o nosso pequeno almoço e fazermos um pequeno passeio, este não é um local que nos traga história e não existem monumentos importantes. Seguimos em direcção a Vila Pouca de Aguiar, fizemos um percurso interessante pelas montanhas que nesta altura do ano estão floridas de amarelo, cor das acácias e das mimosas. Do cimo destas montanhas avistamos povoações encalhadas nos vales ou nas montanhas a alguns quilómetros de distância, neste trajecto há imensas árvores com centenas de anos em que os troncos estão completamente
ocos, mas ainda florescem. Quando começamos a descer para Vila Pouca abundam ao longo desta estrada milhares de pinheiros escandinavos com a sua ramagem e troncos muito alinhados, ou seja quando crescem ficam devidamente aprumados, daqui já avistamos o campo de futebol e o casario desta vila. Mais adiante seguimos pela serra do Alvão que está coberta com uma fina camada de neve que caiu esta madrugada. O manómetro do carro acusa a temperatura de 0,5 graus, como arrefeceu o tempo esta noite. Os quilómetros foram passando e chegamos a Cabeceiras de Basto, onde fomos almoçar à Paragem, nome dado a um restaurante que nós tanto gostamos de ir e onde se come um delicioso prato de bacalhau à Minhota entre tantos outros.
À tarde mais outra etapa até Braga, onde ficamos instalados esta noite num hotel junto à estação dos comboios. À noite fomos relembrar o café onde eu em 1975 escrevia todas as noites um postal para o meu borracho que tanto gostava. Aqui comemos uma torrada para a Sofia e um chá de limão e uma tosta e uma caneca de cerveja para mim. Foi só para relembrar bons tempos que já lá vão e que nunca mais passam por nós, fico sempre com nostalgia desses tempos e a tristeza que anda sempre comigo. Terminamos a noite dando uma pequena volta por esta linda cidade que nos marcou na nossa vida.
4 Março
Hoje começamos a circundar o rio Cávado numa zona onde existem imensas barragens e as paisagens são fascinantes, circulamos muito tempo por estas estradas onde o trânsito é diminuto entramos no parque nacional Peneda-Gerês, é apenas um cheirinho, porque vamos direcionados para Pitões das Júnias onde iremos saborear um delicioso cozido à portuguesa no restaurante o Dom Pedro Pitões que cozinham este prato com esmero e produtos provenientes desta região. São ainda uns bons quilómetros onde esperamos lá estar pelas 13h00.
Já lá no alto da serra começamos a ver os prados brancos e o casario cobertos por uma camada fina de neve e já lá bem no alto a neve já é espessa e cobre os telhados por completo. Mas abrimos um pouco a janela do carro, entra de imediato o frio gelado. Quando chegamos ao restaurante o clima era ameno, estava a lareira acesa e o ambiente excelente. Belo almoço, estava tudo bom, valeu a pena esta longa fugida até aqui, só que a partir de agora temos umas centenas de quilómetros pela frente e não temos um caminho alternativo que nos coloque directamente na zona da Anadia. Fomos fazendo algumas paragens pelo
caminho, circulando com precaução e nunca excedendo a velocidade para chegarmos ao fim da tarde. No caminho já tínhamos feito a marcação do hotel, uma antiga escola que foi totalmente remodelada, um local lindo para se poder descansar. Quando chegamos nem fome havia, porque o almoço tinha sido um logrado banquete, ainda nos encontrávamos empanturrados, compramos mais água e fomos deitar-nos e ver um pouco de televisão. Amanhã teremos pela frente o último dia desta fugida até ao norte da nossa terra.
5 Março
Descansamos mais um pouco tendo em conta que o percurso para hoje é rápido, apenas queremos ir até à Costa Nova dar umas voltas para depois regressarmos a horas e irmos comer o nosso leitão da praxe em Almas da Areosa, seria insensato da nossa parte estarmos tão perto e não saborear tão delicioso leitão. Empanturrados depois de tão exagerada refeição, colocamo-nos a caminho de casa pela estrada nacional, pressa não havia e eu gosto de conduzir em locais que me dão um certo gozo. Auto estradas só funcionam quando tenho alguma
pressa de resto evito-as. Apenas apanhamos a A1 em Aveiras de Cima e pouco tempo depois já estávamos em casa.
Desta forma passamos mais uns dias agradáveis, pena é não podermos repetir mais vezes estas pequenas viagens. Fiquei mais uma vez com a vontade ainda mais aguçada de fazer mais trajectos por Trás-os-Montes, há imensos locais que gostaríamos de conhecer e outros de voltar novamente.
Até breve terra de sonhos...
2 Março
Vamos fugir um pouco da nossa rota, resolvemos dar uma fugida até Zamora, cidade que já há alguns anos lá estivemos e nada ficamos a conhecer nessa altura.
Como pernoitamos em Miranda do Douro e tínhamos chegado já de noite, resolvemos fazer um pequeno percurso por esta cidade para a conhecermos melhor. Estava bastante nevoeiro, complicando a nossa visão para tirarmos fotografias também nada estava facilitado, encurtando desta forma o percurso e abreviando a nossa deslocação para Espanha. Assim pusemo-nos a caminho e pouco mais de uma hora já estávamos às portas de Zamora. Logo nos pusemos a percorrer as ruas e ruelas desta cidade que é um encanto. Tem muito a ver com o início do nosso Portugal, tantos os costumes como a população e um dos
Demos mais uma volta e resolvemos voltar para a nossa terra completamente satisfeitos de ali termos estado. Já em Portugal, decidimos passar por Valpaços, local que ouvimos falar tantas vezes e daí a nossa ida lá. O que vimos foi de uma cidade sem qualquer motivo de visita, completamente parada no tempo. É este o Portugal sombrio e sem brilho que está escondido por detrás da pederneira. Retomamos o nosso trajecto em direcção a Vale de Salgueiro, onde alugamos uma casa para passarmos a noite, neste percurso tivemos lindas paisagens que nos regalaram a nossa vista. O local que escolhemos para dormir em Vale de Salgueiro, foi uma boa aposta, gostamos do local e também da casa. Esta foi totalmente reconstruída, onde foram aproveitadas todas as paredes e janelas. Até a porta de entrada colocada no cimo das escadas tinha uma altura baixa, tive de me baixar para não bater com a cabeça. O interior estava com as mesmas áreas e paredes do antigamente. Já é um pouco tarde desta forma concluímos o dia que muito apreciamos.
3 Março
Estamos já a meio da província de Trás-os-Montes, onde ainda existem imensas terras desconhecidas para nós, vamos fazer a nossa primeira paragem de hoje em Mirandela, já estivemos mais do que uma vez aqui, é aqui que vamos tomar o nosso pequeno almoço e fazermos um pequeno passeio, este não é um local que nos traga história e não existem monumentos importantes. Seguimos em direcção a Vila Pouca de Aguiar, fizemos um percurso interessante pelas montanhas que nesta altura do ano estão floridas de amarelo, cor das acácias e das mimosas. Do cimo destas montanhas avistamos povoações encalhadas nos vales ou nas montanhas a alguns quilómetros de distância, neste trajecto há imensas árvores com centenas de anos em que os troncos estão completamente
ocos, mas ainda florescem. Quando começamos a descer para Vila Pouca abundam ao longo desta estrada milhares de pinheiros escandinavos com a sua ramagem e troncos muito alinhados, ou seja quando crescem ficam devidamente aprumados, daqui já avistamos o campo de futebol e o casario desta vila. Mais adiante seguimos pela serra do Alvão que está coberta com uma fina camada de neve que caiu esta madrugada. O manómetro do carro acusa a temperatura de 0,5 graus, como arrefeceu o tempo esta noite. Os quilómetros foram passando e chegamos a Cabeceiras de Basto, onde fomos almoçar à Paragem, nome dado a um restaurante que nós tanto gostamos de ir e onde se come um delicioso prato de bacalhau à Minhota entre tantos outros.
À tarde mais outra etapa até Braga, onde ficamos instalados esta noite num hotel junto à estação dos comboios. À noite fomos relembrar o café onde eu em 1975 escrevia todas as noites um postal para o meu borracho que tanto gostava. Aqui comemos uma torrada para a Sofia e um chá de limão e uma tosta e uma caneca de cerveja para mim. Foi só para relembrar bons tempos que já lá vão e que nunca mais passam por nós, fico sempre com nostalgia desses tempos e a tristeza que anda sempre comigo. Terminamos a noite dando uma pequena volta por esta linda cidade que nos marcou na nossa vida.
4 Março
Hoje começamos a circundar o rio Cávado numa zona onde existem imensas barragens e as paisagens são fascinantes, circulamos muito tempo por estas estradas onde o trânsito é diminuto entramos no parque nacional Peneda-Gerês, é apenas um cheirinho, porque vamos direcionados para Pitões das Júnias onde iremos saborear um delicioso cozido à portuguesa no restaurante o Dom Pedro Pitões que cozinham este prato com esmero e produtos provenientes desta região. São ainda uns bons quilómetros onde esperamos lá estar pelas 13h00.
Já lá no alto da serra começamos a ver os prados brancos e o casario cobertos por uma camada fina de neve e já lá bem no alto a neve já é espessa e cobre os telhados por completo. Mas abrimos um pouco a janela do carro, entra de imediato o frio gelado. Quando chegamos ao restaurante o clima era ameno, estava a lareira acesa e o ambiente excelente. Belo almoço, estava tudo bom, valeu a pena esta longa fugida até aqui, só que a partir de agora temos umas centenas de quilómetros pela frente e não temos um caminho alternativo que nos coloque directamente na zona da Anadia. Fomos fazendo algumas paragens pelo
caminho, circulando com precaução e nunca excedendo a velocidade para chegarmos ao fim da tarde. No caminho já tínhamos feito a marcação do hotel, uma antiga escola que foi totalmente remodelada, um local lindo para se poder descansar. Quando chegamos nem fome havia, porque o almoço tinha sido um logrado banquete, ainda nos encontrávamos empanturrados, compramos mais água e fomos deitar-nos e ver um pouco de televisão. Amanhã teremos pela frente o último dia desta fugida até ao norte da nossa terra.
5 Março
Descansamos mais um pouco tendo em conta que o percurso para hoje é rápido, apenas queremos ir até à Costa Nova dar umas voltas para depois regressarmos a horas e irmos comer o nosso leitão da praxe em Almas da Areosa, seria insensato da nossa parte estarmos tão perto e não saborear tão delicioso leitão. Empanturrados depois de tão exagerada refeição, colocamo-nos a caminho de casa pela estrada nacional, pressa não havia e eu gosto de conduzir em locais que me dão um certo gozo. Auto estradas só funcionam quando tenho alguma
pressa de resto evito-as. Apenas apanhamos a A1 em Aveiras de Cima e pouco tempo depois já estávamos em casa.
Desta forma passamos mais uns dias agradáveis, pena é não podermos repetir mais vezes estas pequenas viagens. Fiquei mais uma vez com a vontade ainda mais aguçada de fazer mais trajectos por Trás-os-Montes, há imensos locais que gostaríamos de conhecer e outros de voltar novamente.
Até breve terra de sonhos...