quinta-feira, 31 de agosto de 2017

À procura do gorila... - 2017





À PROCURA DO GORILA...



5 Agosto


Mais um início de férias de verão para nós as férias grandes que nos fazem relembrar os tempos de antigamente em que nós os mais pequenos andavam sempre à espera desse momento.
Acontece que antes de darmos tal início não me posso esquecer da trabalheira que a Sofia teve  em preparar as nossas malas, sim fazer as malas, uma autêntica trabalheira e um grande pesadelo para muitas mulheres que ou não sabem o que levar ou senão levam metade da roupa.  Há que levar o indispensável para que não haja stress no início, louvo-a por isso, pois sei que nada irá faltar e mais aquela perfeição na arrumação das duas malas para estas três semanas é obra.
Chegou o momento de partimos para o aeroporto onde nos vamos encontrar com o resto da trupe que vou mencionar por ordem alfabética para que não existam diferenças no trato ou na amizade - Cândida; Carlos; Cláudio; Gilberto;  Gui;  Júlia; Sofia e Tana, uma turma de grande pompa.
São cerca das 15h00 e já estamos todos a tratar da papelada para levantarmos voo para a nossa primeira etapa até Marrocos, especificamente Casablanca onde iremos permanecer no final do dia, noite e a manhã de domingo para depois retomarmos a nossa viagem para o Quénia. Esta  estadia em Casablanca deve-se ao facto de conseguirmos um preço mais económico na viagem. Tivemos todos  uma poupança global aproximadamente  de 1000€, que no final iremos gastar de outra forma. A nossa estadia em Marrocos não nos vai trazer mais despesas, tudo está incluído na passagem aérea, tais como jantar, dormida, pequeno almoço e almoço.
Um pormenor de realce, foi quando  estávamos a jantar foram colocados uns pires com umas azeitonas que eram uma delicia que foram totalmente devoradas por todos nós, não bastando ainda pedimos mais e mais, no final ficámos  com  a ideia que as comemos todas e mais que houvesse, não eram umas azeitonas quaisquer, eram esguias, quase sem caroço, este fino e pontiagudo uma delícia. Já no final da noite programamos a hora a que amanhã deveríamos levantar para a nossa viagem até à Mesquita de Casablanca.  Já tudo delineado fomos descansar.

6 Agosto


Vamos dar continuidade à nossa presença aqui em Casablanca, aproveitando a manhã para visitar-mos a 7ª mesquita maior do mundo, que levou 7 anos a ser construída e onde trabalharam cerca de 35 mil operários.
Logo que saímos do hotel  procurámos transporte para toda esta gente, desta forma  foram necessários dois táxis que nos iram levar  e trazer de volta por um preço mais ou menos tabelado que nós não achamos caro. Já na mesquita começamos a nossa visita com um guia que é falador e um tretas pelas conversas que nos foi fazendo e dotes de ser um daqueles árabes que para nós já não nos engana. A nossa presença foi cerca de hora e meia onde ficamos a conhecer esta obra que já tínhamos passamos algumas vezes por aqui e nunca usufruíamos visitá-la, desta vez não podia falhar.
Concluía esta visita regressamos ao hotel para almoçar, este fazia parte do nosso do pacote da passagem aérea. Posso dizer que não era uma refeição de relevo, apenas o essencial   para não passarmos fome, ainda pedimos azeitonas daquelas que ontem tão maravilhosas eram, mas fomos informados que não havia  mais,  pudera ontem uma trupe de portugueses
conseguiram devora-las todas e mais que houvessem. Estamos satisfeitos e daqui a pouco partiremos para o aeroporto onde vamos apanhar o voo com destino a Nairobi. Como não havia mais para fazer lá fomos para o aeroporto, num transfer que também estava incluído. Quando chegamos eram 14h10 e só pelas 16h40 é que o voo seguia para o Quénia, mais parecemos um grupo de saloios que chegam na véspera para seguir viagem. Deu ainda para dormitarmos um pouco nas cadeiras e logo chegou a hora da nossa partida.
Vai ser dura a viagem pois ainda são bastante horas e chegaremos pelas 2h25 de amanhã, 2ª feira. Pela primeira vez viajamos na  royal air maroc e ficamos contentes porque os espaços entre as cadeiras é substancialmente largo, permitindo que estiquemos as nossa pernas, as refeições também nos agradaram o pessoal de bordo simpático. Quase todos temos dormitado, porque logo que cheguemos iremos fazer uma corrida para apanharmos o outro voo que nos vai levar até ao Uganda onde iremos levantar os jipes que alugamos há algum tempo para nos deslocarmos ao longo dos próximos dias.
Podemos dizer que estamos perto da meia- noite e o 2º dia de viagem lá vai.

7 Agosto

Depois de tantas horas de voo por cima deste continente que tanto gostamos chegamos finalmente a Nairobi. Será aqui que nos temos de despachar
rapidamente, recebemos em Lisboa a informação de que não chegávamos a sair da zona de interligação dos voos internacionais, mas não é que está acontecer, vamos desembarcar, para tirarmos os vistos de chegada ao Quénia para depois irmos levantar as malas para seguidamente fazermos o check-in para o Uganda. Não bastando o voo em que acabamos de chegar veio com um atraso de 45 minutos e o tempo que nos resta para todas estas voltas é de 1h e 50 minutos. Fomos tirar os vistos para todos que vão englobar três países que serão o Quénia, Uganda e Ruanda. Aqui perdemos imenso tempo pois cada visto é tratado
individualmente e como logo pensamos que a família Garcia seria aquela que demoraria mais tempo, teve logo a primazia de serem os primeiros, isto porque apenas estava a funcionar um guiché para este serviço. Também combinamos que os primeiros a despacharem-se deveriam dirigir-se imediatamente para o tapete do desembarque das bagagens  e levantá-las rapidamente para não se perder mais tempo. Eu e a Sofia fomos os últimos e enquanto esperávamos e tratavam dos nossos vistos íamos vendo o tempo a passar e algumas vezes veio à conversa - já perdemos o próximo voo. Vistos tratados, fomos logo
numa correria ter com o resto da equipa e qual foi o nosso espanto "as bagagens de todos  não tinham chegado" já o Carlos estava na zona de reclamações da falta de bagagens e todos aborrecidos com o que se estava a passar. Mas, havia qualquer coisa que me mexia com a ideia e me fez ir até ao tapete onde haviam ainda imensas malas, olhei umas quantas vezes e reparei que uma das malas era idêntica à do Carlos estava envolvida em filme transparente, vi que era uma das dele pois a quantidade de autocolantes só poderia ser dele. Imediatamente gritei lá para o fundo onde estavam todos os intervenientes a dizer que vi uma das malas, logo de seguida vi outra e outra e lá estavam todas. O que se
passou foi que a air Maroc congratulou-se em ter aquele trabalho para que depois nós na recepção tivéssemos este desplante de não encontrar a nossa bagagem. Com toda esta baralhada mais tempo perdemos, avançámos a correr para os balcões da air Ruanda para fazer o check in em cima da hora, fomos sem dúvida os últimos, super atrasados mas conseguimos embarcar, foi chegar e partir, mas que sorte a nossa. Aqui se viu que continuamos a ter a sorte do nosso lado. Há dúvidas!
O tempo que este voo demorou até Entebe foi perto de 1 hora e 20, desembarque feito levantamento das ditas malas e descobrir onde poderão
estar os nossos jipes alugados alguns meses atrás. Há um senão do Cláudio que está convencido de que não há jipes nenhuns, que fomos enganados e caso arrumado. Eu afirmei-lhe por mais do que uma vez que isso não ia acontecer os jipes estão à nossa espera e logo verás, sorrisos da parte dele e silêncio.
Acontece que mal saímos vimos algo que nos intimidou - O pessoal da empresa de aluguer dirigiram-se a nós e encaminharam-nos para as nossas máquinas.  Tudo está a funcionar como planeado e nada de maus pensamentos. Feita a recepção das viaturas e perguntas que achamos importantes,  fomos abastece-las e seguidamente para um supermercado onde fomos comprar imensos víveres para os próximos dias. Saímos praticamente atestados e já estamos a caminho de Kampala, a capital deste país, são poucos quilómetros. Falando um pouco desta capital , vão ver que o transito é caótico, há pó por todo o lado, enormes bairros de lata e gente que sobrevive vendendo pequenas coisas. Aqui há grandes contrastes entre a pobreza generalizada e os “muzungus” que são os homens brancos e os
ugandeses abastados que vivem em Kololo, zona onde se encontram as embaixadas estrangeiras. No entanto as pessoas são amáveis e para os padrões africanos Kampala é uma capital incrivelmente segura. Talvez por isso o Uganda é apelidado de “pérola de África”. Já estamos tentando encontrar o centro, este com imenso trânsito na sua maioria os "Matutus", não mais do que Toyotas Hiace com uns valentes anos em cima e carregados de pessoas. Como na maioria dos países africanos, também aqui se vê milhares de bicicletas que servem para transportar tudo que é possível, por vezes vimos até o impossível, cargas enormes e gigantescas que deveriam ser levadas de outra forma, são estes pormenores que nos despertam a nossa curiosidade e que
nós os valorizamos. O imenso colorido das roupas femininas é soberbo, todas janotas lá caminham por buracos e terra poeirenta, tantas vezes com os seus filhotes às costas ou com grandes cargas à cabeça. Há vendedores ambulantes que vendem de tudo por tudo que é sítio, há muita oferta entre eles e quando alguém está interessado naquilo que vendem, logo é rodeado por mais vendedores e outros artigos que não aquele que estava interessado. Vimos situações deste tipo entre eles, pois ainda não fomos abordados com tal conjuntura porque ainda não parámos para comprar fosse o que fosse. Depois de umas voltas por esta cidade dirigimo-nos para Jinja a cidade onde vamos pernoitar, pelo caminho fomos ultrapassando algumas camionetas de carga que estão apinhadas de
pessoas, na parte traseira só vimos cabeças todas juntas para poderem apanhar um pouco de ar, esta forma de viajar é um perigo incalculável.
Estamos muito próximo de Jinja conseguimos encontrar um hotel barato limpo e também onde podemos jantar, situado num povoado pequeno e sossegado. Como este dia para nós já vai nas trinta e muitas horas é aconselhável irmos para a cama um pouco mais cedo. Aqui no equador anoitece mais cedo do que estamos habituados nesta época do ano. Finalizando este dia não estávamos à espera que houvesse por perto umas mesquitas, o altifalante com um volume ensurdecedor tivemos de ouvir frequentemente aquela lengalenga/homilia, foi um fartote mas por fim lá conseguimos dormir.

8 Agosto


Eram 6 da manhã e já se ouviam as lengalengas que ontem não nos deixavam adormecer, são enfadonhas e irritantes, como é possível um povo estar sempre a ouvir a mesma coisa. A verdade é que já não consegui dormir mais. Combinamos que partiríamos cedo para passarmos a fronteira com o Quénia e fazermos o máximo de quilómetros possíveis.
No hotel tentaram fazer-nos um pequeno almoço que se enquadrasse com aquilo que costumamos comer, isso não aconteceu mas remediou-se. De seguida pusemo-nos ao caminho e fomos dar umas voltas por Jinja, fizemos algumas tentativas para descobrir uma estrada que nos levasse até às margens do lago Vitória, não conseguimos e também não estivemos empenhados em insistir, prosseguimos o trajecto planeado, passando por locais pouco habitados, pequenas aldeias e algum trânsito, até que chegamos ao posto fronteiriço onde tivemos de tratar da documentação de entrada noutro país. Demoramos algum tempo, depois  seguimos e mais adiante arranjarmos um sítio onde pudesse-mos  parar para  comer-mos, qual foi o nosso espanto que do nada apareceram várias crianças para nos fazer companhia e no final terminamos em festa com aquela malta toda.
O desfecho do trajecto foi feito em montanha onde nos apercebemos que os jipes têm pouca força, consomem litros de gasóleo e andam muito pouco, dificilmente chegam aos 120. Estes últimos quilómetros foram difíceis de transpor tanto que anoiteceu, caiu alguma chuva, só conseguimos arranjar hotel com alguma sorte a meio da montanha aí arranjámos também jantar, este demorou mais de uma hora a ser preparado e aquilo que chamaram bife, não era mais do que um monte de ossos com pouca carne. Os quartos eram pequenos e com condições deploráveis, até a água foi escassa e muita dificuldade em nos arranjarem toalhas de banho, um grande problema que foi ultrapassado com a nossa boa vontade.

9 Agosto


Iniciamos  a nossa viagem pelo Quénia com o propósito de seguirmos directamente para o Lake Nakuru Natrional Park, sempre ouvimos dizer coisas fantásticas deste local. Mal entramos neste parque a primeira imagem que tivemos foi de um imenso lago onde as águas nesta altura do ano estão a inundar uma vasta área e onde existem uma vastidão de árvores submersas. Existem outros locais em que das árvores já só existem os troncos completamente despidos e esguios e outros com as suas folhagens totalmente secas o que modifica totalmente a paisagem. Andados alguns metros e deparamo-nos com os primeiros
animais,  que são parecidos com gazelas, mas nunca conseguimos saber a sua verdadeiro espécie, mais adiante caminhavam por entre a vegetação um grupo numeroso de babuínos, quase ao lado pastavam calmamente as graciosas zebras, aqui aproveitámos para olharmos a floresta e o lago que nos permite ter uma visão perfeita do que nos rodeia e do que ainda vamos descobrir. Conseguimos observar alguma passarada mas não aquela quantidade que lhes é atribuída, é bem lindo o chilrear deles e os seus assobios estridentes. Nesta caminhada acabamos de nos cruzar com uma hiena que seguia um pouco apressada. Um amontoado de búfalos descansa à sombra do arvoredo, quando passamos ficam atentos e os machos logo dão sinal de perigo, levantado a sua enorme cabeça com os seus possantes chifres e olhando-nos
com cautelas, alguns levantam-se e toda a manada se movimenta. Como não queríamos incomodar partimos para novas descobertas. Ainda não tínhamos avistado girafas e elas aí estão bem perto de nós, olhando-nos e comendo ao mesmo tempo as tenras folhagens das árvores, vamo-nos aproximando mas mudam-se de lugar ao mesmo tempo que vão-se afastando lentamente de nós, para elas nós é que somos os bichos. Devem pensar elas que raio de cepos com duas pernas uma bola nos ombros e em cima de um monte de ferros nos querem aborrecer, já  estão a incomodar-nos. Quando seguíamos por outro atalho tivemos a surpresa do dia - uma leoa já adulta está um pouco à nossa
frente a beber água numa poça que se encontra no trilho. Algum tempo a observámos até que resolveu ir-se embora, nós avançámos e fomos descobri-la na pequena encosta do nosso lado, não mais do que três metros de nós, escondida por uma pequena vegetação. Paramos tiramos muitas fotografias, ficamos ali quietos a olhar para ela, fazendo o mesmo para nós com aquele olhar penetrante, ela estava do meu lado mantive o vidro completamente aberto, sem qualquer receio, senti-me confiante que não nos faria qualquer mal, até que a confiança foi mútua, pois levantou-se desceu para beber novamente na tal poça, desta vez a distância encurtou-se e todos ficamos radiantes com aquele maravilhoso espetáculo. Grande sortudos, quem iria imaginar que
isto acontecesse. Nunca esqueceremos estes momentos, são para recordar sempre, noutros tempos vindouros com nostalgia.
Mais adiante cruzamo-nos novamente com um grupo de babuínos, fitaram-nos também de perto, mas aí eu tive receio e medo, não confiar nestes rapazes, nunca se sabe o que vai naquelas cabeças. Já bem perto das margens deparamos desta vez com numerosas aves de várias espécies, também foi lindo. O contraste entre elas e mais uma enorme manada de búfalos que estavam por ali foi extraordinário.  Até uma lebre passou-nos à frente numa correria descomunal, ia com muita pressa, sabemos lá a fugir do quê! Conseguimos
ver três rinocerontes brancos que pastavam alguma distância, não nos podemos aproximar mais porque sairíamos fora do trilho e obstruiríamos a sua zona de pastagem, não podemos ser assim tão maus.
Faltava ver também a macacada, sim ela apareceu com o propósito de nos cravarem qualquer coisa para comerem e não foi que a madame macaca abotoou-se com a totalidade das bolachas que a Sofia lhe deu e não foi capaz de dar seja o que for aos outro filhotes ou conterrâneos que a acompanhavam, esta tinha as mãos/patas cheias os outros a pedirem-lhe e nada, até porrada lhes ofereceu, é por isso que dizem que somos descentes dos macacos, egoístas e
trampolineiros.  Já perto do fim da nossa volta de hoje contemplámos mais girafas enormes, com cores muito vivas.
Fomos para o alto de um miradouro apreciar a beleza da floresta e do lago, conseguimos ver parte do por do Sol, como sempre este momento é lindo
quando nos encontramos em África.
Já estava a escurecer quando conseguimos arranjar um lodge dentro deste
parque onde pernoitamos e jantamos. Um pormenor, não havia mais ninguém, somente estas 8 almas.

10 Agosto 


O primeiro trabalho deste dia, foi atestarmos as nossas máquinas porque já estavam a ficar sem combustível, sabermos quantos litros os depósitos levam, para poder-mos fazer a média. Praticamente levaram a mesma quantidade de gasóleo o nosso ficou atestado com 73,46 litros o do Cláudio mais 3 litros os consumos é que são exagerados, acima dos 15 litros.
O segundo trabalho, comprar carne e não foi nada difícil, porque ao passarmos por uma pequena terreola deparamo-nos com um micro talho que tinha uma montra o seu tamanho não  era maior do que uma despensa, onde estavam duas peças de carne penduradas. Aqui entraram os conhecimentos profundos do Cláudio que nos assegurou que a carne
era fresca e de boa qualidade. O problema que se punha era o cortar da carne, todos achamos que o vendedor não perceberia nada desse assunto, falamos com ele e combinou-se que seria o mestre da culinária na "arte do corte" que iria ter esse prodigioso trabalho. Imediatamente  passou-se para o lado de dentro e eis que de faca em punho inicia a tarefa, logo se apercebeu que as facas nada cortavam, ainda esteve a roçar o fio de uma pela outra para tentar que ficassem mais afiadas para facilitar o corte. Engraçado, nós não tínhamos perguntado o preço quando no final havia um monte de ossos e outro de peles, mais a carne boa cortada em bifes o vendedor ficou com uma cara a olhar para nós, como a perguntar quem vai pagar os ossos e as peles! Apercebemo-nos de tal questão e logo lhes dissemos que pagaríamos tudo e assim,  colocou-se tudo em cima da balança, pagamos e verificou-se que não foi nenhuma pechincha para o país onde nos encontrávamos o preço rondava o que se paga em Portugal, mesmo assim partimos felizes e contentes por comprarmos aquilo que necessitava-mos.
A viagem de hoje será de tentar-mos chegar ou acercámo-nos de Masai Mara, já fizemos uns bons quilómetros em boa estrada mas a partir de certa altura só pavimento em mau estado de conservação e por fim passar a terra batida com grandes socalcos e buracos gigantescos, por esse motivo fez com que a nossa média quilométrica  caísse o que ocasionou  encurtar o tempo de viagem programado para hoje. Já fartos das péssimas  estradas por volta das 14h00 resolvemos parar onde houvesse uma sombra, no meio de uns campos de cultivo lá arranjamos local  para comermos. Montamos o nosso estaminé, composto de mesas e cadeiras e eis-nos à beira da vereda a saborear as nossas manducas. Mais tarde foi só recomeçar a marcha por entre montes e
vales e já se fazia escuro quando chegamos a Masai Mara onde arranjamos local para descansarmos, cozinharmos e provar a deliciosa carne que hoje compramos. Nesta noite ainda estivemos a combinar  o nosso trajecto  neste tão fabuloso parque (Masai Mara).                      
                                                                                                                                                                                                                                                                                               

11 Agosto


Derivado ao piso calamitoso que ontem percorremos a grade montada em cima do tejadilho do nosso jipe está a soltar-se uma das porcas foi à vida e faz uma grande vibração em cima de nós, tivemos de procurar uma oficina nesta terra ou nação dos Masai para fazerem a reparação. Oficina montada em pleno campo onde tudo reparam, mas arranjar uma porca que se adapta-se não foi nada fácil, mas lá com outra parecida o problema ficou resolvido, aproveitou-se e reapertaram todas as outras antes que saltassem em andamento.
Hoje de manhã é que nos apercebemos a movimentação do povo Masai nesta zona, não podemos esquecer que este parque é tão grande que ocupa uma área de 1510km2. Aconteceu que logo que saímos do lodge onde nos encontramos fomos logo rodeados por dezenas de mulheres que nos quiseram vender algo de típico deste povo, O produto que mais despertou atenção das senhoras foi sem dúvida os tecidos muito frequentes neste povo, tais como as cores garridas. Logo foi pretexto para comprarem, não bastando ainda insistiram que tinham mais e mais para venderem, dificilmente conseguimos arredar pé.
Mais adiante iniciamos o nosso percurso por este parque, existe uma paisagem deslumbrante, algumas elevações plantas rasteiras e os primeiros animais teimam em aparecer, não é que no cimo de um cume deparamo-nos com uma chita, animal que por nós foi visto pela primeira vez na sua vida selvagem, estava alguma distância mas conseguimos tirar as nossas fotos. Ali estava ele calmamente procurando a sua presa ou mesmo a descansar, isso não nos pareceu pois o seu olhar fitava algo que não conseguimos ver, manteve-se ali durante imenso tempo e fomos nós que tivemos de ir embora. Mais adiante as zebras que fazem parte integrante deste parque e logo não faltaram os gnus, são centenas ou milhares segundo dizem, apenas vimos umas duas centenas, nada mal. Também deparamo-nos com avestruzes, não nos pareceram muito frequentes, mas são as três primeiras que avistamos misturadas com uma manada de zebras. Impalas e antílopes já vimos uns tantos e desta vez a quantidade é enorme, eles estão espalhados por uma área enorme distanciados uns dos outros, invulgar porque pensamos ser fácil os outros predadores os apanharem assim tão isolados.
Chegamos a uma zona onde vimos desta vez centenas e centenas de gnus pastando, por onde eles passam parece que passou um corta relvas pois fica tudo rapado. Nesta altura lembrei-me de chamar a estes desengonçados animais "funcionários públicos", pois mais me parecem os nossos FP que nos atendem no dia a dia de forma carrancuda, mal encarados e mal humorados. Nem mais a partir de hoje todos nós quando avistarmos um gnu vamos-lhe de certeza dar este nome, eu nunca mais me irei esquecer.
Ali adiante algo se passou, está um grupo enorme de abutres que rodeiam alguma presa, olham-nos apreensivos mas não arredam pé.
Vamos cruzar o Mara river o tão célebre rio que os animais o atravessam para se dirigiram para outras pastagens, tendo de enfrentar os enormes crocodilos que esperam por este momento. Aqui vimos imensos crocodilos e uma imensa quantidade de hipopótamos, há pontos em que a água já é pouca e estes encontram-se todos amontoados que mal se conseguem mexer na lama, vimos que estão tão encostados uns aos outros, quando expelem as fezes estas ficam em cima deles por vezes nas cabeças ou na boca, um nojo.
Ver javalis africanos é muito frequente, parecem estar sempre com medo, qualquer movimento ficam de imediato em alerta o suficiente para iniciarem correrias desenfreadas. Ali à frente mais centenas de funcionários públicos, desta vez estão de trombas, digo de trombas porque um pouco mais abaixo estão os célebres trombinhas, ou sejam os lindos elefantes que quando nos aproximamos demais ficam atentos e abanam aquelas enormes orelhas em sinal que nos vão abalroar, assim afastamo-nos um pouco e a situação normaliza. Este parque é fértil em bicharada, todas as situações descritas, repetiram-se ao longo de todo o percurso, até a palavra muzunguz era repetida frequentemente pelos Masai. Para este povo o termo muzungu quer dizer que somos brancos, não sendo desta forma uma palavra depreciativa pelo contrário.
Depois deste imenso trajecto tivemos de procurar na povoação mais próxima um bom local para dormir e jantar, conseguimos a um preço muito acessível. Chegamos à conclusão que não é caro arranjar hotéis fora das zonas turísticas, este por exemplo é bastante acolhedor e asseado.

 
 
 
 
 
 
 
 
                                                                                   
12 Agosto 


Ontem à noite estranhamos a razão porque um dos responsáveis por esta unidade hoteleira nos abordou durante o nosso jantar pedindo para  retirarmos os jipes do local onde se encontravam e estacioná-los na traseira do hotel, não entendemos pois  eles estavam bem estacionados dentro dos muros do hotel. Como não demos importância ao pedido pois achamos que não tinha nexo, voltaram mais tarde a pedir-nos para os mudar-mos, nessa altura já tínhamos jantado e estávamos todos na conversa da treta. Quando descemos e fomo-nos deitar relembraram-nos novamente, nessa altura; deixa lá  ir  mudá-los, mas como os jipes eram altos não conseguimos estaciona-los nas traseiras como nos tinham  pedido e acabaram por ficar num local mais recatado junto à recepção.
Pela manhã depois de tomarmos o nosso pequeno almoço, inicia-mos a nossa visita pela cidade, mas mal saímos do hotel e pouco metros tínhamos andado quando deparamo-nos com algum reboliço, muitas tropas em jipes outras a pé que estavam a manter a ordem  na estrada nacional que estava barricada pelos civis, muitos pneus queimados e imensas pessoas nas ruas. Fomos caminhado devagar apreciando toda aquela movimentação, vimos ainda mais paus e pedras espalhadas no meio da estrada e mais tropas, só agora é que conseguimos perceber toda aquela insistência em retirarmos as viaturas para um local menos acessível a qualquer tipo de vandalismo aos nossos jipes.   O que se passou foi insurreição ou manifestação sobre o acto eleitoral para as presidenciais que acontece neste momento no Quénia, estão a contar os votos e os resultados não são agradáveis para uma grande parte da população. Não houve qualquer indicio de agressão ou  palavras de insulto para connosco, passamos sempre bem devagar entre manifestantes e tropas, chegamos mais à frente e retrocedemos pelo mesmo caminho para podermos apreciar toda aquela agitação.
Nesta altura já estamos muito perto da fronteira com a Tanzânia, vamos perder algum tempo com os requisitos fronteiriços e temos de comprar mais algumas coisas para reabastecer as nossas arcas e despensas, há produtos que já estão a escassear. Encontrámos mais um local onde comprámos carne e mais uma vez o nosso cortador de serviço deu o seu ar de sabedoria e destreza. Ao mesmo tempo as meninas foram comprar mais umas bananas e outros afins necessários.
Chegados à fronteira onde perdemos algum tempo com todas as peripécias de tratar de um papel aqui, outro ali, outro acolá, regressando novamente à casa de partida para nos indicarem o que mais temos de fazer, com todos estes estratagemas lá se foram 100 minutos.
Com isto tudo já são 2h00 da tarde, almoçamos e vamos pôr-nos a caminho para o Serengueti, o trânsito rola pacificamente as bermas das estradas estão sempre com muita gente que circula a pé, outros de bicicleta ou motecas, há que ter muito cuidado para não termos nenhum acidente e não atropelarmos ninguém. Por vezes cruzamo-nos com cargas colossais em cima das bicicletas ou homens e mulheres com  cargas também descomunais à cabeça, grandes fotos foram tiradas com estas situações que vamos todos recordar.
Quando chegamos a uma das portas de entrada deste parque "Ndabaka gate" já se estava a fazer um pouco tarde, e se fossemos entrar no parque a esta hora iríamos pagar um dia onde só seriam aproveitadas duas horas que depois não poderíamos parar em qualquer lado, somente em lodges. Assim resolvemos passar aqui o resto do dia, tomamos uma grandes banhocas e fizemos uma grande jantarada preparada pelas Donas, também fomos dormir nas nossas camas que estão instaladas no cimo dos tejadilhos das viaturas. Neste lodge enormíssimo, só estamos nós, mais ninguém vamos pernoitar aqui no meio da estepe. Vimos que nas redondezas há imensos macacos, mas não lhes podemos dar confiança, são traiçoeiros e pouco sociáveis, Há pouco tempo passamos por um grupo que nos olhou de  soslaio como quererem dizer o que vocês fazem aqui! Vamos então ser cautelosos.


13 Agosto
                                                                                 
O parque de Masai Mara, fica no sudoeste do Quénia e está ligado ao Serengeti, da Tanzania. Basicamente trata-se de dois nomes diferentes para designar a mesma coisa, que por acaso (ou nem por isso) tem uma fronteira pelo meio, administrações diferentes e nacionalidades diferentes. Ora, nós sabemos isso, a fronteira está lá para toda a gente ver no meio da savana, mas os animais selvagens não sabem e não havendo forma de lhes ensinar coisas tão importantes como o patriotismo, o respeito pelas leis fronteiriças ou o ódio reciproco por terem pertenças territoriais diferentes, eles passeiam-se de um lado para o outro, como sempre fizeram, ignorando as fronteiras dos homens e seguindo apenas os seus instintos de sobrevivência. Esta indisciplina animal dá origem ao mais extraordinário espectáculo do parque: a grande migração, quando milhões de animais circulam entre o Serengeti e o Masai Mara, em busca de água, de alimentos, para acasalar ou para parir.
Começamos o nosso percurso em terra batida com imensas lombas, toda esta jornada tem grandes distâncias que são feitas também em chapa ondulado, termo usado para definir o tipo de piso horrível que vamos percorrendo. Note-se que as entradas neste e noutros parques em que já estivemos são substancialmente elevadas com preços a partir de 90 dólares, indo até aos 140. Também poucos quilómetros tínhamos andado e já estávamos a observar os primeiros animais e eis que nos deparamos com um esqueleto que supomos ser de um búfalo, deste apenas existe a cabeça, chifres e espinha. As patas foram-lhe decepadas e nas redondezas não há sinais delas. Por aqui reparamos que existem mais e mais esqueletos, pode ser que façam neste local grandes almoços e jantares, pois comida nas lhes falta, por aqui estão dezenas de búfalos, gnus, zebras, antílopes e outros que os predadores e abutres os deliciam.
Num pequeno bosque encontramos uns quantos babuínos, sempre desconfiados que gostam de manter alguma distância e não nos dão confiança para nos aproximarmos deles. Nesta altura do dia o sol já aperta e os animais dirigem-se para um pequeno rio que passa junto ao local onde nos encontramos e forma-se uma grande confusão quando chegam magotes  de diversas espécies sequiosos, até a água parece pouca. Um pouco mais ao lado a quantidade de hipopótamos é excessiva, nem água já têm para se banharem, estão todos num magote, devem estar com frio para estarem assim tão juntos. Sempre por perto, lá estão os célebres alfaiates (crocodilos), que também nesta altura estão na ciesta.
Hoje não é a primeira vez que saímos dos trilhos e entramos pela savana adentro, sorte tivemos em determinada altura, que avistamos debaixo de uma árvore um grupo de leões que dormitavam. Circulamos várias vezes à volta da árvore para eles saírem e tirarmos as nossas fotos desse  momento imperdível.
A nossa presença aqui foi presenciada por mais dois jipes que se aproximaram de nós e tiveram a mesma oportunidade de estarem tão perto destes lindos animais. Não ficamos satisfeitos, insistimos para que os leões abalassem daquela árvore para outra, ou seja andamos atrás deles por alguns minutos a persegui-los de jipe, foram-se mudando e nós mais e mais fotos tiramos, foram momentos inesquecíveis. Quando  reconhecemos que já tínhamos executado a nossa tarefa de andar atrás dos leões, fomos para um outro local onde avistámos uma manada de elefantes, eram bastantes e estavam apanhar as folhagens das árvores com a sua gigantesca tromba, mais outro momento dos bons. Partimos para outro local e eis que ao fim de vários quilómetros a nossa geringonça pifou, problema eléctrico que só foi resolvido num local onde conseguimos desencantar um electricista que percebia alguma coisa do assunto. O problema ficou meio remediado mas lá deu para prosseguirmos, ao fim de 2 hortas e meia de seca.
Voltamos para o trilho em péssimo estado, pois continuamos em chapa ondulada que nunca mais acaba, mas estamos muito perto também do local onde vamos passar a noite. A nossa estadia aqui foi reservada logo no início do dia quando entramos no parque. Era obrigatório marcarmos um local onde deveríamos ficar, este local está completamente repleto de turistas que viajam ao abrigo de pacotes de viagem, vão também dormir em tendas e o jantar é-lhes preparado por pessoal  adstrito à sua estadia aqui, no entanto nós preparamos o nosso jantar, abrimos as nossas tendas que estão nos tejadilhos das nossas viaturas e tomamos os nossos banhos nos mesmos locais dos outros hóspedes. Como este parque não tem qualquer vedação, fomos informados que durante a noite poderíamos ter visitantes de quatro patas. Achamos que não é problema para nós pois ficamos bem instalados lá no alto. Adormecemos que nem uns anjinhos.                                                                      
                                       
                                     
                                       
                                             
  
14 Agosto
                                                                        
Continuamos no famoso e grande vale do Rift, que tem uma extensão de mais de 5000km, vindo da Síria até Moçambique, sendo esta uma falha tectónica responsável por este imenso vale.
Faz hoje três dias que entramos da Tanzânia e quero referir que se trata de um país muito mais próspero do que o Quénia, sendo ambos pobretanas, verificamos que as estradas estão em muito melhor estado, aqui conseguimos ver sinalização para peões e automobilistas, marcação das linhas no asfalto e casas com muito melhor aspecto, tudo isto faz a diferença.
O programa de hoje será a continuação do nosso trajecto em direcção ao Ngorongoro Conservation Area, mas ainda temos muitos quilómetros para palmilhar, não obstante continuarmos a percorrer trilhos em péssimo estado de conservação. A chapa ondulada teima em não nos deixar o que nos vai ajudando são as temperaturas amenas que temos encontrando, ajuda-nos imenso, porque  se houvesse muito calor, mal de nós.
Voltamos a cruzar com imensas espécies, gazelas, búfalos, elefantes e os leões que são os animais que mais gostamos, apesar de viajarem dois connosco, não mordem e não têm o mesmo encanto dos que vamos avistando ao longo do percurso, estes são daqueles que andam atrás de um campeonato há imensos anos para os lados de Alvalade, conhecem! nada conhecidos para estes lados. Numa das alcateias que vimos de leões, havia um que tinha no lombo uma ferida recente, bem grande, resultante de qualquer luta com um seu rival ou presa que não se quis dar por vencida tão facilmente, deixando aquela marca. Ao final da manhã passou pela nossa frente um elefante em passo de corrida com a sua tromba no ar, estava furioso e dirigia-se na direcção de um jipe que não o nosso que teve de andar mais rápido para não ser abalroado por este peso descomunal.  Nesta zona não faltam leões e quando estamos a passar junto a uma árvore com alguma sombra aí estavam uns quantos a dormir e pouco preocupados com a nossa presença, uns estavam mesmo de barriga para o ar com as pernas abertas, tal é a moleza em que se encontram, sabem perfeitamente que nenhum predador que por ali ande se atreve a  importuna-los.
Ali perto um bando de abutres espreitam uma hiena que vai devorando a carcaça de outro animal, parece-nos um pedaço de gazela. Finalmente chegou a nossa hora de almoço e o fim da nossa estadia no tão célebre Serengeti.
Chegamos à porta de saída deste parque onde temos de fazer o pagamento de mais um dia que estivemos nesta reserva. Quando íamos pagar, fomos surpreendidos quando nos disseram que temos de pagar uma multa porque saímos fora do trilho. Ficamos boquiabertos  pelo argumento que nos estavam a proferir. Fizemos várias perguntas e uma das respostas foi de terem recebido uma denuncia de outro jipe que se encontrava naquele momento no local onde infringimos a lei, imposta pelo parque. Depois de longa conversa que entrou na fase de discussão a nossa interlocutora D. Cândida Marques se manifestou já alterada e possessa com os argumentos do dito responsável, este levou uma grande vergastada de argumentos que perdeu o combate por KO ao 10º assalto, grande luta esta.
O certo foi que não fomos condenados e apenas pagamos a nossa presença como havíamos programado. Passado este momento de discórdia  que na verdade nós e sempre nós circulamos por todos os sítios que não motivassem problemas ou perigos a ninguém, sim temos uma maneira solitária de viajarmos, não queremos guias e temos conhecimento a nível mundial como devemos deslocar-nos nas mais diversas conjunturas. Não seria o paleio do fulano que nos intimidaria para ficarmos todos cheios de cagaço. Saímos do Serengeti e logo entramos no parque de  Ngorongoro,  e eis que surge pela nossa frente mesmo no meio do trilho a senhora girafa, completamente parada como a querer dizer, aqui não passam e esta continuou parada, a poucos metros à nossa frente sem vontade  dali se mover. Estamos a circular numa zona montanhosas onde podemos apreciar também imensas aldeias Masai que se dedicam à pastorícia, pois existem grandes rebanhos de cabras e bovinos, vamos apreciando todas estas façanhas deste povo que se veste coloridamente, mesmo os homens, são estes na verdade que realçam, porque não é muito comum verem-se noutro local vestidos desta maneira.
Depois de vários quilómetros percorridos, já começava anoitecer quando nos deparamos com um jipe parado à beira da estrada,  achamos estranho estar naquele local no meio da montanha, pensamos o condutor deve estar com algum problema no jipe. Parámos e perguntamos-lhe se precisava de ajuda, disse que estava avariado com uma fuga no radiador, perguntando  se tínhamos água que lhe pudéssemos dispensar, lá lhe arranjamos uns bons litros que ele utilizou para atestar o radiador e qual foi o nosso espanto quando o vimos juntar uma quantidade  generosa de folhas de chá triturado para  que servisse de tampam para  obstruir a saída de água e remediando o grande problema que tinha entre mãos. Sorte a dele  termos passado naquela altura do dia num local ermo oito portugueses que o conseguiram ajudar. Sem
dúvida que perdemos bastante tempo nesta operação de cooperação e ainda temos pela frente muitos quilómetros até ao nosso destino e a noite já aí está. Sucedeu que passaram-se já duas horas a conduzirmos de noite e a determinada altura quase que embatemos numa barreira colocada no meio da estrada, ficamos a escaços centímetros. Este obstáculo estava ali colocado por guardas do parque que se encontravam na valeta sentados e sem qualquer iluminação, estava escuro como breu, encontravam-se armados com  metralhadoras e apenas perguntaram para onde íamos, susto ultrapassado, dali a pouco chegamos ao lodge onde vamos pernoitar. Tivemos uma noite com muito vento e frio, rodeados por uma enorme manada de zebras que ali se encontram em estado completamente selvagem. Com este cenário havia enormes quantidades de bostas por todo o lado, foram diversas as vezes que tivemos de nos desviar para não pisar tal porcaria.

15 Agosto


Encontramo-nos a 2405 metros de altitude, sim esta noite dormimos nesta elevação e acordamos com bastante nevoeiro e muito frio e até tivemos muita dificuldade em aquecer o leite para tomarmos os nossos pequenos almoços. As casas de banho eram partilhadas por todas as pessoas que se encontravam neste lodge, quando acordámos verificamos que estavam imensas tendas por todo o lado, muita gente mas todos acompanhados por guias, ao contrário de nós que não temos guias nenhuns, somos alérgicos.
Iniciámos o percurso programado para hoje nas vertentes da grande cratera de Ngorongoro, um trilho muito verdejante e lindo que percorremos até chegarmos a um miradouro de onde  conseguimos deslumbrar a imensidão desta  cratera. Ao longe pastam elefantes, búfalos e zebras, sabemos que outros animais existem neste espaço, mas não conseguimos distingui-los por causa da distância a que se encontram. Aproveitamos para tirar fotos, para mais tarde recordar este local maravilhoso.
Colocamo-nos a caminho de Arusha que é o nosso destino programado para hoje, já percorremos alguns quilómetros até chegarmos a uma cidade pequena onde fizemos algumas compras que nos saíram extremamente caras,  também descobrimos um local excelente para almoçarmos. Deparamos com umas pequenas lojinhas onde cozinhavam alimentos, algumas grelhavam bocados de carne e fritavam batatas, estivemos a observar qual era a limpeza com que eram confecionados, perguntamos os preços e pedimos o que queríamos comer. Instalamo-nos num recinto tosco onde haviam mesas, cadeiras, algumas árvores e foi o quanto bastou para comermos à vontade num local muito agradável rodeado de imensos populares que olhavam de admiração a nossa postura num local tão inóspito para nós, dificilmente irão ver outros forasteiros que possam ter a mesma atitude. Também foi nesta vila que ao pararmos o jipe na estrada nacional junto à berma, sem que  me tivesse apercebido ao abrir a porta do meu lado a minha carteira caiu para a rua.
A Sofia apercebeu-se que algo de estranho se estava a passar junto à minha porta, qual o meu espanto quando dois fulanos se aproximam e se baixam, abro a porta para ver o que se passa e um deles tem a minha carteira na mão. Reparei que não eram ladrões profissionais mas apenas alguém que encontrou uma coisa e tenta ficar com ela. Mas um deles teve a gentileza de dizer que o outro tinha tirado algum dinheiro, pedi-lhe para mo devolver, no final rogou  se lhe dava-mos uma recompensa. Não entrei em discussão e dei-lhe algum dinheiro, ele ficou satisfeito. No entanto tive muita sorte porque juntamente estavam os cartões de crédito, débito, bilhete de identidade, carta de condução e algum dinheiro do Quénia e Tanzânia, não mais do que uns €80.

Descobrimos a existência dum lago que por sinal se encontrava bem perto do local aonde nos encontrávamos, mas para nosso espanto deparamo-nos com uma estrada que dava acesso ao lago mas a entrada estava delimitada ao hotel que a controlava, se quisesse-mos entrar teríamos de pagar. Assim retrocedemos e passamos por um mercado ao ar livre onde se vendiam roupas e outras bugigangas, alguns de nós saíram e foram arejar por entre a multidão. Neste sítio a Sofia tirou muitas fotos a mulheres com caras atraentes e todas aperaltadas, são lindas e gosto de as ver assim.
Visita terminada ao mercado, aí vamos nós a caminho de Arusha, destino final para hoje. Mas no trajecto deparamo-nos com uma aldeia Masai que logo nos atraiu e lá fomos nós regatear o preço da entrada para podermos efectuar a tão desejada e misteriosa visita. Mas foi árdua,  tivemos que ser bastante persistentes para conseguir o preço que achávamos que era justo para eles e  acessível às nossas bolsas, de imediato após o pagamento começou a nossa recepção e apresentação ao resto da comunidade que ali vive, estiveram à conversa connosco e seguidamente começarem a cantar e a dançar usando um  ritmo guerreiro onde não faltaram os célebres saltos Masai, tudo aquilo estava muito bem encenado.
O espetáculo ainda demorou alguns minutos, para quem vê os documentários na televisão estar a ver ali ao vivo é emocionante. A seguir veio as visitas guiadas pelos nativos a mostrar-nos as suas casas que nos parecem mais cortes para guardar o gado, terminando com a venda de artigos que dizem ser confeccionados por eles, compramos algumas coisas depois de termos regateado os preços  que eles sempre inflacionam, nós como sempre também fizemos negócio comparando os preços que ele praticam com a maioria dos turistas. Mais uma visita finalizada com sucesso. E lá partimos com o coração cheio de alegria pois são destas emoções que nós adoramos, conhecer outras civilizações, mas temos que por pés ao caminho pois já se está a fazer tarde e ainda não temos local para pernoitar.  Mas neste percurso  começamos a ver bem ao longe os contornos do monte Meru com os seus 4565 metros, algumas nuvens encontram-se muito abaixo do seu cocuruto, panorama encantador. Mais alguns quilómetros e chegamos ao nosso destino final, tivemos sorte e arranjamos hotel por um preço muito acessível. dizemos pechincha. Para o jantar estava guardado um local tipicamente feito para turista o "Nadeem Khan ou Khan's Barbeque", conforme o negócio na Mosque Street, 0nde parte do negócio de dia é uma oficina e outro fragmento que à noite vira restaurante. Jantamos debaixo de uma arcada que se encontra do outro lado da rua a qual podemos chamar a esplanada deste soberbo restaurante. Foi imensamente agradável, comemos bem e não comemos mais porque não quisemos, podíamos pedir mais comida que não nos era recusada. Sem dúvidas, o dono de nacionalidade Indiana era uma pessoa muito afável o que contribuía para que o restaurante estivesse completamente esgotado e a maior parte dos seus clientes serem estrangeiros. Um restaurante conhecido mundialmente.
E lá vamos nós de regresso ao nosso hotel que estava localizado no outro lado da cidade, um percurso que fizemos a pé sem problemas.
                                                                                     
 
         

16 Agosto                                                                                                                                                       
Dia iniciado, depois de um pequeno almoço no hotel e já de partida resolvemos que é necessário comprar mais víveres para termos sempre alimentos para irmos trincando durante as nossas viagens e quando chegarmos a determinados sítios em que as comidas não nos agradam ou tenhamos pouco tempo para mos sentarmos e estarmos à espera imenso tempo que façam a comida como já tem acontecido, ficarmos á espera mais de uma hora. Procuramos nesta cidade um supermercado ou coisa parecida, pois supermercados aqui é complicadíssimo vê-los e os que existem têm mau aspecto. Hoje até correu bastante bem, porque havia nos arredores da cidade um supermercado equiparado tanto em quantidades, disposições dos produtos, asseio, etc., etc., como nas grandes cidades europeias, grande admiração a nossa, até o troco nos deram em moedas, estas eram novas, noutros locais os valores eram sempre conjuntados com os valores em papel, eu até pensei que não existissem moedas na Tanzânia.
Compras efetuadas, iniciamos de imediato o nosso caminho até ao monte Quilimanjaro, pelo caminho não fizemos paragens, apenas uma em me deu uma forte dor de barriga, como não aguentava mais tivemos  que parar perto de uma plantação de milho e lá fui eu para  o meio dele, tive receio num local  como este poderia encontrar um daqueles bichos rastejantes e que há imensos em áfrica, tão conhecidos por cobras com pelo, tive de me despachar e eis que arregaço as calças e aí vai ele com fogo no rabo para o jipe. Momento passado, arrancamos e mais alguns quilómetros fizemos até começarmos a subir a ladeira que nos foi levar até a uma entrada de acesso ao tão célebre monte Quilimanjaro. Paramos o jipe e montamos o nosso estaminé para almoçar mas começou a chuviscar, tivemos que acelerar o nosso petisco para não ficarmos todos molhados, foi chuva de pouca dura e lá fomos nós tratar  dos nossos acessos. E lá diz o ditado quem não sabe é como quem não vê e deparamo-nos com um pequeno ou grande pormenor era  possível  a nossa entrada mas teríamos de estar equipados, mentalmente preparados e com tempo para enveredarmos a fazer aquela subida dos tais 5891 metros. Tínhamos de ter roupa, calçado, mantimentos, apropriados e mochilas para levar uma boa carga, porque não será só um tipo de roupa ou calçado, mais pormenores seriam necessários. Fiquei a saber  que o nome Quilimanjaro, quer dizer montanha branca que está localizado no norte da Tanzânia junto à fronteira com  o Quénia, sendo este o ponto mais alto de África.
Pronto, desistimos logo à partida, corrida perdida, mas ficamos contentes por aqui termos estado. Não conseguimos ver seja o que for desta montanha pois uma grande névoa o envolvia. Paciência, será que terei oportunidade de um dia chegar lá acima ou vir novamente aqui, tenho imensas dúvidas.
Resolvemos voltar à nossa casa de partida, pensamos que poderíamos ficar no mesmo hotel e amanhã fazermos o outro percurso que nos irá aproximar do Burundi. Mesmo assim percorremos 285 quilómetros. À noite fomos jantar num extraordinário restaurante localizado no espaço comercial onde estivemos esta manhã a fazer as nossas compras. Grande jantar e boa cerveja, esta para quem gosta de cerveja como nós.
Noite finalizada, regressamos ao hotel para mais um merecido descanso, amanhã vamos ter pela frente uma tirada de cerca de 600km.


                                                                                                                                                                                                                                        17 Agosto 


O cenário para hoje vislumbra-se nos quilómetros que vamos fazer nas estradas que vamos encontrar, cenários incalculáveis, jipes já com imensos problemas que têm surgido e se vamos conseguir chegar dentro das horas ou seja ainda com dia. Sabemos que não é muito aconselhável conduzirmos à noite.
Arrancamos então à hora programada, vimos mais uma vez a quantidade de trânsito desta cidade, juntamente o aglomerado humano e os vendedores que se encontram aos magotes em cada esquina. Alguns quilómetros feitos onde a paisagem é obviamente de savana, sendo lindíssima e com particular de nos irmos cruzando com pequenas aldeias e frequentemente com homens, mulheres e crianças que se encaminham para as suas labutas, dando-nos um sorriso de satisfação que nós contribuímos da mesma forma, sendo da nossa parte ainda mais ousado tirando fotografias. Por todo este trajecto fomos vendo formações rochosas e uma planície que no seu conjunto dá-nos um aspecto   muito peculiar nesta paisagem envolvente.
Cerca das 14h00 fizemos a nossa paragem para almoçar e esticarmos as pernas, parámos num local ameno onde tiramos as mesas cadeiras e todos os apetrechos necessários para a nossa comezaina. Desta vez não tivemos mirones a observar-nos, animais ou seja o que for, neste recanto apenas chegaram mais tarde um grupo de crianças vindos de uma escola que se aproximaram de nós cautelosamente, mesmo assim longe e encima de umas rochas que se encontravam a uns 100 metros, não fossemos nós mordê-los, sempre distantes. Aqui não vimos bicharada, mas o certo é que junto a nós haviam buracos enormes escavados no  solo que não chegamos a saber quais os bichos que ali viviam, os buracos eram tão grandes que o rodado de qualquer jipe cabia dentro dele e caso acontecesse não tínhamos meios dali sair.
Logo que terminamos a nossa refeição fomos fazer o último percurso que nos levou mais uma vez a passarmos por locais inóspitos  sem povoações, apenas fomos vendo alguns embondeiros gigantes, poucas terras onde ainda cultivam algumas cearas. Com tudo hoje, não vimos nenhum animal.
Deparamos com um camião desfeito, resultante de um acidente rodoviário em que a cabina não existia, tal foi a força do embate.  Mas alguns quilómetros à frente mais outro camião desfeito de mais um acidente. Tantos acidentes que comentamos o porquê. Achamos mais tarde a resposta - o fluxo de camiões é tão grande porque alguns quilómetros mais à frente em Mewanza existe um porto marítimo no Lago Vitória onde são descarregadas e carregadas milhares de toneladas de combustíveis e alimentos que abastecem a capital deste país Dodoma sendo esta a estrada nacional que segue até Dar es Sallam, Ruanda e Burundi.
Ao final do dia chegamos a Nzega, finalizando esta grande etapa. Tivemos alguma dificuldade em encontrar  hotel, aqueles que já fomos encontram-se lotados, bem como outros que não gostamos da sua aparência, por fim encontramos um que vai servir para nos acomodar. Os quartos remedeiam a questão do jantar é que está um pouco complicada, sendo que a cozinheira já se tinha ido embora, ficaram de a ir chamar para fazer qualquer coisa. Pouco tempo depois fomos informados que a célebre cozinheira não vem, havendo a possibilidade de uma outra pessoa do staff tentar fazer algo para nós, porém vieram pedir auxílio para que déssemos ajuda na cozinha. Duas senhoras se prontificaram ajudar, não mais do que a Júlia e Sofia. Assim a partir de agora este célebre hotel tinham na sua cozinha duas chefes culinárias que tratam a cozinha por tu e eis que fizeram uns frangos estufados como eu nunca tinha comido; Eu que não gosto de frango desta maneira, mas como estava tão bom gostei imenso. Como ainda ficou bastante comida na panela as empregadas que ainda lá estavam acabaram de a devorar com grande satisfação. Refeição concluída, falatório da noite e lá fomo-nos deitar em paz.

 18 Agosto                                                                 


Após o nosso pequeno almoço lá vamos nós iniciarmos mais um dia da nossa viagem, a poucos metros do nosso hotel deparamos com um destacamento de jovens que marchavam comandados por uns elementos das forças armadas, pelo aspecto devem ser voluntários que se alistaram ou se vão alistar no exército. Estes seguem convictos de que irão defender um ideal que nunca saberão qual a razão.
Percorremos o último troço pela estrada que ontem tantos quilómetros fizemos, a paisagem é praticamente a mesma, nada mudou, sendo o trânsito maior. A quantidade de camiões que fomos ultrapassando e outros que vamos cruzando são imensos, para não falar da quantidade de embondeiros que ainda se encontram ao longo da berma da estrada não nos podemos esquecer de salientar as célebres bicicletas sempre super-carregadas com todo o tipo de mercadorias. Quando olhamos para os pneus destas bicicletas pensamos vê-los em  baixo, devido ao excesso de peso que carregam, nada disso, devem ter uma carga de ar de tal ordem que não se nota qualquer diferença.
Decorridos cerca de 150km, começamos a ver algumas aldeias, por esta razão encontramos mais pessoas a circular pelas bermas da estrada, por este motivo temos que estar mais atentos na condução, no entanto temos verificado ao longo destas férias que há uma precaução de todos estes povos em circularem ao longo da estrada, tendo em atenção de andarem pelas bermas não incomodando o trânsito automóvel.
A poucos quilómetros da cidade onde iremos pernoitar passamos por uma lixeira a céu aberto junto à estrada que expele um cheiro nauseabundo. Vontade tive de vomitar tal era a qualidade do cheiro existente no ar, parecia nunca mais terminar. No meio daquele chavasqueiro vimos muitas pessoas a esgaravatar aquela nojeira, fazendo montes de plástico, vidros e outras porcarias.
Chegados à cidade imediatamente procuramos um local onde almoçar, por sinal o Carlos tinha assinalado no seu livrinho do desenrasca, mais conhecido pelo Lonely Planet que informa de tudo para quem viaja  e lá fomos nós para um restaurante por eles divulgado, mas nem pela cabeça nos passou que iríamos ter uma procura tão exaustiva, andamos por ruelas e becos, por fim lá o conseguimos descobrir. Este estava tão mal sinalizado e localizado num edifício que mais parecia uma arrecadação para identificá-lo tinha uma pequena tabuleta com o seu nome, estacionámos e dirigimo-nos para lá, porém não gostamos da ementa que nos apresentaram nem da sua apresentação, ainda hoje acho que o nosso não deveu-se à apresentação das empregadas, estas tinham aspecto que estavam ali para nos fazer um favor, tanto que se encontravam encostadas ao balcão e assim continuaram, desta vez o nosso livrinho não nos desenrascou, saímos porta fora e lá fomos nós à procura de outro restaurante. Depois de tantas voltas dar-mos lá conseguimos encontrar um que nos agradou bastante, encontrava-se situado junto ao parque de estacionamento de um centro comercial muito equiparado de aspecto aos nossos, no entanto com pouca gente, mas com lojas gigantescas.
No restaurante fomos bem atendidos, fazendo referência que o negócio era comando por um europeu, não mais, as regras logo são outras, o tipo de comida, talheres, pratos, mesas, higiene, etc. Comemos todos muito bem, sendo o preço acessível.
Aqui perto conseguimos um local engraçado para dormir. São umas casinhas em que o seu exterior está muito bem ajardinado e o local é sossegado, parece uma boa aposta, veremos. Tem uns belos quartos, uma boa cama e lençóis lavadinhos. Não quero dizer que nos outros locais onde já pernoitamos não se encontrassem também em boas condições, não, é que ainda não tinha falado até agora na qualidade das roupas das camas o que acho ser também muito importantes nas nossas férias.
Mais uns metros abaixo está o grande lago Vitória que resolvemos dar uma volta e olharmos de perto para as suas águas que estão bastante poluídas com bactérias que trazem imensas infecções à pele e ao sistema respiratório. Comentamos que não vamos tomar banho, nem pensar molhar os pés. Vimos que para esta gente não são problemas, há pessoas a tomarem banho e mulheres a lavarem roupa, parece que nós é que somos esquisitos! Não, coitados não têm outros meios que não estes, assim terem que os aproveitar. Nesta volta que demos estivemos algum tempo á espera que o sol  se pusesse, para o vermos fugir lá ao longe no horizonte deste imenso lago. A sorte não foi muita porque havia algumas nuvens, dificultando tal momento. Finalizada esta volta regressamos à nossa residência para tomarmos as nossas banhocas e descansarmos um pouco, reparamos que não podemos deixar as portas abertas porque há muitas osgas e lagartixas á espreita de uma nesga para entrar.
Já é noite e não estivemos para procurar novo local para jantar, resolvemos ir ao mesmo sítio onde almoçamos, este é bem perto e há imensas coisas para nos deliciar-mos. Desta vez o nosso acesso foi pelo interior do centro comercial onde estava actuar um grupo de dança e cantares desta terra, engraçado mas nada de relevante.
Encontramos imensa gente para jantar, já não tivemos o privilégio dos lugares extraordinários da hora do almoço, usámos a esplanada e não foi de todo a melhor experiência com aspectos bastante  negativos, é que havia música difundida em altos berros, estridente e eu simplesmente não gosto de comer em locais onde haja tanta algazarra, incomoda-me e torna estes locais desagradáveis. No entanto há pessoas que gostam, há gostos para tudo.
Noite dentro fomo-nos deitar e eis que o barulho infernal deste recinto entoava nos nossos quartos, houve barulheira até às tantas da madrugada, alguns de nós tiveram dificuldade em adormecer, tal era esta berraria. Eu até adormeço em qualquer lugar e como o barulho para dormir não me incomoda, logo adormeci.

19 Agosto


Já se passaram 14 dias das nossas férias e começamos a ver que dentro de 10 irão acabar, mas graça à nossa astúcia de viajantes vamos fazer com que o tempo seja o mais extenso possível, vamos aproveitar todos os minutos para não dizer segundos. Mais penso como é que resolvemos empreender-mos uma viagem destas, gastando o menos possível e descobrirmos novas gentes, com as suas tradições e modos de vida totalmente diferentes das nossas, conhecer outros lugares deste planeta, ter um contacto mais directo com a vida animal, sendo esta que nos tem surpreendido bastante e nunca mais iremos esquecer os momentos que passamos e os que daí se advenham.
Oh!  vou deixar-me de cantigas e passar a descrever o dia intenso de hoje:
Não é novidade que o trajecto de hoje já foi programado alguns meses atrás, porém há sempre imprevistos e novidades que nos surpreendem. Havia a hipótese de fazermos os primeiros quilómetros circundando uma imensa baía, no entanto ressalvo o que já foi dito dias atrás; estes jipes andam muito pouco, impossibilitando de podermos fazer grandes médias, como aquelas que já fizemos há anos nas férias na África Austral , daí termos optado por encurta-la e passarmos um estreito do lago Vitória em barco, pouparemos umas dezenas de quilómetros e concluiremos  uma travessia de barco que não estava no programa.
Então pela manhã partimos em direcção ao porto de embarque onde compramos as respectivas passagens, foi um percurso pouco mais de 60km que foram feitos rapidamente. Logo que chegamos tinha partido uma embarcação há poucos minutos, ainda a conseguimos ver a largar ferro. Desta forma tivemos de esperar que viesse a próxima, ainda demorou algum tempo, mas neste tempo de espera deu para nós contarmos algumas histórias e descansar mais um pouco. No cais de embarque a quantidade de pessoas e viaturas foi aumentando até que na hora da partida a embarcação estava praticamente repleta de passageiros e viaturas. Quando entramos fomos dos primeiros a subirmos para o deck mais alto para podermos apreciar todo o trajecto, porém a companhia não demorou a chegar e eis que um grupo de Tanzanianos, entre eles, homens e mulheres foram todo o percurso a cantar. São ocasiões raras que demonstram alegria e boa disposição, sim não estávamos à espera de tal momento, gostamos e sorrimo-nos de contentamento, não mais; haja paz e alegria entre os povos para vivermos todos em concórdia. Foi com alegria que fizemos esta viagem de barco, bem positiva para o momento.
Finda a viagem retomamos a estrada de asfalto para nos levar até Ngara, qualquer coisa como 350km, à medida que nos dirigíamos para oeste fomos passando por imensas aldeias em que as suas casas eram feitas de cimento e com telhados de zinco, nalguns casos mais isolados também se viram muitas choupanas de colmo e algumas paredes construídas em barro com muita imperfeição, trabalho todo pessimamente amanhado. Aqui o arquiteto é também engenheiro, pedreiro ou electricista, sei lá mais o quê. Mas electricidade aqui! Possivelmente da candeia. Observamos que em muitos locais há roupa à venda amontoada nas bermas da estrada, na impossibilidade de se abrir uma loja no shopping, monta-se o estaminé quase à porta da  tabanca. Mas são destas e de outras realidades que me faz gostar de África. Há momentos ultrapassamos uma motorizada super carregada de galinhas amontoadas em duas cestas de bambu que nem se conseguem mexer.
Chegou a hora da fome, tivemos de parar num local que pensamos ser sossegado para almoçar e tirarmos os nossos apetrechos para tal acto imprescindível, mesas, cadeiras, etc.. Reparamos que a determinado momento havia algures alguém a espreitar entre a vegetação o que nós estávamos a fazer. Sem darmos confiança a ninguém, aconteceu que passados alguns minutos já toda a aldeia estava muito perto de nós a observarem. No entanto esta gente, já muito avançada para a época já tinham dois repórteres que de télélés em punho tiravam fotos, achamos que nunca tinham visto 8 brancos com aquele propósito e tão à vontade a almoçar naquele local, não acreditámos que alguma vez isso tenha acontecido. O certo é que no final ficaram com todas as garrafas de água e cerveja que nós consumimos, não bastando a Sofia e a Júlia resolveram distribuir por algumas crianças, bolos e bolachas e quando partimos deram grandes pulos de alegria e acenos de despedida.
Vamos fazer agora o resto da nossa etapa utilizando o mesmo trajecto, percorrendo perto de 150km, porém a determinada altura fomos mandados parar pela polícia que nos informou a velocidade em que passamos um radar rodoviário. Ficamos estupefactos pela informação, porque temos até andado com cautela e a velocidades nada excessivas, mas eis que nos dizem que passamos num local a 90km, pareceu-nos que a velocidade máxima permitida nesse dito lugar era de 50km. O Carlos disse-lhes para justificarem. Estivemos uns largos minutos à espera mas lá chegou outro carro da polícia com a filmagem. Sim parece, sempre têm razão, agora querem que paguemos uma multa, ok,  quanto é USD30,00, mas nós não temos dólares. E disseram-nos que a multa tem de ser paga somente em dólares. O que nós queríamos era não pagar absolutamente nada, razão de dizermos que já não possuíamos nada dessa moeda. Perguntam que dinheiro é que tínhamos  e nós dissemos que só temos euros e xelins tanzanianos. Então por especial favor iam aceitar euros, adiantando que eram 30 euros, logo afirmamos que o euro valia muito mais do que o dólar.
A polícia lá fez as contas e pediram 25€, o nosso interlocutor desse momento mister Carlos Neves, disse- lhes que a cotação que estavam a fazer era errada e que na véspera trocamos euros por xelins e que o valor tinha que ser muito menos. Entretanto havia um daqueles mirones que na nossa terra existem à molhada, intrometeu-se na conversa e disse à polícia que o valor estava mais do que certo que a cotação que nós estamos a dizer estava errada. O certo é que perdemos mais duma hora nesta discussão da treta, tudo por causa de cêntimos. Por fim lá pagamos os 25 euros, tivemos direito ao respectivo recibo da multa e ficamos todos amigos, grandes bacalhaus para todos os polícias e lá fomos andando. 
Agora, pensamos nós, fomos uns grandes tretas por uma causa irrelevante, perdemos imenso tempo para quê!
Que ganhos tivemos?
Não me venham dizer que foi só para chatear os polícias. Desculpas da treta.
Já tarde retomamos a nossa viagem, onde pela primeira vez conseguimos ver as vacas que têm uns cornos enormes, mais conhecidas pelas "Ankole Watusi", o seu peso pode variar entre os 410 e 730kg, são animais harmoniosos que nos chamam atenção pelo seus enormes chifres.
Final da tarde concluímos a nossa etapa, foi só procurar hotel ou similar.
Nesta pequena vila não há hotéis, apenas residenciais, sendo a maior parte muito rudimentares, lá conseguimos uma que pensamos ser a melhor ou das melhores, aí fomos nós que fizemos o nosso jantar num pátio interior que veio a ser-nos muito útil quando caiu uma grande chuvada na altura que tudo estava pronto para nos sentarmos a jantar, desta forma remediamos e uns sentados outros de pé conseguimos comer mais um dos bons pratos cozinhados pelas senhoras. A hora de dormir chegou e com a modéstia deste povo ficamos todos bem acomodados nos confins deste continente Africano que tanto amamos.
 
                                                                                  
20 Agosto


Quando ontem nos fomos deitar o tempo estava invernoso, muita chuva, vento e algum frio, sempre pensei que seria assim uma noite tempestuosa, choveu durante algum tempo mas depressa amainou. De manhã quando acordamos parecia não ter acontecido nada, estava um céu limpo e os caminhos e ruas totalmente secas.
O destino de hoje será o Burundi, nesta altura estamos já muito perto cerca de 100km, mas quando chegamos à fronteira com este país, fomos tratar de toda a papelada do lado Tanzaniano para depois seguirmos ao posto de controlo do Burundi, esta verificação era na mesma sala, apenas estava independente um do outro. Desta forma o que se estava a passar ao lado logo o outro serviço ouvia toda a conversa. Assim nem foi preciso nós avançarmos muito com a saída da Tanzânia que logo os Burundis perguntaram se nós possuíamos visto. Adiantamos que íamos tirar o visto mesmo ali na fronteira. A informação que nos foi dada é que esse visto teria de ser tirado numa fronteira que está situada muito mais a sul desta, tivemos algumas tentativas para que nos deixassem entrar mas em vão, por ali não nos era permitido entrar. Achei estranho porque tinha informações que os vistos podiam ser tirados nas fronteiras, não especificando quais.
Como descortinamos dificuldade, resolvemos ir para norte e abolir a nossa entrada neste país e optarmos por ir para o Ruanda, este país também fazia parte da nossa viagem mas estava no seguimento da visita ao Burundi. Recalculado o nosso percurso aí vamos em forma de corta mato, circulando nalguns troços em terra batida, com piso muito regular em direcção à próxima fronteira, foram bastante quilómetros e nalguns casos o GPS, marcava fora da estrada, sempre com a informação de que a norte teríamos a nossa provável estrada. O certo é que concluímos este troço em óptimas condições. Em determinada curva um motociclista e seu pendura passaram por nós numa condução desenfreada, sai da estrada e vai parar no meio da vegetação uns metros mais à frente, não paramos pois não sabemos a reação deste povo, nós não tínhamos qualquer culpa, mas parar seria incorrecto, tanto que calculamos não ter sido grave a sua queda.
A nossa viagem decorreu maravilhosamente e eis que de um momento para o outro deparamos com um pequeno rio que tinha na sua margem uma balsa para nos transportar para a outra margem, note-se que não tinha mais do que 50 metros de largura. Foi novidade porque nunca passamos por situação deste tipo, várias vezes vimos na TV casos como este mas nunca pensamos que tal ia ocorrer numa altura destas. Pouco tempo esperamos para largar ferro, depois de termos pago à portageira um valor para o frete de nos colocar no outro lado.
Desembarcamos andamos poucos quilómetros e logo vimos uma placa que nos indica Ruanda, dali a pouco tempo já com papelada de saída e entrada noutro país estava tratada. logo que passamos a fronteira fomos cambiar euros em francos Ruandeses e tratar do nosso almoço, este num restaurante que tinha comida já confecionada, era só colocar no prato e arregaçar as mangas. Foi um almoço fraco mas remediou-se no entanto já provei a cerveja desta terra, por casualidade excelente "Mützig".
No caminho para a capital do Ruanda deparamo-nos com grandes plantações de arroz, chá e bananas. Este pequeno país em que a guerra terminou há poucos anos nem parece que renasceu das cinzas, está muito bem cuidado, não se vendo um papel ou lixo espalhado pelo chão, regras de trânsito atualizadas e um povo humilde e educado. Podem dar instrução a povos que consideramos ocidentais que não têm uma atitude tão exemplar como estes Ruandeses.
Deparamos que este país é muito montanhoso, pois subimos grandes montanhas para logo as descermos e outras estão logo pela nossa frente para os mesmo procedimentos. Ao fim  de vários quilómetros continuamos abismados com o nível desta terra, sabemos que existem grandes riquezas confrontadas com o outro lado miserável, mas o pé rapado vai vivendo usando como os seus vizinhos a bicicleta que tudo transporta. Mal chegamos a Kigali, grande cidade esta, moderna e com grandes viaturas e o mesmo contraste com vivendas e edifícios modernos.
Conseguimos arranjar hotel com facilidade e um local muito apresentável para jantarmos, só que estivemos mais de uma hora à espera que nos servissem, aqui um senão bem grande, mais nos parece que estes povos são mesmo assim, já tivemos mais casos idênticos mas como este que íamos adormecendo de tanto esperar, não.                                             
21 Agosto


Hoje para começar o dia vamos recordar um pouco da história deste país:
Ruanda recebeu uma atenção internacional considerável devido ao genocídio ocorrido em 1994, no qual cerca de 800 mil pessoas foram mortas. Desde então, o país viveu uma grande recuperação social e hoje em dia, apresenta um modelo de desenvolvimento que é considerado exemplar para países em desenvolvimento. Em 2009, uma reportagem da rede de notícias CNN classificou Ruanda como tendo a história de maior sucesso do continente Africano, alcançando estabilidade, crescimento da economia (a renda média triplicou nos últimos dez anos) e integração internacional.
A população é predominantemente jovem e rural, com uma densidade entre as mais altas na África. Os ruandeses são provenientes de apenas um grupo cultural e linguístico, o Banyarwanda, embora dentro deste grupo há três subgrupos: os Hútus, Tútsis e os Twa. Os Twa são pigmeus que habitam a floresta, descendentes dos primeiros habitantes do  Ruanda.
Agora falando da nossa saída do hotel, esta foi pelas 10h00, considero um pouco tarde, porque é assim que continuamos a perder imenso tempo com situações que em nada acrescentam às nossas férias, para mais num continente que nos esconde tantas originalidades. A nossa primeira passagem foi por um local tão enigmático como o "hotel des Mille Collines", onde há poucos anos se desenrolou um acto de patriotismo por parte de um habitante que colocou por diversas vezes a sua vida e seus familiares em perigo de morte, tanto que foi feito um filme em honra deste herói com  o nome "Hotel Ruanda". O hotel é o cenário para o filme Hotel Ruanda, mas na verdade não aparece no filme que foi filmado na África do Sul. Fomos percorrendo mais alguns sítios desta cidade de Kigali e não  poderíamos esquecer o aquartelamento onde foram massacrados 10 soldados Belgas a 7 de Abril de 1994, tiramos a nossas fotos e tivemos mais informações de um cicerone que nos deu mais dados do que ali se passou. Mais alguns quilómetros, descobrimos um memorial onde se encontram as ossadas de milhares de pessoas deste genocídio. Mesmo ao lado existe uma escola e naquele momento em que chegamos os rapazes estavam a sair para almoçar, mal nos viram correram na nossa direcção para nos receber e dar-nos as boas vindas, tão felizes estavam e nós tão felizes ficamos, nunca nos iremos esquecer deste momento tão encantador. Finalizada a nossa visita a Kigali, fomos arranjar um local para almoçar, por acaso foi difícil, mas lá conseguimos arranjar um lugar que nos agradou. Pela tarde fizemos mais de uma centena de quilómetros pelas lindas montanhas deste país onde constantemente as subimos e descemos. Num destes percursos deparamos com um acidente entre dois camiões que embateram violentamente ficando totalmente desengonçados, causando feridos ou mesmo mortos, não conseguimos averiguar.
Na continuidade do percurso fomos apreciando toda a beleza dos vales, ladeados sempre com vegetações luxuriantes, entre elas as bananeiras que são aos milhares e as grandes plantações de chá. Uma das plantas que sempre dá realce são os bambus que fomos também contemplando. Quando o final do dia chegava, encontramos um hotel com grande facilidade na cidade de Gikongoro, aqui ficamos alojados e prepararam-nos um excelente jantar para todos. Desta forma também ficamos muito perto  de Nyungwe Forest National Park.




22 Agosto

Vou contar o que nos aconteceu ontem  à noite que quando todos quisemos tomar as nossas banhocas; eis que surgiu o problema "falta de água", situação muito frequente nestes locais de África, reclamamos e eis que batem à porta dois funcionários com uma bacia cheia de água. A Sofia encontrava-se enrolada numa toalha de banho, pois não tinha conseguido tomar o seu banho na totalidade e aguardava pelo desfecho se ainda conseguiria vir a terminar a sua higiene. Um dos funcionários ficou tão atrapalhado com a imagem que fugiu aterrorizado, mais parece que viu o diabo. A bacia continha água quente que era para nós nos lavarmos em modo antiquíssimo. No dia seguinte quando nos levantamos já tínhamos água com fartura e então podemo-nos regalar com uma bela banhoca para começar mais um dia.
O dia amanheceu com um sol radioso e o barulho de uma colónia colossal de morcegos que se encontravam ali a poucos metros pespegados nas ramagens de várias árvores, fomos buscar a máquina fotográfica pois queria-mos registar estas imagens para mais tarde recordar. Tomamos  um farto pequeno almoço e lá fomos nós na direcção de Nyungwe, por entre imensas plantações de chá, onde se viam trabalhadores na sua lide de apanhar as tão fatigantes folhas. Quando a Sofia tirou uma fotografia a uma das obreiras que andava na apanha das folhas de chá esta não gostou e furiosa manifestou-se com um gesto intimatório. Mais uma vez passamos por uma vila onde centenas de crianças circulavam pela estrada a caminho da escola, é impressionante vermos tantos jovens com a mesma atitude. Sem dúvida que a população neste país não envelhece e qual será a sua população daqui a 20 anos! Deve ser impressionante só a somar mais e mais, porque não o termo multiplicador por 3 ou 4. Hoje vimos grandes campos de arroz incluindo a labuta da mão de obra que aqui não falta, parece-nos que para o  mesmo serviço estão logo uns quantos trabalhadores e assistentes, pois há tempo para ambas as funções.
Por fim chegamos ao tal parque que temos em mente visitarmos, fomos saber os preços dos ingressos e verificamos que diferem em muito, tal como o tempo e percurso. Praticamente há preços para todos os gostos, porém não esquecer que são todos acima de USD32,00  e podem ir até aos USD1200,00, dependendo das nossas carteiras, todavia como nós somos simplesmente uns pé rapados, podem calcular que a nossa opção foi a mais baratucha, podíamos sem dúvida gastar mais alguns tostões mas o tempo é nosso inimigo nesta altura do campeonato. No percurso escolhido tivemos que ter guia, este levou-nos por entre uma imensa plantação de chá até ao ponto de começarmos a embrenhar na floresta  de Nyungwe. Após uma centena de metros estávamos num declive que se houvesse algum percalço podíamos rebolar até ao fim da ribanceira, resultado, arranhões e alguns golpes das silvas e ramos que se encontravam partidos. Comecei a olhar para a Sofia que demonstrou uma cara de arrependimento, pois ela apercebeu-se que não iria ser tarefa fácil  pelas dificuldades que começaram a surgir. A meio do percurso surgiram um guarda mais uma ajudante que vieram ao nosso encontro e vinham munidos de catanas para desbravar toda a vegetação à nossa frente, concluímos que estava-mos a passar por locais onde há muito tempo ninguém passou ou até nunca ninguém terá passado, tal era o aspecto
do terreno. Depois de decorrido algum tempo com diversas peripécias e muitas dificuldades, eis que estamos apreciar os primeiros macacos "Colobus" que habitam neste terreno acidentado e com uma vegetação densa de altas florestas, pântanos cheios de flores e muita humidade em volta há imensos bambus e plantações de chá. O controlo desta bicharada é feita por guardas que comunicam entre eles e dão a posição exacta onde encontrar os ditos Colubus. Sem mais nem menos começaram a cair os primeiros pingos de chuva, achei que seriam uns pingos simplesmente, não, veio uma grande chuvada e eu e a Sofia ficamos bastante molhados ao contrário do resto da equipa que se encontravam equipados para tal eventualidade. Recordo que o guarda nos preveniu da chuva e que deveríamos levar coberturas, eu não liguei a tal porque o tempo em nada apontava para que houvesse chuva, mas pronto, apanhamos uma molha a sério, no final parecíamos uns pintos. Conseguimos fazer uma grande caminhada pela selva, tiramos muitas fotos com muita dificuldade porque tais macacos estavam nos píncaros das árvores, estas abanavam e focar tais criaturas era praticamente impossível, assim com grandes subidas, descidas, ribeiros, troncos e insectos lá concluímos o trajecto programado.

Regressados a Gisakusa, pequena vila nos arredores desta floresta, fomos procurar onde pernoitar. Existiam poucos locais onde ficar, procurámos e voltamos a procurar, depois de árdua pesquisa, ficamos num lugar onde o quarto deveria ter 3 metros quadrados com uma casa de banho de 1 metro quadrado, não mais do que uma cocheira, valeu pela espinhosa insistência de todos nós. Não podemos acusar seja quem for, concluo que todos erramos. No jantar as duvidas prevaleceram e se fossemos comer neste restaurante da cocheira/cavalariça como queiram entender. Coitadas das pessoas quiseram ser agradáveis para connosco, mas nós já tínhamos tirado a pinta e se nos dessem lagosta ou faisão, não conseguiam limpar as nossas mentes, perante tal situação fomos procurar algo melhor e lá conseguimos descobrir um excelente restaurante que por sinal também era um grande hotel mas nós contentamo-nos só pelo jantar, dormir fomos para a cocheira imaginem qual era a nossa vontade depois de percebermos que afinal havia um hotel como aquele pela modica quantia de €231,00 por quarto.  Lá fomos nós dormir para as nossas cocheiras de €18,00 com pequeno almoço incluído, pois o cansaço já se apoderava de nós.

Vamos dormir, vamos dormir,
Todos os patinhos acabam de brincar,
Acabam de brincar,
Os pijamas vão vestir,
E os dentes vão lavar,
Os pijamas vão vestir,
E os dentes vão lavar…

23 Agosto


Neste dia depois do nosso banho, fomos tomar o pequeno almoço e até ficamos surpreendidos com a quantidade e qualidade da comida que nos foi apresentada também devemos frisar a simpatia do empregado, no final podemos tirar uma conclusão que nem tudo era tão mau como parecia, tirando a cocheira dos nossos quartos que continuamos a afirmar que eram péssimos que até nos deixou  traumatizados. Antes de partirmos ainda fomos fazer umas compritas por estas bandas, foi dos poucos sítios por onde passamos que no meio do nada  podemos encontrar uma loja que vendia chá em pó e outra tinha artesanato local, compramos umas quantas peças feitas em madeira, osso e juta, bem engraçadas e muito económicas. Pelas nossas contas iremos percorrer pouco mais de 200km, subindo e descendo montanhas, não fosse este o país da 1000 colinas, sabendo que a altitude mais baixa encontra-se a cerca 950 metros, sendo esta no rio Rusizi. A máxima altitude é de 4507 metros.
Já estamos a conduzir há duas horas, cruzando-nos com imensos povos que circulam pelas estradas, são estas as melhores formas de caminharem com rapidez. Nesta caminhada deparamo-nos com feiras de gado, onde comercializam grande quantidade de bois e a multidão é numerosa. Quando passamos por estes locais paramos na estrada ou  abrandamos dependendo do local e assim aproveitamos para tirar inúmeras  fotos, deslumbrámo-nos com esta nossa atitude, tendo como moeda de troca um aseno ou um sorriso de simpatia.
A certo momento cruzámos um casamento onde noivos e convidados caminhavam ao longo da estrada, afrouxamos metemo-nos com eles, tiramos fotos e mais umas risadas de ambas as partes, os noivos e convidados, nove no total iam vestidos a rigor. Percorremos uns bons quilómetros e nem aldeia ou vila vimos, ficamos sem saber até onde iam a pé, grande caminhada tiveram de certeza de fazer porque ao fim de 10 quilómetros é que vimos uma pequena vila, de resto até ali só montanhas e vales sem vermos qualquer casa.
Por fim chegamos ao lago Kivu, sendo este perigoso por ter no seu fundo uma imensa bolha de gás proveniente do vulcão ali existente, soubemos que esta situação está controlada pois existe na sua margem um gasómetro de captação deste gás que é aproveitado na indústria. Aproveitamos um local nas margens do lago para montamos mais uma vez o estaminé para almoçar, quando terminamos e queríamos arrancar o nosso ilustre jipe mais uma vez disse que dali não saia, tudo por causa de uma bateria que há dias não carrega. Foram feitas as peripécias do costume, recolhendo carga da bateria do outro jipe, aproveitando para fazer o contacto com duas chaves de fendas. Faz lembrar uma frase que ouvi há muitos anos "manobra penosa papá". Neste local o Carlos pisou um pico enorme que lhe furou o sapato e atingiu o pé, causando-lhe um ligeiro ferimento.
Fizemos parte do percurso pela margens do lago, onde estivemos muito próximo das fronteiras da República Democrática do Congo, um dia também gostava de passear por este país enorme. Grande parte da estrada que hoje utilizamos foi reformulada à pouco tempo, está muito bem alcatroada, curvas bem delineadas e as são bermas bastante largas, também percorremos dezenas de quilómetros por estradas em construção, muito bem estruturada e sinalizada. Vimos que daqui a alguns meses vai existir um trajecto onde se pode conduzir em segurança. Tanto que fazer estradas em locais tão montanhosos como este é complicado e caro. Quando chegamos a Gisenyi, conseguimos mais uma vez um hotel com categoria superior e por bom preço, isto depois de termos pechinchado os valores. O mesmo se passou com a categoria do restaurante que escolhemos, mais uma vez pela informação do Lonely Planet, graças às excelente informações deste livro temos tido bons resultados. Hoje mais uma vez cansados e com sono deitamo-nos que nem umas focas gordalhonas.


24 Agosto

Despertamos esta manhã todos cheios de pica, pois descansamos comodamente em quartos com todas as comunidades de um hotel de categoria, foi quanto bastou.  Há sempre um se não em tudo isto a porta do quarto do Gui estava teimosa em não se abrir, o trinco encravou, tivemos de chamar o serviço de intervenção do hotel para dar solução ao problema. Difícil a solução que acabou por estarmos todos a intervir no seu arranjo. Ideias não faltaram, desde o canivete, empurrão, chave de parafusos, terminando com uma patada do Cláudio que estava algum tempo com a fúria de actuar, assim foi o suficiente para abrir a porta.
A seguir fomos tratar das nossas barrigas e deparamo-nos com uma atitude de nos lisonjear, não mais do que um funcionário estava de volta dos jipes a lava-los, nós que os queríamos sujos, pois representavam os obstáculos que já ultrapassámos, ficaram bem limpinhos, já não estávamos habituados a estas mordomias. Cansava-me de dizer que são nestas pequenas/grandes coisas que estes povos nos estão compostamente a surpreender.
E pronto, fogo à peça e aí vamos a caminho de Volcanoes National Park Rwanda, uma centena de quilómetros e chegaremos a tão consagrado parque onde poderemos ver os nossos irmãos "Gorila Maguila".
O Ruanda também é um país onde se produzem grandes quantidades de bananas, nós já estamos fartos de comer bananas nestas férias, são baratas e muito saborosas, basta olhar para o nosso lado e constantemente cruzamos com homens e mulheres a transportar grandes cachos deste fruto, tal como em Portugal chegam verdes às lojas, ou seja irão amadurecer à força, eu pressuponho que é o processo de apodrecimento. No entanto encontramos ainda bananas com a cor amarelada, estas sim são vendidas de imediato pelos comerciantes que montam a sua tenda na borda da estrada.
Hoje cruzamo-nos com tantas mulheres, ou seja todos os dias nos cruzamos com elas e reparamos que têm grande gosto nos trajes que vestem, elas sabem-se arranjar, não fossem elas mulheres. Mas o assunto é importante é aqui no Ruanda onde existem as mulheres mais bonitas de África segundo conclusão de uma organização africana de nome "Afrojuju", é muito relativo, mas a verdade é que andam sempre muito limpas e arranjadas com suas saias e vestidos de cores audazes.
Nesta estrada passamos por um sapateiro e logo me lembrei porque não mando arranjar os meus sapatos que já correram meio mundo e estão a desconjuntarem-se todos, precisam de ser cozidos, não remendados pois a finalidade é terem um buraco na sola em cada um dos sapatos. Um deles por minha vontade já teria ido janela fora, mas o que o faz permanecer é que têm que ter os dois buracos. Eles vão voar um dia pela janela do carro, não faço ideia quando. Os meus amigos conhecem-nos muito bem a minha mulher tantas e tantas vezes diz; é uma vergonha andares com essa porcaria. E quando os levo calçados nos aeroportos!
E nas cidades, restaurantes, etc. Acham que alguém olha para meus pés?
De certeza, centenas ou milhares de pessoas já os apreciaram.
Já faço férias com estes indomáveis sapatos há mais de 20 anos e merecem ter um final feliz.
Agora vou deixar de fazer publicidade aos meus sapatos e vou continuar a falar sobre as magnificas novidades que vamos encontrando  pelo nosso caminho; a certo momento postadas perto da estrada uma série de costureiras munidas das suas máquinas de costura estão a fazer ou arranjar todo o tipo de roupas, serviu para pararmos um pouco e lá vão as nossas madames tirar mais fotos e dar um pouco de conversa àquele pessoal que estão sempre à espera de uma palavra e mais umas fotografias e no final quando partimos ficam tão felizes com tão pouco, basta-lhes dar-lhes um pouco de atenção. Outro momento de prazer que se passou connosco, quem é que pode esquecer momentos como estes!
Outro e mais outro carregamento em bicicletas de paus enormes de cana de açúcar, pobres bicicletas e homens que carretam cargas descomunais. Note-se que estes homens e mulheres não andam a molengar, andam depressa com passos bem largos.
A certo momento tivemos de parar, logo surgem dois penduras com as suas bicicletas e cargas agarram-se ao jipe do Cláudio e assim continuaram durante este percurso onde houve muitas subidas ingremes, desta forma escusaram-se de ofegar para transpor tais obstáculos. Como seguíamos na retaguarda  apercebemo-nos que eles se tinham aproveitado da boleia do jipe agarrando-se à sua traseira e através do rádio informamos o Cláudio que tinha dois penduras no seu jipe, a razão da nossa  comunicação não foi mais do que alertá-lo para ter cuidado, não  fazer grandes arranques nem aumentar a velocidade. Também a certa altura eles se aperceberam que nós fazíamos parte daquele complot e lá se iam rindo e acenando para nós. No final agradeceram-nos. Nós somos assim, gostamos de fazer bem e assim angariamos minutos de mais um acontecimento inesperado. Pelas 13h00, chegamos a uma das entradas do parque para ver os ilustres gorilas onde deparámo-nos com a complicada forma de ver tais animais, existe uma manipulação para que nem todas as pessoas tenham a possibilidade de os avistar, sendo a mais premente o valor de acesso, não mais do que  USD 600,00, considerámos um abuso praticarem tais preços. Desta forma os gorilas estão vistos. Resolvemos uma forma mais barata de estar ao pé deles, irmos num sábado ou domingo até ao nosso jardim zoológico não será a mesma coisa mas com estes preços nem pensar. Nesta zona está muito frio e uma humidade elevada, a vegetação também é muito densa, vimos que um pouco mais abaixo podemos almoçar, foi sem dúvida o que de melhor podemos fazer neste momento. Fomos a um restaurante que nos preparou umas boas refeições ao nosso gosto e com qualidade. O frio era tão grande que trouxeram para o pé de nós uma braseira em que nos regalamos. Conclui-se que daqui apenas levamos a satisfação de termos estado num restaurante esplêndido com boa comida e um atendimento exemplar.
Resolvemos que íamos ficar numa cidade não muito longe do local  onde nos encontrávamos "Ruhengeri" , poucos quilómetros mais fizemos e eis que chegámos. A procura de hotel também não foi fastidiosa e por acaso encontramos "The Garden Place Hotel"", pertencente a uma  constituição religiosa, sendo um hotel de um piso apenas, está bem estruturado, quartos amplos e de boa qualidade. Foi por acaso que o encontrámos, pois o Carlos já tinha lido no Lonely Planet existirem habitações deste tipo que podíamos descobrir por estas bandas. Este hotel não possuía restaurante, mas bem perto fomos comer qualquer coisa pois tínhamos almoçado já tarde e o apetite de todos não era muito.



25 Agosto

Mal acordamos e nos aproximamos da recepção a Sofia avistou umas vitrinas onde estavam expostas diversas peças em madeira, entre esses artefacto estava um presépio composto por 10 peças em madeira esculpidas à mão e foi amor à primeira vista. Questionou o preço, fez a contas em euros e vai de comprá-lo, porém quando foi fazer o pagamento em euros, foi informada que não poderia pagar daquela forma, porque não era o hotel que o estava a comercializar mas sim um artista da terra e que apenas recebia em dólares. A Sofia não conseguia entender o porquê, mas todas as explicações que lhes deram fez com que ficasse amargurada, não tinha dólares que chegassem e estava tão empenhada em levar para casa o dito presépio que andou a pedir dinheiro por tudo quanto era sítio, pediu ao Carlos que tinha meia dúzia de dólares, pediu à Cândida que meia dúzia também tinha. O certo é que juntou os poucos que possuía mais a coleta que acabara de fazer e conseguiu rematar tal negócio, ficou radiante e nunca mais largou as pecinhas que adquiriu. Note-se que o preço era exímio, mesmo barato, mas dólares era o que nós todos na altura menos tínhamos.
Na noite anterior já tínhamos ficado muito perto da fronteira com o Uganda e poucos quilómetros fizemos para lá chegarmos, mais uma vez tratamos de toda a papelada para sair e entrar noutro país. Toda esta movimentação é morosa, perdemos muito tempo a dar voltas pela polícia, alfândega e não sei mais o quê. Ao fim de algum tempo vimo-nos livres desta trapalhada toda, depois de termos estado a resolver problemas que não o são com pessoas prepotentes e algumas velhacas, assim vimos situações de menosprezarem seus cidadãos que por vezes compram por um vintém uma ninharia no país vizinho e o pessoal das fronteiras tentam logo rapinar-lhe todos os seus bens com afirmações desonestas. Presenciei tal facto que me revoltou.
Esta etapa de hoje vai levar-nos até Kabale será curta mas muito movimentada, quase toda feita em altas montanhas com o tempo a não ajudar em nada, estava chuvoso e mormaceira, mais nos parece um daqueles dias de inverno em que não temos vontade de sair de casa.
Tivemos de atestar mais uma vez estes dois jipes comilões de litros de gasóleo o nosso enchemos-lhe a barriguita com 76,68 litros, não mais do que 230040 xelins ugandeses, podemos comparar com o fulano que ao nosso lado meteu 0,86 litros de gasolina igual a 3000 xelins. Como veem ao pormenor que vou em apreciar coisas que para muitos lhes passava ao lado. Estejam todos atentos suas mulas que a vida não é só dormir e comer alguma coisa. A nossa viagem decorreu toda com calma até que chegamos ao nosso destino final de hoje, em que nos reserva um tão afamado hotel de nome "White Horse Inn", enquadrado em cinco hectares gramados nos arredores da cidade Kabale, hotel do tempo colonial construído em 1937 e onde já hospedou muitos dignatários visitantes, incluindo Jimmy Carte e Bill Gates, entre outros. Faltavam nesta lista imensa a nossa presença dos tão dignatários, Condes do Farrusco, Marquesa de Asa Delta, Visconde da Asseca do Tintol e o Grão-Ducado do Esterco. Sem dúvida também fomos bem recebidos, fomos colocados em quartos ao nível de tão ilustres personagens. Ao final da tarde foi servido um chá no salão prata, ao jantar fomos encaminhados pelos respectivos mordomos ao salão nobre, manjar umas grandes pratadas de carne que estavam uma delícia. Desta forma terminamos mais um dia em grande, fomo-nos deitar na paz de todos os santos, santinhas e santeiros.

26 Agosto


As limousines estão aptas para a última etapa que nos vai levar a Entebbe num percurso de 418km,vão ter de aguentar porque foram alugadas para passarem momentos difíceis, mesmo assim tiveram sorte não levaram nenhuma coça, era isso que elas precisavam, mas como são muitos lentas e devoram gasóleo não podemos apertar muito com elas. Não nos iremos esquecer dos diversos problemas que nos têm causado, inúmero alguns:
-Motor de arranque os parafusos desapertaram-se e deixou de funcionar.
-Porta direita atrás do condutor, fecho solto, porta presa por uma cinta.
-Grade do tejadilho, parafuso perdido outros prestes a perderem-se.
-Uma bateria completamente apagada.
-Luzes do tablier fundidas.
-Piscas, não funcionam.
-Faróis de marcha-atrás, não funcionam.
-Dois pneus com o arame já à vista.
-Etc.
Com todas estas e mais mazelas, já não iriámos muito longe, mas vão ter de fazer esta etapa que vai começar agora.
O nevoeiro que estava ontem à noite mantém-se, vamos ter de circular com cautela pois o piso encontra-se molhado.
No nosso trajeto achamos engraçado como estes povos cozem os tijolos, constroem pilhas enormes de tijolos, deixam um espaço vazio no seu interior e colocam arder barrotes em madeira durante alguns dias, passado esse tempo ficam prontos para utilização.
Havia pouco tempo de viagem, passamos por um controlo da polícia que estava a barrar a estrada, passamos devagar, olharam, mas não quiseram nada connosco. Temos visto ao longo do trajecto de hoje imensas fabriquetas de portões, mobiliário e caixões, penso que nenhuma delas vai à falência ou será inviável ou insolvente, porque por aqui não passou nenhum Passos Conelho ou um Encavado Silva. Vi muitos talhos  com uma área comercial de 1,5m2 onde a carninha espelha a sua frescura, não são mais do que casotos em madeira com teto em zinco. Ali se vendem produtos diretamente do produtor bem frescos. Há imensos shopping center e supermercados um pouco maiores, "prá i" uns 10  metros quadrados de área, sempre cheios, às moscas. As frutarias ao ar livre é que têm as maiores áreas, é só espalhar os cabazes, cestas, canastras, açafates e baldes. E as lavandarias de rua e secadores de vento, são aos magotes, são mais alguns contrastes estes que vamos vendo. O negócio próspero do carvão está em total desenvolvimento, são quantidades enormes de sacos de 50 quilos espalhados nas bermas das estradas.
Os painéis solares, também aqui estão em franco desenvolvimento, estes expostos às centenas e são vendidos nas estradas onde temos passado.
Se quiséssemos um transporte rápido o táxi mota é excelente, pode transportar o condutor mais dois passageiros se houver mais uma ou duas crianças, há lugares para todos. Com isto há imensas estações de serviços para lavagem de motas. Também me pareceu ver motas-camionetas e bicicletas-camionetas, são aquelas que carregam toda carga até aos dentes. O sistema que existe em Portugal de estar um homem a trabalhar e 4 engenheiros a verem, também já é muito frequente nestas bandas, dizem os entendidos que fomos nós os Portugas que os ensinaram.
No entretanto chegou a hora do almoço, resolvemos parar num hotel que nos pareceu excelente. Passamos a segurança que nos indicou o acesso ao hotel e o local onde estava instalado o restaurante. Sentamo-nos e distribuíram os menus por alguns de nós. Para começar estes tinham imensos pratos, escolhas feitas e anotadas pela funcionária que estava atender-nos. Daí alguns minutos veio ter connosco a informar que só tinham peixe e frango. Concluímos que peixe naquela terra era para esquecer e optamos todos por frango, então dissemos oito doses de frango.
Não é que pouco tempo se tinha passado apareceu  o cozinheiro a informar que apenas havia 4 doses de frango, rapidamente nos levantamos a Cândida pagou uma água que já tinha encetado e fomos procurar outro local pois ali não nos safávamos. Citamos que tudo tinha bom aspecto, mas só deveria funcionar aos fins de semana! Possivelmente.
Resolvemos que poderíamos acabar com o resto dos produtos que ainda disponhamos nos frigoríficos e despensa, logo que encontramos um lugar em condições fizemos a nossa paragem e tralha para fora onde conseguimos dar solução ás muitas coisas que ainda disponhamos. No final optamos por dar todo o restante a uma fulana que ficou desconfiada com tudo aquilo que lhes oferecemos, não mais do que arroz, leite, conservas, doces, esparguete e muitas coisas, foram grandes quantidades que pusemos dentro da caixa de cartão, sendo grande e pesada tivemos dificuldade de a colocar junto da sua casa. Quando partimos ainda estava de volta da caixa com um aspecto  de que ali havia bomba prestes a explodir, tal era a atitude dela a olhar para aquilo.
Ao fim de algum tempo chegamos à linha do Equador que atravessa todo o Uganda, aí paramos, tiramos as fotografias do costume, estivemos a tentar parar a viatura no ponto onde o nosso Gps, viesse a marca precisamente S 0 graus, conseguimos, nesta altura havia sinal de 11 satélites e a força do sinal estava nos 86%. Quando festejava-mos tal momento de estarmos num local tão simbólico juntaram-se a nós uma série de pessoas que ajudaram na nossa festa. Sem dúvida foram uns minutos bem animados que vão figurar nas nossas mentes até à luz se apagar ou se fundir. Alguns quilómetros mais a norte duas camionetas embateram de frente, restando uma amálgama de chapa, nada se aproveitava.
No final do dia começamos a entrar nos arredores de Entebe, onde havia engarrafamentos medonhos, foi difícil ultrapassar  aquele amontado de carroças onde as regras são diminutas e a condução é desordenada, até eu ao fim de algum tempo, eu já estava a conduzir em modo Africano ou ainda pior. Já ultrapassamos a zona critica desta cidade, fomos parar novamente junto ao lago Vitória, das suas margens não conseguimos deslumbrar uma vista que nos impressionasse, como já estivemos em vários locais deste vasto lago, concluísse que não é bonito como muitos que cá visitamos. Esta paragem serviu para que o Carlos presenteasse um fulano com aspecto de pobre com uma camisola do Attalaia e os seus próprios sapatos já corroídos.

De seguida fomos para um hotel que já possuíamos indicação de ser um bom lugar, porém já estava lotado, por indicação dos responsáveis endereçaram-nos para um que era muito próximo e com o mesmo nível., depois de nos acomodarmos fomos jantar no seu restaurante. Uma das particularidades deste hotel é que fica perto das margens do lago e do aeroporto, onde amanhã iremos partir para uma nova etapa até ao Quénia.



27 Agosto

O que vou fazer logo que acordar!
Cortar a barba que deixei crescer ao longo destes dias, foi uma reinação que sempre achei ingrata e que é incómoda, já há muitos anos também a tinha deixado crescer numa altura que fomos de férias para os países nórdicos e já não me tinha agradado. Foi mesmo o primeiro afazer do dia cortar a barba e ver-me logo ao espelho.
A segunda labuta foi retirar todos os haveres que tínhamos nos jipes e colocá-los nas malas, pois dentro de pouco tempo estamos a fazer a sua devolução.
Neste local voltamos a tirar as nossas fotos do costume com um pouco mais de palhaçada. Trabalhos efectuados e aí vamos para o porto de Entebbe, sitiado neste imenso lago, aí apreciamos toda a sua movimentação de pequenas embarcações que levam e trazem pequenas mercadorias e pessoas, visita concluída. Pusemo-nos a caminho do aeroporto onde já estavam os funcionários da empresa de aluguer dos jipes para os receber. Foi rápida esta formalidade, aproveitamos para informá-los das avarias existentes e fomos embora. Como ainda faltava algum tempo para fazer-mos o check-in fomo-nos entretendo a falar das férias que estavam a terminar e a imaginar como os homens da Rent a Car iriam arrancar com os jipes pois uma das baterias estava completamente descarregada, apesar de cada jipe ter 2 baterias não iriam conseguir pô-lo a  funcionar.
Quando já estávamos na fila para fazermos o despacho das malas, eis que um funcionário da segurança do aeroporto dirigiu-se a mim e disse o meu nome pedindo-me para o acompanhar pois estava lá fora uma pessoa que me queria falar, essa pessoa não era mais que um responsável da empresa de aluguer dos jipes que vinha fazer contas das despesas que nós tínhamos pago por causa das diversas avarias que tivemos ao longo da viagem.   
Agora só nos resta esperar que chegue a hora para embarcarmos rumo a Nairobi, partida pelas 13h35 no voo WB453 e chegada pelas 14h45, pouco mais de uma hora de voo, vai ser rápido. Acontece que vamos ter pela nossa frente uma grande espera naquele aeroporto porque os voos do Uganda para o Quénia são escassos e só a esta hora nos foi possível marcarmos este voo. Ainda somos capazes de ir até ao centro da cidade, mas um problema surge; onde guardar as malas?
Tudo é possível, aguardemos.
Chegados ao Quénia, procuramos onde era possível guardar todas as nossas malas, e não é que conseguimos, ainda ouve alguém que desconfiou que quando regressássemos já não haveria malas.
Outro pormenor foi arranjar transporte barato para todos, apenas queríamos ir num único transporte para não termos percalços em nos perdemos. Lá conseguimos no final de um duelo com os taxistas e a uber. Preço acordado com o motorista, partimos para uma volta por Nairobi. A primeira paragem  foi para irmos visitar o museu ferroviário. Aí vimos imensas máquinas antigas, carruagens e outros apetrechos usados pelos caminhos de ferro de anos atrás. Esta visita foi excelente ficamos a conhecer a história dos comboios nesta zona de África. De seguida dirigimo-nos para a zona mais alta de Nairobi, aí tivemos uma visão panorâmica desta cidade. Demos mais umas voltas pela cidade para irmos desembocar num local muito movimento onde o perigo espreita a cada esquina. O motorista do carro alertou-nos desses perigos, sendo o mais comum sermos roubados mesmo dentro dos carros, por essa razão deveríamos manter as portas trancadas e os vidros entreabertos. A nossa passagem era sempre olhada de soslaio, não percebíamos tais olhares, em determinada altura os vidros foram fechados completamente. Sem dúvida que este é um local drástico onde abundam bandidos em grande escala. Demos uma grande volta  pela cidade, para o tempo que nós tinha-mos foi bem extensa. Agora vamos é jantar a fome já aperta, perguntamos ao motorista se sabia de um restaurante onde pudéssemos comer bem, não falamos no preço e eis que nos indica o "The Carnivore Restaurant". Caminhamos em direcção ao aeroporto e a poucos quilómetros fica este restaurante muito bonito, muito bem decorado e com todo o staff vestido a rigor para nos fazerem sentir o verdadeiro espírito africano. No entanto a comida não surpreendeu. As carnes que inicialmente nos disseram serem de  avestruz, crocodilo e camelo é puramente mentira, servem outras qualidades comuns com esses nomes o saloio vai no engodo e nem se apercebe que foi simplesmente embarrilado. Sim nós comemos muita carne de vaca, frango e porco que repetiram muitas vezes. No final o preço foi exorbitante que ainda mais me enfureceu porque não gosto destes engodos. Assim se alguém ao ler isto quiser ir a este restaurante situado na Langata Road 00200 Nairobi,  Telefone 254733611608, esqueça pois vai ser burlado.
Agora estamos perto de partimos para o aeroporto, fica a pouco mais de 6 quilómetros. Logo que chegamos fomos arranjar maneira de levantar as nossas malas que se encontravam na zona das chegadas. Não tivemos nenhum problema em as levantar, ao contrário da dúvida inicialmente colocada.

Vamos entrar e fazer os check-in para partimos amanhã pelas 04h25 no voo AT262 da Royal air Maroc que nos fará chegar a Casablanca.


28 Agosto

Aí estamos nós a terminar mais umas férias por terras de África mas com vontade de continuar por estas terras maravilhosas mas por agora acabaram.
Mas hoje ainda temos duas distâncias a percorrer, sendo a primeira a que nos vai levar de Nairobi até Casablanca em Marrocos, para depois fazer a derradeira etapa até Lisboa.
Nesta altura encontramo-nos ainda no aeroporto de Nairobi e já passa da meia-noite, enquanto esperamos pela hora de embarcar lá vamos dormitando nos bancos deste aeroporto até que chegou a hora de partimos, não mais do que 04h25 e aí vamos levantar voo num Boeing 737-800.
Estamos bem acomodados mas existem ainda pela nossa frente uma boas horas de voo, daqui a pouco vão-nos dar alguma coisa para comer para que depois possamos descansar um pouco com umas sonecas. O certo é que o silêncio é quase total, tirando alguns passageiros que não conseguem dormir e andam toda a noite a correr para as casas de banho, alguns leem outros vêm filmes sem qualquer nexo, é preciso estarem ocupados.
Chegamos a Casablanca pelas 10h45, já o sol vai alto, vamos ter de esperar mais umas horas até ao nosso próximo embarque que vai ser pelas 14h50 e será a nossa última etapa.
Por fim chegaram as 15h00 quando começamos a fazer a última tirada, esta foi ligeira e desembarcamos em Lisboa cansados como sempre e a precisarmos de férias, estas seriam para descansar, dou como exemplo  um cruzeiro já de seguida pelas Caraíbas ou Polinésia Francesa. Para nosso mal amanhã vamos é todos, mesmo todos trabalhar que se faz tarde.


O Misterioso Iraque - 2025

O MISTERIOSO IRAQUE EXPEDICAO MESOPOTANIA