quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

S. Miguel - Faial - Pico - Terceira - 2017


S.MIGUEL
FAIAL
PICO
TERCEIRA

"FINALMENTE OS AÇORES"


Finalmente resolvemos ir até aos Açores. Estava na nossa mente que um dia teríamos de fazer uma viagem até estas ilhas, ainda nos restavam alguns dias de  férias e não tínhamos qualquer ideia para onde ir.
Determinado dia estava a ver lugares onde pudesse-mos viajar e eis que no meio do oceano Atlântico haviam uns pontinhos que chamaram atenção. Esta situação passou-se quando  contemplava um mapa mundo onde assina-lo os locais onde já estivemos. Foi um despertar desta viagem que iremos encetar.
Programei com poucas semanas de antecedência a  nossa viagem, fazendo por gastar o menos possível em passagens aéreas, estadias, aluguer de viaturas e propriamente os nossos almoços e jantares. Tudo foi feito com um orçamento diminuto para gozar os treze dias que se seguirão.

Dia 1 Dezembro

Dia da partida pelas 11h05 tendo de estar a bordo do avião da Tap pelas 10h25, praticamente eu e a Sofia quando viajamos sozinhos temos o método de chegar sempre em cima da hora ao aeroporto para não estar-mos muito tempo à espera de embarcar, foi isso mesmo que aconteceu mais uma vez. Fomos os últimos a entrar para o avião e este encontrava-se completamente lotado. Fomo-nos sentar na 7ª fila, não mais do que os dois lugares da janela. Tínhamo-nos acomodado nos nossos assentos quando  a Sofia viu que no lugar à nossa frente encontrava-se determinada pessoa que ela me perguntou, não é o filho do nosso patrão que está à tua frente!
Meio desconfiado pelo que me acabou de dizer, olhei e verifiquei que me parecia ele sim, mas ainda com alguma renitência, Mais uma olhadela e certo, é mesmo ele, mas que raio também a fazer a mesma viagem do que nós.
Passados poucos momentos verificamos que logo à frente estava o pai, Dr. Ruas e a sua esposa. Mas que estranho tantos da mesma família a viajarem juntos, nós não encomendamos nada e tão pouco querer viajar em conjunto com os nossos patrões. Passaram-se mais uns bons minutos, já depois de o pessoal de bordo ter distribuído uma pequena refeição, não mais do que uma sandocha, pastel de nata e um sumo, cumprimentamos o Bruno Ruas, ou seja um dos filhos e seguidamente o velhote e esposa. Esta levantou-se do seu lugar e veio cumprimentar-nos e na conversa nos informou que estavam mais elementos da sua família nos bancos do lado contrário, ou sejam 15 pessoas no total e que iam visitar um seu filho que se encontrava nos Açores a dar aulas e que uma das netas ia fazer 13anos, mais um pouco de conversa e diálogo finalizado. Ainda pensamos, e se nós fossemos nesta viagem com a nossa amiga Júlia, mas que vergonha, pois ela nunca se cala e vai largando umas bacoradas no meio das conversas.
Finalmente chegámos ao aeroporto de Ponta Delgada, trâmites de desembarque e levantar a viatura alugada há algum tempo atrás. Quando chegámos à cidade dirigimo-nos para o hotel que fica no edifício mais alto da cidade, aí reparamos que o preço foi bem económico, pois este encontra-se bem instalado e temos acesso imediato e rápido a qualquer ponto da cidade. Cá do alto tiramos a primeiras fotos que nos encantou. Tralha arrumada logo nos pusemos a caminho para desbravar todos os locais que iremos conhecer tais como as tão badaladas "portas da cidade" e suas ruas adjacentes bem como uma grande volta pela marginal que nos levou até à marina onde nos deparamos com uma ondulação tremenda, ondas enormes e os barcos a gingarem por tudo que é sítio, não bastando o tempo está bastante nublado mas a temperatura não está assim tão má como provínhamos, como já era tarde  fomos jantar num restaurante perto do hotel ,Assim passamos este primeiro dia nesta terra que iremos nos próximos dias descobrir os seus encantos.

Dia 2 Dezembro


Despertar cedinho com o sol a entrar pela janela do nosso quarto, até apetece acordar desta maneira. Foi quanto bastou para nos apressar e sairmos rapidamente para a rua. Abalámos, tomamos o pequeno almoço numa pastelaria que fica situada por baixo do hotel para que não desperdiçássemos tempo pois soubemos que havia pouca neblina na zona da Lagoa das Sete Cidades, temos de ser rápidos pois as alterações são constantes. Após alguns minutos já estávamos a passar junto ao aeroporto para seguirmos pela costa onde mais adiante cortámos para a montanha e chegarmos às vertentes do antigo vulcão para começarmos apreciar aquelas lindas paisagens que nos maravilham. Aqui tiramos imensas fotos, tantas se repetiram, porque o que vimos é deslumbrante e nunca nos cansamos de olhar para todo o lado e vermos paisagens diferentes e quais delas a mais belas. Mesmo estando algum nevoeiro o que seria se o tempo estivesse totalmente limpo. Fizemos um percurso em terra
batida à volta da lagoa foi encantador, passamos por terrenos onde pastavam as simpáticas vacas Açorianas, não mais do que as "vacas felizes" e fiquei com essa ideia, porque quando as abordávamos  para ficarmos o mais perto delas, olhavam-nos  com ternura e verificamos que não lhes éramos alheios e até se aproximavam de nós.
O nosso caminho continuou até à lagoa onde vimos que as margens estavam alagadas e certas estradas e caminhos intransitáveis, com certeza tem chovido aqui abundantemente. Como estamos na época natalícia vimos um presépio enorme feito em madeira que se encontrava junto a um dos caminhos. Ainda tentei ir mais adiante num percurso enlameado, mas não pude continuar, pois ficaria aterrado. Quando retrocedi a lama era tanta que fiquei com o carro todo sujo. Na continuação deste trilho avistamos lindos prados todos verdejantes com as suas casinhas e as célebres vaquinhas pastando.
Regressando à orla marítima, avistamos enormes ondulações, pois o mar está zangado e afugenta toda a costa é conciliador apreciar a fúria das águas nesta costa tão retalhada. As imensas paragens que vamos fazendo são demoradas porque perdemo-nos apreciar a rudeza das ondas embatendo nas rochas e elevando-se por alguns metros.
Quando chegou a hora do almoço procuramos almoçar num restaurante típico para podermos apreciar coisas boas desta terra. Assim aconteceu e na localidade de Mosteiros, mais propriamente na rua das Pensões, 13, descobrimos este local onde comemos diversas iguarias numa sala muito simples no mobiliário e na sua decoração, mais parecia uma tasca dos anos 80. Valeu a pena e ficamos contentíssimos, recomendamos a quem vier à ilha de S. Miguel que não se esqueçam de aqui vir. Visitamos alguns moinhos tão característicos desta ilha que
são o atractivo de certos povoados, também existem muitos miradouros que se encontram por todo o lado da ilha, ou junto  à costa ou nos montes sobranceiros, são parte do encanto desta tirada que estamos a concluir. Gostamos também do por do sol, é bonito e dá-nos cores avermelhadas que mais nos parece a passagem para outro universo. Quando chegamos ao nosso ponto de partida, Ponta Delgada, foi arrumar alguma tralha no hotel para seguidamente passearmos a pé pela marginal e irmos jantar a mais um restaurante excelente. Não esquecer que as nossas viagens têm sempre a parte gastronómica que nunca podemos perder. Final do dia terminou com o esplendor do encanto desta amável ilha.

Dia 3 Dezembro


Este será mais um dia em que programa não existe, apenas o nosso intuito de descobrir mais lugares fantásticos que iremos deslindar ao longo das próximas horas. Não nos podemos enganar em relação às temperaturas que se fazem nesta altura do ano, mais as poucas horas que temos de dia, isto faz que teremos de ser mais breves em relação a certas visitas que iremos fazer.
Chegamos novamente ao interior desta ilha onde já passamos por pequenas florestas verdejantes e nos orientamos rapidamente para a lagoa das Furnas a seguir iremos visitar as tão famosas Furnas. Quando chegámos encaminhamo-nos para a "Poça de Dona Beija"  que mais nos parece um pedaço roubado ao paraíso, as cores amareladas quase laranja que ficam pelos locais onde a água passa faz-nos parecer algo de irreal. Como é possível ficarem daquelas cores os locais por onde ela segue!
Mais adiante começamos a ver as primeiras fumarolas, fomos até elas e é extraordinário presenciar como este vulcão ainda dá sinais da sua existência, pensei, será que algum dia vai fazer das suas!
Pareceu-me  pouco provável que alguma vez sucedesse tal acontecimento, ainda para mais já vimos que em certos locais onde em tempos haviam essas fumarolas já se encontram inaptas. Foi digno de registo chegarmos a este lugar que noutros tempos apenas existiam na nossa imaginação como  notícias, agora estivemos perante a realidade. Demos um imenso passeio por estas bandas para depois irmos até à lagoa. Nesta, pela primeira vez tivemos de pagar a entrada, achamos uma atitude estupida, pois já estivemos em locais bem mais lindos e turísticos que não nos foi cobrada qualquer importância. No local onde estavam as bilheteiras mais nos pareceu uma portagem.
Mais adiante resolvemos comer o tão célebre cozido das furnas, escolhemos um restaurante que a TripAdvisor, também menciona como restaurante recomendado. Entramos e pedimos o tal cozido que nos foi servido passados poucos minutos. Acontece que ficamos a olhar para a sua apresentação tem um aspecto modesto, começamos a comer e o seu sabor era de um cozido simples e tínhamos ouvido
dizer que este teria um pequeno sabor a enxofre, nada disso, era uma grande quantidade de couves, bocados de frango e toucinho. Se chamam a isto o cozido das furnas, esqueçam, não comam porque é barrete e não façam como nós que resolvemos ir saboreá-lo para que não ficasse-mos com a ideia o que seria; fomos às Furnas e não comemos o tal cozido. Dou como mau exemplo este restaurante - Tony,s, situado no Largo do Teatro, 5 nas Furnas. Ainda informamos o funcionário que nos atendeu da porcaria de cozido que nos tinham servido, este ficou com uma cara de pau e pouco nos adiantou sobre se eram restos e se tinha sido cozinhado nas caldeiras como tanto anunciam. Terminada tão péssima degustação lá fomos mais uma vez para a costas sul, onde estivemos a fazer imensas paragens para apreciar as fortes ondulações que este mar nos reserva.
Nalguns locais as vagas elevam-se a alguns metros de altura, transpondo os paredões ou os pequenos cais onde estão as traineiras da pesca. Alguns dos locais por onde passamos e que ficam na nossa memória - Ribeira Quente; Povoação; Faial da Terra; Nossa Senhora dos Remédios; Água Retorta; Nordeste; Lomba da Fazenda e outras tantas que não inúmero. E quantos miradouros e vacas felizes passamos? 
Não podemos esquecer a simpatia desta gente que é inumerável. Já dissemos várias vezes neste poucos dias que aqui estamos que não nos importaríamos de aqui viver. Para nós termos este pensamento é que é mesmo verdade a satisfação de um dia, quem sabe de virmos para aqui finalizar o resto das nossas vidas.
Nesta caminhada ainda fomos de carro até ao  farol  do Arnel, descemos aquela estradeca estreita e muito ingreme para depois no regresso a subirmos da mesma forma, ainda que numa das curvas tive de recuar um pouco para que as rodas deixassem de patinar.
Quando regressamos ao continente soubemos que a estrada ainda ia um pouco mais abaixo, até a um ancoradouro, foi pena porque gosto de fazer estes malabarismos calculados.
Resolvemos regressar, vindos pelo norte passando ainda pela Ribeira Grande para aí fazermos mais outra passeata. Antes ainda, fomos até a uma enseada bem lá no fundo da escarpa onde existe uma enorme piscina que no momento tinha uma grande quantidade de troncos e pedras, provenientes das últimas chuvadas que aqui caíram. Já era noite quando daqui saímos e é que não havia vivalma neste local ermo, estava uma noite como o breu, pois as nuvens encobriam qualquer claridade.
Quando chegamos ao hotel depois de um grande dia e de mais uma grande jantarada era bem tarde. Cansados fomos para a cama ver um pouco de televisão e falar do sucesso deste dia.

Dia 4 Dezembro


Vir aos Açores e não visitar uma plantação de ananases é  imperdoável, sabendo nós que não somos um país tropical onde este fruto abunda, mas já agora estarmos na Europa insular e termos o privilégio de podermos ir fazer esta visita. Para que não haja dúvidas visitámos um desses lugares e ficamos a saber a realidade da cultura deste fruto, existindo a novidade de que nestas estufas a certa altura da cultura é necessário fazer uma queimada de "cripto malha seca", este termo é utilizado nos Açores mas desconhecemos o seu conteúdo  para nós serão plantas secas, depois de queimadas provocam imenso fumo  que vai incrementar um processo rápido de desenvolvimento desta planta, esta foi só uma  das muitas explicações que nos foram dadas sobre o seu cultivo. Finalizada esta visita demos continuidade ao nosso programa e lá vamos nós para outra, desta vez a uma plantação de chá, sendo esta a única plantação existente na
Europa. Já tínhamos passado por outras plantações noutros países onde o processo da apanha das folhas era uma a uma, aqui esse método é automático, uma máquina vai cortar as folhas como se estivesse aparar um valado, seguidamente é só recolher essas folhas, depois  do processo de secagem as folhas são trituradas e seguem para a  escolha e embalamento. Apuramos que não é preciso muita mão de obra, tanto que verificamos que o preço é excessivo, grande lucros aqui são produzidos. Toda a maquinaria é muito antiga não há grande evolução neste processamento.
Terminada esta visita fizemos mais uns quilómetros entre prados verdejantes e encostas soberbas chegamos à cascata "Ribeira dos Caldeirões". Aqui tiramos imensas fotografias pois o panorama é deslumbrante e a zona envolvente sedutora. Pena foi que a meio deste giro começou a chover com abundância, caso contrário tínhamos feito uma grande volta porque o percurso que existe é extraordinário. De seguida encaminham-nos para a Ribeira Grande onde fomos almoçar num restaurante onde se come produtos de grande qualidade. Escolhemos dois pratos esplêndidos o folhado de cherne e uma telha de peixe com gambas e bacon acompanhados com um bom vinho dos Açores, um Jardinete tinto desta ilha de S. Miguel, finalizamos com uma sobremesa de se lhe tirar o chapéu, só coisas boas aqui encontramos estava tudo uma delicia.
De seguida pusemo-nos novamente ao caminho, estava uma tarde chuvosa, apenas dava para prosseguirmos de carro e esquecer de sair pois estava desagradável, vimos em mais de um local a água barrenta a escorrer pelas escarpas, tipo queda de água o vento era forte e tivemos de ter algum cuidado porque as estradas estavam em más condições. Mesmo assim optamos por prosseguir o trajecto até Lombadas, esta estrada era  muito estreita e com mau piso, deparamo-nos com queda de pedras vindas das vertentes das montanhas. Num local uma das faixas já estava intransitável devido a uma derrocada, também algumas cascatas tinham surgido por acaso devido à quantidade de chuva que tem caído. Ao fim de alguns quilómetros chegamos ao nosso destino e eis a desolação; a estrada não tem saída, tivemos de voltar para trás. Agora vamos encontrar todos os obstáculos que passamos, não mais, poucos quilómetros tínhamos feito e eis que a derrocada que há poucos minutos ocupava uma via agora quase tapa a totalidade da estrada, são pedras enormes e muita lama e terra.
Consegui passar à rasca, por cima da pequeníssima berma e a roçar as pedras. Que sorte a nossa, mas lá prosseguimos mas os impedimentos foram imensos, porque se não tivesse-mos conseguido passar não  havia ninguém que nos pudesse ajudar pois mais ninguém estava a utilizar esta estrada, mais ainda não havia comunicações, verifiquei o telemóvel e nessa local não havia qualquer rede. Mais uma vez a sorte estava do nosso lado.

Hoje à tarde foi sem dúvida farta em chuva e vento no entanto regressamos já pelo escuro ao hotel para onde fomos descansar e carregar energias para o dia seguinte. 

Dia 5 Dezembro


Quinto dia de férias, quais as perguntas que vou arrumar para estes dias, serão tantas que dificilmente poderei retratar as questões tão atraentes que temos abordado. Mas vamos deixar somente duas.
Gostam dos Açores?
Irão voltar brevemente?
Mas que raio de perguntas são estas!
É verdade, estamos apenas há 5 dias e já temos saudades e vontade de um dia regressar, desta forma respondemos a estas duas questões e outras mais que se nos expusessem. Mas ainda vamos estar por estas bandas mais 8 dias e temos vontade de continuar por muito mais tempo.
Já nos encontramos prontos para mais um giro por esta ilha maravilhosa, onde iremos começar pelo sul, junto à costa para desbravar mais locais por nós desconhecidos. À nossa direita temos um vasto oceano à esquerda os prados verdejantes com as suas casinhas e nalguns sítios as névoas não largam as montanhas, tantas vezes queremos ver o que está mais além e desta forma torna-se impossível avistar as montanhas onde em tempos os vulcões existiam. Há momentos descemos por uma estrada que nos levou a um local ermo onde apenas havia meia dúzia de casas e um regato onde estavam uns patos a banharem-se. A estrada era tão estreita que no final a dificuldade que tivemos em fazer a inversão de marcha foi enorme, Valeu pelo esforço, pois foi um local encantador de se ver.

Já desde que chegamos a esta ilha temos sempre na ideia de irmos até à lagoa do Fogo, mas a informação que temos tido através do spotAzores não é encorajadora, a existência de névoa que desta forma não nos iria permitir uma vista ampla, tanto que do hotel onde nos encontramos podemos ver a montanha onde esta se encontra e a verdade é que logo ao acordar olhamos nessa direcção e eis que apenas vemos nuvens, nada mais. Mas vamos esquecer esta questão e lá vamos a caminho, conforme subimos a visibilidade torna-se mais escassa, por vezes a densidade da humidade é de tal ordem que nos esbarramos com gotículas no para-brisas. Chegados ao cimo havia mais pessoas que também foram observar a paisagem, apenas seria visível por alguns momentos ou seja quando o vento amainava e deixava a descoberto a linda paisagem desta lagoa, por vezes 1 minuto ou pouco mais, apenas conseguimos
tirar algumas fotos e pouco mais. Foi assim que ficamos com uma pequena ideia do que seria este local numa altura em que o tempo estivesse totalmente descoberto. Até o imenso mar veríamos.

Mais outra tirada e seguimos para o salto do Cabrito, grande desilusão, não valeu pelo esforço.

Chegou a nossa hora do tão esperado almoço onde fomos até ao restaurante “O Cordeirinho” situado numa pequena povoação junto à estrada nacional. Nessa altura já ninguém se encontrava almoçar, tão tardia foi a nossa hora de comermos. Preço acessível e bem confeccionado, gostamos. Terminado momento tão desejável continuamos a desbravar miradouros, calhetas, veredas e sendeiros. 
Quando chegamos ao miradouro do Palheiro apreciar a linda paisagem que nos rodeia, pedi à Sofia para se aproximar mais do local onde me encontrava, quando ela deu dois passos tropeçou num parafuso retorcido que se encontra meio fora do chão, embatendo com grande violência com o peito num degrau, resultando que ficou muito aflita com as dores e com imensa dificuldade em respirar. Estivemos muito tempo ali os dois abatidos à espera que se pudesse levantar, tal era o seu sofrimento. Passados alguns minutos lá conseguimos pôr-nos ao caminho para nos dirigirmos ao Hospital de Ponta Delgada, porque o seu estado  de saúde inspirava cuidados foi um sem parar até chegarmos novamente a Ponta Delgada já escurecia. Fomos parar nas urgências onde foi atendida imediatamente, pois não era só a dor que tinha no peito, porque um dos joelhos estava muito inchado. Tiraram radiografias e conclui-se que não tinha nada partido, apenas as lesões do embate ocorrido. Ainda passamos neste hospital cerca de 3 horas o normal do atendimento nos hospitais portugueses. À noite mais uma volta muito pequena de carro pela marginal, assim o dia terminou desta forma pouco agradável.

Dia 6 Dezembro

Quando chegamos esta manhã ao carro, este estava multado, multa por estacionamento, não fiquei preocupado, pois se alguma vez me enviarem o documento para pagamento, vou-lhes dar muito trabalho com argumentos da treta.
No entanto a meio da manhã temos passagem aérea para a ilha do Faial, ainda vamos ter algum tempo para dar uma pequena volta pela cidade. Acontece que o tempo está um pouco chuvoso e não vai dar para grandes aventuras. A solução foi irmos até ao jardim botânico “José do Canto” que fica algumas ruas um pouco a norte donde estamos hospedados. Este jardim tem um factor importante por ter sido o encanto de um homem rico, culto e amante da natureza que fez deste espaço
um verdadeiro paraíso. Podemos apreciar as árvores gigantescas, algumas com raízes impressionantes que se elevam para o exterior, dando-nos uma imagem de outro planeta. Este espaço verdejante seria ainda mais desejável noutra altura do ano que o tempo estivesse mais soalheiro e que a chuva não estivesse tão presente como aconteceu hoje, por veze abrigámo-nos na forte vegetação para fugirmos ao enormes pingos que caem. No entanto a hora de partimos para o aeroporto está a chegar, assim abalamos para ainda irmos entregar a viatura que alugámos e fazermos os tramites de embarque. Esta viagem é curta e dali a poucos minutos já estávamos na ilha do Faial. Logo que chegámos foi colocar as malas numa casa de turismo local que nos pareceu excelente, situada numa rua com pouco trânsito e sossegada. De imediato encaminhamo-nos para o porto da Horta onde fomos almoçar no tão famoso restaurante “Peter Café Sport”, local famoso mundialmente pela razão de ser um ponto de encontro para os grandes velejadores que atravessam o Atlântico. Deliciamo-nos com uns pratos aprazíveis e como não
podia falhar a Sofia optou por um caril de gambas que se regalou, acompanhado por uma boas canecas de boa cerveja. Sabemos que iremos ter mais uma enorme panóplia de situações nesta ilha, mas vamos optar por conhecer a marginal e olharmos para a grande quantidade de veleiros que aqui se encontram atracados, não são gigantescos mas podemos apreciar que são os verdadeiros velejadores com posses mais débeis que se aventuram por estes mares. Atracar aqui não será para principiantes, só mesmo para aventureiros. Embora ainda seja um pouco distante, isto por causas das horas, fomos até ao vulcão dos Capelinhos, onde chegamos praticamente em cima do seu fecho e já não tivemos possibilidade de visionar um pequeno filme e explicação do que aconteceu a partir de 12 de Setembro de 1957, Faltavam 15 minutos para as 18h00  e já não projectavam mais nada, uma boa razão em Portugal para se ser funcionário público. Com isto ainda fomos até ao local onde
ainda resta o farol que foi renovado e que ainda se encontra afundado pelas cinzas da erupção. Podemos ver o rés do chão que na verdade é o primeiro andar. Fomos ainda a um cais que em tempos era baleeiro onde as calçadas demonstram os anos de antiguidade que tem. Começou a escurecer e demos por finalizado o nosso circuito, regressamos à Horta e outras voltas fizemos pelas ruas mais interiores da cidade, assim já podemos dizer que conhecemos mais uma cidade deste encantador Açores.

Dia 7 Dezembro


Ainda estamos abalados por causa do acidente, queda que a madame Sofia sofreu no dia anterior, tem imensa dificuldade em se movimentar e está com imensas dores no peito e na perna, ficamos muito limitados em nos deslocarmos a pé, temos de compreender que esta situação ainda vai durar algum tempo, mesmo medicamentada para a infecção que possa ocorrer, bem como para as dores que a afectam constantemente. Nunca deixámos para trás seja o que for e não será desta que isso irá acontecer. Então a nossa alvorada foi à mesma cedo, não mais do que um bom pequeno almoço e arrancamos em direcção ao desconhecido o dia está ventoso e um pouco nublado.  Estivemos a fazer um percurso perto da costa para observar as águas agitadas deste mar estupendo, também implementamos desvios para ver a paisagem doutro perfil, sendo esta tão bela, optamos  por a ver das mais diversas formas. Uma das realidades que nos têm chamado atenção são os moinhos existentes, nunca enfrentamos tais modelos, são obras lindas que foram muito bem restauradas, dêmos valor à gente que se presa por tais atitudes, são de louvar.

Resolvemos ir até à caldeira dos Capelinhos, sabendo já que haveria muito nevoeiro, mas vai valer pelo empenho em subir e transitar pelo traçado da estrada que lá nos levará. A nossa opção até mais de metade do percurso foi irmos por uma estrada muito estreita que a certo ponto havia muitas pedras e buracos que nos levou a desistir e logo que fosse possível passar para a estrada principal. Agora o nevoeiro é mais denso a humidade de tal ordem que se vão acumulando pequenas gotículas no para-brisas e o vento sopra com força. Conseguimos chegar ao destino programado onde apenas nós, somente nós, nos encontrávamos neste local. Deu para tirar algumas fotos que estão sempre repletas de neblina e a nitidez é fracota e lá saímos do carro para percorrer poucos metros e voltar. A partir daí foi descer até à cidade da Horta para irmos almoçar em mais um restaurante excelente desta ilha “Restaurante Atlético” que tem bons profissionais e uns pratos apetitosos que juntamente com um bom vinho é de comer e chorar por mais. Já se torna comum  nestas férias sermos sempre dos últimos ou mesmo os últimos a sair do restaurante. Desta vez os funcionários só se foram embora quando nós saímos, mas que grandes melgas que nós nos tornamos.


De imediato  pusemo-nos a caminho para o Monte da Guia onde eu fiz um longo percurso por carreiros e calhaus até à ponta onde admirei a caldeira do Inferno, mais parece que a terra ali ausenta-se e só o mar permanece. Por minha vontade ficava ali sentado por longo tempo admirar aquele lugar frenético,
De regresso à cidade fomos saber como podemos fazer para amanhã ir até à ilha do Pico, isto por causa do tempo e se será possível irmos de manhã e regressarmos ao final do dia. Tudo ficou confirmado, desde o levarmos o carro que alugamos nesta ilha como a nossa ida e volta.
Disseram-nos que o tempo não ia sofrer grandes alterações que ficássemos descansados pois não íamos ficar desiludidos.

No seguimento fomos até ao centro da cidade para conhecer bem este local tão afamado e por nós até aqui desconhecido. Ficamos surpreendidos com a calçada portuguesa, são objecto de bom gosto e imaginação. No entanto a noite já aí está, as luzes do Natal são bem visíveis e torna o momento ainda mais merecedor de se admirar. Quando passava-mos defronte da padaria Popular ainda fomos comer uns pastéis de nata para matar saudades. Ao fim de tantas voltas lá fomos para o nosso meritoso descanso. Amanhã vamos ter de nos levantar bem cedo para não perder o primeiro barco que vai partir às 6h00, ainda de noite.

Dia 8 Dezembro
 

Acordamos às  5h00 da manhã, ainda estava de noite, não se ouvia viva-alma, será que apenas nós estamos a levantar-nos a esta hora!

O percurso até ao cais de embarque é relativamente curto, cerca de 4 quilómetros, ainda deu para comermos alguma coisa para não fazer-mos  a travessia em jejum. Seguimos para a porta de embarque, apenas dois carros já lá estavam e algumas pessoas que iriam embarcar a pé, rapidamente soubemos que o estado do mar nos era favorável e que não haveria problema de cancelamento da passagem para a ilha do Pico. 
O barco tinha acabado de partir, estávamos a contemplar o firmamento quando nos  deparamos com uma nuvem estranha, que com o nascer do sol ficou com um tom avermelhado e com um desenho doutro mundo, Fantásticas fotografias poderiam ser tiradas se soubéssemos manobrar a máquina fotográfica nestas situações de pouca luz, confrontando-nos com uma pequena neblina que permanece, mas mesmo assim, conseguimos algumas fotos, não com  a qualidade que desejávamos. No entanto a embarcação vai-se afastando da costa da ilha do Faial a grande velocidade para a do Pico, mais uns minutos e já estávamos a desembarcar e iniciamos logo a visita à ilha. Não nos podemos esquecer que vamos ficar nesta ilha só umas 8 horas que não serão o suficiente para conhecer como tanto queríamos, mas não há tempo para mais, vamos  aproveitar todos os minutos e vermos o máximo possível. Começamos por visitar as vinha do Pico, não são mais do que património mundial da “Paisagem da cultura da vinha da Ilha do Pico”. Assim que chegamos foi com grande espanto que olhamos a imensidão desta aérea incompreendida, por nós mas que soubemos que os muros foram construídos para protecção dos milhares de pequenos e contíguos lotes rectangulares , designados currais ou curraletas da ressalga proveniente da água do mar e do vento marítimo, mas deixando entrar o sol necessário à maturação das uvas.


Fizemos um enorme percurso, existindo passagens que com imensa dificuldade o carro passou, paramos por diversas vezes para apreciar todo aquele embrenhado de muros e caminhos que não sabíamos onde iam dar, era mais um percurso feito à sorte, destino nem pensar, mas a algum lado vamos ter. A certa altura do percurso vimos ao longe um moinho e pensamos mas como vamos conseguir lá chegar, mas depois de  darmos tantas curvas e fazer tantos desvios no final conseguimos acercar. Tinha umas escadas ingremes mas com cuidado lá subimos e daí deparámo-nos com uma vista soberba sobre este emaranhado de ruelas e muros a perder de vista. Tiramos imensas fotos pois a paisagem a isso se proporcionava  e nós queríamos que ficassem  registadas todas estas paisagens para o álbum das nossas recordações.
Seguimos a nossa visita e fomos parar junto à costa, ficamos a observar a força do mar nesta zona, ondulação forte e ondas com alguns metros, torna-se harmonioso ver a ondulação desta forma, mas cuidado não nos aventurámos a chegar perto das rochas, por vezes elas galgam de tal forma que todo o cuidado é pouco. Sabemos que à nossa esquerda, bem lá no alto encontra-se a mais alta montanha de Portugal com os seus 2351 metros, no entanto nem vê-la por causa da névoa que a encobre, Já são  11 horas, parámos para avaliar a força do mar que galga o molhe de um pequeno porto de pesca, onde as ondas são de tal ordem que o murete que faz de abrigo, por vezes deixa-se de ver, passam por cima dele com toda a facilidade. No fim duma estrada secundária deparámo-nos com mais um moinho, tão típico que foi restaurado e colocado à visita dos transeuntes que aqui vêm parar.


Ao fim de algumas horas já nos encontramos do final da ilha, juntos ao farol da ponta da ilha, não mais, fizemos metade do nosso percurso e temos de almoçar que já se faz tarde, descobrimos aqui bem perto um restaurante da associação de armadores de pesca artesanal do Pico que nos deliciou com um serviço agradável e boa comida, recomendamos, fica é um pouco fora de mão, isto  quando nos encontremos lá no continente. Como somos pessoas que gostam de saborear uma boa refeição e que a qualidade impere, o tempo ficou escasso, teremos de regressar pelo outro lado da ilha com mais um pouco de velocidade para não perdemos o barco. Mais algumas paragens foram feitas e nalguns casos tivemos de chegar nalguns tramos aos 150km/hora. Quando chegamos à Madalena ainda tivemos uns 20 minutos para darmos mais uma volta, procurar postais ilustrados mas não encontramos pois as lojas estavam todas fechadas, aproveitamos e fomos tirar umas fotos a uma estátua do meu comparsa, apenas pelo aproximar do nome que achei imensa graça, Gilberto Mariano, eu não mais do que Gilberto Martinho. Este homem não era mais do


que um transportador que com a habitual simpatia que o carectizava fazia o transporte de cartas, remessas de dinheiro para os bancos, dos famosos cabazes do Pico e de encomendas da vila da Madalena para a cidade da Horta, tendo como principal destinatários os estudantes "picarotos" do liceu da Horta. No regresso à Madalena, trazia mais cartas, remédios e toda uma série de recados que lhes eram pedidos. O que lhe era entregue tinha a garantia de chegar ao seu destino, grande figura esta.
Chegou a hora do regresso e lá vamos nós dentro da embarcação que tem o nome desta ilustre figura, chegamos à Horta com mais uma missão cumprida. Ainda tivemos tempos para dar mais uma volta pela marina desta cidade, onde fomos apreciar as inúmeras mensagens e pinturas que os navegadores de todos os cantos do mundo, dos nosso tempos vão deixando neste porto, é lindo de se ver.
Quando regressamos à nossa casa era já noite dentro, como os dias são longos e curtos quando nos encontramos de férias, muitas das vezes nem damos pelo tempo a passar. 

Dia 9 Dezembro

Esta é uma data histórica para nós, precisamente há 44 anos, estas duas aves penadas se conheceram, dois putos que desbravaram parte desta vida que hoje juntos temos desfrutado com o nosso suor.
A meio da manhã vamos embarcar no avião que nos vai levar para uma nova ilha a Terceira que tem uma área de 400km2, vamos ter  de aproveitar o tempo que ainda temos, para começar paramos numa arriba a observar  o mar que estava com uma forte ondulação. Nesse local o mar já conseguiu escavar nas rochas um longo túnel que se estende por vários metros terra dentro, qualquer dia uma derrocada pode provocar grandes estragos ou até vítimas. Mas não vamos pensar nisso, pois foi uma paisagem bem bonita com a companhia de um sol radioso.  Foi bem agradável mas tivemos de nos por ao caminho estava a chegar a hora de entregar a viatura alugada e apanhar o passaroco para a próxima ilha.
A viagem foi  rápida  e quando desembarcarmos fomos alugar um novo carro para nos  deslocar-mos facilmente nesta ilha. Carro nas mãos e lá vamos nós  em direcção a Angra do Heroísmo para almoçar na Adega Lusitana, local que tivemos informação que fazem pratos deliciosos. Começamos por comer uma sopa do cozido com funcho terminando com um prato de carne, ou seja alcatra regional, outra maravilha, também gostamos do ambiente e decoração do espaço, Ficamos entusiasmados e pensamos em voltarmos lá outra vez, veremos se ainda vamos ter tempo.
Logo que terminámos o nosso almoço fomos fazer mais uma caminhada esta para o centro da cidade, caminhamos rua abaixo onde nos deparamos com festejos de Natal e montras imensamente decoradas não estivéssemos nós nesta quadra festiva. Desbravamos ruas, praças, jardins e até o porto, onde vimos alguns barcos de recreio. Fomos um povo marinheiro e de marinheiros já nada temos. Uma terra como a nossa é frustrante o barco ser apenas objecto de muitas poucas pessoas, tantos povos da actualidade gostavam de ter um jardim à beira mar plantado como o nosso e sermos tão pouquinhos a ele dedicados. Fomos um povo de descobridores, marinheiros e fortes guerreiros, somos agora um povo mesquinho, estropiado e maltrapilho.
Nesta altura o sol aperta,  a temperatura está maravilhosa e nós  sentamo-nos numa esplanada para nos deliciarmos com umas cervejas e uns pasteis de bacalhau, isto na praça principal onde há festa rija, música não nos faltou, esta tocada por uma banda muito afinada. Ali estivemos bastante tempo a ouvi-la e apreciar a movimentação de toda aquela gente que para ali se deslocou. Ininterruptamente  seguimos para outros locais para ficarmos a conhecer melhor a linda cidade de Angra do Heroísmo, com tudo isto começou a escurecer e decidimo-nos a ir até à terriola onde nos encontrámos hospedados que fica a poucos quilómetros.
Já noite a fome veio ter connosco, decididamente atravessamos o terreiro que nos separa de um café, restaurante que fica logo em frente onde comemos uns maravilhosos queijinhos que ali são fabricados, não faltando a tão desejada cerveja bem fresca para acalmar os sequiosos esfomeados. Quando terminámos esta árdua tarefa seguimos para a nossa  humilde casinha para nos sentarmos  a ver um pouco de televisão e finalizar este dia da melhor forma.  

Dia 10 Dezembro


Depois de uns dias fabulosos que temos passado, eis mais um que não se vai ficar atrás. Logo que saímos  da nossa tão humilde casinha, mas muito linda, situada num local agrícola, rodeada de imensas cortes onde são guardadas as felizes vacas açorianas, deparamo-nos com prados verdejantes repletos de vacas pastando logo pela manhã que nos observam pacientemente e indiferentes da nossa paragem ou presença tão perto. Fizemos mais alguns quilómetros, chegamos a um local de veraneio que nesta altura do ano estava deserto, só nós, aproveitamos para andar nalguns brinquedos infantis e nessa altura a nossa infância reapareceu do nada, tal era o nosso espírito de crianças, bem felizes ficamos com toda a paródia partilhada. O que deve ser este espaço num dia de verão!  Ele está repleto de lugares onde as famílias podem cozinhar e fazer uns grandes piqueniques. Estávamos já noutro percurso quando passamos por uma zona onde pudemos observar grandes quantidades de lava que séculos atrás foram provenientes de grandes erupções causando estragos medonhos. Apenas existem algumas árvores que conseguiram florescer entre o emaranhado de rochas existentes.


Existem diversos miradouros e nós lá vamos parando em todos eles e vamo-nos apercebendo que as paisagens são sempre diferem umas das outras, desta vez chegamos ao miradouro do Raminho construído em 1950 e que passados alguns anos foi completamente destruído pelo cismo de 1980. Como alguns habitantes são teimosos, este foi reconstruído em 1994, nesta altura esta povoação tem somente 580 habitantes, vale a perseverança. Nalguns locais podemos encontrar  fontanários, alguns são verdadeiras relíquias, valem pela sua beleza e sabermos que noutros tempos foram importantíssimos para as gentes destas terras. Não falo nas igrejas, apenas para dizer que são umas centenas. Há assim tantos devotos!

Já foi chão que deu uvas.


Lá estamos novamente junto à costa para apreciar este mar fantástico a sua cor encanta-nos, são tantas as vezes que nos faz recordar as cores de outro mar, este o das Caraíbas que nós tanto gostamos a diferença é apenas da sua temperatura de resto tem tudo. A certa altura cruzamo-nos com um homem que seguia em cima do seu burrico, fez-me lembrar um moleiro, profissão já extinta há alguns anos, mas que nós ainda recordamos, lá tiramos mais umas fotos que nos vão ajudar a recordar ainda mais este momento e a nossa presença nestas terras insulares. Perto da hora do almoço estávamos a circundar a base das Lages, bem conhecida por todos nós por causa da presença americana que a utilizou durante anos a partir da segunda guerra mundial, estando os Açores como importante lugar, permitindo o rápido acesso à Europa, África e Médio Oriente, contribuindo no contexto do confronto este-oeste, protagonizado pela URSS e USA, durante a chamada guerra fria.


Conseguimos lugar para almoçar na casa de pasto Bela Vista, pois quando chegamos encontrava-se completamente cheia, esperamos um pouco e logo fomos atendidos por um dos filhos do dono que era um pouco tonto nas conversas e atitudes que fazia, mas gostamos da sua presença que ainda nos fez rir e indicou-nos o que poderíamos comer. Ficamos satisfeitos com os preços, qualidade e quantidade. Este restaurante tem um belo ambiente familiar que recomenda-mos para quem vier até à Praia da Vitória, fica um pouco fora do aglomerado urbano, mas é fácil lá chegar. Aqui fica a morada e telefone - Vale Farto nº30 Ilha Terceira, 9760-581 Praia da Vitória, telefone 295513424.
Refeição concluída já tardiamente, ainda deu tempo para passearmos por esta cidade açoriana, onde as ruas são bem típicas e abundam também muitas igrejas, depois ainda fomos pisar a areia negra da praia.
Regressamos a Angra para mais umas voltinhas pela cidade e apreciar as decorações natalícias, bem como os desfiles de carros alegóricos e figurantes que mais nos faz parecer o carnaval.
Por fim, já exaustos de tanto andar e porque a noite já se apoderou do dia lá vamos regressar à tão ilustre casinha onde nos encontramos hospedados.

Dia 11 Dezembro

Um dos locais programado  para hoje seria visitar o Algar do Carvão, mas a nossa ida foi infrutífera, batemos com o nariz na porta porque hoje encontra-se fechado como tantos outros lugares neste nosso Portugal que é pioneiro neste tipo de situações, ainda mais quando se encontram funcionários públicos a desempenhar tais funções, em palavras de português “uma grande merda”. Opção foi uma pequena tirada até às furnas do enxofre, estava uma manhã muito nublada com aparência de que vinha aí uma enorme chuvada, desta forma demos uma volta um pouco acelerada, ainda vimos algumas fumarolas que se encontravam rodeadas de uma fértil vegetação, ouve locais que a lama era muita e não havia vivalma neste local, apenas estas duas almas perdidas nos confins do mundo. Nós somos assim mesmo, não há escória que nos atormente e andamos com toda a nossa vontade, é assim que conhecemos meio-mundo. Terminada esta visita seguimos para a próxima paragem que foi o reservatório de água de Santa Bárbara obra que se iniciou em 1878 e finalizou passados 8 anos. Havia nessa altura falta de água nesta freguesia e noutras que se regozijaram com a conclusão

desta obra com a capacidade para 2800m3 que custou a módica quantia de 160 mil réis. Logo chegamos ao cimo da serra de Santa Bárbara, estava uma ventaneira que quando saí do carro quase era projectado  para o ar. Existia uma névoa desmedida que impedia de se  avistar o horizonte, resolvemos descer e fazer mais outro percurso pela orla marítima. Mar agitado com ondulações de se ter respeito que nos fez abrir o apetite, também já são  horas para almoçar a solução foi parar no restaurante Quebra Mar em Canada dos Arrifes, onde fizemos contas com uns gostosos pratos à base de peixe e marisco, mais outra delícia desta ilha, finalizada tão digna refeição fomos até Angra para caminhar ao longo desta cidade onde fomos descobrir outras maravilhas entre eles o forte de S. Sebastião onde está situada uma pousada, Noutros tempos este forte foi palco de vitórias retumbantes contra piratas e corsários que por aqui passaram e levaram sempre que contar o quanto levaram nos cornos destes portugueses insulares mas fortes como touros. Numa das ruas desta cidade fomos encontrar um edifício muito bem restaurado onde se encontra a fanfarra operária “Gago Coutinho e Sacadura Cabral”.

Grandes giros fizemos hoje, ficamos a conhecer muito de Angra e desta encantadora ilha, quando a noite chegou estávamos exaustos e pouco mais andamos pois ainda tínhamos de percorrer alguns quilómetros para chegarmos às Cinco Ribeiras,  localidade onde nos encontramos alojados. Estivemos a ver o  horizonte vermelho projectado pelo sol que tinha já desaparecido há algum tempo, mas ainda havia resquícios do dia que se tinha passado. Como o nosso almoço havia sido mais banquete do que outra coisa, só já muita noite resolvemos ir comer um queijinho cá da ilha na queijaria que fica a dois passos de nós. Assim foi mais um final deslumbrante que se passou.


Dia 12 Dezembro

A nossa primeira paragem foi em Angra quando deparamos com uma monumental estátua onde  estão representados três valentes cornudos encimados no seu tão digno pedestal, são eles touros de raça que gostam imenso de dar umas quantas cornadas nos valentes que lhes se põem á sua frente. São famosas as célebres largadas de touros nesta cidade onde por vezes há feridos ou até mortes, tal é a violência destes animais. Não tenho qualquer pena dos fulanos que são premiados com tão digníssimas cornadas, aqui eu fico do lado deles, os touros. Há imensos vídeos onde podemos ver estas célebres largadas de touros. Prosseguimos o nosso trajecto pelo sul da ilha, o mais perto da costa onde vamos olhando para a magnifica paisagem que nos rodeia, no percurso fomos encontrar o local onde em 1581 se desenrolou a batalha da Salga que deu origem a mais uma sova que os espanhóis levaram que contar, ainda não foi desta que estes castelhanos se aperceberam que cada vez que se metessem com os Lusitanos ficavam mal na fotografia. Mais uma nota deste episódio – as mulheres foram fundamentais no desenrolar do conflito, deram provas da sua valentia. Depois de andarmos alguma horas pela orla marítima embicamos mais uma vez para o centro da ilha onde percorremos uma zona mais montanhosa com paisagens deslumbrantes sempre cheias de uma vegetação verdejante que fazem destas ilhas um paraíso.


Já perto da hora do almoço estivemos a ver no nosso roteiro dos bons restaurante onde poderíamos comer com qualidade. Prontamente encontramos o restaurante “Caneta”, nada tem a ver com um restaurante que tem o nome parecido que existe em Lisboa chamado “Canelas” que é uma autentica cocheira onde os clientes foram enganados ao longo de muitos anos com a falta de higiene e alimentos de péssima qualidade onde as baratas abundavam e não só. Depois de um programa de televisão este restaurante foi totalmente modificado, mas de nada valeu pois estava entranhado no dono que aquela forma limpa de se laborar não era compatível com a sua maneira nojenta de trabalhar e estar na vida. Passadas alguma semanas veio-se a saber da porcaria que já se encontrava e fechou durante alguns meses. Neste momento acho que já abriu.

Agora falando de coisas boas tudo o que almoçámos estava delicioso e bebemos um tinto, vinho produzido nesta ilha, muito agradável. Finalmente vamos visitar o Algar do Carvão que fica a poucos quilómetros. Começamos a nossa visita e logo que entramos soubemos que este algar não é mais do que um antigo vulcão em que nós podemos descer pelo seu interior por uma enorme escadaria que nos leva até às profundezas deste cone vulcânico. Na parte mais baixa encontramos uma lagoa que é alimentada pelas águas que caem pela boca do algar ou que escorrem pelas suas paredes rochosas. Nunca tínhamos estado num local destes, adoramos esta passagem que ajudou a engradecer os nossos conhecimentos. Finalizada tão demorada visita calmamente dirigimo-nos para Canada do Pilar, mas já perto estivemos a ver o por do sol junto a uma ravina perto do mar em que o horizonte mudava de cor alaranjada com o andamento do sol. Boas fotos tiramos da beleza do nosso astro que dá-nos vida. Por fim chegamos mais uma vez ao nosso local para o merecido descanso. 

Dia 13 Dezembro



Último dia das nossas mini férias nestas maravilhosas ilhas dos Açores, deixei para o final para falar um pouco da sua história. Este é um arquipélago transcontinental suportado pela placa Europeia e Americana, sendo a ponta dos Capelinhos na ilha do Faial o ponto mais ocidental da Europa. Sobre o  descobrimento deste arquipélago é uma questão controversa na história dos descobrimentos, pois existem várias teorias de que elas foram descobertas pelos portugueses anos antes quando regressavam de uma expedição ás ilhas Canárias entre 1340 e 1345 no reinado do D. Afonso IV. Há ainda relatos de que foram marinheiros do Infante d. Henrique que as descobriram. A história diz apenas que o descobridor foi Gonçalo Velho Cabral. Anos mais tarde foram descobertas as ilhas do Corvo e das Flores, nessa altura consideradas um novo arquipélago o qual lhes deram o nome de “Ilhas Floreiras”.
Só mais tarde os portugueses começaram a povoar estas ilhas por volta de 1432, com povos oriundos do Algarve, Alentejo, Estremadura e Minho, quem me diz a mim que antepassados meus não foram para estas ilhas. Acham que ainda vou a tempo de saber o paradeiro destes meus parentes. Estas ilhas foram muito cobiçadas tanto que existem 161 infraestruturas militares entre castelos e fortalezas para defesa de tantos intrusos. Fomos, agora já não somos um país de bravos, somos é mais mansos.

Portugal trouxe para  estas ilhas alguns Flamengos para povoarem estas ilhas, sendo que ainda existe no concelho da Horta uma freguesia de nome Flamengos. Há moinhos e explorações agrárias que são modelos deste povo. Para que os colonos pudessem cultivar as terras foi necessário desbastar densos arvoredos que proporcionaram matéria prima para exportação, entre eles o cedro que serviu para a construção naval e esculturas. A criação de gado e plantação do trigo foram as actividades predominantes. Cultivou-se uma  planta de nome “pastel” que servia para tingir, esta era originária da Ásia. No  final do ano de 1700, iniciou-se uma das mais expressivas actividades económicas, não mais do que a caça ao cachalote. Factor dos nossos dias é zona económica exclusiva (ZEE) que abrange 994  000 km2 que são a maior área  da união europeia.
Sem dúvida contei em poucas palavras um pouco de história deste local tão aprazível que iremos recordar ao longo das nossas vidas com imensa saudade e com a promessa que um dia havemos de voltar,
 
 
 
 
 
 
 


O Misterioso Iraque - 2025

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