domingo, 4 de novembro de 2018

Alto-Minho - 2018


       
         ALTO-MINHO
  

L I M A, V E Z,
       S I S T E L O,     

C A S T R O   l A B O R E I R O,
       M E L G A Ç O,
                   C E R V E I R A
    


31-Outubro


Aí estamos nós preparados para mais uma fuga pelo nosso Portugal, desta vez iremos mais direccionados para as áreas de Arcos de Valdevez e Castro Laboreiro, onde iremos descobrir mais um pouco da nossa terra,  no entanto aproveitaremos este percurso para revisitar outros locais que se vão esvanecendo da nossa memória.
Partimos por volta das 18h00, quando fomos deixar a minha mãe a Alcântara  detivemos com um monstruoso engarrafamento por causa de mais um acidente nos acessos à ponte Salazar o que é normal e as pessoas já se encontram formatadas para estas situações tão vulgares, para mim um pesadelo que me faz perder a paciência. É por esta e outras situações que fazem que eu diga mal da forma que se vive na nossa capital, pois sucede que modifica o trânsito em muitas artérias da cidade, dificultando o dia a dia do cidadão tão comum e infortunado por causa de uns artolas ou dois que provocam o acidente por casmurrice e ou falta de atenção. Aconteceu que andei a fugir a parte do engarrafamento por Monsanto, fazendo mais uma dúzia de quilómetros minimizando a minha fúria. Então já partimos de Alcântara muito tarde e andamos mais uma vez a fugir por Lisboa em ruas totalmente repletas de carros por causa desta ponte que já deveria ter a seu lado uma outra ou o apoio de um túnel, mas nisso de túneis, Portugal está na rectaguarda desta Europa, é que nem a começar estamos, longe, longe.
Já eram 20h00 quando entramos na auto estrada em Sacavém, fomos circulando lentamente mas sempre andar até perto do Carregado, foi aí que o trânsito começou a desenvencilhar-se e os quilómetros foram-se consumindo. Começamos a pensar que iríamos comer o nosso leitão, delicioso na tão famosa Casa Vidal em Almas da Areosa. A Sofia telefonou a marcar e que podíamos chegar um pouco tarde, como já tem acontecido, mas desta vez a resposta do outro lado da linha foi negativa. Hoje estamos encerrados para o jantar, Mais outro azar para hoje, agora que já estávamos a fazer as nossas contas, eis que saíram erradas, tivemos de optar por uma segunda escolha, mas leitão não, porque só ali é que é delicioso. A opção foi irmos até ao Leiria Shopping e comermos umas sandochas e bebermos umas cervejas, foi a opção possível. Terminada tão ilustre refeição foi percorrer os últimos quilómetros e abeirarmos à Mealhada onde seria o local eleito para passarmos a nossa primeira noite nos Três Pinheiros, local onde se pode descansar sossegadamente. Rapidamente chegamos e fomo-nos deitar a ver um qualquer programa de televisão para acabarmos por adormecer e mais uma vez com o som que nos embalou. Nada melhor do que adormecer com um programa do “faz de conta”.


1-Novembro


Parece que o dia de hoje vai estar fabuloso, uma temperatura agradável e um sol radioso, bom começo do dia. Fomos tomar o pequeno almoço onde estivemos a falar com o funcionário que é uma fulano castiço, apresentando-se com uma enorme cabeleira com um penteado à antiga, não mais dos anos 60/70, conversas que desvendam a sua vida e nos fazem acreditar que este homem está um pouco a viver do passado, sendo ele um Portista de gema. Foi agradável o que conversamos.
Começamos então a percorrer o resto do trajecto que nos leva até Ponte da Barca onde poderemos almoçar, dependendo das horas a que cheguemos. Todo o percurso está a ser feito apenas em estradas nacionais, abdicamos totalmente de andarmos em auto estradas, sem dúvida valoriza a viagem, vamos circulando calmamente e apreciamos a paisagem e as lindas vilas por onde passamos, até em Braga passamos por ruas onde nunca pensaríamos passar, situação também resultante do trajecto colocado no gps, em que coloquei, trajecto mais curto e evitando auto estradas. Admirável percurso que fizemos até Ponte da Barca onde chegamos perto das 12h30, hora excelente para encontrar um restaurante que nos enchesse as medidas para deglutir um gostoso almoço. Estivemos a ver quais as opções desta terra e logo, ali a 100 metros estávamos a entrar no restaurante “O Moinho”, local simpático onde gostamos de estar. Sendo um sítio familiar onde se juntaram neste dia os clientes do costume, velhotes e os senhores consagrados, tais como o conde de Almostarda, marquês de bronze, ganha dez e gasta onze e a madame pedrincalho e nó na fralda, famílias nobres, só podia ser. Ao longo do nosso farto almoço, apreciamos toda esta movimentação que já não faz parte destes anos de 2000.
De seguida ainda demos mais umas voltas para ficarmos a conhecer um pouco mais desta terra encantadora.
Após pouco tempo de viagem, porque a distância é muito curta abordamos Arcos de Valdevez, volta por aqui e volta por ali, resolvemos estacionar o carro e mais umas voltas fomos dar a pé por esta vila, também um encanto desta linda província minhota. Andamos a ver onde começa o tão badalado passadiço, mas não conseguimos descobrir onde se inicia. Soubemos que aqui bem perto existe um castelo a que dão o nome de Paço de Giela, dali a pouco já nos encontrávamos a subir a ladeira para desbravar tão ilustre local. A nossa visita teve de imediato inicio, subimos a escadaria que nos levou ao cimo da muralha de onde tivemos uma visão das terras que rodeiam tão elegante ermo, este local encontra-se de momento bem decorado por se ter na noite passada comemorado o dia das bruxas, para nós portugueses o dia de todos os santos, não mais do que o dia dos mortos. Agora como estamos muito internacionalizados ou americanizados
o “dia das bruxas”. Este paço que eu lhe chamo de castelo foi construído no reinado de D. Dinis e em 1398, juntamente com a Terra de Valdevez foi doado a Fernão Anes de Lima, pai do lº visconde de Vila Nova de Cerveira, ou seja eu sou o 118º visconde de Cerveira e Arrabaldes, como podem saber ainda sou da estripe daquela gente tão manhosa. Podemos ainda ver um filme que retrata o recontro de Valdevez, acontecimento de 1141 que opôs Afonso Henriques a seu primo Afonso VII de Leão e Castela, episódio de estrema importância para a história de Portugal. Com tudo isto já estava a escurecer quando terminamos esta visita e regressamos à vila para depois irmos descansar na casa dos penedos em Fonte Arcada. Mais um dia maravilhoso nesta fuga ao Alto Minho.

2-Novembro 

O despertar num ambiente de província é coisa que não acontece todos os dias, silêncio, neblina da manhã,  passarinhos a cantar e o cheiro de lenha queimada, ficamos logo com as baterias super carregadas para o dia que aí vem.
Depois de um pequeno almoço numa pastelaria da terra encaminhamo-nos para o tal passadiço que intitulam de Passadiço do Sistelo com todo o esplendor do Tibete Português que está a causar furor entre os adeptos de caminhadas e praticantes de ciclismo btt. Uma parte deste passadiço chamado de Sistelo inserido na ecovia do Vez que passa pela aldeia que lhe dá o nome,  Sistelo, graça aos seus socalcos  construídos para aproveitar o solo arável e com condições para sustentar o gado  bovino da região. Esta aldeia faz parte da reserva mundial da biosfera e candidata a património mundial da Unesco.

Já nos encontramos no início de um dos percursos, este que começa em Arcos, partimos com a convicção de que vamos fazer alguns quilómetros mas não muitos, pois a distância que nos separa da consagrada aldeia é enorme e ainda para mais que não estamos neste momento preparados para tal caminhada, mas partimos calmamente, passados poucos metros paramos para tirar diversas fotografias do lago artificial que ladeia este local, há uma quantidade relevante de neblina que faz enriquecer a paisagem dando um reflexo na água espectacular. Pouco havíamos andando e deparamo-nos com uma placa a informar que a ponte de Vilela está a 9,2km, vamos ver até onde iremos. Fomos então caminhando lentamente apreciando toda a paisagem que nos rodeia, é fantástica, sendo o arvoredo junto às margens do rio de uma beleza única, seguimos rio acima contentes por hoje aqui estarmos. A determinada altura deparamo-nos com um sinal de trânsito inédito “proibição do trânsito para motos, cavaleiros e moto4” , na verdade ele não existe, mas é o aproveitamento do sinal de proibição para lhes inserirem as três imagens. A maior parte das árvores são salgueiros,
amieiros e choupos que se encontram ao longo da caminhada e férteis pela quantidade de água e humidade que os rodeia, logo ali ao lado cruzamo-nos com uma vaca da raça pisca que pastava na erva viçosa. Já longe cruzamos a Ribeira de Parada, vimos um local para descanso dos veraneantes caso se encontrem cansados ou que tragam a merenda, há uma mesa e bancos para se sentarem. Já andamos uns bons quilómetros a Sofia já tirou lá atrás o casaco e já se queixa que os pés lhes estão a doer, quer dizer que já está cansada, eu apenas lhe disse vamos então só até à ponte de Vilela e voltamos para o ponto de partida. Na ponte de Vilela paramos e tiramos umas fotos, andamos um pouco mais e vimos uma vaca que estava a olhar para nós e para nosso espanto investe na nossa direcção, estamos safos porque tem à sua frente uma vedação mas a cornuda mesmo assim marra num dos postes e tivemos de nos afastar por causa da fúria desta vaca.
Vontade não lhe faltava para nos dar umas valentes marradas. Resolvemos retroceder e irmos para o carro que se encontrava muito distante. A certa altura combinamos que eu ia indo à frente com passo mais largo e apanhava a Sofia num local combinado, ela já não tinha força para caminhar mais com os pés doridos. Terminamos inesperadamente esta caminhada, motivo, inexperiência derivado a pouco andarmos no nosso dia a dia, mas fica combinado que vamos voltar com outra disposição para irmos mais longe, veremos.
Agora que já estamos no Sistelo, vamos é tratar de almoçar num local que nos seja agradável e onde possamos comer bem um dos pratos de tão maravilhosa terra. Entramos na Tasquinha da Ti ‘Mélia, nome do restaurante famoso e nos deliciamos com um naco de uma suculenta carne, uma categoria o vinho foi-nos recomendado por uns sujeitos que se encontravam na mesa ao nosso lado, pessoal cá da terra, bebemos um vinhão, tipo de vinho verde da região, sem dúvida excelente. Gostamos de tudo, do lugar do atendimento, entradas,  carne e sobremesa, fantástico. Agora com a barriguinha cheia temos de nos por ao caminho para desmoer os excessos que acarretamos, foi então dar uma pequena volta pela aldeia e pôr-nos a caminho para subir a serrania em direcção de Porta Cova, trajecto lindo onde a paisagem é deslumbrante a aldeia é um presépio, com algumas casas e espigueiros/caniços ainda bem conservados e os regos de água das nascentes a correrem por serra baixo, seria excelente passarmos uma semana neste local tão remoto juntamente com seus habitantes, muitas coisas iriamos aprender, é uma ideia mas não impossível de a por em prática, haja vontade e tempo. Todas as voltas que queríamos dar deste lado da serra concluídas, vamos descer e aportamos até à outra vertente para subirmos para
Estrica, mais outra aldeia perdida na serra que temos de visitar, vai-nos dar mais um sem número de imagens da natureza e a mão do homem em diversos períodos na sua existência. Encontramos este espaço sem ver vivalma, parecia que toda a gente tinha fugido, apenas alguns carros parados na rua e a roupa a secar nas cordas dão a entender que vive aqui alguém, é que nem um gato ou cão conseguimos ver ou ouvir. Até as videiras carregadas de  cachos de uvas se encontram por apanhar, nesta altura já não servem para nada. Mais um local que recomendamos a visitar.
Venham conhecer Portugal.
Vamos s agora até Melgaço, já conhecida por nós, mas estamos próximo e mais uma volta não nos faz mal. Quando chegámos já era noite, foi dar uma pequena volta que até deu para a Sofia comprar um cobertor muito quentinho.
Depois desta volta mais uns quilómetros e chegamos a Castro Laboreiro para dormimos e descansar da fadiga do dia de hoje.
Que haja muitos ao longo da nossa vida como este, tão saboroso.




























3-Novembro

Hoje mais uma vez amanhecemos num ambiente de província, escusado será dizer que estamos satisfeitíssimos, tanto que o programa para hoje já está definido há muito, é só colocarmo-nos a caminho e lá vamos nós à descoberta de coisas diferentes e foi mesmo assim. Quando saímos do hotel dirigimo-nos para um local que já conhecemos muito bem, mas não se perde nada se lá voltarmos. É que há uma ponte antiga ao sair desta vila por onde passa um ribeiro, possivelmente pode ser um rio mas neste local para nós é apenas mais um ribeiro. Subi uma pequena ladeira e de lá tirei as tão desejadas fotos, poderão ser em duplicado, mas dá gosto tirar mais umas em anos diferentes. Mais umas voltas e resolvemos ir até uma delegação de turismo que veio a dar-nos mais informações do que hoje poderíamos fazer por estes lados. Foi frutífera esta nossa ida, pois adquirimos dados que nos vão fazer dar mais umas voltas por locais desconhecidos e de certeza encantadores.
À saída da vila parámos e comecei a andar encosta acima para ir visitar o castelo. A Sofia optou por ficar no carro, não se deu ao trabalho de dar às pernocas, fazia-lhe bem andar, mas hoje está calinas, não trouxe o seu equipamento de caminhada e ficou de volta do telemóvel a jogar os seus joguinhos.Eu que sou um pouco cabrinha, mais cabrito, não bode, já não, bode velho cá vou desgovernado a subir e a saltar de pedra em pedra, cortando por vezes caminho, mas o castelo ainda nem velo. Sei que fica nesta direcção, mais nada, não há placas nem tão pouco o trilho de passagem. O certo é que mais alguns metros acima quando parei para tirar umas fotos vi lá ao longe entre os penedos parte de uma muralha, olhei novamente e pensei, é pá está muito longe, como o meu intuito é ir até lá a distância não vai ser problema, é andar e ver que a distância vai encurtando. Depois de muito andar encontrei um pequeno carreiro para mais adiante aparecerem umas escadas, mais outro carreiro e ao fim de 15 minutos já tinha ultrapassado a primeira ameia deste fabuloso castelo, fiquei espantado com o tempo que levei, porque foi sempre a subir, ainda parei uns instantes para olhar o horizonte e descansar um pouco.
Dentro das muralhas fui olhando e apreciando a obra que ali foi feita há umas centenas de anos. Gosto imenso de visitar castelos e ainda mais estes onde praticamente ninguém vai. Adorei aqui chegar, percorrendo caminhos tão solitários, vou recordar a minha passagem por aqui. Visita efectuada, ainda estive a telefonar para a Sofia que pedi pra se colocar no meio da estrada para me ver acenar cá do alto, muito longe do local onde ela se encontra, foi engraçada a nossa forma de comunicar. Agora foi só descer por vezes a correr e passado poucos minutos já estava no ponto de partida. Ah, até tive tempo para me enganar no caminho, para repor a direcção andei por cima de pedregulhos enormes que me dificultaram o trajecto.
De novo juntos lá partimos para conhecer umas pontes romanas espalhadas pela montanha, são lindas, algumas ainda com a calçada feita com lajes enormes, por vezes com marcas das carroças de outras épocas que as foram desgastando. O cantar do ribeiro, o sol estupendo e o silêncio, pois só nós é que por ali estamos, é espantoso. O nosso trajecto tem sido feito por caminhos que hoje são estradas camarárias que nos tem levado a locais encantadores, até chegamos a um sítio onde se encontram as fronteiras dos dois países, ali apenas umas placas a dizer “Comunidade de Galicia”, “Provincia de Orense”, “Concelho de Entrimo”, umas casinhas do nosso lado e mais nada, serranias e um vale extenso.
Outras das voltas, esta a pé em que fomos os dois fazer um percurso que pensamos ser curto mas na realidade foi longo onde nos detivemos com um aqueduto no meio da serra chamado de Aqueduto de Pontes, construído na década de 40 do século passado pelo padre Manuel Joaquim Rodrigues, mais umas centenas de metros fizemos pela montanha e matagais até descobrirmos outra ponte, grandes voltas as nossas, sozinhos no meio do nada e sem receios, apenas nós mais ninguém, pensamos nós, na volta observados por alguém sem sabermos. Voltamos então para trás para o carro que se encontrava bem longe. Mal tinha-mos partido e já havia outra ponte romana que ficava do outro lado da estrada e como não podia ser de outra maneira, claro, fomos visitar, não somente a ponte mas uns moinhos em mau estado de conservação que eram movidos a água encontravam-se  ali, as suas mós no exterior e alguns cobertos pela vegetação que já os invadiu. O certo é que passamos horas por estas bandas, mais tempo por aqui ficávamos mas não podemos, temos outros locais para conhecer é com tristeza que deixarmos tão belos lugares.
Já estamos no final do dia, pensamos visitar o palácio da Brejoeira, ainda muito distante donde nos encontramos,  vamos andar depressa porque ainda vamos ter tempo. Assim foi, chegamos a horas, mas pouco tempo faltava para encerrar, vai entrar a última visita de hoje. Já várias vezes tinha-mos passado aqui, mas nunca o tinha-mos visitado, foi hoje onde fizemos uma volta por esta obra grandiosa feita
nos confins das grandes cidades, gostei de aqui estar, pois recordo os anos 60 quando aqui estive com minha mãe, minha avó Celeste e os meus irmãos, João e Zé, recordo com muita saudade aqueles que já partiram, era eu uma criança com os meus 7 anos. Talvez nessa altura não me viesse à ideia de que um dia, passado tantos anos aqui voltasse, agora velho e saudosista.
No final da visita fomos para Reboreda, terra onde nasci e agora vou apenas lá dormir, é assim a vida. Já não temos lá família nem nada, apenas ver e recordar os tempos em que fui muito, feliz.

4-Novembro 

Poderei vir ou passar nesta terra que tenho sempre de dar umas voltinhas, saudades são saudades, para mais ter aqui nascido e ter um amor muito grande por esta terra, quando morrer não me importava nada que aqui me enterrassem que fosse num valado ou na corte da vaca era aqui que o resto do cangalho deveria ficar. O gostar tanto da minha terra tem muito que se lhe diga. Eu gostava das pessoas de quando era miúdo, da família, dos colegas, da gente que passava na rua, das árvores de fruto, eram tantas e de frutos diferentes, da altura em que semeavam os cereais, do momento que ia com a minha avó à noite regar os campos, quando mais tarde ia com minha mãe ou com a minha avó ao meio do milho buscar nabiças para o jantar e quando eram feitas as mondas, eu adorava, também era maravilhoso o ver cegar o milho, centeio ou aveia, já não era tão lindo o apanhar das batatas. E quando chegavam as festas, eu quase não dormia na véspera sabendo que no dia seguinte ia apanhar as canas
do foguetes, lindo ver o estoiro das bombas, a música tocada no coreto os altifalantes que tocavam discos de música de folclore ou dum artista mais em voga na altura, “Tirana minha tirana” “consola a nova consola a velha”, lá estava toda a rapaziada de volta da carrinha ou camioneta que transportava a sanfona. O que eu gostava dos pirolitos, achava que podia tirar o berlinde e ficar com ele, também comia umas roscas que a minha mãe ou avó me comprava. Nunca me esquecerei que por volta do ano de 1960 estava eu com outro amigo no terreiro de Santo Amaro e encontrei uma nota de 20 escudos, apanhei-a e fiquei muito calado, coloquei-a no bolso e lá vou eu a correr até casa para a dar à minha mãe. Sei que 20 escudos naquele tempo era bastante dinheiro. Tantas coisas que recordo com imensa facilidade, tais como gostar de ir com outras crianças para o monte em
Gandarela onde eles levavam as ovelhas ou vacas para pastarem, quantas vezes falamos que um dia iriamos subir o monte até à senhora da encarnação, isso nunca aconteceu, mas quantas vezes aqui venho e me lembro disso, penso que um dia ainda farei esse trajecto que me diz se isso acontecer será o meu último ano de vida. E quando ia para a escola, eu adorava andar na escola, tinha prazer, sabia, era o melhor na classe, estou a falar de quando andava na 3ª classe, nessa altura já tinha 9 anos, chovesse, houvesse frio, não era problema para mim, eu tinha de ir para a escola. Ficava muito triste quando alguém morria, mas que tristeza e quando era pessoa que eu conhecesse e se fosse uma criança!
É desta forma que gosto e gostarei desta terra linda e amorosa onde nasci.
Hoje eu e a minha cara metade que também adora aqui vir, ela também já foi muito feliz aqui demos umas voltinhas, voltamos a passar por locais tão conhecidos por nós, tais como a casa onde vivia a tia Laura, também a casa onde eu nasci e mais outros. Ainda percorremos uns bons quilómetros a reconhecer velhos caminhos a seguir fomos até à vila visitarmos o castelo de Cerveira. Foi desta vez que entramos e o percorremos na totalidade, nunca havíamos feito tal visita, reparamos o estado de abandono em que se encontra a antiga pousada, uma vergonha, é por estas coisas que se pode ver a situação lastimosa em que se encontra uma grande parte deste país. Fomos ainda até ao outro lado comprar uns litros de gasóleo pois é mais barato 20 cêntimos por litro, qualquer coisita como 40$00. Pelo caminho fomos tirando umas fotos a umas árvores, porque achamos muito graça às suas folhagens, têm cores lindas por causa da época do ano em que estão já a secar. Também subimos até ao veado para olhar o leito deste rio tão lindo o Minho, perde-se de vista depois da foz em Caminha. Demos um fugida até ao convento de S. Paio pertencente ao escultor José Rodrigues que gastou todo o seu dinheiro na sua recuperação. Caso queiramos visitar é necessário marcação.
Desta forma concluímos as nossas voltas e vamos encetar o nosso regresso a casa, fizemos ainda uma paragem em Vila Praia de Ancora, onde fomos até à marginal ver a forte ondulação que estava no mar. Estava um forte temporal com muita chuva o que fez que o nosso regresso se iniciasse um pouco mais cedo, passamos ainda por Viana do Castelo mas não paramos seguimos até ao Porto por estradas nacionais, algumas nunca tínhamos passado, foi lindo este percurso, com todas estas voltas, mais tarde cruzávamos a ponte da Arrábida. A partir daí viemos sempre por auto estrada, onde já tarde chegamos a casa com vontade de partimos para outra etapa.

 







O Misterioso Iraque - 2025

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