domingo, 1 de novembro de 2020
sexta-feira, 10 de abril de 2020
domingo, 9 de fevereiro de 2020
Cruzeiro no início da pandemia - 2020
CRUZEIRO NO INÍCIO DA
PANDEMIA
Como idealizámos fazer este cruzeiro. Durante as nossas férias em Agosto eu falei aos restantes membros da nossa congregação de “viagens futuras” que gostava de fazer um cruzeiro nos próximos tempos. Eu e Sofia já tínhamos andado a pesquisar o cruzeiro que iríamos fazer, porém num jantar que se realizou na outra banda, perto da casa onde mora o Cláudio, fomos todos comer leitão num restaurante ali perto. Nessa noite mais pessoas estavam presentes e numa das conversas veio à baila a hipótese de irmos todos para um cruzeiro nos próximos meses. Não é por acaso que num almoço ou jantar destes que se têm programado grandes viagens. Tantas coisas ali já ficaram definidas, tais como o Carlos e a Júlia disserem logo que estavam nessa, pois tanto a Sofia como eu já era ponto assente. O Cláudio e Cândida, disseram que não podiam ir pois não tinham onde deixar os filhos e que não queriam implorar favores a ninguém. Mais amigos e conhecidos estavam presentes mas todos optaram por não ir. Tudo combinado nesta altura.
Passadas umas semanas a 13 de Outubro em mais uma das nossas voltas, desta vez pela serra da Estrela e beira baixa o Cláudio abordou-me a perguntar se haveria ainda lugares no cruzeiro onde nós já tínhamos adquirido bilhetes, estávamos nós nessa altura do Vale do Rossim em plena serra da Estrela. Afirmei que quase de certeza ainda haveria vagas. Ficou combinado que na segunda-feira eu falaria com a Ana Pombal para fazer mais duas marcações. Porém foi-me pedido para não dizer nada à Cândida, O certo é que consegui tais marcações e o sigilo foi de tal ordem que o Carlos e Júlia nunca souberam que havia mais dois possíveis intrusos, bem-vindos na nossa comitiva. A Cândia, essa nem podia imaginar o que estava planeado.
Passados quase dois meses a menina Cândida fez anos no dia 26 de Novembro e o Cláudio entregou-lhe um envelope com o bilhete da MSC para o cruzeiro a realizar-se nos Emiratos Árabes Unidos, Qatar e Bahrein, não mais do que uma prenda de anos. No entanto a notícia correu o mundo, Carlos e Júlia estavam a viajar num cruzeiro pelas costas Brasileiras, foram apanhados com a notícia narrada. Ambos ficaram surpreendidos e sentidos ao saberem do sucedido.
Como podemos ver como certas coisas acontecem e que guardar segredos podem por vezes serem parte integrante da felicidade de muitos.
31 JANEIRO
- Todos ansiosos que este dia chegasse no entanto um pouco apreensivos com o que se esta a passar nalguns recantos do mundo. O aparecer de um flagelo vindo da China que já contagiou uns milhares de chineses e o alastrar por alguns países. Esta epidemia tem o nome de “Corona Vírus”. Os primeiros casos suspeitos foram notificados a 31 de Dezembro de 2019, com os primeiros sintomas aparecendo algumas semanas antes, em 1 de Dezembro. O primeiro diagnóstico específico para detectar a infecção, a presença de Covid 19 foi então confirmada em 41 pessoas na cidade chinesa de Huhan. Estes casos são de pessoas que trabalhavam num mercado de produtos de mar. A primeira morte ocorreu a 9 de Janeiro de 2020 e o governo chinês informou que o novo coronavírus pode ser transmitido entre seres humanos. Nessa altura vários profissionais de saúde foram contaminados e a OMS alertou que era possível um surto mais amplo. Houve também preocupações de se espalhar mais durante a alta temporada de viagens na China por volta do Ano Novo Chinês. Já a 20 de Janeiro registou-se um aumento acentuado nos casos com 140 novos pacientes e noutras cidades como Pequim com duas e Shenzhen com uma. A 23 de Janeiro Wuhan, Huanggang e Ezhou foram colocadas em quarentena. A 24 de Janeiro confirmado na Europa o 1º caso, mais precisamente em França. Neste início muito se fala da origem deste mal, tal como mutação dos morcegos ou pelo pamgolim, o certo é que o coronavírus causa várias infecções respiratórias nos seres humanos, ou seja é tudo o que se sabe até este momento de partimos para o tão desejado cruzeiro.
Combinamos estar duas horas antes da partida no aeroporto a nossa saída está marcada para as 20h45 no voo EK194 da Emirates, tratando-se de uma 6ª feira o trânsito costuma ser caótico no trajecto que iniciámos pela IC19, com alguma chuva fomos indo até casa do Carlos onde combinamos o nosso primeiro encontro para de seguida irmos ter com o Cláudio que já estava no aeroporto. Malas e pessoal descarregado, lá fui procurar estacionamento no bairro dos Olivais Sul, acontece que esta zona está ciscada de paquímetros, foi já fora dos locais habituais que consegui arranjar um lugar que não despertou grande segurança, vamos ver quando o vier buscar aqui a 7 Fevereiro. Agora outro problema, está a chover um pouco, tenho chapéu-de-chuva, mas não o poderei levar porque levá-lo para o avião seria outro problema, vou-me por a caminho, correndo um pouco e a ainda tenho pela frente praticamente 2 quilómetros. Quando cheguei ao aeroporto estava bastante molhado, tirei o blusão e fui secando pelo trajecto que fomos fazendo. Feito o check-in na Emirates e despacho das malas, lá fomos indo calmamente para a porta de embarque.
Como de costume levamos umas revistas para nos ajudar a passar o tempo, ouvimos música e fomos vendo uns filmes que já se viram monótonos e pouca paciência, tanto que andar de avião já se torna cansativo para todos. Foi-nos servido um jantar que já não é o mesmo do costume, esta companhia já está também a menosprezar a qualidade das refeições. Cerca das 24 horas, alguns de nós já dormitavam.
1 FEVEREIRO - Continuidade da viagem pela noite dentro nesta aeronave super cheia, em silêncio, apenas o barulho dos motores associado com a entrada de ar. A maioria dos passageiros vão vendo filmes, outros dormindo, no nosso caso nesta altura estamos todos com as pestanas bem abertas à espera de terminarmos a viagem, ainda nos serviram uma espécie de pequeno almoço, passado cerca de uma hora estávamos a desembarcar no Dubai. Este desembarque estava muito bem planeado pela companhia de cruzeiros MSC pois havia indicadores espalhados por todo o aeroporto a indicar o trajecto a seguir não bastando também funcionários da mesma empresa a dar todas as indicações e notícias, algum tempo depois já seguíamos em autocarros para o porto onde nos esperava o tão ambicioso cruzeiro “Bellissima”, navio recente que tinha entrado ao serviço poucos meses antes. Chegados ao porto fizemos o check-in em pouco tempo, são uns milhares de passageiros que irão embarcar, mas a organização é plena, tanto que há mais duas embarcações neste local que hoje também irão zarpar. Tiramos as nossas primeiras fotos como pano de fundo o navio e entramos nele. Primeiro impacto, quererem-nos vender planos de bebidas, é um factor de lucro que é aproveitado por todos os cruzeiros, oferecem garantias de um bom negócio, mas não nos conseguiram vender qualquer pacote, temos mais opções.
Como o nosso problema da altura era fome, subimos até ao deck aonde está instalado o restaurante para nos ambientar-mos com a movimentação desse local e imediatamente nos sentamos e fomos então deliciarmo-nos com tudo o que pusemos no tabuleiro. Foi desta forma a nossa entrada derronpante, comer beber. Acto consumado, demos início às voltas de reconhecimento, conhecemos vários locais onde nos próximos dias iremos passar momentos radiantes de seguida até a uma varanda bem lá no alto a olharmos para a cidade do Dubai, apenas vimos prédios enormes, dezenas de guindastes onde irão concluir-se mais e mais edifícios. Alguns são conhecidos mundialmente como o Burj Khalifa, Princess Tower e outros, é espectacular o panorama que temos e os milhões de dólares que fizeram jorrar do petróleo desta zona do globo, que aqui foram bem empregues e originaram as riquezas dum país que contrasta com a miséria e violação de direitos humanos, sendo muitas vezes obrigados a trabalhar sob temperaturas que podem superar os 50° são eles trabalhadores vindos da Índia, Bangladesh, Paquistão, Yemen, Etiópia, Síria e outros que vêm para aqui mal pagos e mal alojados. Noutros tempos aqui só havia areia, tapetes, tâmaras e camelos.
Já a noite se aproximava, demos início a mais uma volta pelo navio à procura de mais criatividades pois vamos precisar de as saber para nos divertimos ao longo dos próximos dias, apercebemo-nos da grandiosidade desta cidade flutuante e sem dúvida temos imensas coisas para nos recreámos.
A hora do jantar aproxima-se e o Carlos e a Júlia resolveram vestir-se de árabes, para nós são mais dois Tuaregues que abandonaram as cáfilas de camelos no deserto carregados de tapetes e com bugigangas bérberes. Saíram-se bem pois olhavam para eles como se fossem um casal de emires cá da terra. Tudo faz parte da nossa diversão em grupo.
Entretanto fomos jantar onde ficamos bem localizados ou seja a meio do salão para que possamos admirar e ver toda a movimentação ao nosso redor. Também compramos um pacote para 5 dias de um vinho extraordinário, mas apenas eu, Sofia e Cláudio o saboreamos a restante malta tiveram outras opções. Finalizado tão nobre acto que é comer uma refeição extramundana, fomos até ao anfiteatro assistir a um espectáculo musical que todos louvamos, Tivemos momentos de enorme atracção pela parte teatral, desempenho artístico, guarda roupa e as lindas mulheres, bem seleccionadas, quem teve toda esta canseira!
Já tarde, mais umas voltas para olharmos ao longe a iluminação desta linda cidade, apanhar um pouco de ar junto às piscinas para de seguida seguirmos para os nossos decks para o repouso merecido, porque as diferenças horários fez que estivéssemos sem dormir umas valentes horas.
2
FEVEREIRO - Por volta da meia-noite o barco fez-se ao mar para navegar até Abu Dhabi, nem uma nem duas apitadelas como é vulgar quando abandonam um porto, ou seja, como uma despedida e até à próxima chegada no entanto poucas milhas nos separam do destino, é o mesmo país mas com grandes autonomias. Também quando chegamos ao destino não demos por conta, nada de barulhos ou trepidações. Primeira correria foi logo para o pequeno almoço, são cerca de 2500 pessoas que se querem despachar para darem início ao giro deste dia, para nós será visitarmos a cidade pra conhecermos alguns locais, porque com o tempo que iremos ter não podemos ir a todos os lados que gostaríamos. Sabemos que no barco existiam vários circuitos, um deles de jipe pelas areias do deserto que circundam esta cidade, outro de barco por umas ilhas. A nossa opção foi a mais económica, alugamos uma viatura com condutor que nos levasse a todos. Assim iniciamos as nossas visitas começando pelo Louvre de Abu Dhabi inaugurado em 2017, depois de diversos atrasos. Para segunda paragem só poderia ser o autódromo de Yas Marin, voltas fizemos para termos uma panorâmica do circuito, ainda pensamos em alugar umas viaturas para darmos umas voltas pelo circuito, mas neste dia os alugueres encontravam-se fechados, porque aqui ao domingo ninguém trabalha, pelo menos neste sítio. O valor que nos pediam não era caro, soubemos que a velocidade estava travada, mas era um divertimento que não esqueceríamos. Seguimos para Ferrari World para vermos a grandiosidade destas instalações, aqui tudo é caro até a entrada somente 87,18USD, demos umas voltas pelo átrio, mais umas fotos que não nos custaram nada, um pouco de conversa e satisfeitos por aqui virmos. Partimos para visitarmos a mesquita do Sheik Zayed, primo direito do Carlos Neves e do padrasto da Menina Jula o Mohamed, líder religioso de tão nobre beata alentejana. Foi aqui que as três madres – Cândida, Júlia e Sofia tiveram de vestir um abito, lindo de se ver e ainda mais com uma cor tão linda, rosa descolorado. Esta vestimenta é para elas não mostrarem as pernas e os braços e andarem com a cabeça tapada, no entanto a madame Sofia andava com meia mama amostra. Nós fomos avisados que não poderíamos dar as mãos às madames ou tocar-lhe, crime, mulher é outra coisa, normas que nada têm a ver connosco, não poderemos esquecer que ainda estamos no século XXI, muito atrasados mesmo. Esta mesquita é considerada a oitava maior do mundo, pode albergar cerca de 50 mil fiéis na hora de oração, vê-se a riqueza na sua decoração, as qualidades e cores dos mármores. Aqui está o maior tapete persa fabricado manualmente com 5627m2, pesa cerca de 50 toneladas, sendo 35 toneladas de lã vindas na Nova Zelândia e Irão, há lustres gigantescos fabricados na Alemanha com milhões de cristais Swaroski há aqui uma enorme fortuna destes Emires. Mereceu a pena esta visita, seguidamente avançamos para uma vila, Heritage Village, não mais do que um lugarejo que nos faz lembrar a vida do antigamente destes povos, há artesões que mostram como se trabalha o vidro, outros de volta de um tear tecendo tecidos, mas a realidade é um sítio para atrair o turista para adquirir artigos, alguns originários de outros países, nomeadamente da China. Aqui a Sofia achou garça e comprou um vestido tipicamente árabe, já tem vestido para um dia poder visitar a Arábia Saudita. A meio da tarde fomos ver o exterior do Palácio presidencial, só mesmo ver, pois o amigo do Carlos tinha ido visitar umas das suas 150 mulheres, ausentes dos Emiratos possivelmente serão mais, mas como o Carlos é que sabe, ok. Para finalizarmos esta volta, fizemos mais uns quilómetros pela cidade onde vimos prédios muito altos e grandes avenidas onde circulam carros de baixa cilindrada, razão do petróleo estar muito caro por estas bandas. Agora de regresso ao nosso hotel flutuante, conseguimos ver uns Ferrari, Maserati, Bugatti, Aston Martin e Lamborghini, já no final um simples Rolls-Royce. Agora, já no cruzeiro, fomos dar umas voltas mais até chegar a hora do jantar para de seguida assistirmos a mais um belíssimo espectáculo.
3
FEVEREIRO - Começo de mais um dia que vai ser calminho paranós, no sentido de que estamos habituados a ser viajantes de rotas loucas e num frenesim de andarmos por locais inóspitos em que a aventura está no topo, vai ser tudo isso que vai estar em falta nesta viagem. Como em todos os cruzeiros os percursos de ligação são feitos durante a noite, ao amanhecer já estamos junto à ilha de Sir Bani Yas, não mais do que um local onde é preservada a vida selvagem de espécies em vias de extinção na Arábia, tais como gazelas, lamas, emas, girafas e avestruzes. Sendo esta ilha um local agreste, também foram plantadas milhares de árvores. Igualmente foi colocada nesta ilha a primeira turbina eólica da região. Como não existe um porto nesta ilha o barco ancorou a cerca de 1 milha para depois os passageiros interessados em passar o dia num ambiente diferente optarem por serem transbordados em salva vidas. Foi um processo moroso e lento apesar de cada um levar umas dezenas de passageiros, só ao fim de duas horas é que veio a nossa vez. Embarcamos e aí vamos nós no bote carregado e conduzido por um marinheiro inexperiente, porque quando fez a acostagem foi depois de várias tentativas e no desembarque a mesma aselhice, desencadeou-se uma série de manobras para acostar a uma espécie de cais improvisado. Sabíamos que a ida a esta ilha tinha como primeiro propósito as pessoas deslocarem-se para mais uns quilómetros adiante e de deparem-se com uma parte da bicharada. Nós não tivemos interesse, tanto que estamos habituados a irmos para África e vermos todos esses nossos amigos num habitat natural e não forçado como aqui. A nossa opção é passear e irmos apanhar um pouco de sol, pena foi que a praia era à base de calhaus e areia proveniente de corais. Uma novidade – num local limitado tínhamos net gratuita, aproveitamos logo para saber novidades da nossa terra. Quando chegou a hora do almoço o local também improvisado com refeições muito à base de hambúrgueres, salsichas e saladas. Nesta altura do dia estava muito vento mas o sol ajudava a contrabalançar esse incómodo, conseguimos encontrar uma mesa para almoçar, com sol mas muito ventoso se não estivéssemos com atenção voava tudo (pratos, copos, guardanapos, etc.). A seguir fomos até à praia apanhar sol para nos bronzear um pouco. Conseguimos desta forma descansar e falarmos, íamos vendo ao longe a enorme embarcação que nos vai recolher mais logo. Finalmente começaram as primeiras pessoas a regressar ao barco, novamente transportadas pelo salva vidas. Juntou-se uma enorme fila pois parecia que queriam ir todos naquele momento, eu e a minha cara-metade resolvemos ser dos últimos, foi isso mesmo que ocorreu, estivemos a ver as últimas movimentações dos funcionários a levantarem toda a logística, mesas, cadeiras, fogões, chapéus-de-sol e tantas outras coisas, como era o último barco a partir o nosso bote ia carregado dessa tralha e apenas poucas pessoas como nós seguiam juntamente. Agora já no barco, fomos até à nossa cabine para desinfecção geral e de seguida fomos procurar onde se encontrava o resto da comandita. Quando chegou a hora do jantar, fizemos romaria até à nossa mesa do costume para mais uma regalada refeição em animada cavaqueira, somos mesmo um grupo animado que se presa por momentos como este. Como de costume não perdemos o momento de lazer a vermos mais um espectáculo brilhante de dançarinos e harmoniosas músicas de outros tempos, uma maravilha para finalizar uma noite plena e um dia perfeito.
4 FEVEREIRO - Será este um dia para encher chouriços, como se diz na voz vulgar do povo, quando não existe nada para fazer nesse dia e não haja nada programado para fazer e tem que se inventar. É o caso de hoje, bem sabemos que faz parte do programa “at sea”, mas porquê estamos tão perto da costa e tão perto do porto de destino porque vamos então ficar no meio do mar, golfo Pérsico. Em cruzeiros anteriores já nos aconteceu isso, estar um dia ou cinco, seis ou mais dias em alto mar para se fazer a ligação entre portos, aqui não faz qualquer sentido. Resolvemos levantar-nos um pouco mais tarde, mas sem abusar porque férias não é ficar na cama mas usufruir das regalias que estão ao nosso dispor sem gastar um tusto a mais. Está um lindo dia de sol, corre uma pequena
brisa e ao olharmos para o exterior nada vemos, apesar de sabermos que estamos tão perto da costa, do lado de cá os Emiratos Árabes Unidos, Qatar e Bahrain, do outro lado um país que adoramos o Irão. Reparamos no gps do telemóvel que nos encontramos mais perto do Irão, sabemos que por perto estão barcos de guerra Americanos, ainda, ontem vimos sobrevoar a ilha onde estivemos aviões F-16, existe aqui um palco de guerra e nós na boca do lobo como se nada se passasse. Fomos todos deitar-nos numas espreguiçadeiras ao longo de um convés já bem concorrido. Como estamos numa de engorda de tempos a tempos lá íamos ao restaurante comer alguma coisa para depois nos
virmos espreguiçar. Foi assim que passamos a manhã, pela tarde fomos fazer arborismo, um desporto de lazer que nos leva à prática de diversas passagens a uma altura de cerca de 3 metros, pode parecer fácil, mas por vezes não é o que parece e lá temos de inventar uma forma de ultrapassar os obstáculos. Tornou-se divertido e seguro, mesmo assim tivemos de preencher um termo de responsabilidade, acho que ninguém morre ou se aleija por tal experiência. Termina tão árdua tarefa e repletos de força, resolvemos ir para os escorregas por tubos aquáticos. O processo é efectuado em cima de bóias que circulam por curvas e mais curvas num percurso interno sem que tenhamos contacto
com o exterior, só no fim quando entramos numa recta e somos projectados para uma zona em que a velocidade é parada com o contacto com maior quantidade de água. Assim foi a nossa primeira passagem, porque resolvemos ir para um outro percurso mais rápido e difícil, dizem eles, pois não tivemos esse ideia, apenas mais rápido e numa altura da passagem por um local conseguimos ver o exterior que passa já fora do barco, apenas no final conseguimos ver que a passagem é a uma altura de umas dezenas de metros, nada de excêntrico. Conseguimos divertir-nos, para mim foi a primeira vez que tive esta experiência bem alegrada. Tantas voltas demos pelo barco, calculamos que já estivemos em todos os lados, até fomos todos jogar Bowling, conseguimos resultados extraordinários, somos todos uns verdadeiros craques atirar os pinos abaixo, foi assim que passamos a nossa tarde. No final do dia conseguimos ver uma embarcação de pesca típica desta área a navegar perto de nós.Hoje é dia de festa, para nós todos os dias são dias de festa. Acontece que este barco está repleto de amarelinhos, para nós são coreanos, chineses ou japoneses, todos vestidos a rigor, as madames todas ornamentadas para a sessão de fotos que se seguiram. Como somos uns cuscos dirigimo-nos para um local onde os serviços da MSC nos ofereceram flutes com champanhe e onde mais tarde estávamos rodeados dos ditos amarelinhos, também entramos na festa, apenas como controladores, mais nada, tiramos fotos a essas madames e apreciamos toda a sua movimentação, uma festa. Festa até às tantas para depois vir o recatado jantar e por fim um programa de música variada, acompanhada por bailarinas e bailéus.
5 FEVEREIRO - Esta monstruosidade de barco acostou sem que nós nos apercebêssemos. Quando íamos para o deck do pequeno almoço é que
vimos que tínhamos chegado e que havia um lindo dia de sol pela frente. Depois dos trâmites de saída do barco, foi mais uma vez encontrar táxi para todos com um bom preço e que nos passeasse pelos sítios eleitos, foi fácil encontramos um motorista, imigrante da Ásia que queria vir para a Europa. Um dos primeiros lugares que visitamos tinha que ser uma mesquita, pois alguns dos elementos da nossa comitiva já se converteram, nomeadamente a
madame Júlia e o mister Carlos Neves. Assim aconteceu, oramos e falamos na Al Fateh Grand Mosque, onde uma irmã, eu chamo-lhe este nome, esteve a dar-nos informações religiosas sobre o Islão. Foi muito simpática, tinha uma cara engraçada e gostamos da sua palestra, conseguiu recrutar mais três, digo duas donzelas, Cândida e Sofia para as suas fileiras, a Júlia há muitos anos que já pertence à confraria, vão ter agora de cumprir serviço militar. Visita concluída, ainda estivemos à espera das
donzelas, demoraram tanto tempo a retirarem os muslim abayas que já havíamos pensado que tinham ficado cá de vez. Seguimos para o museu nacional Bahrain onde há tantos artefactos para vermos que nos perdemos, aqui o grupo dividiu-se inesperadamente, apenas já no final é que nos reencontramos. Nós vimos um local onde existem manuscritos antigos mencionados no Alcorão, textos e documentação de astronomia e outros documentos históricos. Há uma área onde estão representadas as formas de vida que existiram e trabalhavam os povos antigos, tudo reproduzido por figuras humanas e objectos em tamanho proporcional, até as galinhas, cães, gatos e pássaros estavam nas mesmas proporções. Também existem um sem número de fósseis e uns restos mortais de um humano com milhares de anos.
Não poderíamos deixar de visitarmos o forte de Bahrain, também denominado como forte português de Bahrain. Este forte foi ocupado em 1559 pelos portugueses, mais tarde em 1561, sofreu grandes alterações e ampliações, ali ficaram alguns anos até que em 1602 foram expulsos, passados todos estes séculos os portugueses voltaram, comandados por três contra almirantes e três contra almiranteadas que ficaram contentes do que foi feito pelos nossos antepassados, uns grandes valentes.
Fomos de seguida até à zona comercial, enraizada nas ruas estreitas da parte antiga da cidade para fazermos as nossas compras, neste caso ofereci à Sofia um perfume cá da terra "Saheel" onde ela adorou o seu aroma, tão bom é que o comparou logo com outras grandes marcas francesas bem conhecidas. Desta forma o passeio do dia foi passado com evidente sucesso para que fizéssemos o regresso mais uma vez à cidade flutuante, deixando-nos saudades e quem sabe se um dia aqui regressaremos.
6 FEVEREIRO - Chegados de madrugada sem qualquer ruído ou vibração, aqui estamos atracados num dos paredões de mais um porto artificial, construído a partir de grandes areais. Assim vamos sair para visitar a capital deste pequeno país de nome Qatar, tendo como capital Doha. Em tempos este era um dos países pobretanas desta zona, mas com a descoberta do petróleo tornou-se rico. Este povo vivia do cultivo de pérolas e das pescas. Sei que para as mulheres este é um país onde a valorizam pelo seu papel de criar filhos onde por vezes têm 5 filhos ou mais, algumas conseguem ter uma equipa de futebol com alguns suplentes. Os homens conseguem ter 4 casamentos simultaneamente, mas que grandes machos, serão assim as mulheres tão estimadas na nossa mente?
No entanto tem grande vaidade na sua vestimenta, usando as suas abayas, cobrindo as cabeças com o Hijab, no entanto quando saem desta zona gostam de se vestir como as outras mulheres e vão até às praias em bikini para molharem a periquita, tantas as vezes que quando passam por mim e olho para os seus olhos e pergunto a mim mesmo – coisa linda e bem-feita deve estar debaixo daquelas vestes, não tenho qualquer dúvida. Lindas estas mulheres qataris.
Já preparados para sair do cruzeiro, já munidos de um cartão que substitui o passaporte por estas bandas no caso de sermos abordados pelas autoridades. Imediatamente apanhamos um transfer da companhia MSC que nos retira da zona portuária e nos colocou uns quilómetros mais à frente onde conseguimos negociar com um taxista um valor razoável para nos levar até aos locais já por nós elegidos.
Conseguimos um preço coerente e partimos para o museu de arte Islâmica, seguidamente fomos até ao Souq Waqif um mercado tradicional situado na zona antiga onde os comerciantes vendem de tudo e por vezes produzem outros bens em que podemos assistir na sua labuta. Aqui se cruzam duas civilizações bem distintas a nossa e a deles, contrastes que nos fazem reparar tantos nos homens ou mulheres que se vestem com todo o rigor, eles com mais cagança, dão-nos a pensar que têm todo o orgulho de assim se apresentarem, roupa impecavelmente passada a ferro, sem uma ruga e assim se passeiam entre a multidão que os olham.
Vai ser neste país tão pequeno que se vai realizar o campeonato do mundo de futebol no ano de 2022, controverso depois de várias acusações de corrupção, mas foram os Suíços em 2015 que promotores federais deste país abriram uma investigação de corrupção e lavagem de dinheiro. O que aconteceu foi que o dinheiro vale tudo e nada foi comprovado, mas a realidade foi outra.
Encontramos num jardim um grupo numeroso de mulheres qataris com os seus trajes diários munidas de cadeiras e mesas a petiscarem, a sua simpatia foi de tal ordem que ofereceram às nossas mulheres água e doces gulosos, atitude que louvamos, vimos também a frota de automóveis que lhes pertenciam, só grandes marcas, serão estas mulheres pobres, pobres mesmo!
Fizemos um extenso percurso por ruas e avenidas para ficarmos conhecedores do quotidiano desta cidade para seguirmos até a uma praia também para vermos a movimentação, apenas meia dúzia de pessoas por ali estavam a caminhar ou apanhar um pouco de sol, reparamos nos anúncios colocados em placas para que o turista visse bem as normas do comportamento para serem usadas, tais como os calções ou fatos de banho para as senhoras, nada de bikinis. Estamos na zona de Katara, uma vila cultural onde há edifícios modernos misturados com uma arquitectura milenar mas construída nos últimos anos, contraste perfeito. Ficou para o fim do percurso a visita ao museu nacional do Qatar inaugurado no ano passado baseado na rosa do deserto, um cristal que se encontra com alguma frequência quando caminhamos pelos desertos desta zona ou de África. Edifício Megalónimo com uma área de 52km2, onde o betão e a fibra de vidro dominam a sua composição.
Já satisfeitos com tudo o que aqui fizemos regressamos à nossa casa flutuante para o merecido descanso. Já noite estivemos num dos últimos decks a observar como se constrói mais uma ilha à base de areia, centenas de operários de máquinas a martelarem e a porem estacas de sustentação para ampliação da gare marítima, mais outra monstruosidade aqui está a nascer. A cidade à noite vista daqui é belíssima com as luzes a reflectir nos edifícios lá ao longe, admirável.
7 FEVEREIRO - Hoje chegámos à penúltima etapa desta nossa viagem, não passaram dumas curtas férias que nesta altura digamos foram muito boas; mas já se estão acabar, como é possível!
Encontramo-nos no Dubai, outra cidade dos Emiratos Árabes Unidos, conhecida pelos centros comerciais de luxo e seus grandes edifícios, um deles o Burj Khalifa, tem 160 andares habitáveis com uma altura de 828 metros, incluindo a antena, 58 elevadores e um consumo diário de água que se cifra num milhão de litros diários. É também nesta região um dos locais mais quentes do mundo, em contrapartida o inverno é agreste onde a temperatura ronda os 30˚, chamarmos inverno com uma temperatura destas! Para nós inverno é frio, vento, neve e chuva.
Vamos iniciar as nossas voltas por esta cidade, logo de início viajamos num Abra, é um barco de madeira típico que fez a travessia de um canal entre Deira e Bur Dubai, uma zona comercial, Creek onde visitámos vários souks, e vivemos um bocadinho do Dubai autêntico, aqui tivemos a genuína cultura árabe. Neste local existem centenas de lojas onde se pode comprar ouro, especiarias e perfumes, aqui se misturam aromas dos temperos e bálsamos, todos ficamos admirados como se vive neste bairro, tão independente que é dos restantes sítios desta cidade do Dubai ultra moderna. Como temos todas as horas contadas para podermos aqui estar tantas coisas abdicámos de ver, por essa razão fomos apanhar o metro para Dubai Marina Mall, trajecto longo, agradável, pois tratando-se de uma viagem à superfície deu para apreciar a pertinaz construção ao longo do seu itinerário.
Após a chegada deparamo-nos com edifícios modernos de construções megalómanas que estão por todo o lado, em alguns sítios recortados por um braço do mar que por ali entra, foi sem qualquer dúvida a riqueza das jazidas de petróleo que fez florescer este recanto do planeta, quando há poucos anos era areia e miséria.
Caminhamos ao longo do canal apreciando a multiplicidade das construções para de seguida apanharmos uma lancha que nos levou até à palmeira de Jumeirah. Foi um percurso ao longo da costa muito divertido, conseguimos ver do exterior uma parte do complexo, mas de maneira alguma a ideia que tínhamos quando nos mostram fotos aéreas da figura que temos na mente a palmeira gigante, pois não teve o impacto que idealizámos. Regressamos à marina onde o sol já se encontra baixo, o final do dia aproxima-se e o reflexo deste nos edifícios vidrados é fantástico. Começamos a caminhar em direcção ao Burj Khalifa para presenciarmos o espectáculo nocturno. É um corrupio de multidões na mesma direcção, todo o mundo se encaminha para lá, porque todas as noites é promovido um show com luzes, água e música em que junta centenas de pessoas empoleiradas em tudo que é sítio para verem durante alguns minutos um assombroso espectáculo. Tão grandioso quando são projectadas imagens com tonalidades azuis, vermelhas e outras na totalidade deste monstruoso edifício. Também os jactos de água expelidos a grande altitude tornam mais fervorosa esta ocasião. Aqui finalizamos o passeio de hoje, fomos apanhar o metro e regressar pela última vez à nossa casa flutuante que nos tem acolhido nestes dias. Vamos no entanto ter a trabalheira de fazer as malas, porque pelas 4h00 da madrugada temos de começar a sair e seguirmos para o aeroporto.
8 FEVEREIRO - Deitamo-nos tarde e pouco dormimos porque eram cerca das 4h00 já nos encontrávamos num dos átrios do navio à espera para sairmos, não conseguimos entender porque saímos tão cedo quando o avião vai partir às 7h30 e o aeroporto está quase aqui ao lado, por esse motivo rapidamente chegámos e tivemos pela frente uma seca, esperar pela hora do embarque e tentar passar o tempo a dar umas voltas e comprar qualquer coisa.
Chegou entretanto a hora de embarcar no voo EK191 e aí sim começou a nossa viagem de regresso com saudade de não continuarmos mais uns dias por estas bandas. Como sempre o tempo dentro dos aviões custa a passar, temos de inventar qualquer coisa para nos entreter ou falar, assim esmiuçarmos as mentes para alcançarmos a nossa pátria por volta das 13h00. Foram fantásticos estes curtos dias, ficamos à espera da próxima viagem que poderá ser para…
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