A PROCURA
DE
OBELIX
7 Agosto –
Sintra – Mérida (321km)
Há muitos anos que não passávamos as nossas férias na Europa, uma das razões deveu-se ao facto de termos adquirido uma autocaravana e o mundo estar a sofrer com uma pandemia que arrasa toda a população mundial.
Entendemos que ficarmos no nosso continente é um facto hábil de entendimento de todos os intervenientes que vão ingressar nesta viagem. Ficaram em terra dois dos habituais participantes, Catarina (Tana) e Guilherme (Gui), pelo motivo de não estarem vacinados e nos países que vamos visitar, poderem pedir o certificado de vacinação, um documento usado neste momento em quase todo o mundo. Dois meses atrás delineou-se um possível trajecto para a nossa viagem, mais tarde esboçou-se as etapas, percurso e quilometragem diária. Num fim-de-semana prolongado em que fomos todos até ao Algarve, no regresso fomos falando pelos rádios como é nosso costume e numa das conversas, achamos o nome que iríamos dar a esta digressão, tendo o arbítrio por maioria apoiado o nome de “À Procura do Obélix”, tratando-se do maior trajecto ser efectuado em território Francês, optarmos por este herói Galês. Assim chegou a hora da partida, combinamos encontrar-nos pelas 8h00, ponto de encontro na estação de serviço sul da ponte Vasco da Gama. Quando chegámos já lá se encontravam o Carlos e a Júlia, apenas os cumprimentos da praxe e iniciamos a nossa viagem em direcção a Mérida. O dia assemelha-se maravilhoso e perante tal temperatura fizemos num ápice o percurso até Mérida. Nós já estivemos em Mérida, porém os nossos parceiros vão conhece-la finalmente, fizemos a nossa primeira paragem junto à velha ponte romana que atravessa um rio tão conhecido de todos os portugueses, o Guadiana, percorremos algumas dezenas de metros nessa ponte, de seguida decidirmos ir de carro para o outro lado, mas tivemos alguma dificuldade no estacionamento das viaturas a do Carlos não teve grandes problemas pois a altura o favorece, no meu caso esse é um imenso problema, também o comprimento nalgumas condições torna-se problemático, mesmo assim com todas as dificuldades arranjamos lugares em locais distantes um do outro.Bem perto ficamos do teatro romano construído no século I e restante cidade que faz um conjunto arqueológico classificado pela Unesco em 1993. Fizemos um percurso extenso e em determinada altura, alguém chama pelo Carlos era o Cristiano e a Ana que juntamente com a filha passeavam por este local, mais um pouco de conversa, seguidamente mais umas voltas para ficarmos a conhecer melhor a zona histórica da cidade, não fomos visitar o viaduto de Mérida, foi uma pena, até não ficava distante. O nosso cansaço já se fazia sentir, pois o calor que estava era sufocante e sendo o nosso primeiro dia de férias não quisemos mais aventuras, demos por terminado o passeio e fomos pôr-nos ao caminho para encontrar um parque de campismo para pernoitar. Fomos encontrar um bem perto na antiga estrada NV, onde nós já havíamos estado há mais de 30 anos com os nossos filhos nessa altura umas crianças em que o Gonçalo deveria ter uns 3 anos e o Ricardo cerca de 10 anos, eles adoravam ir para parques onde existissem piscinas.8 Agosto – Mérida – Ávila – Segóvia (395km)
Começo da etapa para hoje que irá prolongar-se por cerca de 400 quilómetros por vias que nos irão regozijar com paisagens fantásticas desta nossa vizinha Espanha. Percorrida uma parte do trajecto, deparamo-nos com uma pequena povoação que no seu lado altaneiro se ergue um lindo castelo gaiteiro na base uma pequena ponte secular que lhe dá acesso, aconselho a quem fizer este trajecto na SA-102, estrada secundária faça uma pequena paragem para apreciar esta pitoresca vila.
Alcançámos mais tarde a cidade de Ávila numa manhã de imenso calor e a hora de almoço se avizinhava. Procuramos uma sombra que não encontrávamos, Acabamos por parar debaixo de um alpendre numa zona restrita que é pertença da praça de touros desta cidade. Alguma vez pensei em vir petiscar num local destes, mesmo na entrada para o curro, as únicas bestas presentes somos nós, mesa e cadeiras postas para nos sentarmos e aí estamos nós a comer os nosso petiscos e bebermos as nossas mejecas, bem aprazível este momento. Acto finalizado e entramos no acesso às muralhas, estacionamos as nossas casinhas e lá fomos caminhando por esta linda cidade preservada no tempo ao fim de tantos séculos de existência. Já havíamos estado aqui há muitos anos no entanto os nossos parceiros Carlos e Júlia ainda não haviam aqui chegado, as suas caravelas passavam muitas vezes ao largo, mas com medo dos piratas que por estas terras vagueiam ainda não se tinham aventurado. Agora somos 4 corsários e ninguém se mete com este inimigo. Uma das razões é que foi aqui fundada a Ordem das Carmelitas Descalças a que pertencem as duas Carmelitas que nos acompanham; Sofia e Júlia duas peregrinas dos grandes passeios. E foi um grande passeio que efectuamos por dentro das grandes muralhas acabando a nossa visita no miradouro situado no exterior, não mais que um local atractivo para observar a cidade de uma outra feição. Hoje ainda temos que ir até Segóvia distância curta que não podemos descurar. Mas estamos em alguma corrida, nada disso, amanhã vamos intercalar com outros corsários nos arrabaldes de Bilbao, não nos podemos atrasar. Foi rápida a chegada a mais outra lindíssima cidade que em tempos Romanos era cidade militar e um centro têxtil na época Mourisca. Primeiro local onde fomos, teria de ser o Aqueduto com os seus 28 metros de altura no seu ponto mais alto e com mais de 15 quilómetros de comprimento, alguns subterrâneos. Quase ali ao lado a casa dos bicos, pensam que é só Lisboa que tem uma casa dos bicos, venham aqui a Segóvia e veriam qual das duas é a mais linda e qual a cópia de quem…Não ficamos por aqui, estivemos na Plaza Mayor, igreja de San Esteban, San Millán na de San Martin a catedral e a Juderia, terminando a ver o Alcázar, obra possante na defesa do ilustre da sua época, Daqui avista-se uma vasta área deste território.9 Agosto –
Segóvia – Bilbau (369km)
Hoje foi o dia de nos encontrarmos com os restantes elementos do grupo, nesta altura já eles estão a caminho para se encontrarem connosco daqui a alguns quilómetros. Como estamos sem grandes pressas a alvorada foi um pouco mais tarde, apesar de hoje termos de fazer cerca de 400 quilómetros. Fomos andando até que ficamos a saber a posição em que se encontravam a Cândida e o Cláudio, mas ainda estão muito longe. Até ao momento o nosso percurso tem sido feito com regularidade, passamos por vários locais já nossos conhecidos, fomos falando pelo té-lé-lé com os nossos perseguidores e a certa altura entramos no mesmo percurso que eles irão fazer mais tarde. Passaram-se mais ao menos 2 horas e o nosso percurso tem sido feito em vias de 2ª categoria na direcção de Miranda del Ebro. O último contacto que tivemos com os nossos amigos é que já se encontravam muito perto do sítio onde estávamos e então resolvemos pararmos num recanto da estrada à espera que eles chegassem, eram 15h02, chegaram dois minutos atrasados, vão ser penalizados na classificação da super especial desta manhã. E agora sim o grupo está completo, cumprimentos para cá beijinhos para lá, abraços e sorrisos, mais umas fotos e uma surpresa que traziam na bagagem t-shirts e autocolantes para se comemorar esta nossa viagem retratada como “à procura de Obélix”. Um pouco de conversa e pusemo-nos a caminho para Bilbao, o nosso destino de hoje. Passamos por determinado local chamado “Punto de Orduña”, bem no alto da meseta que nos deixa uma visão enorme desse ponto. Encontramo-nos cá bem no alto e podemos ver pessoas a andar de asa delta a descer a alta montanha a estrada cheia de curvas apertadas com um declive muito acentuado, estivemos parados num miradouro apreciar o encanto a perder de vista deste local. Retomamos a marcha, são mais uma mão cheia de quilómetros e ainda queremos dar umas voltas pela urbe para reconhecimento de determinados locais. Tivemos a nossa entrada triunfal pela zona antiga e seguirmos até à obra de Frank Gehry “the Guggenheim Museum Bilbao que é o ex-líbris da cidade. Mesmo ao lado ergue-se o fantástico estádio do Atlético de Bilbao conhecido por San Mamés. Já sabemos que estacionar autocaravanas em cidades e logo nos locais turísticos é um problema, foi o que nos aconteceu, mais voltas e reviravoltas e optamos por ir para o outro lado da ria de Bilbao, aí tivemos diversos lugares à escolha e a pouca distância, nós precisamos de andar. Fizemos as nossas voltas reparamos que já existem novas atracções imaginárias por aqui, neste caso no exterior do museu. Combinamos que o nosso jantar teria de ser um petisco cá da terra, ideia que partiu do Carlos.Como já era tarde resolvemos ir às nossas viaturas para os friorentos levarem um agasalho e decidimos ir todos num único carro, saiu na rifa o do Carlos, atravessamos toda a cidade até ao local por onde há horas entramos na cidade, transitámos por várias ruas à procura de lugar e perguntamos onde podíamos jantar, pois tínhamos algumas informações mas nada de concreto. O estacionamento teve de ser num parque a céu aberto numas antigas instalações desactivadas que hoje parte delas estão ao serviço dos correios. Fizemos o resto do percurso a pé até ao centro nevrálgico da vida nocturna, são ruas muito estreitas, poluídas pelo tabaco prédios escuros com muitos anos, não faltando a imensidão de gente numa época péssima para o humano por razões do covid que ninguém sabe onde poderá estar e quantas vezes já passou por nós ao longo deste ano e meio.Restaurantes e pubs são aos magotes, mas todos cheios, procuramos um local para comer, na realidade nenhum tem o que nós queremos, entramos no Gautxori, situado na Pilota Kalea, 5 nesta zona nocturna da cidade de Bilbao, inicialmente iriamos degustar um petisco que o Carlos trazia em mente pintxos, mas não, tivemos de optar por outras sugestões menos a que todos queríamos. Ficamos desiludidos com o que comemos, umas doses de barretes. Quando cheguei a casa descobri o nome de um restaurante, o melhor, numa futura viagem podemos deliciar com os tais pintxos no restaurante que se encontra sempre apinhado, qual a razão de estar sempre cheio?
«El Globo, situado na calla Diputación 8 48008 telefone 0034 944154221.
Noite concluída, íamos para um parque de campismo que não conseguimos arranjar, optamos por entrar no auto-estrada e numa estação de serviço pararmos, assim sucedeu e foi num recanto que passamos a noite, local tranquilo e longe do barulho das viaturas que perto de nós circularam toda a noite, ali descansamos que nem uns guerreiros.
10 Agosto – Bilbau – Bordéus (309km)
Como pernoitamos numa estação de serviço aproveitamos e utilizamos as instalações sanitárias, comemos o nosso pequeno-almoço nas caravanas e fizemo-nos á estrada para reiniciámos a nossa viagem, dirigirmos para um itinerário o mais acostado ao golfo da Biscaia, nesta zona existem paisagens únicas, e assim conseguimos fugir às portagens da auto-estrada que são caríssimas e lá vamos nós em direcção a França. Quando terminou este percurso cruzamos algumas vilas que dificultou a média que imaginamos fazer, mais adiante já perto de França então entramos na auto-estradada, para passarmos as localidades que nos iriam fazer perder tempo, no final retomamos a estrada nacional que circunda ao longo do percurso a A63,
via que antigamente não tinha portagens, mas há muito pouco tempo foram colocadas 2 troços com portagens que para viaturas da classe 2 é carote, então optámos novamente pela estrada nacional que por acaso até não perdemos nada pelo contrário, conseguimos ver áreas enormes agrícolas, onde searas e vinhas eram aos magotes, intercaladas por matas onde os pinheiros sobressaiam. As horas foram-se passando e chegou a hora de encontrar local para o descanso merecido, não foi fácil, conseguimos no meio de um dos pinhais o sítio correcto. Foi uma sorte porque percebemos as complexidades que havia entre pai e filha que eram os donos em arranjar local onde se poderiam instalar as três autocaravanas. É muito comum entre os franceses implicarem com as entradas depois das 19h00. Lá se compreenderam e recepção terminada num local ameno em que a vizinhança era agradável. Havia um grupo de campistas que tinham dois cães, espécie, movidos a pilhas, que se avizinharam das nossas madames que os acariciavam, estes não paravam numa correria infernal de um lado para o outro, tinham uns dentes tão finos que feriam as mãos que os amimavam, eram os brinquedos da ocasião.
11 Agosto
–Bordéus – Beynac-et-Cazenac (234km)
Alvorada com o cantar dos passarinhos e um pouco de humidade num ambiente de floresta e campos agrícolas. Um dos locais a visitar será Bordéus, partimos para esta cidade rodeada de vinhas nesta zona da Aquitânia. Como não vamos ter muito tempo para as voltas, temos de arranjar lugares para estacionar as nossas casinhas o mais perto do centro histórico. Não foi fácil mas com um pouco de manhosice e pagar parque com valores irreais lá nos desembaraçámos. Agora uma caminhada até alcançar a baixa da cidade, sendo uma das primeiras paragens na catedral, monumento preservado e grandioso. Mesmo de fronte passa uma linha de metro de superfície que não tem catenárias, sucede que a carga eléctrica está num carril central que imite a voltagem quando parte da composição à sua passagem o acciona sem causar quaisquer perigos. Viemos a circular por ruas enormes que nos fizeram lembrar a nossa baixa com a rua do Ouro, Augusta e Prata e com as transversais da rua do Comércio, Santa Justa e todas as outras, Mas com dimensões muito maiores. Andamos bastante até às margens do rio Garonne para ver as águas barrentas que nele correm e algumas das pontes que o cruzam. Reparei que existe um bilhete de metro para ser usado 48 horas nos transportes públicos custando a módica quantia de €1,70. Nós, portugueses não temos preços equiparados, continuamos a ser esmifrados politicamente. Na praça de la Bourse existe o maior espelho de água do mundo com 3450m2, onde a maioria de nós, ou seja menos eu, foram para dentro dele molhar as patas. A Cândida comprou uns bolos típicos desta terra, conhecidos por cannelé de Bordeaux, cuja receita muito antiga é a seguinte:
Ingredientes para 12 cannelés;
- 50cl
de leite
- 25g
de manteiga
- 2
gemas
- 250g
de açúcar
No entanto as senhoras ficaram radiantes com estes bolinhos mas andam embrenhadas na compra de magnéticos.Regressamos às nossas caravanas em que o tempo de estacionamento estava mais do que ultrapassado a do Carlos está mais do que isso, pois brindou escassamente, migalhices ao município com poucos cêntimos. Saímos pra Beynac-et-Cazenac por estradas secundárias ou camarárias, por vales e rios ou ribeiras e canais, aqui em França tiveram a ideia em tempos remotos de construírem canais de rega e navegação, há muitos sendo o principal o de Midi que em determinada altura o transpusemos pois ele é em parte navegável no rio Garonne por altura de Toulouse. Temos feito uma média de condução baixa, não temos pressa, por fim resolvemos arranjar um local para almoçarmos, foi uma tragédia, não havia nada de jeito onde pararmos, andamos à procura até saímos do troço principal e fomos embrenhar-nos dentro de lugares e nada conseguimos, por fim na berma de estrada mais larga, depois de desacordos onde pararíamos, aí comemos algumas coisas do farnel e lá seguimos o nosso caminho. Já havíamos passado por duas pontes estreitas em que a transpusemos normalmente, mas numa terceira passagem a largura máxima era de 2 metros e para surpresa minha as rodas da minha carrinha roçaram pelas bordas com grande pressão, tive medo de riscar as jantes, felizmente que isso não aconteceu, mas como fiquei com dúvidas um pouco mais à frente parei para me certificar. Já estamos muito perto do final da etapa, razão de já estarmos a ver se encontramos um parque de campismo, várias tentativas tivemos mas todas infrutíferas, tudo estava esgotado, tantos os parques que a Cândida telefonou, bem como aqueles que fomos ver, mas tudo esgotado, pois rios ou lagos que por ali havia, toda a gente tinha ido para aqui, ainda mais, estamos no mês de Agosto e toda a gente da Europa vai de férias nesta altura. Foi só num recinto grande e relvado onde já estavam autocaravanas estacionadas que paramos e onde iremos montar o nosso estaminé para jantarmos e dormimos. Agora vamos passear pela vila e subirmos até lá bem alto ao castelo empoleirado. Temos pela frente uma bela caminhada com subidas ingremes. Esta vila medieval está classificada como das mais belas de França, tal como o castelo que já existia no século IX, a verdade é que todos conseguimos transpor tão desastrosa elevação, foi agradável existir um banco e uma pedras para nos sentarmos e descansar ao mesmo tempo que se iam erguendo do céu balões de ar quente, com lindas cores carregados de criaturas. Resolvemos descer quando começou a escurecer, nesta altura as lojas já se encontravam encerradas, apenas pubs e restaurantes continuavam abertos, foi chegar ao parque e tratarmos do nosso jantar. Concluímos mais um dia de férias totalmente preenchido onde nos faltaram horas para podermos ver esta vila tão perfeita.
12 Agosto – Beynac-et-Cazenac – Étretat (672km)
Combinamos sair o mais cedo possível porque hoje vamos fazer a maior tirada da nossa viagem, cerca de 700km e vamos tentar sempre que possível evitar as auto-
estradas, Mas antes de iniciarmos a nossa viagem ainda tivemos tempo para mais uma olhadela pelo lindo castelo e casario desta pequena vila medieval e aí vamos em direcção ao norte para visitarmos mais uma pequena vila situada no Canal da Mancha. Passamos toda a manhã a conduzir, à hora do almoço a fome começou apertar. E eis que surge a pergunta mas onde vamos comer? Mas que pergunta, vamos comer uns hambúrgueres no Burger King. E não é que foi a primeira vez que nos foram solicitados os certificados de vacinação e não bastando o pagamento da refeição só podia ser feito com cartão de crédito, pois quem tivesse dinheiro em nota ou moeda estava proibido de comer. Chamo a isto mais uma regra de cair de cú, conjuntura triste e confusa que o planeta está a passar. Já de barriga cheia outra tirada pela frente, esta mais curta. Mais à frente cruzamos o rio Sena já às portas de Ruão, seguimos por estradas em que as vias são muito estreitas e com pouco movimento, cruzamos vilas e aldeias, passamos por Allouville, vila pacata postada no tempo em que se mantém como era há dezenas de anos, foram tantas as vilas como esta que temos passado que dissemos; o tempo não tem por aqui passado, com isto não quero dizer que elas não tenham valor, pelo contrário. Encontramo-nos a pouco mais de 40km do nosso destino final ou seja chegou a altura diária de passarmos à fase de procurar onde vamos encontrar parques de campismo. À Cândida saiu-lhe a rifa de fazer essa pesquisa. Mais uma vez surgiram as dificuldades do costume, mas por fim encontrou o Camping Ferme de la Hetraie situado em 13 Rue de la Chênaie em Bec-de-Mortagne a poucos quilómetros de Étretat. Quando chegamos fomos bem recebidos e conseguiram arranjar um lugar onde podemos estacionar as três carripanas aciganadas. Foi um final de dia fantástico onde comemos um petisco elaborado em tachos que estava uma maravilha, seguido de uma boa cafezada e a cavaqueira do costume.13 Agosto – Étretat – Lille (328km)
Acordamos num ambiente rural, rodeados de cavalos e no meio de uma vasta área agrícola, este é um local de França onde o cultivo de trigo é colossal. Assim que saímos do parque vimos campos de cultivo deste cereal que está prestes a ser ceifado pelas máquinas que já vimos em diversos locais. Paramos e fomos apanhar algumas espigas para que todos nós nos apercebêssemos de como é o grão deste cereal. Percorremos vasta área com cearas a perder de vista para depois entrarmos em Étretat. Devidamente estacionados, começamos a nossa prospecção deste território que em tempos foi teatro de guerra tanto na 1ª guerra mundial como na 2ª para massacres das populações e dos jovens soldados que mal chegavam e eram defuntos, alguns nem um tiro tinham disparado. As suas praias foram transformadas em campos de batalha durante a 2ª guerra o mesmo sucedeu com todas as praias vizinhas. Fiquei a saber que a região também é conhecida pela Costa do Alabastro com 140km de falésias. Demos início à caminhada diária passando pela zona antiga da vila, onde os edifícios em madeira são frequentes e encontram-se lindamente cuidados, fazem uma parte do ex-líbris da vila. Seguiu-se a praia que não tem areia mas uns seixos com grandes dimensões, estes se andarmos um pouco mais rápido sobre eles, resvalam e lá estamos nós de rabo no chão. Macacada na praia, vontade de se deitarem, apanhar um pouco de sol sem toalhas. Fomos subir uma das encostas para vermos bem do alto a paisagem deslumbrante, tirar umas dúzias ou três quarteirões de fotos e pensarmos o palco de guerra alguns anos atrás aqui se desencadeou, Ainda existem casamatas já degradas com o tempo onde se encontravam os ninhos de metralhadoras ou os obuses. Executamos longa caminhada por cima destas falésias que pareceram não ter fim. A Cândida e o Cláudio foram visitar uma das cavernas existentes na base, puderam vê-las porque a maré estava em baixo, estavam cheios de pica ainda foram para o outro lado desta falésia visitar a igreja que se encontra no cimo da arriba. Quando chegou o momento de almoçar o Carlos informou que gostava de comer Moules que é um prato típico da terra, nós chamamos-lhes mexilhões ou pachachas, Junto à praia, fomos encalhar no Restaurante du Perrey onde pedimos as tais moules para os homens as senhoras optaram por outros pratos, achei que a Sofia e Júlia não gostaram porque o peixe estava mal cozinhado. Eu gostei mas achei que se tivesse pedido ao natural tinha ficado mais bem servido, pois o molho que tinha tornou-se enjoativo. Vindas as sobremesas que as meninas tanto adoram as coisas estabeleceram-se. Seguidamente fizemos as últimas voltas e prontos para fazermos mais uma tirada longa até Lille, novamente o problema diário da nossa estadia, conseguimos um lugar excepcional no Campings Les Alouettes Et L’image – (M945) 125/130 Rue Brune em Houplines, muito perto de Lille. Junto ao parque de campismo existe um lago, por esse motivo existirem muitos mosquitos. É um dos problemas que temos tido, haver muitos insectos que nos têm incomodado, com as bagas nos braços, pernas e até pescoço e cabeça, mordem que nem leões.
14 Agosto –
Lille - Dusseldorfe (419km)
Principiamos o itinerário em direcção ao cemitério português de Richebourg, relíquia da 1ª guerra onde milhares de portugueses foram dilacerados assim que chegaram ao campo de batalha. Uma vergonha quando existem frases que dizem “morreram em defesa da pátria”, mas que pátria, nunca lhes tinham dito qual era a sua ou o seu significado. Neste cemitério encontram-se 1831 corpos das quais 239 sepulturas estão por identificar. A nossa passagem por este local é apenas para memorizar o povo que somos e quem sabe se não estará por aqui
algum familiar! Já estamos em Lille muito perto da fronteira Belga. Tenho um facto relevante para contar – estamos no ano de 1213 e um tal Fernando de Portugal, nascido em Coimbra a 24 de Março de 1188, foi um infante de Portugal, conde de Hainaut e conde da flandres. Era filho de D. Sancho I, foi escorraçado de Portugal pelo pai e veio para junto de familiares. Aconteceu que conquistou Lille a Filipe Augusto que este antes a tinha tomado em três dias, este Filipe depois da conquista deste Portuga do caraças, resolveu atacar de novo a cidade passado quase um ano, mas para que ela não ficasse para ninguém incendiou-a. Hoje continua a ser uma cidade com monumentos históricos depois de destruída e ocupada várias vezes ao longo da sua história. Passeamos pela parte antiga, onde há ruas ladeadas de casas e mansões antigas, vários museus lojas de modas e cafés e restaurantes ainda com traços do antigamente. Numa altura em que desbravávamos esta cidade o Carlos foi abalroado por um funcionário de um restaurante que o fez estatelar-se no chão, correu tudo bem mas estas quedas por vezes trazem amarguras. Que venha o próximo pois da próxima vez o Carlos espeta com ele no chiqueiro. Assim demos por terminada a nossa vinda a Lille. Mas ainda teremos uma etapa que terminará em Dusseldorfe, portanto máquina em movimento em direcção à fronteira com a Bélgica que nos vai fazer encurtar o trajecto para de seguida contornamos um pouco a Holanda e entrarmos em território Alemão, Hoje em dia mal nos apercebemos onde se encontram tais fronteiras, apenas uma placa com os dizeres da cidade ou do país o que é raro. Fizemos os cerca de 330km por auto-estrada e chegamos ao nosso primeiro ponto de encontro, ou seja levantar um porta bicicletas que o Cláudio tinha solicitado ao Pedro, fácil esta paragem de seguida encontrar parque de campismo para ficar, esta hipótese foi infrutífera, porque encontrar camping é para esquecer, tanto mais que as inundações de há poucos meses arrasou uns tantos que se encontravam junto à margem dos rios, principalmente o Reno que ladeia toda esta vasta área. Acabámos por desistir e fomos parar a um hotel que o Cláudio já ficou umas quantas vezes de cada vez que vem aqui aos leilões de automóveis, foi ele o B&B Hotel Essen em Helmut-Käutner – Straβe 4 45127 Essen. Por fim onde iremos jantar, tínhamos indicação do Pedro para irmos a um restaurante Turco, foi mesmo aí que adveio. Depois as dificuldades do costume de obtermos lugar para estacionar as viaturas, tanto que a minha tinha ficado no parque de estacionamento do hotel, porque já pressupúnhamos ter esse dilema. Jantamos que nem uns padres no Nirvana, ambiente de uma mistura de Árabes, Turcos, Indianos e Europeus, uma mixórdia de raças alimentarem-se em comunidade, haja paz. Concluída tarefa tão árdua foi dirigirmo-nos para o hotel e fazer a soneca que carecíamos.
15 Agosto –
Dusseldorfe – Koblens - Estrasburgo (446km)
Hoje dia 15 é feriado e este ano coincidiu num domingo para mal dos nossos pecados contribuiu para menos um dia de férias, porque se ocorresse num dia de semana seria mais um dia que gozaríamos. Fomos visitar a cidade de Dusseldorf, como é domingo não tivemos qualquer problema para estacionar, foi mesmo numa das grandes avenidas já perto do rio Reno. Numa das ruas encruzilhadas deparamo-nos com uma peça de bronze num pequeno jardim que não consegui determinar o seu significado, tiramos as nossas fotos e foi agora que vim a saber qual o seu sentido, existiu em séculos remotos um portão da cidade de nome Berger Tor que foi demolida em 1895, também tinha qualquer coisa a ver com a visita de Napoleão I a esta cidade. Deambularmos pelas margens deste tão badalado rio Reno com as suas pontes e barcos de recreio e os grandes rebocadores por vezes navegando contra a corrente forte que se faz notar. As ruas estão todas cheias de garrafas, muitas delas partidas da noite anterior em que as grandes bebedeiras articuladas aqui se desenrolaram. Ainda há espécies raras de humanos a deambularem pelos jardins e ruas, mau aspecto da figura ridícula que transparecem, alguns têm o futuro assegurado porque são visíveis os sem-abrigo que por aqui vagueiam deitados em cima de cartões. Conseguimos ficar com uma pequena ideia deste lugar, porém temos de partir, ainda estamos muito longe do nosso destino de hoje, será Estrasburgo. Mais uns quilómetros em auto-estradas e surgiu a pergunta onde vamos almoçar? O Carlos sugeriu que poderíamos passar por Colónia ou outro lugar, na verdade temos os dias tão calculados que em princípio apenas os
locais do nosso roteiro. Calhou que a paragem foi numa bonita cidade Coblença, depois de termos passado por Colónia e Bona, foi estacionar mais uma das vezes as nossas casinhas ambulantes e efectuar as voltas de reconhecimento e descobrir onde comer. Várias tentativas existiram e estava complicado encontrar algo que nos agradasse, daí valer-nos do trip advisor e encontrar o eleito que foi o Altes Brauhaus sito na Braugasse,4 que prevalece desde o ano de 1689 é onde há comida tradicional alemã, como chucrute, bolinhos, saladas, salsichas, etc... Melhor opção nesta altura foi deveras as salsichas, foram servidas num recipiente por nós desconhecido que no total do rebordo abarcava uma salsichona colossal, super gostosa no centro batata frita e legumes tudo delicioso, mais a dominante cerveja alemã – königsbacher. Foi um almoço que não iremos esquecer dentro de um ambiente alemão que tanto louvamos. Fizemos mais umas voltas por esta cidade para de seguida colocarmo-nos na estrada e percorrer a longa distância que ainda temos pela frente. Chegados ao destino em segurança foi conseguir outra vez um local digno de repouso, um dos primeiros locais onde fomos encontrar era um camping para nudistas que no entanto estava encerrado, mais procurámos, acabamos por ficar do lado alemão depois de variadas voltas à procura no lado francês, acabamos por descobrir o Campingplatz Kehl – Rheindammstraβe 1, 77694 Kehl que nos recebeu com simpatia.
16 Agosto – Estrasburgo – Ribeauvillé (80km)
Outro dia começa com serenidade nesta cidade que albergou o mais alto edifício do mundo entre os anos de 1625 e 1874, sendo esta a catedral que quando estamos a olhar para ela parece feita em ferro enferrujado, tal é a sua impressionante coloração. Por aqui encontra-se o centro histórico com suas casas típicas desta zona da Alsácia, optamos por entrar na catedral e repararmos na sua grandiosidade e riqueza que alberga. Como se calcula o silêncio é imprescindível o que não estava acontecer no momento, a determinado instante houve-se uma voz através da sonorização a dizer “attention” seguido de uma pequena pausa em que toda a gente ficou num silêncio à espera do que iam dizer. Nada aconteceu, apenas o som de “cheee”. Admiração colectiva e sorrisos desta forma de se pedir silêncio. Nesta catedral existem peças valiosas tais como o relógio astronómico, vitrais e órgão. Localizada noutro ponto da cidade a praça Gutenberg, foi também ponto de visita seguiu-se a praça Kleber onde existe um edifício de arenito rosa datado de 1770, mais voltas demos ficando por conhecer diversos locais como as pontes cobertas que ficaram para futuras viagens por estas bandas. Também aceitámos que o melhor momento para visitar esta cidade é na altura do natal que atrai milhões de visitantes. Quando íamos a sair da cidade deparamo-nos com o Parlamento Europeu, estacionámos e começamos por tirar umas fotos, entretanto viemos a saber que era visitável, com esta informação, é claro que não íamos desperdiçar esta oportunidade e lá fomos nós, no final ficamos todos encantados. Vamos seguir para a próxima paragem, Ribeauvillé uma das vilas mais encantadoras de França. Esta vila está em parte cercada por muralhas antigas e tem muitas casas medievais pitorescas, aqui por perto ficam as ruínas de três castelos que não visitamos, existiu uma tentativa para visitar um deles mas infrutífera, era necessário uma longa caminhada que não fazia parte do nosso objectivo. Esta vila fez-nos lembrar
Hoje vamos andar por esta região da Alsácia para desbravar mais algumas das vilas mais pitorescas, não iremos a todas mas o conjunto que elegemos vai ser prometedor para conhecermos toda a sua beleza. Começamos hoje por Riquewhir que também a 2ª guerra mundial por aqui passou, mas não ficou seriamente danificada. A sua arquitectura história manteve-se praticamente estável e os famosos vinhos brancos Riesling de uma casta aromática com aromas florais e uma acidez elevada, este tipo de vinho a
Sofia não gosta, pois vinhos ácidos para ela não, podem ter muito álcool mas acidez é dispensada. São características para ser um local com imenso turismo. Mais uns quilómetros adiante e já nos encontramos em Colmar, esta uma cidade com dimensões diferentes, é banhada pelo rio Lauch, donde derivam vários canais, fazendo dela uma pequenina Veneza. Nesta cidade reflectem-se oito séculos de arquitectura germânica e francesa que marcam os traços arquitectónicos e religiosos, bem como as respectivas linguagens. Conseguimosver uma vasta centena de edifícios feitos em madeira ou mistos que atraem atenção de todos os visitantes que por eles passam, as flores fazem também parte do quotidiano, colocadas nas portas, janelas e varandas, um autêntico jardim que ajuda a embelezar o que de tão belo já é. Chegou a altura do almoço, escolhemos
um restaurante em que ficamos na esplanada, aqui nos foi solicitado pela 2ª vez nestas férias o certificado de vacinação. Vem na ementa um petisco que o Carlos trás há dias no goto “joelho de porco”(Eisbein Gekocht) porque já em tempos comeu na Alemanha e como lá estivemos todos há dias e não houve oportunidade de provar vai ser agora, espero que vamos todos gostar, no final a Sofia achou um tanto enjoativo, também a quantidade para ela era um pouco exagerada. Fica aqui o nome e morada do restaurante para quem por lá passar – café Jupiler na 24 Pl.de la Cathédrale, 68000 Colmar. Todos tratados, foi só dar seguimento ao resto do percurso que nos faltava. Há naturalmente um conjunto de edifícios que nos fascinam, seria fascinante ver alguém vestido à época da construção dos mesmos e uma ou duas lojas a vender produtos da mesma época, é uma ideia que se podia aproveitar. Fizemos quase tudo que prevíamos, mas vamos avançar até a outra vila aqui bem perto Eguisheim, conhecida pela vila mais charmosa e colorida de França, mais parece ter saído dum conto de fadas. As sinuosas ruas de paralelepípedos de Eguisheim estão alinhadas com edifícios em enxaimel medievais tradicionais, pintados em cores vivas, como sãomuitos dos edifícios na Alsácia. Na primavera e no verão, a cidade é um jardim a
18 Agosto – Ribeauvillé
– Mulhouse – Basileia (114km)
Destino final em Basileia, todavia ainda iremos fazer umas paragens, sendo a fundamental em Mulhouse, que já foi a cidade dos moinhos e mudou aos longos dos anos várias vezes de soberania, hoje francesa, amanhã alemã. Como o nível de vida aqui é mais económico também serve de dormitório para alemães e suíços. É uma cidade que no centro histórico, poucos edifícios medievais possui, razão de ter sido bombardeada em massa durante a 2ª guerra, já que na 1ª também não tinha sido poupada. Foi nos arredores que se desenvolveu a indústria têxtil e automobilista das marcas
Peugeot e Bugatti. Somos um grupo de calinas que gostam de andar a pé ou não, vejam que existe um pequeno autocarro que transporta um número muito reduzido de passageiros e aproveitando a oferta, lá estavam 6 portugas a usufruir do passeio gratuitamente. Quem gere este pequeno autocarro eléctrico é uma fundação que presta um serviço para velhotes nesta urbe. Adoramos a volta também pela razão do condutor ser um luso-descendente de nome, Cristophe
Reino. Esquecemos por agora a cidade e dirigimo-nos para a Cité de l’automobile o maior museu europeu dedicado ao automóvel. Existem umas centenas de automóveis dos anos mais remotos até praticamente à actualidade sendo o mais
antigo de 1878,vimos grandes marcas, outras que nunca tinha ouvido falar e o estado de conservação de todos eles, irrepreensíveis. Depois de tantos automóveis ver, tive a sensação de me perder a observar e fotografar tantas máquinas, demoramos umas horas nesta visita mas valeu a pena. Para quem vai de férias no mês de Agosto é frustrante procurar camping, foi mais um final do dia a procurar onde ficarmos, surgiu o Camping Au Petit Port – 8 All des Marronniers 68330 Huningue, deu para remedeio, bem localizado mas fraco.
19 Agosto – Basileia – Zurique – Lucerna (123km)
Era previsível ficarmos ontem na Suíça, mas a dificuldade em arranjar camping tornou-se inútil. Iniciaremos as voltas de hoje pela ponte internacional dos três países sobre o rio Reno entre a França e Alemanha e a fronteira Suíça muito perto, apenas 100 metros. É a ponte mais longa do mundo pedonal e para bicicletas. Encontramo-nos em cima da ponte e consigo ver o camping onde ficámos fica pertíssimo daqui, nem fazia ideia que ficava nas margens do rio Reno. Finalizado o passeio aqui por Lorrach, seguimos em direcção da Suíça, passamos a fronteira muito devagar a pensar que nos iam mandar parar, nada disso sucedeu e entramos porém tivemos dúvidas e voltamos atrás para colocar algumas questões. Seguimos para o centro de Basileia para arranjarmos local de estacionamento, foi um grandíssimo problema, tantas as voltas que demos por fim estacionámos numa área residencial, mais uma vez pouquinhas moedas no paquímetro assim nos comprometemos para que não sejamos multados. Estivemos no antigo e bem conservado centro histórico, várias obras nos arruamentos para substituição de canalizações de gás. Cruzamos várias ruas e detivemo-nos a ver o bonito edifício vermelho que é a câmara na Markplatz, foi nesta praça que o Carlos e Júlia detiveram-se a provar uma salsicha tipo alemã, esfomeados que estavam. As horas foram-se passando, fomos buscar as viaturas que se encontravam muito longe donde nos encontramos, muito andamos e avistamos que não tínhamos sido multados, sabemos que os policias Suíços são rígidos nas autuações. Resolvemos parar numa pequena praça sem movimento e comermos nas autocaravanas, encontrámos mais um português e estivemos algum tempo a falar da vida neste país. Seguidamente seguimos para Zurique usando sempre as vias secundárias, nada de auto-estradas pois não compramos o selo de acesso, também andar aqui em vias secundárias dá outro gozo, contemplamos paisagens, vilas e montanhas de uma outra forma. Para alguns de nós esta é a 2ª vez que visitamos Zurique, entretanto coisas novas iremos descobrir, já sabemos que é o centro financeiro deste país e uma das bolsas de valores mais importantes da Europa, também está muito próximo da fronteira alemã e o centro mais populoso do país. A fábrica da Lindt está aqui localizada, para quem gosta de chocolates tem uma boa razão para a visitar,
apenas que terá de ser agendada com antecedência tal visita. A Fifa também aqui se encontra, quando estávamos a entrar na cidade vimos o portão com as respectivas bandeiras. Concluímos esta nossa visita por uma razão muito simples – os preços são realmente muito caros. Terminamos o passeio de hoje muito perto de Lucerna no Camping Stransbad Restaurant Türlensee, 8915 Hausen am Albis pelas 20h00.
20 Agosto –
Lucerna – Berna – Neuchatel (187km)
Completando o itinerário de ontem para Lucerna, cruzamos campos agrícolas, pequenas vilas e um pouco de montanha, rapidamente entramos na cidade
conhecida pela sua arquitectura medieval aqui se desenrolam vários festivais de música internacionais. Existe uma ponte medieval toda coberta, construída em madeira, sendo a mais antiga da europa. Quando atravessamos esta ponte, deparámo-nos na outra margem com um casamento todo engalanado com personagens desconhecidas mas de boa feição, quase no mesmo local um grupo indiano faz fotografia e filmagens onde as figuras femininas se destacam. Continuamos a caminhar ao longo da margem do lago até ao cais para vermos os lindos barcos que navegam por aqui. A meio da manhãseguimos para Berna atravessando montanhas por estradas sinuosas a galgarem montanhas, já muito longe numa descida tortuosa paramos numa curva mas bem dentro de um campo, onde estivemos a petiscar e a ver a todo o momento a subida e descida de todo o tipo de viaturas, há imensos motards que passam por esta via, sabendo que tem paisagens excepcionais. Quando chegámos a Berna
exageramos um pouco no local onde estacionamos as viaturas, achamos que era perto do centro, mas ainda tivemos de percorrer uma distância significativa, minimizou o árduo percurso quando nos detivemos em cima de uma ponte que nos deu uma visão fantástica da cidade. Será mais uma cidade Suíça que quase todos conhecemos, fizemos um passeio pedonal, pelos diversos locais turísticos, passamos junto ao relógio astronómico construído em 1530 situado em cima de uma torre medieval de seguida uma das principais ruas onde existem muitas fontes de água, Conseguimos ver habitantes a usarem a corrente do rio que passa lá em baixo e deixam-se arrastar pela forte corrente. Muitas mais atracções existem nesta cidade, mas terão de ficar para uma próxima vez. Foi nesta cidade que viveu Albert Einstein e criado o famoso chocolate Toblerone, aqui na Suíça chocolates e relógios é quantos queiramos.Regressamos ao estacionamento onde se encontram as viaturas para percorrer a distância que nos separa de Neuchatel: Quando chegámos já a noite se aproximava, foi dirigir-nos direitinhos para o Camping La Tene, Nas margens do lago localizado em La Tène 102, 2074 Neuchatel.
21 Agosto – Neuchatel – Lausanne – Merges - Genebra (89km)
Novamente passamos e prosseguimos as nossas voltas pela Suíça, é um país que tem muito para se reconhecer, mas vai ficar uma vez mais a faltar conhecer a zona das verdadeiras montanhas, estas que ficam mais perto da Itália, mas não se consegue ver tudo e cada vez que aqui vimos é um pouco de fugida, não vale. Estivemos junto ao lago Neuchatel, várias pessoas passeiam esta manhã por esta zona, trata-se de um sábado em que as famílias têm mais tempo para estes passeios. No centro da cidade podemos ver os mercados de rua, idênticos aqueles que vemos com frequência em Portugal, costumes antigos que prevalecem enraizados nas civilizações. Os lugares onde se vende os legumes e frutas têm a mesma disposição do que os nossos comerciantes, estão as caixas sobrepostas umas nas outras a ocupar parte dos passeios, mais parece que estamos na nossa terra. Pelas ruas vimos artistas a tocarem, dançarem e a fazerem bolhas transparentes com sabão.Existem paredes de prédios antigos que aproveitaram parte delas para fazerem pinturas artísticas. Várias estátuas, recentes estão colocadas nas praças ou ruas da cidade. Há muitos anos foi numa destas ruas que comprei uns canivetes Suíços, o meu ainda existe. Seguimos para Lausanne, mal chegamos detivemo-nos com uma manifestação gay, para completar num pequeno lago de um jardim uma mulher tomava banho em topless, sendo única a sua distracção era total, quis dar nas vistas porque passado algum tempo avançou pelo jardim naquele estado e foi para junto de outros manifestantes que se encontravam compostos. Aqui se abriga a sede do Comité Olímpico Internacional. Esta cidade tem um sistema de metropolitano com apenas 15 estações, tornando-se assim a cidade única no mundo com o percurso mais curto. Existe aqui um número muito grande de imigrantes portugueses, em todo o país há milhares, porém é aqui onde mais se encontram.As horas foram-se passando e temos de ir andando até Merges, porque o Cláudio e Carlos estão interessados na compra de umas bicicletas eléctricas a um amigo que está a trabalhar nessa cidade, ficaram de lá estar pela 18h30. No caminho encontramos um parque para ficarmos esta noite o TCS Camping Morges, enquanto os outros quatro elementos foram às compras das bicicletas eu e a Sofia optamos por ficar no parque pois não íamos comprar nada.
22 Agosto – Genebra – Annecy (131km)
Ontem à noite vieram as 4 bicicletas adquiridas. O Carlos tinha um suporte para transportar a sua, foi fácil a sua colocação, sai um pouco fora dos limites da viatura, mas não deverá ser problema ao longo dos quilómetros que nos separam da chegada.
Para o Cláudio a situação é um pouco diferente; tem um suporte que foi buscar à Alemanha onde leva duas a outra resolveu desmontá-la e transporta-la num local dentro da autocaravana, mais trabalho teve em acomodar toda aquela tralha com a que já tinha, mas lá conseguiu arrumar tudo. Agora é pôr-nos a caminho até Genebra, cidade que deveríamos ter chegado ontem mas estamos perto. É aqui onde se encontra a sede europeia da ONU e o quartel general da Cruz Vermelha, cidade conhecida como “capital da paz”. Há pouco trânsito pois é domingo e a cidade também está deserta, caminhamos ao longo do lago e de seguida passamos a ponte para visitar o Horloge Fleuri, grande relógio em forma de flor no jardim Anglais, sendo este o símbolo mundialmente famoso da indústria de relógios de Genebra. Efectuamos um percurso agradável e seguidamente partimos em direcção ao CERN – Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear situado em Meirin. Várias pesquisas são e foram feitas neste local entre muitas o “pixel”, podem ficar a saber que um pixel da imagem digital é composto por três pontos que dão as cores, vermelho, azul e verde.A tomografia computadorizada faz parte de estudos deste acelerador de partículas, são tantas as investigações e utilidades que aqui se produzem, um sem número de sucessos. Tivemos pouca sorte, por ser domingo as instalações estavam encerradas, não vamos esquecer e quando passarmos aqui por perto essa visita se efectuará. Mais outra etapa, esta até Annecy. Pelo caminho encontramos uma ponte engraçada que foi a primeira ponte suspensa feita na Europa, paramos as caravanas e fomos dar um passeio sobre ela ao longo dos 192 metros e a meio uma altura de 191 metros.
A inauguração tinha sido a 11 de Julho 1839, já falta pouco para ter 200 anos. Combinamos voltar quando a ponte fizer os 2 séculos de idade. Agora mais hora e meia até Annecy, conhecida pela Veneza alpina onde iremos percorrer a parte antiga. Já na cidade tivemos de dar umas boas voltas para arranjarmos estacionamento, há uma multidão de pessoas que passeiam pelas margens do lago onde os parques se encontram repletos, tivemos uma primeira tentativa para pararmos mas em vão, a hipótese é seguirmos para a outra área da cidade e aí arranjamos parque sem grandes problemas.Lá fomos parar à zona dos canais em que as ruas e casas se encontram todas floridas as pontes são frequentes os bares e restaurantes dão-lhe um ar pitoresco, pela noite o ambiente deverá ser fantástico, adoramos fazer mais este circuito, mas ainda temos tempo para ir até às margens do lago completando assim o dia de hoje, conseguimos camping na Natural área the Meyrieux, 2269 rute de la Chambotte 73410 em La Biolle. Local fantástico localizado numa zona provinciana e agrícola em que estamos em contacto com vacas leiteiras, pudemos ver umas dezenas de animais numa roda-viva para se coçarem numa máquina eléctrica em que elas próprias sabiam acciona-la, tinham uma forma de se alimentarem, esperando que uma entre para de seguida uma outra entrar depois de estar à espera, pois todas querem ir comer naquela altura, sabem-se controlar, há também um bloco grande de cor branca que todas querem lamber, também há fila e ordem para a chegar a vez, nada é feito à toa por elas. Adorei ver todo este processo. Aqui dormimos num silêncio provinciano.
23 Agosto – Annecy – Lyon (253km)
Antes de sairmos do camping da vacaria fomos dar mais uma olhadela ao seu funcionamento, lá estavam todos os animais nas suas rotinas diárias, estes são daqueles que madrugam e levantam-se com toda a sua agilidade. Dentro da corte gigantesca existe pelo menos um robot que limpa todo o esterco produzido, mais outra rotina. No meio de tudo apenas vi um humano a vistoriar o funcionamento, não conseguimos ver como é feita a ordenha, mas calculamos ser muito à frente daquilo que pensamos. Chegou a hora de seguirmos viagem até Lyon. Como de costume o nosso grande problema é o estacionamento, também queremos sempre parar o mais perto da zona
histórica e por tal razão mais umas voltas em vão foram dadas, até que num local onde é feito um mercado de manhã havia viaturas dos vendedores de frutas, legumes e sei lá mais o quê, foram vagando espaços e nós atrevidamente fomos ocupando-os.
Aproveitámos e comemos qualquer coisa que tínhamos nas caravanas e de seguida fomos ao paquímetro colocar umas míseras moedas para enganar os papalvos, temo-nos safo até ao momento, porque ainda não houve multa que nos agarrasse ao longo destes 16 dias. Esta é uma das cidades mais incríveis de França e a terceira maior. Há muitos anos atras já por aqui tinha passado na viagem que Sofia, Gilberto, Ricardo e Gonçalo que fizemos até Moscovo, mas apenas paramos para dormir e comer, já não me lembro absolutamente nada destes locais. Afinal o que vamos fazer em Lyon, será que vale a pena conhecer esta terra, vamos ver. Fizemos o percurso até à Place des Jacobins que em tempos muito remoto, já existiu um cemitério, hoje existe um fontanário feito em mármore encimado por figuras reais e emblemáticas de outras épocas.Percorremos uma longa avenida até à place de Terreaux onde se encontra a famosa fonte Bardholdi construída pelo escultor francês Frédéric Auguste Bardholdi, famoso principalmente por ter construído a estátua da Liberdade. Também está nesta praça a câmara e o museu de belas artes. Fomos até à catedral, local de culto e oração onde as meninas e meninos desta tribo foram rezar, não parece mas temos uns quantos beatos. Passamos pela praça Bellecour, tão famosa mas apenas enorme e térrea com uma estátua de um cavaleiro que nem quero saber de quem se trata, não demos qualquer valor, mais me pareceu o nosso Martin Moniz de outros tempos. Finalizamos aqui o passeio, atravessamos mais uma vez uma das pontes do rio Saône e do Ródano para subirmos até à basílica de Notre-Dame de Fourvičre edificada no local que em tempos foi fórum Romano de Trajano, daqui temos um vista deslumbrante de Lyon, podemos avistar a cidade em toda a plenitude. Fizemos ampla visita pelo seu interior e admiramos a grandeza e riqueza de toda a obra.Aqui também existe uma figura da senhora de Fátima. Finalmente a caminho de Avinhão por estradas nacionais evitando também portagens, caso haja um troço de auto-estrada que não se pague aproveitamos. Conseguimos percorrer uma distância razoável para nos aproximarmos da cidade. Chegamos a um camping muito fraco junto a uma estrada nacional com pouco movimento, todavia estava muito vento. O Carlos e o Cláudio tiveram de usar os seus dotes de bombeiros para atacar o fogo num estrado em madeira que se estava alastrar, estiveram 2 operacionais e uma viatura no local, fogo dominado ao fim de algum tempo.
24 Agosto – Lyon – Avinhão (166km)
Avignon uma bonita cidade muralhada da região da Provença nas margens do rio Ródano, esta foi residência dos papas entre os anos de 1309 a 1377, sete papas todos eles franceses.
Depois outras discórdias surgiram na realidade houve um período que existiam dois papas, Avinhão e Roma, até três, um deles em Pisa. Apenas em 1417 foi reconhecido o papa de Roma como oficial. A nossa passagem deve-se à circunstância de visitar o palácio dos papas e a ponte de Avinhão. Para visitar o palácio, tivemos de comprar bilhetes com uma antecedência de mais de 2 horas, quando a visita começou achei interessante o que estava a ver mas com o seguimento tornou-se monótono e fantasioso e não achei graça nenhuma, sei que é um conjunto de edifícios com alguns séculos, apenas isso.
Caminhamos em direcção à ponte que ao contrário do que a música diz os moradores da cidade de Avinhão nunca dançaram sobre a ponte, uma vez que ela é muito estreita para permitir tal dança de roda.
Nestas coisas antigas existe sempre uma lenda e aqui está mais uma – um jovem pastor de nome Bénézet que tinha um rebanho de ovelhas ouviu a voz de Cristo a pedir que ele construísse uma ponte sobre o rio, ficou ridicularizado pela gentalha ou pé-rapado daquela época que só o ajudaram depois de ele ter erguido um enorme bloco de pedra, isto por inspiração divina, logo teve o apoio da plebe para a construção da dita. A lenda ainda diz que após a sua morte foi enterrado numa capela que ainda existe nesta ponte. Já tardiamente, partimos para nos aproximarmos de Cassis.
25 Agosto – Avinhão – Cassis – Montpellier (260km)
Hoje vamos chegar ao Mediterrâneo, vamos passar por Marselha uma cidade muito bonita e insegura mas não iremos parar, porque optamos por visitar um dos segredos guardados nesta região “Cassis”, uma bonita vila aprazível, que tem bonitas praias banhadas por este mar tão encantador. Quando chegamos sem querer descobrimos o comparsa do Obélix, o conhecido Astérix, perguntamos por ele mas não nos conseguiu dar novidades, aliás estão feitos um com o outro, nada de notícias, sabendo ele, também que nós, Portugas viemos este ano à procura do Obélix, para lhe rapinar alguns menires, umas pernas de javali e de um forte abraço. Estivemos a dar mais umas voltas porque julgávamos nós que ele estaria por perto, entramos num mercado de rua muito característico, repleto de bancas de venda de frutos, doces e alguma roupa, deu para comprarmos umas uvas que estavam deliciosas o menino Carlos que tinha mexido numas uvas a vendedora ainda lhe deu uma reprimenda. Percorremos as ruelas e casebres onde existem imensas lojas de artesanato e restaurantes, aqui ao lado, tão lindo porto cheio de barquinhos. Também houve meninos e meninas que foram empapar o rabinho neste mar.
Por agora finalizamos o passeio e a caminho de Montpellier. Percorremos uma distância razoável e entrarmos nos arredores da cidade, combinamos arranjar camping o mais cedo possível para não termos contratempos. Optamos por ficar o mais perto do destino e aí seguimos por ruas, caminhos e veredas para atingirmos o Camping Le Floréal, situado na Rua de la Première Ecluse, 34970 Lattes, mais nos pareceu um camping que frequentamos há muito anos em Paris que tinha muito mal aspecto.Escolhemos os sítios que nos mais agradaram e a surpresa; mesmo de fronte um emigrante Portuga dentro da sua casa caravana, falava desalmadamente com sua irmã que concluímos estar em Portugal, tanta conversa, tantos lamentos que se considerou um desgraçado, achamos tanta graça que granjeámos a ouvir todo aquele paleio. Conseguimos ouvir uma enorme conversa que ele e a mulher estavam a ter, mas a nossa vida não é esta, deixássemos o parque e fomos até à cidade que se situa a meia dúzia de quilómetros. Estamos sempre com vontade de explorar tudo, mas o nosso problema é a falta de tempo. Entrámos na cidade pelo local mais tinhoso, rua cheia de pintas encostados às portas a darem um mal aspecto deste sítio. Mais à frente avistamos o Arco do Triunfo, eu chamo-lhe o Arco do Fiasco, tantas inglórias, batalhas e usurpações esbanjados pelos franceses. Lá adiante começamos mais uma digressão, atrás de nós fica o parque de Peyrou, muitas pessoas se encontram sentadas na relva a fazerem piqueniques ou no paleio, no paredão final avistamos o aqueduto, obra do século XVIII. Ignorámos um pouco a parte histórica e atravancamos na Place de la Comédie, sentados na borda de um lago na tagarela e a descansar um pouco a fadiga. A fome começou a despertar e procuramos um local digno de todos, vamos jantar no restaurante L’Entrecôte – 3 rue de Verdun, 34000 Montpellier, vimos que a maioria dos restaurantes se encontram cheios, sabemos que este onde fomos é de boa qualidade, mas também há uma fila imensa, no entanto resolvemos esperar e fomos reparando que as pessoas instaladas na esplanada não têm pressa e a comida tem um excelente aspecto. Já sentados mandamos vir os pratos iguais para todos.
A fórmula é bem simples:
Salada com nozes
Bife do lombo finamente cortado
Batatas palito espessura de um fósforo
Famoso molho.
Bom vinho branco
Boa cerveja
Água da boa
Boa disposição do grupo.
Todos adoramos a comida estava uma delícia e a sobremesa foi uma guloseima. A noite já ia longa, regressamos ao Camping cerca das 22h00. Não dá para acreditar mas o morcão/totó ainda estava com aquela conversa que tinha-mos presenciado no início da tarde e gravamos um pouco da conversação.
Há frases como:
- Os meus amigos vão para
Famalicão vão para a serra da Estrela para aqui para acolá, não tinha
dinheiro, veio-me esfolar, fui ao mercado, paguei tudo a gozar com a minha
cara e a esfolar o irmão, olhem que se amanhem…
- A esfolar o irmão é por ele
ser emigrante…
- Paguei a ela, convidei a
Maria paguei o jantar paguei o hotel em Vila do Conde, paguei o hotel 50€ ,
paguei almoço, e ainda estão a gozar com a minha cara, não, estão a gozar
com a minha cara não, estão-me a explorar a mim não, acabou, acabou, é
como o Virgílio como o Afonso, paguei a ela eu quero se fodam…
Frases como estas foram repetitivas, no fundo também se podia ouvir a mulher deste cromo a meter a colherada, dois imigrantes do melhor que há.
26 Agosto – Montpellier - Andorra (459km)
Vamos iniciar outra etapa em direcção de Cuenca para contemplarmos as casas colgadas, local encantador e impressionante. Já muito perto da fronteira espanhola o Carlos colocou a hipótese de passarmos por Andorra, sugestão aprovada por maioria. Há frases como: Viagens como a actual com muitos dias há sempre espaço para que situações como esta tenham ajustes. Eu tinha dito que ao passarmos a fronteira existe um espaço comercial “ Gran Jonquera”, onde poderíamos fazer algumas compras, no entanto parámos e aconteceu que este tinha sido totalmente modificado e o aspecto nada tem a ver com o que em tempos aqui havia, é agora um outlet, que não presta, perdeu toda a qualidade que já existiu, paciência e partimos. Vamos fazer o percurso pelo lado espanhol, caso tivéssemos decidido mais cedo havia um percurso por França mais rápido.
Para mim este também é um trajecto novo, já tinha feito anos atrás o outro por França. Fomos passando por vales e muita montanha, estradas sinuosas e estreitas, queríamos ver neve nos locais elevados nem vê-la, conforme íamos andando a temperatura oscilava entre o vale e a alta montanha, habituados que estávamos ao calor, houve momentos que sentimos aquele frio que já nos era desconhecido, é que nos encontramos nos Pirenéus. Cruzamos a fronteira do principado na realidade não existe nenhum príncipe, apenas designados de co-príncipes o chefe de estado de França e o bispo de Urgel que nomeiam os seus representantes para a governação deste micro estado.
É o único país do mundo onde os seus dois chefes de estado são escolhidos por um país estrangeiro o francês é eleito por cidadãos franceses, mas não é eleito por Andorranos, visto este não poderem votar nas presidenciais francesas e o co-príncipe episcopal e bispo de Urgel é nomeado por outro chefe de estado estrangeiro o Papa.
A língua oficial é o catalão, embora o espanhol português e francês sejam comumente falados. Ficamos instalados no Camping Valira na capital, Andorra a Velha. Também podemos dizer que as nossas férias são também gastronómicas por várias razões, gostamos de boa comida e terminar o dia repimpados. O eleito desta vez, Arrosseria Andorra Restaurant – Carrer de la Vall, 1 AD500, optamos por paelha, foi uma delícia, uma boa aposta pois não conhecíamos tal restaurante, também por se encontrar longe dos lugares comuns de passagem, estava bem escondido lá no alto numa pátio junto a uma ruela pedonal. Mais outo final de dia fantástico, é para isso que nós todos cá andámos.
27 Agosto – Andorra – Andorra (77km)
Sitiados em Andorra a Velha, capital deste pequeno país encaixado nos Pirenéus, envolvido pela Espanha e França e com paisagens exuberantes.
Há quem só venha no Inverno para fazer ski. Com uma população de 20000 habitantes permanentes que noutras alturas do ano duplica faz parecer uma grande cidade, completada com muitas lojas de grandes marcas e não só. Tudo aqui se comercializa, os preços já não são tão apetecíveis como antigamente, reparámos que conseguimos comprar vestuário mais caro do que em Portugal apenas bebidas, perfumes, tabaco, detergentes e algum material fotográfico é mais económico. Fizemos um percurso vasto, entramos em vários locais e pouco ou nada adquirimos, por exemplo comprei uma garrafa de 1,75l de gin da marca Bombay Shappire pela módica quantia de €19,75, em Portugal 70ml custam muito mais, fiz uma boa compra. Nunca é demais passear pelas ruas muito cuidadas, construções adequadas, pequenos jardins, trânsito e semáforos controlados, não se vêm engarrafamentos, fantástico quando nos deparamos com o rio que se enquadra nas urbanizações e corre desalmadamente pelo meio da cidade.Continua uma temperatura magnífica e perduramos na nossa lide, atingimos o Mc Mc comer uns hambúrgueres de seguida fomos buscar as viaturas para irmos até Pas de La Casa, onde se situa um dos melhores resorts de ski de Andorra, aí existem 31 teleféricos. Todos nós, somos dos melhores esquiadores que se encontram neste momento por estas bandas pena é que nem um bocadinho de neve que seja há, nem nas montanhas mais altas que se vêm lá ao longe não possuem neve. A Júlia foi comprar a Minnie Mouse, figura do Walt Disney, uma enorme ratazana para oferecer à sua neta as senhoras compraram detergentes em lojas dominadas por portugueses que para aqui imigraram e conseguem ter uma melhor vida.Aqui voltamos a ver Obélix em foto, mas ainda nada de o ver pessoalmente. Assim se cifrou a vinda a esta paragem e olhamos para as montanhas totalmente despidas de neve. No regresso fizemos uma paragem bem no alto em Port D’envalira a 2408 metros de altitude, para quem tiver falta de ar este é o local ideal para arejar e purificar a vista. Meritxell, uma pequena vila de Andorra onde fizemos uma pequena paragem para visitar a basílica que substitui o santuário de estilo românico original, desaparecido num incêndio em 1972.Conclusão de mais uma vinda a este local aprazível e encantado que mais vezes aqui voltaremos. Para o resto da noite resolvemos jantar no restaurante do camping que nos preparou umas refeições saborosas, acompanhadas com boa cerveja.
28 Agosto – Andorra – Toledo (680km)
Começamos por fazer uma longa etapa. Na fronteira entre este país e Espanha o Cláudio foi mandado parar pela polícia onde lhes fiscalizaram parte do carro e fizeram algumas perguntas, como se levava bebidas, mostrando-lhe ele que apenas transportava uma garrafa.
Será que o Cláudio e Cândida têm pinta de contrabandistas e levariam umas dezenas de garrafas, chocolates e rebuçados! Mal se eles soubessem que havia uma bicicleta totalmente desmanchada para poder ser transportada, se a vissem ficariam histéricos e criavam problemas imediatos, estes também vivem obcecados em arranjar chatices. Há horas dos dias que criam monstruosos engarrafamentos à procura de quem leva mais uma merdinha para casa. Fomos andando que se faz tarde e ainda nos encontramos muito longe de Toledo, tanto que o trajecto é cheio de enormes subidas e de início ainda tivemos de utilizar as estradas nacionais. Chegados a Saragoça entramos na autovia, similar das nossas ex scut (sem custo para o utilizador) que viraram auto-estrada a partir da altura que se começaram a pagar, golpe do político Portuga. Em Espanha continuamos a utilizá-las gratuitamente. Reparei que tenho estado a gastar mais um pouco de gasóleo e o motor não responde como em outros dias, calculo que é resultado da merda de combustível que comprei em Andorra, é mais barato, mas por vezes o barato sai caro, aqui está um desses resultados, é que meti do mais caro, então! Entramos nas zonas das subidas que nunca mais acabam, segue-se uma descida, mais outra subida e a distância ia encurtando aos poucos, até que rondamos Madrid e entrámos em mais outra autovia, também é gratuita, novamente outra, saímos desta e outra grátis, passa-se o mesmo em Portugal, na zona de Tomar saio da IP3 julgo agora A23 e entro na A13, pago no primeiro pórtico 0,35€, ando 600 metros, outro pórtico para deixar mais 0,30€, porreiro, só mais uma deixa para compor o texto deste dia.Contudo já estamos a circular ao longo de Toledo, conseguimos avistar esta tão digna cidade-fortaleza rodeada por uma muralha, pontilhada por pontes e portas antigas como a ponte de San Martin e a ponte de Alcantara a puerta del Sol e puerta Bisagra. Procuramos e fomos parar num camping excelente o El Greco – 45004 Toledo. Esta terra é conhecida mundialmente desde os primórdios por fabricar um aço incrivelmente duro e tecnologicamente avançado na época, cerca 500AC, aqui se produziam e produzem espadas. O nosso e também, deles o rio Tejo, passa por aqui com pressa de chegar à nossa bela Lisboa. Tivemos pouco tempo para visitar esta cidade, o percurso feito a pé foi longo, passamos por uma das portas principais a Bisagra, subimos uma longa rampa de onde tivemos uma vista espectacular e entramos nas ruelas estreitas, desembocando na principal plaza de Zocodover, onde cursamos até ao restaurante eleito para hoje o “Abadia” já noite, tivemos de regressar ao camping a razão principal, hora do fecho deste.
29 Agosto – Toledo – Lisboa (624km)
E chegou o dia de regressarmos a casa depois de gozarmos o nosso período de férias grandes, já parecemos os miúdos quando andam na escola e anseiam pelas férias de verão.
Ao longo de todos os anos concluímos que necessitaríamos de mais dias para concretizamos as voltas perfeitas, um dia irão acontecer. Está mais um dia de calor intenso, circulamos em autovia em direcção a Elvas, é um percurso fastidioso que já todos o fizemos, apenas queremos fazer quilómetros e vamos conversando pelos rádios, falamos de tudo, desta forma a descontracção minimiza e não damos pelo tempo que se foi diluindo, passamos Almaraz onde se situa uma central atómica, aquela que está mais perto de Portugal, esperamos que nunca aconteça nada de mal, que esteja sossegadinha até ficar velhinha e que não estrague o nosso querido Tejo. Já perto da fronteira combinamos almoçar em Elvas num restaurante bom que conhecemos, mas azar o nosso, hoje domingo encontra-se encerrado, optamos por outro mais adiante que também é dos favoráveis localizados em S. Vicente na rua de Elvas 96 de nome Pompílio. Perdemos muito tempo à espera da nossa vez, estava lotado e o alentejano depois de sentar à mesa tem grude e não descola, basta estar com um café à frente para alongar qualquer tipo de paleio. E quando já não há conversa perdem-se a olhar para os próximos clientes que estão na rua ou no pátio a secarem ou a morrer de fome, o tempo que estivemos à espera andou pelos 80 minutos, somos mesmo pacientes – o tanas é que somos, hoje é que estávamos numa de não nos chatearmos. O Carlos foi umas tantas vezes espreitar e perguntar se ainda demorava muito. Ao fim daquele tempo todo, finalmente entramos e ainda vimos muitos chaparros boquiabertos a controlarem a nossa entrada. Porém os pratos e a rapidez esmerou-se, tudo estava perfeito. Agora vamos fazer a última tirada para as nossas casas pela nacional 4, calmamente, porém quando circulávamos na zona onde se encontra a academia do sporting e eis que um matador entrou quase totalmente em contra mão em alta velocidade numa curva longa em direcção à minha viatura que seguia atrás da do Cláudio, eu fiz um pequeno desvio para a berma e eis que ainda raspou com o espelho na traseira da caravana, atrás vinha o Carlos que também teve muita sorte pois o matador ia direito a ele, o bandido conseguiu passar rês-vês por ele e quase se enfiava do camião que seguia atrás, grande sorte que o bandido teve, deveria ter ficado com os cornos espetados de vez no camião. Parámos, vi o risco que ficou na pintura, apenas ficou um pequeno vinco, mais viaturas que vinham atrás de nós repararam o que sucedeu e que poderia ter sido muito grave, quem parou também e se apercebeu foi o Oliveira o nosso motociclista 88.O Cláudio ainda tentou ir atrás do matador mas fugiu sem deixar rastos. Susto ultrapassado, em parte, seguimos o nosso caminho e parámos um pouco perto de Alcochete para rematar conversa e despedirmos até às próximas viagens que todos merecemos. Conclusão, fizemos 6782 quilómetros sem ver um acidente ou manobra perigosa que fosse, foi preciso chegar à porta de casa para relatarmos a estupidez, má formação de um português que fez merda da grossa.