CRUZEIRO
BRASIL
AMAZONAS
– IGUAÇU
19
Novembro – São 5h35, ainda muito escuro e algum frio quando saímos de
casa para nos encontrarmos todos na Sobreda da Caparica no Stand do Cláudio,
quando chegámos verificámos que fomos os últimos a chegar, tínhamos combinado
estar lá por volta das 6h00, passavam poucos minutos da hora combinada. 
Inicialmente
as malas iriam ser arrumadas num atrelado, mas conseguiram colocá-las todas na
traseira e uma ou duas dentro do habitáculo. Alguma conversa ainda e partimos
para esta longa tirada programada para o dia de hoje ou seja chegarmos a Leida
bem dentro da província espanhola da Catalunha. Tínhamos feito alguns
quilómetros não muitos e eis que eu me lembro da pasta com toda a documentação
que eu pensei que tinha deixado dentro do nosso boguinhas, alerta geral,
Cláudio temos que voltar para traz, pausa… e diz a Sofia com ar de riso, que a
pasta estava com ela. Na verdade eu estava completamente convencido que a tinha
deixado no carro. Rizada imediata dos outros itinerantes e prosseguimos a nossa
marcha pela A2 e mais tarde A4 em direcção a Badajoz. Mal havíamos ultrapassado
a fronteira ouviu-se a voz de um de nós a perguntar quando parávamos, adiantei
que podíamos fazer essa pausa a seguir a Mérida, com isto ainda teríamos de
percorrer uma mão cheia de quilómetros, mais adiante fizemos a tal paragem para
revigorar as pernas e comermos uns belíssimos pastéis de bacalhau feitos pela
Beatriz, uma guloseima, mais uma quiche, tudo do bom. E lá partimos para mais outro
troço, desta vez páramos para meter gasóleo, havíamos já feito 574 km,
estávamos em Alcalá de Henares, um pouco à frente de Madrid, avançámos para o
McDonald’s comer uns hambúrgueres, coisa boa para quem gosta de comer outras
coisas, mesmo boas.
A viagem tem decorrido com normalidade, todos nos
aperreámos a conduzir, mas o condutor de serviço é o Cláudio que não deixa por
mãos alheias a condução. Entramos na zona tórrida de Saragoça que nos meses de
calor é complicada a temperatura elevada destes locais. Percorremos mais uma
boa distância e aí estávamos a passar ao lado da cidade de Saragoça, foi pena
não termos passado aqui a noite, seria fantástico pois existia muito para se
ver e nos divertirmos. O combinado é chegar a Leida onde temos já marcada a
pernoita, chegamos às 19h05 ao hotel Ibis Lleida, foi descarregar algumas malas
e deixá-las no hotel. Fomos até à Decatlon comprar um kispo para a Beatriz que
tinha sujado o dela e precisava de um agasalho pois estava muito frio e vento,

quando regressávamos ao hotel alguns de nós resolvemos ir dar uma giro nocturno
pelo centro da cidade os restantes quedaram-se a jantar no hotel e por aí
ficaram. Nós, Gilberto, Carlos, Sofia e Júlia fomos os tais que tivemos a linda
ideia de dar a nossa volta da praxe, ou seja quando chegamos a qualquer sítio,
não basta o chegar temos de conhecer mais coisas. Fizemos ainda a pé quase 4km,
detivemos com uma manifestação nocturna e jantamos ou petiscamos umas tapas de
presunto com umas boas cañas num tasco bem típico o presunto era uma delícia.
Bem tarde concluímos o retrocesso da caminhada, novamente a pé e detivemo-nos
no Ibis para descanso do malfadado corpo a Júlia já acusava fadiga de ter
andado a pé, queria era cú tremido. Fomos então dormir.
20 Novembro – Hoje o
dia começou calmamente não havia necessidade de nos levantarmos muito cedo pois
já estamos perto do nosso destino final, Barcelona que fica a pouco mais de
160km daqui.

Esta distância foi feita a uma velocidade mais lenta, percurso com
pouco trânsito, mesmo tratando-se de um domingo em que o espanhol gosta de dar
as suas voltas. Já muito perto do fim da etapa fomos atestar a viatura para que
o combustível fosse reposto numa das partes, dali a pouco desembocámos na zona
portuária e encontrou-se um lugar pertíssimo onde descarregamos as malas e um
pouco ao lado o estacionamento para que depois o irmão do Cláudio fosse buscá-la.
Malas em nosso poder, foi encaminharmos para fazermos todos os trâmites de
embarque. Verificamos que todo o processo estava fluído e rapidamente entrámos
no nosso hotel flutuante para as próximas16 noites que iremos passar no
Mediterrâneo e oceano Atlântico. Já dentro cruzeiro da MSC o Seaview,
aproveitamos para comermos qualquer coisa, demos uma pequena volta e saímos
para aproveitar a nossa estadia em Barcelona e darmos mais uma volta por esta
cidade, praticamente todos nós já estivemos aqui uma ou mais vezes, pelas
minhas contas esta é a 6ª vez que eu e a Sofia já estivemos nesta cidade, em
uma delas num carro alugado em que uns fulanos de mota deram-nos um corte num
dos pneus para nos roubarem, não é cidade que me deslumbre.


Adiantando,
encaminhamo-nos até rambla marítima atravessando uma ponte pedonal, a esta hora
há imensas pessoas a passearem por esta zona, tirámos algumas fotos e seguimos
até à La Rambla que é uma via que liga a praça da Catalunha ao porto velho,
sendo esta muito frequentada pela maioria dos turistas que aqui vêm, foi então
subi-la mais uma pequena volta e regressamos ao nosso barco que almejamos para
mais um transatlântico. Regressamos pelas 16h30 e aproveitamos para tomar uma
banhoca, passados momentos está a Júlia a telefonar-nos a dizer que estão a
chamar todos os passageiros para o simulacro de emergência.

Estávamos prontos
para sair quando me apercebi que me faltava o cartão de identificação que nos é
dado quando entramos no navio, o cartão que nos dá acesso a tudo e funciona
como cartão de crédito para tudo o que possamos comprar. Procuramos em todos os
lados e nada de o encontrar, demoramos já tanto tempo que o período para o
ensaio foi ultrapassado e eu já cheio de nervos de não encontrar o raio do cartão.
Entretanto a nossa teimosia continuou até que olhei para a porta de entrada e
vi que este estava na ranhura onde podemos ligar a parte de iluminação do deck,
concluída tão desastrosa e cansativa tarefa. Hoje também começa o campeonato do
mundo de futebol a realizar no Qatar, onde Portugal está representado por um
lote de jogadores invejáveis, veremos qual a nossa prestação, não tenho quaisquer
perspectivas nos resultados porque não gosto nada mesmo do préstimo do nosso
treinador Fernando Santos, não tem mostrado grandes resultados em jogos de
grande responsabilidade, tem mesmo perdido sempre, mas o seguidor Portuga, acha
que é um grande conhecedor, errado, no final iremos ver se tenho ou não razão.
Hoje o anfitrião Qatar começou logo a perder 2-0 com o Panamá. A noite já está
a cair e nós a darmos umas voltas de reconhecimento. Por volta das 18h00,
partimos em direcção a Palma de Maiorca que será o nosso próximo destino. Até
que chegou a hora do jantar e o momento para nos irmos deitar.
21 Novembro – O
barco atracou em Palma da Maiorca às 8h00, como estávamos ensonados e cansados do
dia anterior nem demos por conta da sua chegada.

Fomos todos tomar o pequeno-almoço
ao 8º deck e no final combinamos encontrarmo-nos à saída para a nossa volta por
Palma de Maiorca. Esta será a primeira vez que eu e Sofia vimos até às Baleares,
há vários anos que pensamos vir até estas bandas mas como fica perto da nossa
terra ficou sempre para outra ocasião, mas desta vez o cruzeiro fez aqui escala
e assim aproveitamos para dar uma pequena volta. Existe uma outra ilha neste
arquipélago que me seduz, Ibiza, um dia viremos então passear e conhecer estes
locais de outra forma. As escalas dos cruzeiros, dão-nos sempre uma visita de
médico e na verdade pouco ficamos a conhecer. Se tivéssemos optado por alugar
dois carros ou uma carrinha de 9 lugares, haveríamos de ter feito um percurso
vantajoso, não foi isso que sucedeu e resolveu-se sair a pé caminhando ao longo
da marginal, depois enveredando para uma das artérias da cidade para visitarmos
a monumental catedral de Santa Maria do século XIII, seguimos para a principal
rua da cidade que estava a ser decorada com a luzes e adereços para o Natal que
se avizinha.


Foi praticamente o que ficamos a conhecer, nada praticamente nada,
pois regressamos ao barco. Como o pessoal já estava cansado e sem vontade de
fazer o percurso de retorno a pé optou-se por ir de táxi, concluo que este
grupo já está velho, praticamente acabado, já nem consegue fazer o retorno a
pé, porca miséria.
Chegamos muito cedo por volta das 15h00 e assim aproveitamos
para almoçar, acabámos a dar umas voltas de reconhecimento pelo barco, até que
chegou a hora de vermos o espectáculo que é habitual, a seguir vamos fazendo
tempo para o jantar que para o nosso gosto é muito tarde, nós gostamos de
jantar mais cedo porque assim ficamos todos cansados e sem vontade de ir ver
outros espectáculos, por acaso ainda havia quatro resistentes que ainda iam dar
umas voltas e assim uns iam para caminha enquanto os outros iam-se recolher
mais tarde e assim terminava mais um dia de cruzeiro, para nós cerca da 1h30 da
madrugada.
22
Novembro – Atracamos no porto de Cartagena, esta cidade portuária no
sul de Espanha, fundada pelos Cartagineses no ano 220 a.C., mas também os
Romanos aqui estiveram e fizeram florescer a cidade, havendo ainda nesta época
um teatro romano a casa da fortuna e um palácio.

Existe um centro de
interpretação “Muralha Púnica” que abriga os restos de uma muralha do século
III a.C.. Foi
em 1992 a última vez que aqui estivemos no mesmo ano da feira internacional de
Sevilha, eram naquela altura, os nossos filhotes, uns traquinas. Este
porto encontra-se em frente do centro da cidade o que nos facilitou encontrar o
local que nos vai levar à primeira rua que nós queremos visitar, com as suas
construções do início do século passado, bem conservadas e harmoniosas, ruas já
enfeitadas para quadra que se avizinha. Logramos e fomos conhecer o museu
marítimo sendo hoje a entrada gratuita, aqui se encontram várias armas de
artilharia naval que mostram a evolução histórica do armamento usado nos
antigos navios de guerra, existem também fardamentos e documentos que
enriquecem os nossos conhecimentos, igualmente aqui jaz um submarino que já
esteve em mais do que um local nesta cidade, hoje está fora das intempéries e
bem recolhido, trata-se do primeiro submarino construído em Espanha por Isaac
Peral que havia ingressado na marinha espanhola em 1866 e desenvolveu este
submarino movido a electricidade que foi lançado ao mar no ano de 1888, este
não foi aceite pelas autoridades políticas, mas bem aceite pela marinha.
Esta
nossa visita foi bem aceite pela maioria do grupo, aqui estivemos mais de uma
hora apreciar o seu conteúdo. Não me lembro a razão pela qual não visitamos o
teatro Romano, por esse motivo prolongamos a visita a este museu.
E assim demos
por concluída a volta pela cidade, agora vamos até ao nosso hotel que já o
estamos avistar deste ponto onde nos encontramos. Quando chegamos fomos até à
piscina interior porque a temperatura lá fora está ainda fresca. Uns de volta
dos telemóveis, outros a conversar ou a ler, assim passamos parte do nosso
tempo de hoje. À noite fomos dar umas voltas e conhecer mais locais, estivemos
a ouvir uma brasileira exuberante com uma possante voz que canta e encanta,
muito bem simpática. Outras voltas, fizemos e finalizamos este dia, olhem quem
vimos o Ferrari e sua esposa, duas personalidades italianas que conhecemos no
cruzeiro anterior, engraçado.
23
Novembro – Hoje, chegámos a Málaga, linda cidade de costumes
admiráveis.
É a sexta maior cidade espanhola com 560 mil habitantes ou seja têm
mais 15 mil habitantes do que a nossa cidade de Lisboa, também foi fundada pelos
fenícios no século XII a.C. e foi incorporadora na coroa de Castela no ano de
1487. Visitar esta cidade neste mês de Novembro não é o mais aconselhado, pois
os milhares de turistas que param por estas redondezas é na altura do verão em
que juntam a época balnear com as noites escaldantes a passearem ou a beberem
uns copos nos imensos bares e discotecas existentes. Tanto que se consta que os
nossos amigos espanhóis nos prometem 300 dias de sol ao longo do ano. Vá lá,
tivemos ainda muita sorte o dia estava com sol e o vento bufava de mansinho, só
com muito azar não apanharíamos céu limpo nesta escapadinha a Málaga. Resolvemos
sair e dar umas voltas a pé, já sabíamos que não iremos dar grandes voltas.
Embrenhamo-nos numa das ruas mais movimentadas, esta já totalmente decorada com
as luzes e efeitos natalícios, apenas andavam alguns funcionários a fazerem
ajustes e verem se as luzes estão a funcionar em pleno. A azáfama que averiguamos,
é as pessoas a entrarem nas lojas já a antecipar as suas compras, já vimos o
suficiente e então fomos andar pela alcáçova árabe do século XI e o castelo
Gibralfaro do século XVI, construído sobre as ruínas dum farol fenício. A
maioria dos meus amigos nem por sombra lhes passava pela cabeça que esta cidade
foi o berço de Picasso, eu sabia, porque da 2ª vez que estive neste lugar fui
informado de tal e ainda mais, há as mulheres malaguenhas com seus trajes que
gostam de se sobreporem às sevilhanas na sua atitude bem como no vestir e
demonstrarem a sua pujança económica. Estas têm imenso gosto de celebrarem na
feira anual que se realiza todos os anos em meados de Agosto mostrando as suas
roupas, jóias e montadas em lindos cavalos ou em charretes.

Na nossa caminhada
contemplámos o teatro romano, percorremos algumas ruelas pelo centro histórico
e nada de comermos umas tapas ou bebermos umas cañas, porca-miséria papá! A
verdade, verdadinha é que resolvemos regressar ao barquinho que está à espera
destes mafarricos malvados que não gastaram um tostão aqui, até a entrada na
Alcáçova foi de borla. No final desta viagem vamos estar todos ricos e com a
barriguinha cheia. Málaga
é uma cidade apaixonante e eu tenho grandes recordações das vezes que aqui vim
com os meus filhotes e cara-metade.
24
Novembro – Primeiro dia em mar, saímos do porto de Málaga às 7h00 da
matina, ou seja a esta hora todos nós dormíamos regaladamente porque ontem
alguns deitaram-se tarde e agora estão nas horas dos descontos. No entanto como
combinado pela 9h30, já nos encontrávamos a tomar o pequeno-almoço. Verificamos
que já se começava a ver um pouco de sol sem quaisquer nuvens, no entanto corre
uma brisa que nos barrou de virmos para o convés apanhar um pouco de sol e
respirar ar puro que é o que estamos a precisar. Depois de comermos, algumas
das senhoras foram dar uma volta pelos locais onde se encontram promoções de
diversos artigos, os homens ficaram sentados a falar mais um pouco, é que temos
tido muito pouco tempo para por as conversas em dia, seguidamente atascamos na
borda da piscina para ficarmos ao sol e recolhidos do vento.

Já perto do meio-dia
estávamos atravessar o estreito de Gibraltar, vimos facilmente as duas margens
a espanhola e do outro lado a marroquina, para nós será a terceira vez que aqui
passamos no entanto a travessia de Tarifa para Tanger os nossos amigos já a
fizeram umas quantas vezes nós apenas duas, uma delas a ida somente para
andarmos em Marrocos a outra com a companhia do Carlos, Cláudio, Júlia, Jóia e
Cândida quando fomos até à Guiné-Bissau. Como se calcula a nossa permanência
dentro do barco contribui imenso para a engorda, para travar essa maleita,
alguns foram fazer umas caminhadas ao longo do navio, há um senão; a forma de
caminharmos não é regular, temos de entrar em zonas que não se adaptam para
depois sairmos do outro lado e recomeçarmos o trajecto que se assemelha a uma
pista mal-amanhada. Quando chegou a hora do almoço, não fomos todos ao mesmo
tempo, uns que já tinham alguma fome, outros que optaram por comer mais tarde.
Já notei que a comida nos cruzeiros de MSC é pouco variada e não de todo o
agrado.

Hoje jogou Portugal com o Gana em que soamos bastante para lhes ganhar
por 3-2, não gostei da nossa exibição, mais uma falha do treinador medíocre que
temos. Pela
tarde a música e programas de entretenimento vão-se desenvolvendo ao redor da
piscina, alguns vão dançando ou pulando, outros apenas vão olhando e ouvindo a
música que por vezes está tão alta que nos lixa os tímpanos. Pôs-se uma tarde
solarenga que deu para aquecer, mas pouco ou nada de bronze. Assim se passou
esta tarde, no final mais umas voltas ao redor do barco e às 20h00, fomos até
ao teatro ver mais uma secção musical que foi agradável.
25
Novembro – Hoje, estamos em Santa Cruz de Tenerife, umas das ilhas do
arquipélago espanhol das Canárias, é a 2ª vez que estamos nesta ilha. Aproveito
para descrever um pouco de história das descobertas destas ilhas. Existe um
senão, em que estas ilhas não foram descobertas pelos nossos antepassados.
Ou
seja, antes da chegada dos aborígenes, as ilhas eram habitadas por animais
endémicos, como lagartos gigantes, ratos gigantes e tartarugas gigantes, entre
outros, também já extintos. As ilhas são conhecidas desde antiguidade,
existindo relatos fidedignos da presença de cartagineses; estes também estavam
em toda a parte. Os romanos também por aqui andaram, mas com a queda do império
romano veio o isolamento e no ano de 1336, mais precisamente em Agosto os
portugueses redescobriam-nas, mas o Papa Clemente VI, atribui-as ao reino de
Castela que suscitou protesto de Afonso IV de Portugal. Teria mais episódios
para relatar, apenas que só quis focar a redescoberta pelos nossos
antecessores. Sobre
esta paragem nesta ilha, não fizemos qualquer projecto, porque já aqui tínhamos
estado há alguns anos, nessa altura fizemos uma excursão pelos principais
pontos.
Entretanto saímos e fomos dar umas voltas pela zona central da cidade. De
volta ao barco estivemos na piscina apanhar um pouco de sol, já se nota a
diferença da temperatura nesta zona Atlântica, mais amena e o por do sol ocorre
mais tarde, é quanto basta, por agora, sabemos que nos próximos dias as
temperaturas vêm por aí acima. Demos mais umas voltas à volta do 17º deck,
aquele percurso o entra e sai, conseguimos com isto fazer meia dúzia de
quilómetros o que já é agradável e mais alguns que fizemos hoje pela cidade. Já
tarde chegou a hora do jantar que para nós é sempre agradável para de seguida
irmos ouvir mais um pouco de música ao vivo, música que é sempre cantada por
brasileiros e os motes são sempre os mesmos.
26
Novembro – Lanzarote, uma das ilhas do arquipélago das Canárias,
próxima da costa da África Ocidental e administrada pela Espanha, é conhecida
pelo clima quente durante o ano todo, pelas suas praias e pela paisagem
vulcânica.
O cenário rochoso do parque nacional de Timanfaya foi criado pelas
erupções vulcânicas da década de 1730. As grutas do Verdes têm cavernas que
foram formadas por um rio de lava subterrâneo. Nesta ilha viveu durante muitos
anos o nosso escritor José Saramago, prémio Nobel da literatura no ano de 1998,
tinha um forte amigo que o adorava de nome Encavado Silva. Para
conhecermos esta ilha, optou-se pelo aluguer de uma carrinha que nos
transportou ao longo do percurso idealizado em cima do joelho. Optamos
primeiramente, ir até ao parque nacional de Timanfaya, percurso imaginário que
ao longo vamos descobrir a imensas vinhas encravadas em rochas e amuralhadas
por pedras, também vulcânicas. Cultura paralela às vinhas portuguesas da ilha
do Pico nos Açores, apenas aqui a extensão é muito superior.
Chegámos
praticamente à borda do Vulcão do Corvo o mais emblemático, deixamos a van
estacionada num pequeno parque em que vemos ao longe umas paisagens abundantes
em montanhas de outros vulcões. O dia está quente para nos ajudar na caminhada
que temos pela frente, alguns de nós não estão com vontade de prosseguir e
vão-se arrastando, até porque o trajecto que vamos vendo é acessível a todos. Com
isto chegámos à orla do dito, uns que iam à frente resolveram rodeá-lo pelo
lado esquerdo outros pela direita, mas ambos desistiram e voltaram para trás,
eu um pouco abelhudo, teimei e consegui trazer no encalço a Sofia e a Júlia que
fizemos mais uns 100 metros e conseguimos entrar para dentro do cone, antes nas
conversas que todos havíamos tido, pensou-se que não havia qualquer acesso, mas
enganaram-se.

Eu estive no centro, mesmo em cima da última bolha de lava.
Tiramos as nossas fotos a Júlia e a Sofia retrocederam a caminhada, mas eu
optei por circundar o resto do vulcão, caminhei a pensar que este era circular,
mas enganei-me completamente, há uma parte que se prolonga por mais umas centenas
de metros que fez que o percurso fosse muito longo, ainda estive por duas vezes
para voltar atrás, teimei e concluí a caminhada intervalando com umas pequenas
corridas para contrabalançar o tempo que iria ter de atraso em relação ao resto
do grupo. Terminei um pouco cansado e soado mas valeu a pena, estudassem… A
principal atracção era ir à casa onde residia Saramago, isso aconteceu, tivemos
pouca sorte que a residência que hoje é o museu encontra-se encerrada, é já
muito comum entre os mortais encontrarem-se estes locais fechados.

Tiramos
fotos e espreitamos o que podemos, nada mais, o Carlos ainda foi fazer
perguntas a um vizinho mas nada pudemos concluir. Nada desanimados,
dirigimo-nos para outro local da ilha, onde paramos numa pequena praia, por perto
as madames fizeram compras, este um trabalho científico e muito moroso. Depois
mais um percurso para a uma das pontas da ilha onde desfrutamos as lindas
paisagens, queríamos ver o miradouro del Rio, este é pago, como é que é, já se
paga para entrar num miradouro, não pagámos e vimos mais abaixo a outra ilha do
outro lado do canal. Aqui resolvemos inverter a marcha em direcção ao centro de
Arrecife e entregar a viatura alugada. Adoramos estar em Lanzarote. Hoje
foi o dia do aniversário da Cândida que festejamos recatadamente no restaurante
do cruzeiro, a Cândida não gosta de algazarra e exposições. É frequente quando
alguém faz anos os funcionários da sala juntarem-se e cantarem os parabéns. Há
companhias de cruzeiros que sabem os dias de aniversários dos passageiros e têm
uma surpresa para com eles. Não é o caso desta companhia.
27
Novembro – A partir de hoje vamos ter 6 dias de navegação em alto mar
sobre este extenso oceano Atlântico.

Vamos contribuir para a engorda, pois já
sabemos que iremos estar grande parte do tempo deitados apanhar sol, a comer,
ouvir música, espectáculos e a fazer algumas caminhadas, serão estas as razões
mais relevantes, outras de menor impacto irão também acontecer. O
mar fascina-nos a todos para muitos o mais importantes é a comida e essa será a
primazia das viagens de cruzeiro, mas a MSC, tem muito a desejar na qualidade
da comida, comparando-a com outras companhias em que já viajamos. Também temos
imensas actividades para nos entretermos, como o casino onde o nosso amigo
Carlos, costuma gastar uns milhares, apenas na imaginação e nas conversas que
nos faz, a verdade é que nunca o vi tirar uma moeda para esse fim, mas se ele
diz que gasta aí muito dinheiro, isso é com ele. Já as senhoras também têm
muito onde se entreterem ou gastar dinheiro nas lojas de roupas, relógios ou
nos salões de beleza, aulas de dança e spa, elas por vezes nem têm tempo para
tantas e diversas coisas, fico de certeza a não saber onde se metem e onde
conseguem gastar tanto dinheiro, falo assim mais da minha parte, pois a Sofia é
ou será assim uma gastadora nata! Por
mim nestes dias vou apanhando sol, pois é muito importante para a minha pele,
vou lendo alguma coisa, sim trago bastantes revistas da “visão” que tinha em
casa para ler, vou olhando para o horizonte para ver se consigo ver alguma
embarcação, algum peixe ou ave que se aproxime, já tem acontecido imensas vezes
em outros cruzeiros ter visto situações destas.

Com tudo isto o nosso grupo é
composto por oito pessoas, temos de facto componentes para falarmos ou
discutirmos os mais diversas questões, haja vontade para isso, vai haver com
certeza. Há um enorme ginásio, será que o vamos utilizar, tenho algumas
dúvidas, nos anteriores cruzeiros que me lembre apenas fomos até lá uma ou duas
vezes, nada mais. O Carlos e a Júlia são mais de se divertirem em actividades
colectivas, neste caso juntam-se a outros que vão dançando, eles dançando mal,
vão-se misturando e lá vão querendo dar nas vistas, por vezes exageram e lá
está a Cândida a fazer que não os conhece, sim é pura verdade o que digo, ela
sente alguma vergonha de algumas situações e põe-se de lado naquele momento, eu
acho que por vezes exageram e quase faço o mesmo. Estes
cruzeiros por vezes também servem para o romantismo, quem é que não o tem? Surgem
casais em lua-de-mel, uns rolinhos sempre aos beijinhos e metidos nas cavernas,
quero dizer sempre dentro do camarote ou suite que só aparecem à noite de resto
até nem saem para comer, ficam à espera que lhes vão levar o repasto. Nós
não estamos nesse grupo, porque praticamente 80% de nós já estão na idade do condor,
os restantes, vou dizer que para lá caminham, mas sem dúvidas estamos todos
felizes e vamos divertir-nos com vigor onde recordaremos todos os momentos que
se adivinham.
28
Novembro – Prosseguimos a nossa travessia transatlântica num dia que
não há vento e a temperatura já começou aquecer, é tudo isto que esperamos,
porque vimos donde o frio já encetou e as temperaturas já estão baixas, ou seja
a boa época para irmos para a praia terminou há algum tempo.

Esta viagem é
também uma fuga para podermos usufruir do calor e mais adiante podermos ir para
as praias brasileiras, já falta pouco para lá chegarmos. Iniciamos
a nossa campanha de hoje com um farto pequeno-almoço. Tivemos ainda a ideia de
ir para as ameias mas ainda está um pouco fresco, resolvemos então ficar no
interior. De
seguida fomos colocar-nos nas espreguiçadeiras que já tinham as nossas toalhas,
uma revista, um livro a marcar posição. Fomos apanhando um pouco de sol e
ouvindo os programas de entretinimento. Entre eles, existe o momento do step ou
exercício aeróbico, por vezes o fulano que coloca a música exagera nos decibéis
e temos de falar a berrar uns com os outros, é simplesmente um exagero medonho,
é a única altura que a música se pode ouvir na costa africana. Os marroquinos
que estão por perto devem ficar furiosos com tal algazarra. A dado momento, uns
quantos de nós resolveram dar mais umas voltas para descontrair as pernas e as
costas tão fartas de estarmos sentados ou deitados. Também aproveitaram e foram
até às lojas procurar alguma coisa para comprarem ou gastarem dinheiro sem
grande motivo.

A ocasião gera a forma de comprar seja o que for sem haver
necessidade, acho que é uma doença. Por
volta da 01h00, parte do grupo já com fome foram almoçar, outros esperaram mais
uma hora e também fizeram o mesmo. Esta fome também é provocada somente por
causa das horas, pois verdadeiramente fome, acho que não há, será isto verdade,
não também entre nós, existem esfomeados. Há
tarde mais outras horas passadas na piscina e mais programas que nos trazem
tranquilidade, temos uma vantagem é que esta embarcação não está completamente
cheia, temos imensos espaços para nos movimentarmos à vontade. Demos
mais umas voltas por locais que ainda não tínhamos passado, olhamos para o
horizonte e nada, apenas nós neste imenso oceano e um céu limpo, não se vê
qualquer nuvem e o vento contínua ameno. Hoje para o campeonato do mundo de
futebol Portugal ganhou 2-0 ao Uruguai, mais uma vez não me convenceu, julgo
mesmo que nem soube como marcou os dois golos. A atitude que o treinador teve
com o Cristiano Ronaldo não lhe fica bem, vamos ver como as coisas irão decorrer.
Com este resultado, Portugal ficou já apurado para os oitavos de final, mas não
chega.
No
final da noite fomos ver mais um lindo espectáculo de dança com artistas
fabulosos e cantores de qualidade. Neste dia vi uma dançarina que me fez
lembrar uma portuguesa que conheci quando tinha uns 18 anos, todas as
parecenças de rosto, cabelo e corpo como quando a conheci. Até comentei com a
Sofia como existem pessoas tão idênticas parecia gémea com uma diferença duns
50 anos, até faz-me rir. Terminado
o lindo espectáculo que todos adoramos, fomos até a mais um átrio ouvir mais
música, brasileira, é o ritmo existente neste navio Brasil, Brasil. Depois jantar e caminha para
alguns, outros ainda ficaram mais um tempo no passeio ou a ouvir cantar ou a
dançar. Lá estava o Ferrari com a sua esposa nas poses de dançarinos
ofuscantes.
29 Novembro – Ontem logo pela manhã tivemos um percalço o autoclismo mais uma vez não estava a funcionar.

A Sofia logo de manhã quando foi à casa de banho deparou-se com a sanita completamente cheia de água e furiosa resolveu ir até à recepção reclamar, pois desde o inicio do cruzeiro tivemos sempre este problema, todos os dias havíamos feito reclamação ao assistente de serviço do 10 deck que foi sempre atencioso e conseguia resolver o arranjo com os serviços de manutenção do cruzeiro. Desta vez a paciência findou. Para compensação das arrelias que temos tido resolveram mudar-nos de cabine e colocaram-nos numa no 14º deck com varanda. Não é que dessemos grande valor a uma cabine com varanda, mas foi um reparo do nosso mau estar. Tivemos uma grande trabalheira em retirar todos os nossos pertences de um lado e voltar arrumá-los no outro. Toda a roupa foi mexida e voltá-la a colocar nos cabides e gavetas, ainda perdemos umas duas horas. Não bastando, depois de tudo arrumado fui até à varanda dar uma olhadela para o horizonte, com isto encostei-me ao varandim e eis que algo nos estava guardado, sujei um polo acabado de vestir com fuligem das chaminés do navio. Mais uma vez viemos à recepção para reclamar, aperceberam-se e o polo ficou em poder deles para lavar, encontra-se muito sujo e não sabemos se as manchas sairão alguma vez.

Depois desta lufa-lufa fomos ter com os nossos cúmplices que não sabiam nada de nós, lá tivemos de contar o sucedido e tardiamente tomamos o pequeno-almoço, praticamente nem apetite tínhamos porque já faltava pouco para a hora de almoço, desta vez fomos comer muito tarde. O programa da tarde que já andávamos para fazer há alguns dias surgiu hoje, hoje está guardado para o dia das novidades. Então, Gilberto, Carlos, Cândida e Cláudio foram para os escorregas aquáticos. A primeira opção que é sem dúvida a que nos mais impressionou, foi numa bóia gigante que transporta duas pessoas e atinge uma velocidade considerável, tem um percurso que sai para fora do navio, mas nós nem nos apercebemos desse momento por causa da velocidade. Quando se chega à parte final o impacto é forte e cria uma forte ondulação no travamento, fizemos este percurso três vezes para depois passarmos para um outro que é individual e apenas o nosso corpo escorrega pela tubagem, não achei grande interesse, tanto que finalizamos a nossa vinda aqui satisfeitíssimos. Também foi hoje que me deram 80€ pelo meu polo que ficou danificado que não conseguiram tirar a nódoa na totalidade, apenas me davam 40€, mas depois de grande diálogo lá se descoseram. Final da noite, versão idêntica à de outros dias.
30 Novembro – O corrupio de certos passageiros para chegarem ao deck onde
são servidos os pequenos almoços é por vezes ofegante para quem não tem pressa
em chegar ou comer, esta situação vê-se constantemente.
Esta será sem dúvida
das primeiras tarefas da manhã para de seguida repetirmos quase na íntegra o
que se passou no dia anterior. Já estou farto de comer o mesmo, sem dúvida que
a diversidade é imensa, mas não é suficiente, não sou daqueles que tomam os
pequenos-almoços como já estivessem almoçar, há quem coma hambúrguer, batata
frita, feijão, massa, etc.. Até levam para a mesa grandes quantidades de sumos
e seus pratos cheios, abarrotar. Eu apenas como quantidades pequenas e variadas
– pão, queijo, ovos mexidos, café com leite, por vezes sumo, o suficiente para
me sentir satisfeito. Praticamente foi que hoje sucedeu, nada de exageros e
prontos para avançarmos para a zona da piscina para apanhar sol, pois este dia
de Outono no hemisfério norte está soalheiro.

Por aqui estivemos uma boas horas
o Henrique foi até ao camarote ver mais um jogo de futebol do campeonato do
mundo. A Sofia, Júlia e Beatriz foram ver as novidades que estão em saldo para
o dia de hoje, o restante grupo ficou a ler, dormitar ou a banharem-se na
piscina, um senão este cruzeiro para o tamanho que tem e para o número de
passageiros que pode transportar esta piscina é bem pequena. Mais
uma vez veio a hora do almoço de seguida mais umas voltas e regresso ao redor
da piscina para ouvirmos a música brasileira com um som estridente. Assim fomos
passando a tarde que nos trouxe descanso e algum sono, esta é a vida sedentária
da maioria dos passageiros que são já sexagenários, é desgastante, o não saber
o que fazer. À noite o programa e a passagem pelos diversos palcos onde a
música abunda e por fim o repastado jantar. Todos gostamos de ir ao restaurante
Silver Dolphin no deck 6, aqui a comida tem qualidade e a quantidade não é para
enfarta brutos. Hoje
foi um dia de gala em que alguns passageiros vestiram-se com elegância, os
homens de terno e gravata e as mulheres com vestidos de festa, as nossas
madames também se capricharam, aliás, como tem sucedido todos os dias,
apresentam-se bonitas e bem cuidadas, não é necessários um dia de gala, para
tal.
1
Dezembro – É hoje que vamos cruzar o equador. Este ritual só acontece
aos cruzeiros que em fim de temporada vindos da Europa ou América do Sul,
cruzam esta linha no oceano Atlântico, ou seja a maioria dos outros cruzeiros
não tem esta possibilidade, são mesmo poucos o que fazem este trajecto.
O
despertar tem sido por volta das 8h30 como estamos em decks diferentes
combinamos na noite anterior a hora para nos encontrarmos no pequeno-almoço,
aconteceu o mesmo hoje, subimos até ao 16º deck deixamos as toalhas já em cima
das espreguiçadeiras da piscina principal a marcar um lugar que seja mais
apetecível para nós, de seguida vamos para o restaurante abastecermo-nos
daquilo que mais no agrade e comer. Depois de volta à piscina para ver começar
o ritual de hoje, a travessia do equador. Já se vêem movimentações em toda esta
zona, mas o começo iniciou-se na proa no 17º deck onde a Júlia e o Carlos já lá
se encontram, nós ficamos por estas bandas. Às 11h00, começaram aparecer os
primeiros figurantes com grande algazarra, pois vinha uma figura carismática o rei
dos mares “neptuno”, um gordalhaço com grande dificuldade a mexer-se,
acompanhado de umas gajas que o vão ajudar a descer as escadas e seguido por
uma imensidão de paspalhões e paspalhonas que ajudam à palhaçada.

O som da
música é estridente, há uma locução do que se está a passar, mas a música
abafa-a. Chegam por fim ao palco que sobrepõe à piscina, aí começa a bênção dos
marinheiros, passageiros com champanhe que se integraram na fantochada. Depois sentam-se
na beira da piscina onde são regados com mostarda, ketchup, farinha, chocolate,
cominhos etc.. Estes ficam sujos com mestria de emporcalhados, mais parecem
umas doninhas fedorentas, pois a mistura dos diversos componentes cria um
cheiro nauseabundo. A zona da piscina e sua água ficou numa lástima, pois todos
os recém-baptizados caíram nela ou se foram lavando. Um festejo mais pareceu um
momento carnavalesco. Assim se passou a manhã e a piscina e zona adjacente está
totalmente interdita para consumo, já estão a começar as obras de restauração
do espaço. Também
aconteceu que a meio da tarde estávamos a passar junto às ilhas Fernando de
Noronha, quer dizer que estamos a cerca de 350km ao largo da costa brasileira,
já bem perto de Salvador. Mais
um dia se passou, amanhã iremos para o derradeiro dia de alto mar.
2 Dezembro – Depois
das conjunturas diárias repetitivas lá estamos todos repimpados ao sol e que
sol o de hoje, já nos encontramos muito pertinho da costa brasileira em que o
calor é bem notório.

O Carlos, somente ele, lembrou-se de ir fazer Zip Line,
nós cá em baixo esperamos por ele para tirarmos umas fotos ao super-homem que
irá sobrevoar-nos. Hoje
pela 12h00, Portugal vai fazer mais um jogo para o mundial frente à Coreia do
Sul treinada esta por um português, Paulo Bento que por sua vez há anos também
já foi treinador da nossa selecção, não se vislumbrou com os resultados nessa
altura e foi de abalada. A hora do jogo chegou, aí estávamos quase todos empolados
com este jogo. Eu e a Sofia resolvemos ir
para a nossa cabine ver o espectáculo, abrimos a porta da varanda e até uma
réstia de sol entrava por ali dentro, seguida de uma aragem quente e um silêncio
primoroso. Temos todos os pormenores para ficarmos bem instalados. Assim
começou o jogo e boas perspectivas para o final. Não tenho gostado que o
Cristiano Ronaldo tenha ficado no banco, desta vez vai jogar de início, é que o
Nandinho está abusar e ajudar afundar o melhor ou um dos melhores jogadores de
futebol de sempre. Começa o jogo e logo aos 5 minutos, golo de Portugal, marcou
Ricardo Horta, o jogo foi-se desenrolando e aos 27 minutos a Coreia empata, não
estou nada a gostar, já há vários minutos que venho dizendo que vamos perder.
Chegou o final da 1ª parte, vamos ver o que vem por aí, recomeça o jogo e contínuo
a não gostar como a equipa está escalonada no terreno. Somos uma selecção cheia
de craques, temos lá 26 jogadores que formam duas fortes selecções, como é
possível estarem a jogar assim tão mal. Eu só culpo este treinador que já
deveria ter sido posto na rua há muitos anos.

Ele nem sabe com a sorte que foi
campeão europeu em França, foi somente graça aos jogadores, tecnicamente ele, é
péssimo. Aos 80 minutos este anormal fez duas substituições desnecessárias, só
faz merda. Só vejo a Coreia a subir e Portugal a ficar-se para trás. Aos 91
minutos a Coreia faz os 2-1, que vergonha, vergonha. Resumindo até gostei, eu
que desde o início venho dizendo que não vamos muito longe. No entanto já
estávamos apurados para os oitavos de final, veremos o que iremos fazer com a
Suíça. Terminada tão dura tarefa de mim e da Sofia, ela sempre a ouvir-me
resmungando lá fomos juntar-nos aos nossos amigos, eu com uma cara de meter
medo, ainda pude dizer umas boas palavras de desagrado, mas não me deram razão.
Também não fiquei chateado pois também já vi que de futebol não percebem pívia. Depois
do almoço tardio, fomos fazer mais algumas actividades de relaxamento, como
caminhar, ouvir música, passear pelo casino, espreitar o Spa, olhar para o
longínquo horizonte e beber um chazito com umas bolachinhas que tanto gostamos.
O importante é termos organização e saber aproveitar todas elas. Ao final da noite fomos até ao
deck da piscina onde há música e doçaria para todos os dançantes e gulosos, sim
fomos todos até lá, porque somos gulosos, dançantes, nem tanto assim.
3 Dezembro – Atracamos no porto de Salvador às 09h00, mas a hora
prevista era para as 10h00, não percebi esta discrepância no horário, também
não é para entender.

Nesta
altura já todos nos encontrámos na gare do porto para iniciarmos o percurso
pela parte antiga desta cidade. Sendo esta a capital do estado da Baía e a
cidade mais visitada do nordeste brasileiro. Apanhamos
dois táxis que nos levaram a uma zona comercial da cidade para comprarmos cartões
da rede telefónica brasileira para podermos contactar com os nossos familiares
em Portugal e também para falarmos com outros contactos brasileiros. O Cláudio
aproveitou para reparar o seu telemóvel que dias antes tinha-se afogado. A
seguir partimos até à Basílica do Senhor do Bonfim, quando chegámos fomos abordados
pelo gente que anda por ali a oferecer as fitinhas da sorte, segundo diz a
tradição que pedindo um desejo esse será concretizado quando a fitinha que foi colocada
no nosso pulso se rebentar, será nessa altura que o desejo se realizará. Fomos visitar
a basílica que é muito bonita e no final iniciamos o nosso regresso, entretanto
à saída o Gilberto foi intersectado por uns vendedores que lhe pediram se ele
não se importava de trocar as moedas de euros que eles tinham por reais porque
o banco não cambiam, assim aconteceu o Gilberto lá cambiou algumas moedas, e lá
seguimos caminho, qual não é o seu espanto quando meteu a mão ao bolso e se apercebeu
que uma nota de 100 reais tinha desaparecido, ficamos incrédulos sem saber o
que aconteceu à nota.
Entretanto
como estava na hora de almoçar optamos por um local típico o Mercado Modelo,
onde se vende artesanato e existem vários restaurantes. Este foi inaugurado no
ano de 1912 e aqui funcionou a alfândega. Fomos comer comida baiana acompanhada
para alguns de nós com cerveja e as senhoras ficaram-se pelas caipirinhas e água
de coco. Na verdade não dei grande valor ao prato que escolhi, este foi a
maioria para todos nós. É já uma vertente de comida para turista e em que o
preço não ficou atrás, para brasileiro o que nós pagamos é simplesmente um gatunice.
Subimos o elevador Lacerda, pagámos um custo baixíssimo uns míseros cêntimos, já
cá em cima seguirmos até ao afamado bairro do pelourinho e se pensam ver um
pelourinho estão enganados, este já existiu, foi-se com o tempo.

Daqui
conseguimos ver uma quantidade enorme de igrejas, em cada canto está uma com o
seu campanário ou torre sineira como queiram proferir. Visitámos a igreja
convento de S. Francisco, subimos mais umas quantas ruas e escadas, voltamos a
descê-las e aqui estamos novamente no largo do pelourinho, desta vez há música
com os bombos atroarem a praça, grande banzé e ânimo, brasuca gosta de festa,
aqui a têm. Subimos novamente até à praça onde está o elevador, aqui ficamos
por algum tempo pois havia mercado e bancas de vendas de recordações. O Carlos ainda
quis tirar uma fotografia com uma fulana vestida com os trajes baianos, mas não
chegou a bom término, porque ela pediu um valor excessivo e o Carlos não estava
nessa, ficou apenas com a vontade, e ela não fez negócio.

Vamos
então regressar ao barco no caminho ainda fomos visitar o mercado na zona das
bancas. Na rua estava um grupo a praticar capoeira foi muito engraçado. Neste
momento já nos encontrámos no cruzeiro e preparados para o ver abalar que será
pelas 21h00. A nossa estadia nesta cidade
não teve grande ênfase, pois todos nós já havíamos estado aqui.
4
Dezembro – Hoje quando acordamos, reparei que ainda estávamos a
navegar, muito estranho porque deveríamos ter chegado às 8h00 da manhã a
Ilhéus, não entendi. Quando chegámos ao nosso ponto de encontro e falamos com
os nossos comparsas alguns já sabiam que por causa do mau tempo íamos a caminho
do Rio de Janeiro, nós não tínhamos ouvido nada, a MSC deveria nos ter informado
a razão pela qual não atracou em Ilhéus.
Constatei que mais uma vez esta
companhia de cruzeiros é fértil em atitudes deste tipo. Fiquei enfadado com o
sucedido, ainda mais não ir a Ilhéus, local que nós tanto gostávamos de
conhecer. A
este dia vou-lhe chamar “mau tempo no canal de caveira da msc”, fica-lhe muito
bem este título. Então,
outro dia em alto mar, não iremos gostar e temos que inventar o que vamos
fazer, ora essa, tão fácil; toalhas nas espreguiçadeiras para apanharmos mais
sol, ler, falar e as nossas voltas do costume. Verificámos que sol não havia,
estava sim uma aragem incomodativa e os mais friorentos tiveram de se trajar
com mais um agasalho, eu e a Sofia mantivemo-nos como de costume. Olhando do
varandim do navio reparamos da existência de algumas nuvens, nada de chuva ou
vento que tenha impedido o atrancamento do navio, vi na rota pelo maps.me
do meu telemóvel que estamos muito perto da costa, mas inquieto fiquei com a
provável aldrabice em curso.
Sucede que a maioria dos passageiros que são
brasileiros em nada estão prejudicados em seguirem para o Rio mas nós não somos
brasileiros o nosso caso em nada tem a ver com o deles. Ainda pensamos que
optassem em parar noutro porto posteriormente, mas vamos vendo que isso não vai
acontecer. Passando
a outra matéria, adveio que a meio da manhã Gilberto, Carlos, Sofia e Júlia
desandaram e foram dar uma imensa volta pelos mais diferentes sítios do barco.
Há tarde mais umas voltas, até que veio o espectáculo diário que foi fabuloso, depois
fomos jantar. Hoje eu e a Sofia fomos os últimos a irmo-nos deitar, era mais da
1h00 quando fomos para a nossa cabine, não havia sono e os sítios
onde havíamos estado a ouvir música foram incríveis. 5 Dezembro – Inesperadamente
estamos a efectuar dois dias seguidos de alto mar, na realidade apenas um estava
programado, não usaram ou não pretenderam ter outra opção de pararmos em outro
porto para compensar Ilhéus.
É que nem comunicaram do acontecimento se é que
alguma coisa ocorreu. O cliente é de longe, fogo à peça que se atrasa a mala. Pergunta
habitual, quais as actividades para hoje, as mesmas de sempre com a excepção de
que há pouco sol e algum vento. Também estão acabar os últimos cartuchos desta
viagem, amanhã chegaremos ao Rio de Janeiro e vai-se dar o desembarque, durante
o dia de hoje a Sofia vai começar arrumar as malas para que logo à noite não
tenha grande trabalheira. Passamos a manhã a visitar alguns locais menos frequentados
até que chegou a hora de almoçar. Da parte da tarde estivemos a ouvir mais uns
músicos. Hoje há grande algazarra pois daqui a pouco começa o jogo de futebol
entre o Brasil e a Coreia do Sul, os brasucas trajaram-se todos a rigor com as
suas cores amarelas e verdes, já saltam por tudo que é lado, vamos ver o que
acontece.

Logo começou o jogo e todos ficaram de pé quando o hino deles tocou, também
homenagearam Pelé que se encontra hospitalizado em perigo de vida, há dias
surgiu uma notícia de que já tinha falecido, mas foi apenas um boato. O Brasil
está a jogar mais ou menos e marcou o primeiro golo. Ao longo do tempo mais
surgiram e o resultado final foi-lhes favorável por 4-1, grande festa no cruzeiro,
pois são quase todos brasileiros. A noite chegou e como de costume assistimos a
mais um fervoroso espectáculo, lá isso a Msc tem um lote de figurantes de lhes
tirar o chapéu, cada espectáculo que fazem ficamos fascinados, este foi o
último, aprimoraram-se ainda mais. Para nós é a última noite nesta viagem por
mares, amanhã iremos encetar a segunda parte desta epopeia.
6 Dezembro – Início
do desembarque, sempre uma roda-viva, ou porque temos de sair o mais cedo
possível para darmos seguimento ao levantamento das malas ou porque temos de
nos deslocar para a próxima estadia.
O que verificámos logo foi que existem
imensas filas para as saídas, mesmo com a programação antecipada de que haveria
grupos independentes o que vimos foi que muitos dos passageiros misturaram-se e
foi no final quase tudo à molhada, mesmo que muitos respeitassem a sua ordem,
tal como nós. Já fora do navio fomos levantar as malas e esperar pelos
restantes amigos. Já todos no exterior da gare, o Carlos e o Cláudio vão
apanhar um táxi para irem levantar os carros alugados meses atrás, uma nota
deveras importante são carros pequenos mas com espaço suficiente para
transportar todas as malas que temos. Estivemos algum tempo à espera que
chegassem, porém há muito trânsito e o local onde nos encontramos é de difícil
acesso, assim mudamo-nos para um outro ponto mais à frente.

Fomos contactando
telefonicamente com eles para sabermos a sua posição e por fim chegaram.
Colocamos as primeiras malas e alguns de nós e o que se verificou não
conseguimos colocar toda a tralha, tivemos sim que alugar um táxi para levar o
resto da tarecada, ou seja os três carros completamente cheios. Então os carros
alugados não levaram toda a tralha, nem pensar, então não eram espaçosos,
também não. Querem galinha gorda por pouco dinheiro! Partimos de imediato para
colocar os pertences no hotel que fica numa zona central da cidade. Não
desgostei do hotel, bem localizado, preço acessível, mais ou menos limpo e
antigo mas já com algumas remodelações. Somos um quanto apressados e aí vamos
para as primeiras voltas. Ali perto situam-se a escadaria do Selarón, local
atractivo e turístico, acho que toda a gente que vem a esta cidade não poderá
perder tais imagens, com isto a história deste local – Em 1990, Jorge Selarón
começou a renovar alguns degraus da escadaria que se encontravam em péssimo
estado de conservação e que passa em frente à sua residência. No início os vizinhos
zombavam com as combinações bizarras de cores no momento em que ele mesclava os
degraus com pedaços de azulejos em azul, verde e amarelo, ou sejam, as cores da
bandeira do Brasil.

Começou por ser um passatempo à sua principal paixão a
pintura. Este estava constantemente sem dinheiro, então vendeu quadros para
financiar esta empreitada. Foi um trabalho longo e cansativo, mas finalmente
cobriu todo o conjunto com azulejos e espelhos. Acabamos por subir a totalidade
da escadaria e descemos pelo outro lado, pela ladeira de Santa Teresa. Lá em
baixo cruzamos uns quantos fora de lei, bandidos que andam no gamanço e se
encontravam debaixo dos arcos por onde passa o bondinho de Santa Teresa, não se
atreveram a se meterem connosco mas o olhar deles foi ameaçador. Chegou a hora do almoço e quando íamos a
passar numa das ruas vimos um placard anunciar; Portugal 1 Suíça 0, fomos
caminhando e mais adiante conseguimos arranjar lugares numa cervejaria com esplanada
e que tinha uma televisão a transmitir o jogo de Portugal. O funcionário foi
muito atencioso e juntou umas quantas mesas para ficarmos bem instalados,
mandamos vir cervejas, sumos e petiscos, assim estivemos felizes por vermos uma
grande exibição da nossa selecção, como já não presenciava há imenso tempo, o
jogo terminou com uma vitória retumbante de 5-0, quem diria.

Há alguns minutos
atrás começaram a cair uns pingos que ao longo do tempo a chuva engrossou e
complicou a nossa saída. Todos se foram embora cabendo ao Carlos, Gilberto,
Júlia e Sofia, ficarem mais algum tempo à espera que a chuva abrandasse. Pouco
ou nada, está uma tarde de chuva, até que resolvemos ir andando aos poucos,
parando aqui e ali até que o Carlos entrou dentro de um edifício para nos
abrigar e descobriu que havia um pequeno espectáculo de natal, gratuito, foi o
suficiente para subirmos a escadaria e assistirmos aos cantos de crianças e
adultos, foi bonito. Quando terminou averiguamos que a chuva já se tinha ido
embora.

Já estava a escurecer, fomos então para o hotel, mas quando já estávamos
próximos ouvimos uma algazarra sem saber donde vinha, agora muito próximo do
hotel existe a sede do Flamengo, é daí aquela barulheira, estão muitos adeptos
na rua a cantarem o hino e outras canções referentes ao clube. Estivemos algum
tempo a ver o espectáculo e a tirar algumas fotos. Resolvemos então ir embora,
mas antes fomos comer no starbuks, qual foi o nosso espanto, a funcionária não
conseguir escrever nos copos dos chocolates que pedimos os nomes de alguns de
nós, só erros. Assim terminamos de noite o nosso primeiro dia no Rio.
7 Dezembro – Plano para hoje, Petrópolis, cidade onde o filho do
imperador português D. Pedro IV de Portugal tinha a sua residência de Verão,
este D. Pedro II, por sua vez foi imperador do Brasil.
Percorremos uma
distância de cerca de 70km até esta cidade embelezada nuns montes verdejantes
para visitar o local mais carismático o museu imperial que alberga alguns dos
objectos mais importantes da história do Brasil, de seguida visitamos a
cervejaria Bohemia, local onde qualquer bom apreciador de cerveja se exalta.
Provamos umas quantas qualidades, mas a maioria não as apreciou, a nossa Sagres
e Super bock são melhores. Conseguimos um local engraçado para almoçar num boteco instalado num primeiro andar, não foi caro mas mais me pareceu uma cantina pela disposição e
clientela.
No
regresso ao Rio passamos por diversas localidades, uma delas Teresópolis e
Friburgo, sempre debaixo de muita chuva, qualquer destas cidades nos pareceram
sem importância, seguimos e fomos apreciando ao longo do trajecto construções
muito bonitas, enraizadas na cultura Helvética, faz-nos parecer mesmo que
estava-mos na Suíça. No regresso fizemos um percurso mais extenso para entramos
no Rio pela imensa ponte de Niterói, era meia-noite quando chegámos.
8 Dezembro – Só de manhã eu e a Sofia é que soubemos que o dia de ontem
não tinha terminado da melhor forma, para o Carlos, Cláudio e Cândida que
depois de nos deixarem no hotel foram levar as viaturas para um parque de estacionamento
aqui bem perto do hotel a sorte nesta altura não estava do lado deles e ficaram
presos neste parque, as portas de saída estavam todas bloqueadas.
Bateram nas
portas, chamaram e ninguém apareceu para os socorrer, foi um fulano de um quiosque
no exterior do parque que ouviu vozes e alertou o guarda do parque, note-se que
este estacionamento é enorme. Então passado bastante tempo lá conseguiram sair
da prisão preventiva. O que vamos fazer hoje, iremos
ter um dia bem preenchido com diversas actividades, sendo a primeira andar num
dos bondes Santa Teresa não foi assim tão fácil descobrir o local de onde ele
partia, mas conseguimos.
Já todos instalados dentro de um deles e lá partimos, primeiro
percorremos um viaduto que foi adaptado para ser transposto por carris, mais
adiante a enorme ladeira, passando pelo largo dos Guimarães até à nossa última
paragem na horta dos Prazeres, onde subimos por um carreiro e alcançámos uma
vista panorâmica sobre uma parte do Rio, isto já na vertente de uma favela,
daqui vimos muito mais abaixo outra construção gigantesca desta cidade e mais outra
favela. Todos sentimos que a Beatriz anda muito à vontade e nesta cidade temos
que ter imenso cuidado, foi alertada mais uma vez pelo filho para não se
afastar do grupo.

Não foi fácil no regresso arranjar-se lugar para todos no
bonde, alguns tiveram de vir num táxi. Partimos para mais uma visita até ao Pão
de Açúcar, outro local emblemático deste Rio, tiramos os bilhetes para o
bondinho para nós o nome verdadeiro é teleférico, este troço está dividido em
duas viagens totalmente independentes, devido á sua distância entre morros e
subidas muito íngremes. O primeiro troço foi até ao morro da Urca, aqui
obtivemos fotografias fantásticas, sim detivemo-nos por algum tempo apreciar
tudo o que nos rodeia até que partimos para o próximo troço até o Pão de Açúcar,
até aqui 5 *****, apesar de já termos estado aqui, locais como este podemos
repetir mais vezes. Também já havíamos estado no Corcovado, mas lá vamos outra
vez apanhar o trem para escalarmos mais outro morro. Esta subida é majestosa e
longa, quem não gosta de andar de comboio, este é outra espécie, um parente
muito próximo, bem gracioso.

Chegamos e deparamos com mais paisagens como a
ponte de Niterói, Maracanã, Praia de Ipanema e Praia de Copacabana, entre
tantos locais interessantes. Não podíamos terminar esta visita sem nos intercalarmos
numa foto com o cristo que está sempre à espera de mais uma foto com os mareantes
de meia tijela, este é fotogénico e sorri para todos, faz-me lembrar o nosso
presidente Marcelo com as suas selfies constantes. Findamos desta forma as
nossas voltinhas de hoje o dia está acabar, vamos regressar ao hotel e arranjar
local para jantar.

Optamos por um local diferente e adoptarmos o Lonely Planet,
nosso guia constante e fiel, tivemos como opção o Bar Mineiro, situado em Santa
Teresa na rua Paschoal Carlos Magno, 99, onde comemos bem e as bebidas não se
ficaram atrás, estranhamos o preço, foi carote, ainda mais no Brasil e comparando
com outros locais do mundo onde já estivemos, foi deveras exagerado. Sim é o aproveitamento
de sermos turistas que fomos mais ou menos roubados. Este jantar teve a
simpática promessa da Beatriz que se chegou à frente e nos quis lisonjear com
tão agradável gesto pelo dia do seu aniversário, comemorado alguns dias atrás.
Um bem-haja e que a data de seus anos se repita por longos anos com muita
saúde.
9 Dezembro – Falando um pouco de história, esta desconhecida da maioria
dos portugueses sobre terras brasileiras – a baía de Guanabara na qual foi
fundada a cidade do Rio de Janeiro, foi descoberta pelo português Gaspar de
Lemos no dia 1 de Janeiro de 1502.
Passando alguns anos, em 1555 os nossos amigos
franceses apossaram-se desta baía. Nessa altura os nossos antepassados
consolidaram uma aliança com os índios Temiminós e com o auxílio destes lixaram
a colónia francesa em 1560 e os franciús foram à vidinha. A 1 de Março do ano
de 1565 a cidade foi fundada com o nome de São Sebastião do Rio de Janeiro. Com
a exploração de ouro em Minas Gerais esta cidade tornou-se a maior cidade do
Brasil tendo o Marquês de Pombal transferido a sede da colónia de Salvador para
o Rio de Janeiro. Esta de 1815 a 1822, foi a capital do reino de Portugal,
Brasil e Algarves, também do império do Brasil de 1822 a 1889 e por último de
1889 a 1968 da República dos Estados Unidos do Brasil. Deixou de ter o estatuto
de capital quando foi construía Brasília. Depois passou a ser uma cidade-estado
com o nome de Guanabara e somente em 1975 torna-se a capital do estado do Rio
de Janeiro.

No entanto sempre foi uma cidade encantada à beira mar plantada,
tendo praias famosas como a de Copacabana e Ipanema, tendo um cristo redentor a
morar bem lá no alto com os seus 38 metros de altura no topo do Corcovado, mais
o Pão de Açúcar e o período do carnaval com fantasias extravagantes e sambistas
e um sem número de favelas que desencantam. Agora um pouco do que fizemos
hoje, caminhamos pelo centro, passamos pelo teatro municipal no seu edifício
colonial gracioso, seguiu-se o museu Sacro Franciscano que tinha uma exposição
de presépios de diversos países. Mais à frente andamos numa das ruas em que
existem muitas lojas e vendedores de rua. Seguiu-se a igreja Nossa Senhora do
Carmo da antiga Sé, mais o cais do peixe. Assim passamos a nossa manhã. Hoje é
um grandíssimo dia para os brasileiros, é que joga a sua selecção de futebol e
isso no Brasil é festa da grande, a maioria das lojas por onde andamos algumas
já se encontravam encerradas, até bancos ou serviços de estado, tudo encerrado
para verem às 15h00, o jogo frente à Croácia.
Nós como bons portugueses
queremos ajudar à festa e deslocamo-nos até Copacabana e também fomos assistir ao
jogo e abancamos num boteco da praia, mandamos vir umas caipirinhas, uns
batidos de fruta e cervejas, mais uns camarões, assim nos mantivemos em
silêncio até que qual não foi o nosso espanto o copo do batido que a Júlia
tinha deixado quase cheio em cima da mesa voou para cima da Cândida que ficou
completamente encharcada e melosa dos pés à cabeça tudo escorria, quando nos
apercebemos que tinha sido a Beatriz que tinha dado com o pé na messa e causou
aquela catástrofe, a Cândida teve que tirar a roupa toda e vestir o biquíni e
lá foi ela para a praia tomar banho enquanto o Cláudio e a Beatriz foram
procurar algo para ela vestir, apenas conseguiram encontrar uns calções e uma
camisola da selecção do Brasil até que ela ficou giraça.

Com este percalço lá
continuamos a ver o jogo que já se encontrava no prolongamento e foi nessa
altura que o Brasil marcou o primeiro golo, faltavam 4 minutos para terminar o
jogo e a Croácia empata, grande balde de água fria para os torcedores
brasileiros. Agora vão a penáltis e não é que o Brasil perde por 4-2, tristes,
enfadados e chorosos o brasileiro fica a sofrer. Connosco nada se passou, vamos
a ver o que Portugal irá fazer amanhã frente a Marrocos. À Noite resolvemos ir
jantar a um local com classe no Braseiro da Gávea, serviram-nos uns nacos
esplêndidos, caipirinhas, sumos de fruta e sumo de cerveja da boa. Chegamos ao
hotel indispostos e um pouco cansados de não fazermos nada.
10 Dezembro – Que hotel é este onde nos encontramos! Actualmente é um hotel que foi
restaurado, onde se vêem algumas instalações modernas, mas muitas coisas ainda recordam
o antigamente, neste contesto para dizer que é um prédio histórico onde se
hospedava o ilustre almirante Gago Coutinho, é quanto basta para saberem que
também estes ilustres portugueses também aqui se hospedaram, não poderia deixar
de ser assim.

A nossa estadia nesta cidade vai terminar amanhã de manhã quando
formos apanhar o avião para as bandas da Amazónia até lá ainda temos muitas
coisas para fazer. Hoje também é um grande dia para Portugal, logo á tarde vai
defrontar Marrocos vamos esquecer por momentos o futebol e iniciar um percurso ao
longo da costa onde acabamos por parar em Copacabana. Aí tentámos arranjar
lugar num restaurante para podermos ver o jogo na televisão, mas foi um
desastre o empregado não foi simpático, até complicado, não conseguiu ou não
quis que a televisão ficasse a funcionar, tentamos o vizinho do lado, mas
estavam feitos, resolvemos ir embora e procurar outro sítio, este num boteco da
praia. O funcionário aqui foi simpático e tentou arranjar-nos um local, mas
também vimos que por vezes complicou, ou seja brasuca simpático, muito
sorridente, mas eu vi que havia ali mais qualquer coisa. Abastecemo-nos com
bebidas e comidas e mais tarde começou o derradeiro encontro. A televisão
estava com o som um quanto mais baixo, pedimos para por o som mais alto e com pouca
vontade lá subiu o timbre.

A primeira parte estava a terminar e Marrocos marcou
golo. Sucedeu que no intervalo do jogo começou a cantar uma fulana do outro
boteco do lado, assim, sim com um som áspero que se podia ouvir do outro lado
da rua, depois começou o jogo e a cantarolada continuou, nada simpática esta
gente, sabemos que a maioria das pessoas que se encontram neste local nada lhes
interessava o jogo de futebol, mas podiam-nos ter avisado e não ficaríamos
neste local, há tantos por aí fora. Então fomos vendo o jogo e ouvindo música,
uma grande mixórdia, também a vontade de ver a nossa exibição era desfalecida,
continuamos com alguma expectativa de podermos empatar mas tal não aconteceu,
também saímos cabisbaixos como ontem os brasileiros.

A partir de hoje só quero
que haja alguém que tenha tomates para mandar o treinador Fernando Santos
embora o mais breve possível, tem que saber que não presta. Fizemos mais umas
voltas e regressamos ao hotel, algumas das senhoras ainda tem que preparar as
malas pois amanhã pelas 5h45 da manhã vamos embarcar e temos de estar uma a
duas horas antes para trâmites de embarque. À noite ficamos aqui por perto do
hotel e fomos jantar num restaurante que não obteve a nossa boa qualificação,
ficou-se pelo suficiente.
11 Dezembro – Hoje
as horas de descanso encurtaram vertiginosamente, mais ou menos pelas 3h00, já
todos estávamos a preparar-nos para seguirmos para o aeroporto Santos Dumont
que por acaso fica perto do hotel.

Na noite anterior já havíamos perguntado se àquelas
horas já haveria táxis, disseram que não era problema, assim aconteceu. Já
todos cá em baixo com aquelas malas todas, enchemos as nossas soberbas viaturas
mais um táxi, chegados ao aeroporto, descarregamos os pertences mas o Carlos e
o Cláudio seguiram para o local onde haviam alugado os carros para os entregar.
O acesso ao aeroporto em que ficamos ainda se encontrava encerrado, tivemos de
andar mais uma centena de metros para entrarmos. Quando chegaram os motoristas
não nos descobriram no local onde nos deixaram, mas procuraram e conseguiram
encontrar-nos já numa das zonas do aeroporto. Fomos então fazer o check-in,
muito complicado porque algumas das malas excediam o peso, eu tirei alguns
pertences de uma das malas que foram colocados na mochila e num saco de plástico,
desta forma não tivemos de pagar uma taxa de peso como o Cláudio, este ainda se
prontificou a pagar o meu excesso, mas eu não aceitei, tanto mais que não havíamos
comprado nada e quando saímos de casa as nossas malas foram pesadas e o peso
estava correcto, estranhei quando me disseram que tinha peso a mais.

Vamos
fazer hoje três voos até ao destino final em Santarém o primeiro é daqui a
pouco, voo AD-2986 com partida às 5h45 e chegada a Belo Horizonte pelas 6h45,
aconteceu que saímos com 45 minutos de atraso, mas conseguimos apanhar o
próximo voo sem problema. Com este atraso, aterramos em Belo Horizonte tardiamente.
Foi então encaminharmo-nos para a zona de embarque onde vamos apanhar o próximo
voo AD-4578 que vai demorar três horas até Belém. Quando estávamos prestes a
pousar neste aeroporto já havia indicação de que os passageiros do voo AD-4430,
seriam os primeiros a sair para poderem ainda embarcar no próximo com destino
final em Santarém, Tudo se desenrolou com rapidez e já estamos a voar para
Santarém., aquela cidade que fica muito perto do Cartaxo. Ainda pensei que não embarcávamos,
mas dou os parabéns à Azul com a sua atitude muito positiva, há companhias
aéreas que se estão borrifando.

Em Santarém apanhámos dois táxis, depois do
preço ser argumentado, pois os taxistas estão todos em conformidade uns com os
outros e fazem por vezes o preço que lhes vem à ideia, mas lá conseguimos o melhor
preço que achamos. Aí fomos então até Alter do Chão, com o Cláudio a levar uma
das malas em cima das pernas pois o espaço na bagageira do carro já não tinha sítio
para mais. Tínhamos já alugado há alguns meses uma casinha para todos nós, esta
fica um pouco distante do centro, também já verificamos que nos encontramos
numa vila com poucos habitantes e com todo o aspecto campestre. Quando chegamos
deparamos com uma casa enorme rodeada com arame farpado em toda a volta, muito humilde
mas limpa. A empregada que nos veio receber para entregar a chave transmitiu umas
quantas regras que hoje em dia não faz qualquer sentido, nós não argumentamos,
achamos que não valia a pena o diálogo.

Lá nos entendemos na divisão dos espaços,
uns em cima outros em baixo e ao lado assim iremos aqui passar as próximas
noites, sim as noites porque os dias vão ser passados noutros lugares. Fomos
até ao centro da vila onde fomos almoçar/jantar, pois a tarde já vai longe,
comemos um peixe do rio Amazonas muito saboroso “pirarucu”, frito e panado.
Ficamos satisfeitos e todos fomos espontâneos em afirmar que este peixe de rio
é saborosíssimo. À noite regressamos à nossa hospedaria a pé, inicialmente por
ruas alcatroadas e no final num estradão onde poderíamos encontrar alguns
bichos entre eles cobras.
12 Dezembro – Encontramo-nos
nas «Caraíbas» no rio Tapajós este repleto de praias fluviais com a temperatura
das águas nos 25º, no local onde nos encontramos não conseguimos ver a outra
margem, tal é a largura deste rio neste ponto, são cerca de 20km.

Sim a
quantidade de praias existentes faz deste rio ter os mais espectaculares
cenários entre as praias fluviais de todo o mundo, com águas límpidas às portas
da Amazónia. O programa de hoje foi feito
quando chegámos à zona ribeirinha e começamos a perceber como é que iriamos
visitar outros locais de interesse, aí falámos com um rapazito que nos descreveu
vários programas, entre eles o que viemos a optar, um muito simples que nos
levou para ouras praias mais distantes e no final paramos numa língua de areia onde
podemos observarmos o por do sol, sugestão aceite. Partimos num barco muito
rudimentar com um pequeno motor que nos levou até a uma praia paradisíaca, aí
estivemos todos a banharmos nestas águas quentes que nos faz fantasiar, momento
tão agradável este, não tivemos alguma pressa em partir para a próxima. No
programa também incluía uma outra praia que poderíamos almoçar e continuar com
os nossos banhos.
Foi aí que parámos para almoçar pois já estávamos um pouco
esfomeados, mais uma vez optamos por comer uns peixinhos do rio, estes mais
pequenos do que havíamos comido na noite anterior, mas também muito saborosos e
bem cozinhados o que nos saiu na rifa desta vez foi o Tambaqui, recomendamos.
Aqui foram passadas mais umas horas incríveis onde a maior parte do tempo foi
dentro da água, assim logo que acabamos de comer fomos para dentro dela, apenas
a Júlia tinha algum receio por causa da digestão, mas todos lhe dissemos para
não ter esse receio porque a água estava numa temperatura que o nosso corpo
agradece. Já perto do por do sol partimos para umas milhas mais à frente, então
para usufruirmos do por do sol, mais outro sítio magnífico, pouco esperamos
para que o sol começasse a desaparecer no horizonte e muitas fotos foram
tiradas, um final de dia que não vamos esquecer.

Encontrei na praia uma arma
alienígena que serviu para a palhaçada e fotografia, por fim o nosso dia
maravilhoso chegou ao fim. Já em terra fomos dar uma volta para conhecermos melhor
Alter do Chão, comprar os nossos magnéticos e pensarmos que já estava na hora
de irmos jantar, olhamos ao nosso redor para percebermos por qual dos restaurantes
iriamos optar. E à sorte escolhemos um que ficava num primeiro andar que
parecia ter bom aspecto. Veio o menu e escolhemos picanha, péssima escolha
esta, mal feita, estava muito passada não tinha o sabor característico e as
doses muito mal servidas mais parecia uma entrada e não um jantar. A
determinada altura a Júlia ao movimentar-se quebrou um copo, tudo bem como é
normal substituíram-no e o jantar continuou. No final chegou a hora de nos
irmos embora não valia a pena ficarmos mais, uma vez que não tínhamos gostado
do serviço.

Quando foram à caixa pagar a conta qual não foi o espanto do Carlos
quando se apercebeu que nos tinham debitado o copo. Esta do copo vir na conta
só o vim a saber quando já nos encontrávamos na rua, fiquei tão possesso que
voltei atrás e perguntei à patroa se estava correcta aquela atitude, disse-me
que o copo era muito caro e que tinha de ser pago, ainda lhe disse que um copo
daqueles era tão corriqueiro que não valia o valor que havia debitado, mais
coisas lhes disse, ouviu-me e nem palavra daquela bocarra. Aconteceu que já
estávamos distantes do local do restaurante quando apareceu um homem em cima da
bicicleta a entregar uma pilha que na verdade era da minha máquina fotográfica,
aí ela teve uma atitude sensata e educada com o cuidado de entregar algo que
não lhe pertencia, esta atitude é de louvar.


Eu fiquei estupefacto ao ver
aquela peça mas ainda disse ao funcionário dela que ela não foi correcta com
atitude do copo, ele ainda frisou que ela era uma boa pessoa. Se tivesse
desaparecido esta pilha tinham sumido 120€ da minha carteira, foi o valor que
paguei por ela, dois meses atrás. Ah, já me ia esquecendo o empregado que veio
entregar a pilha não era mais do que o cozinheiro, estão a entender!
13 Dezembro – Ontem enquanto esperávamos na praia pelo almoço o rapaz que
nos transportava no barco é que foi o intermediário que entrou em contacto com um
outro que fazia outro tipo de voltas pelo rio, tinha que ser uma embarcação
maior, e ali estava ele para nos dar a conhecer os locais que poderíamos visitar,
e assim foi, depois de várias questões lá decidimos o que iriamos fazer hoje.
Não foi um acordo comum, e assim o grupo dividiu-se em dois e foi mesmo metade,
uns para um lado e outros para o outro. O Carlos, Júlia, Beatriz e Henrique,
optaram por irem num percurso mais moderado, não haveria grandes caminhadas, ou
seja tudo soft, nós, Cláudio, Cândida, Sofia e Gilberto quisemos fazer algo diferente
e mais audacioso, vamos fazer um trilho pela mata Amazónica, iremos ver se não
é algum barrete. Então, como combinado eram 8h45 e lá estava todo o grupo numa
das praias de Alter do Chão para partimos à descoberta de novos mundos, sim
novos mundos para nós. Desta vez as embarcações são bem diferentes, evidenciam
força e qualidade, o grupo soft foi avisado de que iriam ter bastante ondulação
ao saírem desta baía o outro nada de especial, apenas a distância que tinham de
percorrer. Dado então o apito de partida, uma embarcação para um lado e a outra
para o outro, totalmente opostos.

Falando de nós os menos soft fizemos uma
tirada bem grande até chegarmos ao ponto de partida, aí desembarcarmos na
comunidade de Jamaraquá, em que fomos apresentados a um guia de origens
indígenas, isto foi o que ele nos disse na apresentação. Partimos, fomos
informados das facilidades e dificuldades que iremos ter e que o trilho estava
divido em duas categorias a floresta primária aquela vegetação sem
interferência humana desde os seus primórdios e a floresta secundária que já
foi devastada pelo homem e que voltou a crescer. Logo entramos nesta floresta
que para nós não a saberíamos distinguir, não fosse a informação do guia que é
muito esclarecedor e gosta de informar e tem demonstrado interesse, tanto que
ao longo da caminhada foi fazendo um leque e uns enfeites para a cabeça das
senhoras, com folhas e ramos de palmeiras.




Fomos vendo árvores que o cheiro dos
seus ramos ou a sua seiva têm aromas dos melhores perfumes que são criados pela
indústria cosmética, ficamos maravilhados com tudo isto. Quando entramos na
floresta primária fomos vendo árvores de grande porte, uma dela gigantesca, uma
aranha enorme, formigas que nos vão mordendo e muito cuidado com a quantidade
de cobras que existem, não nos aprecemos de alguma no trajecto, apenas vimos
mais do que uma vez fezes da onça-pintada e lá no alto ainda conseguimos ver o
macaco-aranha e o macaco-prego.


Os quilómetros foram-se passando com uma subida
aqui, outra mais adiante, até que descemos uma enorme escadaria que nos levou a
um riacho que passava lá em baixo. Este riacho já fazia parte de uma paragem
para nós descansarmos e tomarmos umas banhocas, sucedeu que estávamos todos encalorados
e transpirados, veio mesmo a calhar, passaram alguns instantes já estávamos
dentro de água, que momentos tão agradáveis, ficávamos ali muito mais tempo mas
temos pela frente um troço de 5 quilómetros para regressar ao ponto de partida.
Estes foram feitos com primor e força nas nossas pernas, desta vez o guia ficou
na retaguarda do grupo, agora fomos nós que tomamos a dianteira.

O guia avisou-nos
que quando chegássemos ao quilómetro nove que este nunca mais terminaria e foi
isso que sucedeu, a placa estava com uma distância incorrecta, eram muito mais
metros para percorrer. Mas o términus aconteceu, já tarde mas cheios de força,
fizemos aqueles 10 quilómetros e tal com agrado e força. Na aldeia indígena
tínhamos um repastado almoço com mais um peixe amazónico o “tucunaré”, delicia,
delicia. Pronto, vamos regressar, as
senhoras embelezadas com as peças feitas manualmente na nossa presença pelo
guia e vamos ter que fazer mais umas milhas a grande velocidade para chegarmos
ainda com sol, mas ainda paramos numa praia magnífica onde tomamos mais umas fantásticas
banhocas a verdade foi que chegamos já com o por do sol bem longe. Estivemos a
conversar com os elementos do outro grupo que também descreveu maravilhas no
que fizeram tais como estarem ao pé dos macacos e das plantas vitória-régia,
uma planta aquática de grandes dimensões. Mais um final de dia feliz para
todos.
14 Dezembro – Relaxar
em Alter do Chão, é o que nos está guardado para hoje, sim vamos passar o dia
inteiro numa das praias mais bonitas a ilha do Amor, o nome já diz quase tudo.
Está situada à entrada do lago verde defronte da vila de Alter, apenas temos de
fazer a travessia de barco a remos para o outro lado que tem uma lotação máxima
de 4 lugares. Esta é uma praia enorme em que podemos estar do lado do lago ou
do flanco do rio, aqui existe uma língua estreia de areia fina que faz esta
separação. Aparecemos muito cedo na praia, apenas meia dúzia de pessoas ali se
encontravam quando chegámos, escolhemos um lugar fantástico para ficarmos,
juntaram umas quantas mesas onde nos sentamos quase com os pés dentro da água.

O dia estava com sol radiante e a temperatura melhor na podia estar, fomos bebericando
umas cervejas e caipirinhas, depois na hora do almoço petiscamos uns camarões a
melhor escolha foi do Henrique, pediu uns peixinhos fritos bem estaladiços,
provei e fiquei com pena de não ter pedido o mesmo. A meio da tarde já
tinha-mos colocado as cadeiras dentro de água para estarmos com os pés de
molho, A maioria de nós continuava dentro de água, naquele caldo. Foram horas
sem conta o tempo que foi passado nesta praia que não esqueceremos. Para a
noite estava já agendado o jantar no mesmo restaurante onde havíamos estado no
primeiro dia que aqui chegamos, tinha sido tão excelente que quisemos voltar.
Amanhã é o dia de irmos para Manaus.
15 Dezembro – Foi a partir de quando entrei para a escola preparatória
que ouvi pela primeira vez falar da Amazónia e Rio Amazonas era tudo grandioso
e desconhecido para mim, ao longo dos anos os programas e informações deste
locais me surpreendiam e na memória ia ficando no disco rígido tais locais.
Como noutros locais deste planeta encantador fica-me sempre registado que
gostaria de ir a muitos outros lados, uns deles eram estes, mas não era ainda
esta a altura de aqui vir, a verdade é que não tenho nenhuma altura para ir
seja onde for, fica no gostar e ver se alguma vez isso será possível. É desta
forma de pensar que consegui ir até hoje a uma centenas de sítios que
idealizei. Então hoje vamos abalar de Alter do Chão que vai ficar no meu
coração para sempre, nunca imaginei lugar tão encantador, quem me diz a mim que
um dia aqui voltarei! Lá
vamos em dois táxis para voltar a Santarém, cidade que fomos visitar alguns
locais, onde de maior destaque se põe o mercado, este basto em legumes e
peixes, são bancas repletas de todo o tipo de frutas e legumes a zona de peixe,
são montões repletos e lá voltamos a ver alguns dos peixinhos que já
saboreamos.
Por fim chegou a hora de seguirmos para o cais e apanhar uma
embarcação que parece ainda funcionar com caldeiras de nome Anna Karoline II.
Já no cais tivemos de acarretar as nossas malas pesadonas para o 2º deck,
transpondo escadas ingremes e muito estreitas, numa das cobertas onde estava
uma das escadas tivemos de baixar bem as nossas cabeças e arrastar as malas, um
pesadelo, mas conseguimos colocá-las nos nossos rudimentares camarotes o nosso
tinha o ar condicionado avariado e reclamamos, se não o arranjam como será de
noite que iremos permanecer lá dentro com esta temperatura escaldante. Agora já
todos arrumados ficamos nas amuras e alhetas a vermos carregar esta embarcação,
são camiões com bananas, melancias, tomates, batatas, mais carros motas e peças
de construção. Eu e o Carlos já fomos dar uma espreitadela pelo calado que já
estava todo cheio, mas ainda estavam a por mais coisas lá para baixo, no convés
estão neste momento a colocar caixotes de bananas e sacos de batatas.

Reparamos
que a partida está atrasada e continuamos a ver chegar mais camiões para
descarregar. Sucedeu que já estiveram a ver o ar condicionado, mas este
continua a não funcionar em condições, vou ter com o responsável do barco que é
um capitão feito à pressa, reparei nessa altura que estava atender a
fiscalização do porto que lhe dava ordens de partir porque o atraso era
superior ao autorizado. Acabei de falar com o capitão que me disse que vão
novamente fazer a reparação se esta não for possível me arranjará outra cabine.
O nosso espectáculo continuou, mais uma vez venho até ao convés e este já não
tem sítio onde levar mais alguma coisa, totalmente repleto. Por fim deu-se a
largada e questiono-me; barco completamente lotado de passageiros e de carga –
este não está com excesso de peso, estou convicto que sim.

Fomos subindo rio
acima e todos continuamos nos locais de observação, reparamos que o caudal do
rio está muito alto, vemos passar troncos e vegetação arrastada das margens
pela corrente que está, há pequenas aldeias junto às margens, por vezes nem
sinal de vida, uma vegetação luxuriante, cruzamos pequenas embarcações, e a
maioria dos passageiros ou a totalidade estão todos deitados a dormir nas suas camas
de rede dispersas pelos convés do 1 e 2º deck. Nós sono só mais para a noite, entretanto
o Carlos e Júlia que também compraram umas camas de rede em Manaus foram-se
deitar, há minutos atrás cruzamos um superpetroleiro, não acreditam pois não no
rio Amazonas a descer este rio, sucedeu mesmo, uma outra particularidade há
rebocadores a rebocarem barcaças, mas ao contrário, eles não rebocam empurram
as enormes barcaças. O final do dia chegou e o por do sol foi lindíssimo,
também o momento de irmos buscar o jantar para mais logo nos deitarmos.
16 Dezembro – Pela madrugada acordei com
calor o ar condicionado avariou-se novamente, encontrava-se a expelir ar, nada
de fresco, Abri a porta e fui até à alheta ver como navegávamos afastados mais
das margens, durante o dia íamos mais chegados à margem direita.
Quando os
primeiros raios de sol começaram aparecer o pessoal em pouco tempo já estava
desperto e era ajuntamento de pessoas por todo o lado. E foi também a altura de
irmos comprar os pequenos-almoços no deck abaixo. Sim o pequeno-almoço foi o
mais rudimentar que comi até hoje. Até o café com leite foi fraco. Para a
quantidade e qualidade foi deverás muito caro, vi muitos brasileiros a
perguntarem o preço e a irem-se embora sem comprar nada. Hoje já se cruzaram
connosco uma série de barcos carregados de pessoas e mercadorias. Perto da hora
do almoço parámos num porto onde saíram algumas pessoas e entraram mais do que
saíram.

Contemplação única, no cais uma quantidade de homens e mulheres a
venderem sandes, frutas e mais coisas comestíveis, muita gente a comprar, como
não podiam entrar no barco a transacção dos produtos e pagamento eram feitos
por canas que na sua ponta tinha uma garrafa de plástico cortada ao meio para
se poder colocar os bens e as notas, vi que funciona em pleno, até uma nota mal
colocada na garrafa, voou e caiu na água. Depois de reclamar mais uma vez,
vieram tentar arranjar o ar condicionado mas o veredicto final não foi muito convincente,
aí o comandante para tentar solucionar o problema cedeu-me uma chave de uma
outra cabine do deck de baixo, caso este voltasse avariar. A Beatriz no
primeiro dia quando entramos para o barco em Santarém comprou duas melancias
enormes, muito boas e foi comer até fartar.

Há neste barco um putinho muito
simpático que se abeirou de nós e vai aparecendo de vez enquanto para nos dar
um pouco de conversa e dizer que o cocodilo é peligoso. Já faz parte da família
e parece-me que o Cláudio o quer levar para a Caparica como mecânico de 1ª classe,
o puto sabe e é inteligente. O dia de hoje deu para voltarmos a descansar e eu
ainda tive tempo para dormitar um pouco. Já noite dentro atracamos num porto
para mais uma vez descarregar mercadoria, o barco ficou encaixado entre os
outros que já lá se encontravam e a Sofia começou a olhar para um desses barcos
que estava ao nosso lado e diz ela olha aquele barco tem uma senhora deitada

na
cama e está a ler, comentou ela para a Júlia começaram a rir e a dizer disparates,
mas qual não foi o nosso espanto quando o Cláudio diz o que vocês estão a ver é
o reflexo do nosso barco no outro era simplesmente o quarto da nossa vizinha reflectido
no outro barco, que grande melão ainda por cima o marido da senhora estava a
ouvir tudo, se tivéssemos um buraco tínhamo-nos enfiado por ele. O final do dia
apareceu e o descanso ocorreu já noite dentro é lindo viajar e olharmos para o
firmamento coberto de estrelas.
17 Dezembro – Segundo dia a navegar neste
grandioso rio, só realmente quem navega neste Rio Amazonas poderá descrever uma
pequenina parte da sua grandiosidade, sendo este o mais extenso do mundo
percorrendo 6992 km desde a cordilheira dos Andes no Peru até à região da ilha
do Marajó no norte do estado brasileiro do Pará.
Este curso de água possui milhares
de afluentes que formam uma enorme bacia hidrográfica com sete milhões de km2 de
área. Também fornece água para uma grande parte da população e também é
utilizado como via de transporte. Muito mais haveria para dizer, são tantas as virtudes
que não mais pararia de redigir.
De madrugada estivemos parados num cais para
descarregar caixas de bananas e batatas, também durante esta noite choveu torrencialmente
acompanhada com muito vento. Deu-se o despertar e mais uma vez nos encontrámos
no boteco para comprarmos os pequenos-almoços, é uma tarefa árdua porque temos
de subir uma escadas tão ingremes com meios degraus que fazem que haja desequilíbrio
e ainda temos que baixar a cabeça porque senão ficamos com um galo e lá vem
toda a quitanga para o chão. Passamos pelas zonas onde a maioria dos
passageiros ainda estão deitados nas suas redes esticadas no convés estas vão
baloiçando com a navegação. Vamos passando por aldeias deste povo ribeirinho,
pela selva tropical com as suas margens a desfazerem-se com a força das águas,
estas arrancam árvores que são depositadas na corrente. As águas castanhas ou
barrentas seguem desenfreadamente para a foz, e quantos quilómetros têm que fazer?

Pouco tempo depois mais uma chuvada que entrou pelo convés onde descansam ou dormitam
passageiros, tiveram de descer umas cortinhas que impedem a chuva entrar com
mais força, mas de pouco valeu. A chuvada permaneceu durante uns longos minutos
mas logo chegou o sol e secou tudo que estava molhado. Finalmente abordamos no local
onde as águas do rio Amazonas e rio Negro confluem é bem visível a mescla
destas águas. Finalmente aproximámo-nos do porto de Manaus onde atracamos numas
balsas colocadas rudimentarmente, porto muito movimentado e nós cá do alto
começamos apreciar o desembarque de toda esta gente e da carga que terão de
retirar durante largas horas. Não demoramos assim tanto tempo a sairmos, malas
descarregadas e seguimos para o hotel já alugado. Este encontra-se bem
localizado na cidade e ficamos deveras contentes com este hotel, apercebemos que
o dono é bicha, mas não nos apoquentamos com tal, muito limpo e os quartos são
grandes. Ainda tivemos tempo para almoçar e dar umas voltas pela cidade, não
conseguimos visitar o teatro Amazonas, este encontrava-se encerrado, apenas
vimos o museu do teatro. As ruas desta cidade já se encontram ornamentadas para
o natal que se aproxima.

À noite fomos jantar num restaurante brasileiro com
muito bom aspecto, mas o aspecto não serviu de nada, quiseram servir , para mim
e para a Sofia um naco de carne, mal assado e que não era a carne que
inicialmente tinha pedido e me mostraram, julgam estes espertinhos que
conseguem desta forma enganar as pessoas, mas o tiro saiu-lhe pela culatra,
tiveram de grelhar nova carne, esta sim, veio com a qualidade que lhe confere.
18 Dezembro – Como os
hotéis têm permanentemente contactos com transportadores, agências de viagens e
outros serviços que em parte podem ajudar os viajantes que neles ficam
hospedados, foi o nosso caso expusemos o que gostaríamos de fazer no tempo que
aqui vamos estar e imediatamente nos direccionaram para pequena agência que nos
fez propostas de alguns passeios, um deles foi o eleito e dentro de algum tempo
vamos dar início ao tour de hoje.

Dirigimo-nos para mais uma pequena doca para
embarcar no Tia Nenen IV, esta uma lancha que nos vai levar à primeira paragem
situada perto da ponte que liga Manaus a Iranduba, esta ponte também é
conhecida como a ponte Rio Negro. Neste local vive uma colónia de golfinhos
mais conhecidos pelo nome de “botos” que vivem em estado selvagem mas muito
habituados à visita dos humanos que anseiam em tocar-lhe e alimentá-los, foi o
que aconteceu com quase todos do grupo, apenas eu, Sofia e Júlia, não nos dispusemos
para tal aproximação, não por medo mas eu achei supérfluo. Todos eles passaram
as suas mãos pelo lombo de tal simpático bicho. Quando terminou a demonstração ocorreu
que um dos golfinhos intervenientes deu uma forte dentada num dos vigilantes ficando
este atormentado com dores na mão.

Li que a parte mais sensível deste mamífero
é a sua cabeça, há que evitar tal contacto. Seguimos até à confluência das
águas do Rio Negro com o Rio Solimões, sim com águas barrentas do rio Solimões que
não se misturam com as águas do Rio Negro. Depois da união dos dois rios, passam
a receber o nome de Rio Amazonas. É majestoso, estarmos no sítio exacto onde elas
se agregam. Uma autêntica barreira entre ambas. No contorno do rio Amazonas
visitamos de barco uma aldeia palafita fizemos o percurso nos dois sentidos
onde vimos a extensão deste povoado. Mais uma distância se percorreu até
atingirmos uma plataforma índia, onde foi apresentado um espectáculo para
turista, havia índios não tenho dúvida e alguns animais, como cobras, crocodilos
e preguiças que andaram nas mãos dos visitantes.

Também fomos fazer um pequeno
trilho pela selva por cima de um passadiço muito alto, lá em baixo muitas
árvores tombadas por um ciclone que em tempos por ali passou, ao fundo um lago
onde abundam crocodilos enormes. Neste trilho tivemos a companhia de macacos
que se aproximam de nós para que lhes déssemos alguma coisa, são macacos e uns
chatos. No local onde almoçamos havia dois tanques onde tinham peixes de rio
enormes, sendo um deles o pirarucu que já comemos e todos gostamos. Estes estão
ali à espera que lhes dêem outros peixes para se alimentarem no outro lado mas
em estado selvagem há piranhas em que dão às pessoas canas com isco para
apanharem tal peixe, todos tentamos apanhar um, alguns desistiram outros tentaram
e a mais frutuosa foi a Beatriz, apanhou uns quantos que depois são enviados
para o rio novamente.





Para o início da noite estava guardada a caça ao
crocodilo, caminhamos por afluentes do rio menos caudalosos e entramos em
locais um pouco pantanosos, quando a luz do dia estava a terminar num local com
ajuda de uma lanterna que o encandeou localizaram um crocodilo que foi apanhado
à mão, era pequeno mas deu para provar como é que eles são apanhados facilmente.

Aqui terminou a nossa expedição Amazónica, quando regressamos e já no cais caiu
uma brutal carga de chuva que parecia nunca mais parar, foi por pouco que não
apanhamos umas daquelas molhas que nos encharcava a todos, grande sorte
tivemos. Regressamos ao hotel e ainda usufruímos a ideia de dar uma volta pela
cidade, mas tivemos azar, houve uma quebra de energia generalizada por vários
locais da cidade que nos impediu de ver o que seja, até tivemos grandes
dificuldades em encontrar um local para jantar, tudo encerrado a opção foi
irmos a um hotel de luxo que tinha gerador a trabalhar. O preço do jantar foi
caro, sendo a qualidade e os serviços de categoria. No final lá fomos para o
hotel à luz das candeias.
19 Dezembro – Ontem
quando estivemos a fazer o plano estava incluído o transporte até ao aeroporto
e uma pequena volta pela cidade, esta volta foi mais para compor o tempo e não
irmos logo directos para o aeroporto.
Foi-nos atribuído um guia pela agência
que de guia nada tinha, até parecia que estava a fazer um grande favor foi logo
isto que me apercebi no início. Levou-nos para a parte da construção colonial
da cidade onde nos mostrou dois edifícios e pouco mais, seguimos até ao
mercado. Um mercado imenso, farto e muito movimentado, ali havia tudo o que um comércio
deve possuir, estivemos na parte dos legumes, depois das carnes de seguida para
a zona do peixe, ele sempre com muita pressa e a dizer que ainda não tinha
tomado o pequeno-almoço, esta frase serviu pelo menos duas vezes para beber um
cafezinho, também a dizer para que não nos afastássemos pois é um local
perigoso. Esta frase também foi inumerada umas quantas vezes.

Com isto
terminamos a visita ao mercado sem termos feito qualquer compra e estamos agora
na rua onde demos mais umas voltas e fomos para o aeroporto apanhar o voo
AD-4013, para S. Paulo que vai sair às 16h05, feito os despachos, verificamos
que neste aeroporto o peso das malas são diferentes do voo feito dias atrás,
quero dizer que a balança do Rio de Janeiro estava intrujada, àh àh, muito
comum no brasuca, não é verdade! Verifiquei que o peso das minhas malas era idêntico
aquele que tinha pesado em minha casa antes de sair para viagem. Então tudo
perfeito neste embarque a viagem de

avião muito boa e chegámos a S. Paulo onde
vamos para outro local de embarque apanhar o voo AD-4296 com destino à Foz do
Iguaçu que vai zarpar às 22h55 e chega ao seu destino pelas 01h30 se não houver
azares. Também este voo decorreu da melhor maneira, chegamos, fomos levantar as
malas e no átrio de saída lá estava um motorista com um carro onde nos
transportou para o hotel. A distância ainda é substancial, assim chegamos e fomo-nos
arrumar para mais logo darmos seguimento ao que iremos fazer.
20 Dezembro – A nossa chegada à Foz de Iguaçu verificou-se depois da 2h00
da manhã, no entanto já nos despachamos do pequeno-almoço e encontramo-nos no
átrio do hotel a tentar desvendar o que iremos fazer de imediato, aqui o
esquema já se encontra montado porque existe aqui dentro uma agência somente para
angariar novos clientes com uma trela para programas vocacionados para as volta
em Iguaçu.
Ao fim de algum tempo, posso dizer que foi um negócio tenso que
demorou a dissidirmos, com isto conseguimos programas para o dia de hoje e de
amanhã, vamos então ver como irá decorrer. Passado algum tempo já estava à
porta do hotel uma carrinha para nos transportar à nossa primeira paragem no “parque
das aves”, este um parque temático, muito próximo das cataratas e tem cerca de
1500 animais de 140 espécies diferentes, entre aves que são a maioria, répteis
e mamíferos, reparei que é uma instituição privada muito voltada para o negócio
e que grande negócio. Terminada esta visita, considero-a suficiente, nalguns
casos muito repetitiva.
Próxima etapa, fazer um trilho
ao longo destas fabulosas cataratas de Iguaçu que são um conjunto com cerca de
275 quedas de água no rio com o mesmo nome. Caminhamos ao longo das suas
margens do lado brasileiro e detivemo-nos muitas vezes a olhar para aquela
imensidão de água que jorra pelos seus saltos. Já para o final da tarde fomos
navegar nos rápidos desde rio.
Dão o nome de Macuco Safari em que uma das
partes é esta de navegar numa embarcação leve que sobe uma extensão considerável
por águas revoltas para que depois entremos debaixo de uma queda de água em que
a nossa adrenalina é posta à prova e também levamos um grande duche que por
vezes a quantidade da água é de tal forma intensa que nos falta o ar.
Foi o
maior momento deste dia o navegar nas quedas de Iguaçu. Um pormenor, este já
nos tinham avisado – ninguém pode entrar na carrinha com a roupa molhada, mas havíamos
trazido outra roupa para superar a roupa encharcada. Final da epopeia Iguaçu e
regressamos ao hotel. Depois de um regalado jantar em que a maioria estava
cansada eu, Carlos e Júlia ainda fomos dar uma volta por uma parte da cidade em
que nos detivemos apreciar uma festa bem animada, depois regressamos ao ninho
para o merecido descanso.
21 Dezembro – 2ª parte do programa, hoje iniciámos o nosso percurso pela
barragem de Itaipu que é uma barragem colossal situada no rio Paraná da qual o
Brasil e Paraguai são seus detentores. Com uma extensão de 7919 metros e 196
metros de altura o equivalente a um prédio de 65 andares é um gigante da
mão-de-obra dos terráqueos.
O acesso a esta barragem desde a compra dos
bilhetes até ao ingresso, é tão complicado, ainda mais do que quando visitámos
o Pentágono nos Estados Unidos. Tanta segurança com medo de quê, regras tão
despropositadas, uma das situações é que não podíamos ingressar se fossemos de
calções e não era permitido o uso de chinelos. Demos início à visita e deparamo-nos
com uma vista panorâmica onde estivemos parados na parte central. De seguida
entrámos na parte técnica com guia da própria barragem, passamos pela área
industrial, sala de comandos, interiores da barragem, galeria dos geradores e
eixo da unidade geradora. Seguiu-se uma visita técnica virtual das áreas
externas e internas que mostram vídeos e fotos com diversas explicações. Tanto
nos tinham advertido das regras impostas que verificamos que havia umas duas
pessoas que se trajavam com calções, então não consigo compreender tais
ordenamentos.

Terminamos esta visita num cenário local onde havia uma bancada para
se poder apreciar a barragem a uma distância considerável. Não me podia
esquecer o valor de entrada é muito barato para brasileiro 13.00€, apenas. Terminada esta volta fomos
para uma outra que nos levou até um templo budista, adorei, mentira não liguei
nada, uma insignificância. Passamos ao seguinte ponto Mesquita da Foz de
Iguaçu, maravilha das maravilhas, negócio montado para que fôssemos comprar
cheirinhos, docinhos e bugigangas, sabem o que digo mais outro grande barrete.
Pela positiva, vimos que o Cláudio, Henrique e Carlos se converteram de
imediato ao islamismo. No caso das senhoras saíram-se mal, elas não foram na
conversa e não deixaram de ser umas beatas cristãs.

O final do dia estava a
chegar, então fomos encaminhados para o “marco das três fronteiras”, onde se
vai desenrolar um festival de luzes nocturno, assim que chegamos tivemos de
ficar de pé, lugares já não havia, depois mais tarde lá conseguimos alguns espaços
para nos sentarmos. Quando começou o programa e também devido da forma que o
estávamos a ver não gostamos, apresentação dos artistas atabalhoada, este foi-se
desenrolando e a nossa satisfação era vã, ou seja o barrete final deste dia em
que pagamos uma boa nota para que a maioria de nós lhes dessemos uma péssima
classificação. Finalizada esta peripécias, regressamos ao hotel em que havia
mais uma manifestação a favor do Jair Bolsonaro e nós lá fomos dar uma
olhadela.
22 Dezembro – E, terminada a nossa viagem, digo viagem pois o tempo em
que lhes dava o nome de “férias” para o Gilberto e Sofia finalizaram há algum
tempo, agora são viagens, até o nome é mais harmonioso, não acham! Desta
forma vamos para o aeroporto da Foz de Iguaçu para embarcarmos em mais um voo
da Azul que até agora se tem comportado muito bem, iremos partir pelas 11h05 no
voo AD-4726 com destino a S. Paulo. Sucedeu que os nossos amigos Carlos e Júlia
já arredaram pé e já se encontram no aeroporto para seguiram viagem para o
norte do Brasil onde vão ficar mais alguns dias por cá, fazem muito bem, e
desejo que continuem a divertir-se muito, e já sei que vão passar por Ilhéus, tal,
fico com pena de não poder fazer idêntico.
Estivemos algum tempo no aeroporto
pois o voo encontra-se um pouco atrasado. Nas comunicações que tivemos há alguns
minutos o Carlos e Júlia ainda estão neste aeroporto também à espera de
embarcarem, quando soubemos já se encontravam dentro do avião.
Passava da hora estabelecida e
o avião Embraer E195, levantava voo, viagem decorreu com normalidade e
aterramos com segurança em Campinas-S. Paulo. Agora temos de mudar da porta de
acesso para outra a A04, um pouco mais distante, tivemos tempo para irmos comer
mais qualquer coisa e fazer tempo até que pelas 18h05 iniciássemos o último voo
para a nossa Lisboa. Este vai ter muitas horas umas 9 horas. Falámos, dormimos
e sei lá o que mais o tempo não queria passar, veio mais uma refeição que
detestei, mas consegui beber dois copos de vinho, um tinto e outro branco. 23 Dezembro – Já muito
cansados de andarmos de avião para chegarmos ao nosso destino em Lisboa. Andar
de avião é mais reles do que viajar de autocarro. Como passamos o tempo! Fomos
vendo uns filmes também já ultrapassados e cortados, os monitores são também
reles, sem qualidade de imagem, até nos faz mal olhar para aquela tela
deslumbrada.
Houve alturas que dormitei mas quase de imediato acordava e logo
olhava para o relógio que teimava em não andar para a frente. Por vezes
ouvia-se o silvo do avião a lembrar que havia turbulência, ou seja, tem sido
sempre assim, grandes superfícies de nuvens altas que provocam deformidades no
voo. Assim as horas se foram passando, está na altura de nos servirem o
pequeno-almoço e que coisas nos serviram, uma espécie de pão desfigurado com
uma mistela de queijo fundido que não sabia a nada mais um bolinho e um copo de
café com leite, ficamos todos fartos à espera de chegarmos para comermos algo
de bom. A hora de estarmos perto do nosso destino está já muito próxima são
mais uns quilómetros e logo estaremos a sobrevoar a nossa capital. Isto sucedeu
após mais alguns minutos com uma descida programada e cerca das 7h05, aí estamos
nós aterrar, aterragem um pouco inconclusiva pois quando colocou as rodas no
chão deu uma forte sacudidela.
Agora já estamos na gare e dirigimo-nos para o
tapete para levantar as malas, por acaso foram praticamente as últimas a chegar.
Já fora do aeroporto chegou o táxi do Cláudio que levou a sua família e uma
quantidade de malas. Nós ficamos à espera que o Cláudio fosse buscar o carro do
Carlos para nos levar até ao stand onde se encontra o nosso carrinho. Foi num
instante que chegámos, passados uns minutos chegaram o Henrique, Beatriz e
Cândida. Estivemos um pouco a falar na companhia da Rosa e do Soqui, os cães do
Cláudio, ainda a mãe do Cládio foi com a Sofia apanhar couves e alhos
franceses. O nosso boguinhas não queria arrancar pois esteve um mês parado e a
bateria ficou fraca o Victor foi buscar uma outra para lhe dar carga e assim
começou a trabalhar. Chegou a altura das despedidas entre todos e abalamos em
direcção à nossa casa na Tapada das Mercês onde chegamos pelas 9h20, cansados
mas sem sono, só nos deitamos era meia-noite.