sábado, 25 de março de 2023

Baloiços e mais um pouco de Portugal - 2023

 


 

BALOIÇOS





25 – Janeiro – Há algumas semanas que andamos a reflectir em sair, gostávamos de passar alguns dias lá para o norte, pois já andamos um pouco fartos do Sul, mais propriamente Algarve, porque não fugirmos um pouco e até fazermos um trajecto dissemelhante.

Foi o qua aconteceu, tínhamos em nosso poder um itinerário elaborado já alguns meses, ou até há mais de um ano pelo nosso amigo Orlando. O quão eu gostava de já ter feito este percurso, só hoje. Hum, sim está na hora de partirmos, porque apenas hoje! É o destino que nos marca estas datas, tantas as vezes que os passos da nossa vida são alterados, ou para o bom ou para o mal. Mas cedo partimos os dois deixando em casa o nosso filhote Gonçalo acompanhado pelos dois peludinhos Mia e Yoshi, este o gato querido do Gonçalo a quem ele chama de Ochi. Pusemo-nos ao caminho mais uma vez por estradas nacionais, nada de utilizar auto-estradas, são caras e não nos transmitem imagens como as estradas nacionais, em princípio só utilizarei as auto-estradas quando estiver com pressa ou quando não haja outra alternativa.
Temos tido sorte com o tempo, não chove, mas há algum frio, situámo-nos no tempo dele, então Janeiro não é altura do frio, chuva e neve no nosso Portugal! Um pouco, ainda, longe, mais parece que optamos por ir pelo caminho mais longo, é que ainda falta uma centena de quilómetros. Será que não estou naqueles dias de gostar de conduzir, mais parece. Assim um esforço mais e lá chegaremos. No entanto acabámos de passar há pouco a Marinha Grande, dentro de pouco tempo estaremos na Costa de Lavos onde iremos pernoitar numa Asa junto à praia.  Chegámos a Lavos e rapidamente encontrámos o local ideal para pernoitar, não está repleto, apenas meia dúzia de autocaravanas aqui estão. Como já é noite, vamos deixar para amanhã a nossa volta de reconhecimento, vamos fechar as portas e correr as cortinas para dormirmos descansados. O barulho do mar é saudável, com ele adormecemos.

26 – Janeiro – Alvorada ao som das ondas e não só, aqui só se ouve apenas o mar e o grasnar ou crocitar, como queiram chamar das gaivotas.
Tomámos um pequeno almoço à moda de caravanista, sentados, um nos bancos da cabine o outro no banco que ladeia a mesa, uma cafezada, pão com queijo outro com fiambre e aqui estamos nós a “aglimentar” para o dia que temos pela frente. Depois de tal acto consumado vamos fazer uma caminhada ao longo da praia, bem agasalhados porquanto o frio e o vento nos acompanham. Pouco havíamos andando e lá ao longe vimos um jipe quase dentro de água e alguns homens o rodeiam.
Mas o que se passa ali! Nós cuscos fomo-nos aproximando e vimos que o jipe era da GNR e os homens desta corporação equipados com botas de água e camuflados, dois deles bem dentro de água, puxavam não sei o quê! Estivemos longo tempo por ali, e já bem perto deles que não nos perguntaram absolutamente nada e concluímos que puxavam uma enorme rede de pesca. Dobraram-na e a colocaram dentro do jipe e lá se foram embora. Nós continuámos a nossa faina pela praia e mais adiante soube por um pescador que foi denúncia da colocação da rede de pesca naquele lugar. Adiantou que foi um bufo que teve tal atitude, este não gostou do que acontecera, estava mesmo fulo, na volta a rede seria dele ou de um amigo ou conhecido.
Saímos da praia e dirigimo-nos para a pequena vila onde deparámo-nos com uma estátua a honrar os “Lobo do Mar” que andaram na Groenlândia e na Terra Nova na pesca do fiel amigo, esta uma homenagem do povo de Lavos a estes heróis. Só faltávamos nós, Sofia e Gilberto para conclusão de tal facto. Somos e sempre fomos grandes viajantes, ainda nos lembrámos quando o nosso primeiro filho o Ricardo que nasceu a 28 de Janeiro de 1976 e em Agosto do mesmo ano, ele, com poucos meses viajámos para o Minho, onde fizemos uma enorme volta.
Quase o mesmo se passou em 1983 com o nosso Gonçalo, este nasceu a 4 de Abril de 1983 e com pouco mais de 1 mês fomos com os nossos amigos, Machado e Rui Fernandes para Sagres passar uns dias numa vivenda que alugámos. Mais tarde em Agosto nessa altura ele tinha 4 meses e aí estávamos os quatro mais uma vez a viajar pelo Minho e norte de Portugal. Que mais posso dizer se não somos uns verdadeiros viajantes, é que nunca parámos desde o ano de 1976, e logo que nossos filhos nasceram. Próxima paragem, Montemor-o-Velho e vou contar um pequeno pormenor da história desta vila – a conquista definitiva do Mondego foi empreendida pelo rei Fernando Magno de Leão que veio entregar o castelo ao conde Sesnado.
Quando chegámos a nossa prioridade é, onde estacionar a autocaravana, rapidamente descobrimos um local amplo, seguidamente apanhámos as escadas rolantes que nos levaram para cima, mais à frente já caminhávamos pelo castelo donde avistámos as margens do rio Mondego inundadas. A Sofia ainda baloiçou no baloiço aqui integrado, este será o primeiro de uma série dos que nos próximos dias iremos deparar.
Concluímos a visita e logo seguimos em direcção de Tentúgal onde devorámos 4 bolos característicos desta terra, eram tão doces que ficámos enjoados. Prosseguimos viagem e já longe cruzávamos a Livraria do Mondego para chegarmos a Penacova onde fomos pernoitar num espaço junto aos bombeiros voluntários. Recomendo, local extraordinário para pernoitar, sossegado e amplo. Sim fomos os únicos, não havia mais nenhuma autocaravana. Não poderia ser melhor local, cada vez que passe por Penacova, não vamos perder tempo a procurar outro lugar, este é fantástico.

27 – Janeiro – Saímos e nem percebemos onde iremos ficar, mais tarde ou mesmo na hora saberemos.
Já nos encontramos a conduzir pela IP3, mas poucos quilómetros fizemos, rapidamente chegámos à IC6, já mais adiante já transitámos a N17, onde passámos Moita da Serra, Catraia do Mouronho, Venda do Porco e tantas terrinhas, fomos desbravando até que chegámos a Varandas de Avô, não mais do que um miradouro, daqui podemos ver lá no vale a pequena vila de Avô, coberta nesta época do ano por uma pequena névoa e onde o rio Alva corre paulatinamente pelo vale.
Mal chegámos, fomos procurar onde estacionar, não antes de um camionista que circulava atrás de nós ter apitado comummente para que andássemos mais depressa. Reparámos que passadas duas centenas de metros virou logo à direita, esta uma atitude de um desprezível Portuga. Iniciámos o passeio do costume para ficarmos a conhecer um pouco desta vila muito antiga. Tive um colega na Messa, ele de nome Luís Santos me dizer que era natural de Avô. Um dia enviou-me um postal com uma vista da ponte e do rio, achei graça.
Também sabia que eu tinha uma pequena colecção de postais ilustrados, hoje tenho uns milhares entre eles, este de que estou a falar. Conseguimos percorrer uma distância apreciável, mas pequena para podermos dizer que conhecemos Avô. Uma nota de relevo, vimos uma placa do ano de 1998 que indica a obra de restauro do castelo e da ermida, porém o valor está ainda em escudos, neste caso 5 048 800$00, será que esta obra ainda não foi concluída ou mesmo iniciada? Eu espero de tudo. Ainda temos muito para vermos, partimos até ao baloiço de S. Domingos situado em Meimoa. Eram perto das 19h00 quando chegámos, foi dar umas baloiçadas e apreciar a vista envolvente para de seguida encontrar local onde pernoitar.

28 – Janeiro – Primeira paragem de hoje em Bendada que é uma povoação pertencente ao município do Sabugal.
Quando subimos a encosta num percurso que foi feito a pé, estivemos atentos a uma descrição sobre esta povoação ser um povoado lusitano e já no alto haver vestígios de uma construção granítica em círculo. Neste trajecto tivemos o apoio de uma habitante que nos indicou o caminho tortuoso para chegarmos ao baloiço da Eirinha, colocado bem lá no alto nos meios dos penhascos, graníticos. Finalizada a visita, mais uns quilómetros percorridos e chegámos a outro baloiço este o de Penalobo, também colocado num local isolado com uma paisagem fantástica, é deveras muito lindo.
Todo construído em metal, tem a forma de uma cabeça de lobo com um coração no centro, sendo este uma homenagem ao animal mítico desta região. Uns metros atrás existe uma praia fluvial que muitos dos veraneantes vão adorar, não é o nosso caso. Mais um local visitado com sucesso. Vamos então até Sabugal, terra que já visitámos há alguns anos atrás numa visita relâmpago, mas desta vez vamos ver se temos mais sorte. Embrenhámo-nos no castelo, em que eu subi toda aquela escadaria para chegar bem ao cimo e desfrutar de outra vista fantasiosa: A dona Sofia não estava nessa e ficou nos meios da ameia a andar vagarosamente, mas quando cheguei bem lá ao cimo um grito, ela deu sinal de vida acenando-me.
Mais umas voltas fizemos por Sabugal mas hoje é sábado e de tarde já tudo se encontra encerrado, então resolvemos ir embora e dali a pouco já nos encontrávamos a entrar em Sortelha, outra aldeia onde a população tem vindo a decrescer, qualquer dia não tem habitantes, assim no ano de 1864 eram 759, hoje 320 almas, onde o nosso Portugal vai parar nestas terras do interior. Também adorámos a nossa visita a esta aldeia com o seu castelo altaneiro. Nova partida para Seixo do Côa onde vimos e demos umas baloiçadas, ali bem perto, outro local onde estivemos, este Vila Maior também com o seu castelo que delimitou esta povoação. Há uma carta do rei Afonso IX de Leão datada de 1227 que este lugarejo fazia parte do seu reino, porém em 1297 D. Dinis, conquistou estas bandas e através do tratado de Alcalizes o agregou no reino de Portugal.
Se não fossem estes homens dessa altura nós teríamos um punhado de terra nos confins de uma serra. O dia está a terminar, mas ainda tivemos tempo para escalar um monte por carreiros e caminhos, vegetação e grandes pedregulhos descobrirmos o baloiço de Chão da Forca, este lá bem no alto e um pouco furtivo, dali avistamos Vila Maior. Já escuro tivemos de encontrar local para pernoitar. Atravessamos uma ponte na vila de Aldeia da Ponte, esta com trânsito proibido para viaturas acima de 3,5T e apenas com uma via, mas com trânsito nos dois sentidos.
Do outro lado um restaurante junto ao rio Cesarão e um local mais à frente onde se pode estacionar, mas não gostamos desse lugar e fomos até ao restaurante comer alguma coisa e perguntámos ao dono se poderíamos estacionar num largo ao lado deste restaurante, logo nos disse que não é problema. Terminamos a refeição fomos estacionar correctamente num local que achamos ser mais direito e perfeito. Porém logo de manhã estava alguém a bater no vidro, não era mais do que um feirante a pedir para tirarmos dali a viatura pois ia montar a tenda naquele local.
Reparamos que ao longo daquele largo já havia grande movimentação. É que ali vai haver a feira e várias tendas estão a ser montadas. Ainda tivemos tempo de tomar o pequeno almoço no restaurante em que o dono nos pediu desculpas porque tinha-se esquecido da feira naquele fim de semana. Algo de diferente tinha de acontecer, mas nada de mal. Também hoje dia 28 de Janeiro é uma data importante para nós pais, faz anos o nosso filho mais velho o Ricardo, são 47 anos que chegue também a velhote comos nós. 


29 – Janeiro – Havíamos adquirido há dias bilhetes para fazermos os passadiços do Mondego, reservados para hoje. A razão é simplesmente pela propaganda feita nos meios de comunicação que nos levaram a termos esta iniciativa. Estes passadiços têm um percurso de cerca de 12 quilómetros ao longo do rio Mondego com início na Barragem do Caldeirão e términus em Videmonte, neste percurso existem pontes suspensas e paisagens lindíssimas. Eram 11h00 quando demos início à nossa caminhada com uma temperatura bastante fria, mas com o andamento de convicção que vamos espantar este frio. O descer a gigantesca escadaria da barragem até ao fundo, são 600 degraus e um desnível de quase 500 metros, ainda parámos a meio para vermos uma queda de água meia oculta, seguimos e terminámos a escadaria para nos remetermos por um carreiro cheio de lama, bem poderiam ter continuado o passadiço em madeira, mas esta opção do carreiro e lama não vem nada a propósito, não esperava por esta.
No entanto a burrada continua, um pouco à frente, e entramos numa estrada nacional a N338, percorridos bastantes metros chegámos a ma povoação, Vila Soeiro. Como nós mais pessoas foram encaminhadas para esta povoação. O trajecto não passa por aqui, pois quando aqui chegámos toda a gente se interrogava e voltavam para trás, desconsolados. Ou seja, a uns 400 metro atrás existe uma tabuleta mal colocada que indica o trajecto, lá fomos novamente por um caminho enlameado, mais adiante obras e não indicava em lado nenhum se era para irmos pela direita ou pela esquerda. Nesta altura encontrávamo-nos sozinhos e resolvemos ir pela esquerda, tanto que a estrada do lado direito estava em obras, o lado que optámos estava mais dentro do tipo de percurso que havíamos feito até ali. Subimos uma ravina bem acentuada por um carreiro cheio de lama, lá bem no alto vimos lá bem longe pessoas caminhando, no entanto andámos mais um pouco e verificámos que lá em baixo há um passadiço onde estão pessoas a passar, mais à frente concluímos que o trajecto onde estivemos atrás deveria ser o da direita e não este.
Mais uma falta de informação e percurso mal sinalizado. Esta substância é muito comum entre os responsáveis camarários portugas. Já fizemos basicamente uns 3 quilómetros e conseguimos alcançar um dos percursos em passadiço. De qualquer das formas estamos a gostar, paisagens lindíssimas e bem aproveitadas pelo percurso. Um pouco à frente voltámos a percorrer o trajecto em lama com algum gelo pelas bermas, mas mais à frente volta a aparecer o passadiço e uma das pontes pênsil, aqui encontrámos meia dúzia de pessoas que haviam feito uma paragem para tirarem fotos e comerem ou beberem alguma coisa. Nós não temos comida ou bebida, somos uns Lusitanos desta época.
Também deparámos uma casa de montanha onde vimos uns burros bem simpáticos. Ouçam lá são mesmo burros, animais, nada de pessoas a quem chamamos de burros. Voltámos mais uma vez ao percurso feito em terra batida, agora com bastante gelo e neve, até aconteceu que a Sofia escorregou e caiu, foi difícil levantar-se, tanto que eu para a ajudar tive também dificuldade por causa da quantidade de gelo e neve naquele ponto. Nada de grave aconteceu, está novamente cheia de força e prosseguimos até ao passadiço lá longe para transpormos uma outra ponte suspensa. Mais uns quantos degraus a subir, são bastantes e meia-dúzia a descer.
Desta vez o passadiço é extenso, mas a Sofia já se encontra exausta. Eram 16h45 quando começámos a subir os degraus do lado de Videmonte, fizemos esta subida por troços e íamos parando, até que chegámos ao troço final e quando parece que tudo se passou, eis que o final é bastante árduo, temos à nossa frente mais umas centenas de degraus que são considerados de dificuldade difícil. Sem dúvida trilho concluído em que a dificuldade é difícil, não venham cá com conversas de que se faz facilmente, mentira ou especulação. Já em Videmonte, temos de arranjar táxi que nos leve à barragem do Caldeirão onde temos a viatura estacionada.
Outro problema o taxista pediu um valor exorbitante, não aceitámos e passados momentos fomos ter com outro taxista em que lhe dissemos para nos levar ao nosso destino e que ligasse o taxímetro. Sem dúvida o valor final foi outro. Vigaristas e oportunistas. Agora mais uma etapa até Alfaiates perto de Sabugal, onde iremos dormir. Chegámos e não tivemos grande escolha, pouca gente deve viver nesta terriola, é que apenas nos cruzámos com dois velhotes, nada mais.




Demos ainda uma pequena volta por ruas e praças, o local escolhido foi num largo, perto vemos uns tapumes de uma obra que parece estar parada, já está escuro para comentarmos a realidade. Passadas duas horas nem vivalma, só nós. Vamos dormir descansados, pois por aqui não há ninguém, casas à nossa volta, mas pessoas nada. Boa noite.

30 – Janeiro – Acordámos ao som de macetadas e concluímos que a obra ali perto está em marcha, verificámos que é dentro de uma muralha do castelo em ruínas, nem sabíamos que Alfaiates tem castelo, mais soubemos que em tempo de D. Afonso IV, foram aqui celebradas em 1383 as núpcias de sua filha a princesa D. Maria de Portugal a formosíssima Maria, segundo Camões, neta de Isabel de Aragão.
O casamento deu-se com o rei Afonso XI de Castela que mais tarde a trocou pela Leonor de Gusmão, mas anos mais tarde o rei morreu de peste negra, a rainha Maria vingou-se da amante de seu esposo e mandou matar a amante de seu esposo. Só por sabermos isto valeu a pena termos dormido nesta linda terra. São praticamente 11h00, vamos seguir para o baloiço da Aldeia Velha localizado na serra do Homem de Pedra. Já no local temos uma belíssima vista sobre a cidade da Guarda e da Serra da Estrela. Mais um pouco de baloiço e assim baloiçamos mais uma vez num local bem alto, merecemos. Esta viagem mais aparenta uma correria, mas não é verdadeiro. Passados 50 minutos já nos encontrávamos no baloiço da Machoca em Quadrazais, mas não foi fácil lá chegarmos, passamos por caminhos enlameados e estreitos, tivemos sorte de não encontrarmos nenhuma viatura em sentido contrário, é que não havia espaço de um se encostar, eu ia a subir e com esta viatura nada me facilitaria manobra de marcha atrás.
Como seria se o cruzamento acontecesse? Já bem no alto a lama acumulava-se, esta preta. Agora encontrámos um estradão que se cruzava com o caminho que eu trazia, mais dois estradões e um trilho nos bosques da Reserva Natural da Serra da Malcata. Aqui se viam apenas os rodados de camiões. Foi mais uma aventura espinhosa, vir aqui, e chegámos ao “Alto da Machoca” onde nos detivemos com o baloiço. Partimos em direcção ao baloiço do Javali no alto de Meimão, local também esplendor, onde existe uma vista deslumbrante, gostámos, estamos a gostar. Descemos para transpormos a barragem de Meimoa, mais uns quilómetros percorremos e chegámos a Alpedrinha, terra para mim consagrada nos tempos em que tinha 19, 20 anos em que vim até à serra da Estrela pela primeira vez com os meus irmãos, João e Zé, com os meus amigos, Velez, Victor que apenas via de um olho, mais o primo do Velez que agora não me lembro do nome e o Meireles, malta fixe.
Mas o que contemplei agora nada tem com esse tempo do ano de 1972, pessoas quase nada, comércio nem velo. A Sofia que queria comprar um íman não encontrou uma loja aberta, e nós que fizemos uma grande volta por esta terra. Será assim nos meses de calor? Espero que não. Ainda não fartos, vamos cavalgar até ao baloiço do Castelo Velho. Mais um percurso fizemos até atingirmos um troço em macadame e pouco havíamos percorrido e o saibro ou terra tinha desaparecido com as chuvadas de tempos atrás, a partir de agora sempre a subir e o trajecto é feito por cima de pedregulhos enormes e com uma velocidade de 5 a 10 quilómetros por hora, nada mais e se eu quisesse voltar atrás os espaços iam aparecendo de quilómetro a quilómetro.

Quanto mais subíamos mais difícil era, curvas apertadas quase a roçar as rochas das bermas e os arbustos. Ao fim de 7 quilómetros chegámos a um espaço onde parqueamos em cima de rochedos, mas daqui já conseguimos avistar o baloiço. Fomos a pé e por fim estamos bem no cimo da serra da Gardunha, uns 1000 metros de altitude, conseguimos deste local avistar de onde partimos, ou seja, Louriçal do Campo, lá longe a barragem de Santa Águeda.
Tivemos tempo para amontoar várias pedras que vão estar equilibradas umas em cima das outras por algum tempo até que apareça um destruidor e as deite abaixo, esta obra de equilíbrio e arte feita pela Sofia e Gilberto no ano de 2023 no dia da graça de 30 de Janeiro pelas 17h45, um bem-haja para nós. Aqui tiramos muitas fotos, divertimo-nos e não sei mais o quê. Chegou a hora de descermos, havíamos reparado que um pouco abaixo existia outro caminho em direcção à aldeia histórica de Castelo Novo. Foi isso que aconteceu virámos à esquerda e aí vamos nós, este caminho não tem tantos buracos, mas encontrámos muita vegetação que roçava pela autocaravana, vamos ver se não risca nada, existiram locais que tivemos de quase parar para passarmos muito devagar pela vegetação.
A determinado momento fiquei arrependido de vir por ali, mas como voltar para trás, onde está um local para inverter a marcha, não existe a determinado momento começámos a avistar um enorme complexo industrial, lá bem em baixo, pensei estamos no bom caminho, vamos ter paciência pois por aqui tem que haver uma saída. Ainda demorámos muito tempo a lá chegar e quando chegámos reparámos que nos encontrávamos num labirinto, com caminhos e estradas sem qualquer indicação, seguimos o nosso intuito e bem longe apanhámos a estrada para Castelo Novo. Aqui demos uma volta por este lugarejo, entrámos no castelo que se encontra bem apetrechado para fazermos uma pequena caminhada ao longo das suas muralhas, algumas derrubadas, num local mais alto deste pudemos ter uma vista de uma parte desta terra. Aqui se poderia comer o arroz tostado que é uma das especialidades gastronómicas de Castelo Novo. Também se destacam os ovos verdes, pastéis de bacalhau, abóbora frita, queijo de cabra e as Picas de S. Brás e tantas outras coisas, mas nada disto provámos, já era tarde, fica para uma próxima vez que aqui possamos voltar. Quando saíamos e com o GPS ligado, encaminhamo-nos por ruas e ruelas, tudo bem até que a certo ponto a rua onde seguíamos começa a estreitar, tivemos de recolher os espelhos e uma curva acentuada para a direita e a rua sempre estreita, havia uma caleira em zinco, toda entortada pelas viaturas mais altas que por aqui passam que roçou na virola do meu tejadilho, espero que não tenha riscado nada, mas fiquei desconfiado.
E no final desta rua tenho uma rua para a direita e outra rua para a esquerda todas elas a 90°, parei e vi que tinha ali uma manobra complicada, e é que tinha mesmo, tanto que uma rua só tinha uns 5 metros para a direita a outra vi que havia saída, mas como fazer a manobra para a esquerda se é que a volta era tão apertada que não tinha espaço. À minha frente uma casa com um degrau para a rua que complicava ainda mais a manobra do lado direito uma varanda que se me encostasse mais o meu tejadilho iria roçar nela, lado esquerda a casa estava já roçada das pancadas de outras viaturas. Uma vizinha que se encontrava na varanda começou a ver as manobras complicadas que eu ia fazendo, abanava com a cabeça e ia dando algumas instruções. Ainda telefonei para a seguradora a perguntar se me podiam ajudar com um reboque para executar tal manobra, foi-me dito que não interfeririam em casos destes que telefonasse para os bombeiros ou outra empresa de reboques, mas nada poderiam fazer. Voltei às minhas manobras, marcha atrás para tentar repor a viatura mais uns centímetros junto à varanda e mais manobras até que apareceu um homem que não era mais do que o marido da senhora da varanda que me disse ser comum outras viaturas chegarem aquele estado.
Mais disse que uma até teve de fazer marcha atrás, mas que a embraiagem se consumou, outras que batiam num poste de iluminação que se encontrava na parede da casa do lado esquerdo. Tiveram de o cortar. Pensei tantas coisas como é que iria resolver tal questão, esta tão complicada. Por insistência do homem que me disse que me iria ajudar na manobra, voltei a fazer uma imensidão de manobras a marcha atrás era feita em subida e a minha embraiagem começou a queixar-se e já cheirava a ferodo, ainda mais para complicar. As principais ajudas foram da mulher dele que ia dizendo que podia passar mais perto da sua varanda que ela me avisava, a Sofia fora do caro, desde sempre, ia vendo que espaço teria para não roçar a parede do lado esquerdo o homem dava-me instruções como passar o degrau da casa defronte. Foram tantas as tentativas e manobras que o pneu ainda roçou pelo degrau, quase que roçávamos a varanda, passou a uns dois centímetros desta a parede do lado esquerdo onde a Sofia estava com mil olhos, foi uma tangente no final da viatura, isto tudo feito muito devagar e com mil olhos, eu não queria riscas ou amachucar fosse o que fosse. Quando vi que já estava safo desta foi um alívio enorme, ainda mais para a minha cara metade que estava ansiosa e nervosa pelo que nos estava a acontecer. Já com a enorme dificuldade ultrapassada o homem, este muito simpático avisou-me de como teria que sair daquele labirinto, disse-me que uns metros à frente outro problema como este poderia acontecer, indicou-me como poderia sair, mas não convencido das instruções que me meu, ainda me disse; não tenha problemas eu vou à sua frente indicar-lhe parte do trajecto, assim o fez por uma boa centena de metros foi à frente de nós e salvou-nos de mais um problema, muito idêntico ao anterior.
Mil agradecimentos e um Bem Haja para este cidadão Português. Aliviados, mas não foi fácil o caminho de saída que tínhamos pela frente. Quando finalmente saímos, ambos respirámos de alívio. Aviso aos caravanistas, muito cuidado ao circularem nesta terra “Castelo Novo”. Já muito tarde já de noite terminamos esta saga infernal. Vamos então em direcção a Sarzedas onde iremos pernoitar por perto, nesta ocasião numa Asa junto ao supermercado Lidl em Castelo Branco, lugar ermo, no entanto quando chegámos já estavam neste lugar mais 3 viaturas, noite descansada depois de tanta labuta que tivemos.

31 – Janeiro – Hoje será o último dia desta pequena viagem, mas proveitosa. Damos continuidade ao projecto de visitar baloiços e não só. A próxima paragem será Sarzedas onde chegámos pelas 10h30. Aqui como sempre fizemos uma visita o que mais gostámos foi do pelourinho.
Esta freguesia recebeu foral no ano de 1212, através de Gil Sanches e Paio Pires que desta forma quiseram povoar esta região tão deserta. Os tempos mudaram para que no ano de 1512 teve novo foral por D. Manuel I. Sucede que no ano de 2023 teve mais outro foral, desta vez através do Condes Andeiros Gilberto e Sofia que irão receber uma renda de 1000 cêntimos anuais. Visita concluída fomos para Mação visitar o seu baloiço localizado no cimo da serra do Bando. Voltas concluídas e chegou a hora de almoço e não sabemos onde podemos ir. Não tínhamos nenhuma referência de restaurantes nesta zona, pusemo-nos a caminho de Sardoal. Estivemos a ver na net restaurante perto de nós, ainda telefonámos para dois deles, mas estavam hoje encerrados ou já teriam falido, não soubemos, no entanto, a determinado momento estavam uns homens num desvio a carregar madeiras e interroguei a um deles onde se poderia comer bem aqui por perto, respondeu-me que aqui existem dois restaurantes, ambos bons, mas aconselhou-me um que até se prontificou a encaminhar-me para ele, pois ia para casa e nós apenas o teríamos de seguir. Combinado e aí fomos atrás dele uns 6/7 quilómetros, quando chegou ao local acenou-me com a mão a indicar que era logo ali do nosso lado esquerdo. Aceno meu e apitadela e logo arranjámos local para estacional.
Entrámos e vimos que estava praticamente cheio, cá fora encontravam-se 3 autocarros de turismo, não eram mais do que todos os passageiros deles que estavam no restaurante, mas sem problema porque o espaço também é enorme. Os funcionários conseguiram arranjar uma mesa para estes dois passageiros da chuva que ficaram bens instalados. Tivemos um excelente almoço em que o prato foi de bacalhau à Zé do Pipo, regado com um bom azeite e acompanhado também por um bom vinho tinto. Só posso dizer bem deste restaurante que é: Restaurante as Três Naus, situado na rua da Fonte da Estrada, 105 2230-105 Sardoal, telefone 241 855 333, quem quiser lá ir, nós aconselhamos, bons preços e muito boa comida, os funcionários supersimpáticos. Terminada tão árdua tarefa, aí vamos nós para o baloiço dos Moinhos situado aqui bem perto de onde nos encontramos. Foi chegar, andar um pouco nele e olhar para todos os lados, num deles podemos ver bem ao longe onde passa o rio Tejo e a central termoeléctrica do Pego que já se encontra encerrada desde Novembro de 2021.
Desta forma demos por encerrada esta viagem em que superámos todas as nossas expectativas. Vamos regressar a casa e fazer boa viagem como é habitual há muitos anos da nossa parte. Mas, perto de Benavente encontrámos uma estação de serviço de lavagens manuais de viaturas, logo aproveitamos para lavar a nossa que possuía uma enorme carga de lama. Tivemos um trabalho árduo para que ao fim de meia hora estivesse lavada em condições, porém o monte de lama que caiu dos guarda lamas foi enorme, ficaram no sítio 4 montes desmedidos de lama, fomo-nos logo embora, antes que apareça alguém a questionar-nos. Brevemente faremos a 2ª parte deste projecto.

20 – Março – Este o segundo mandado do programa, iniciou-se por volta das 10h00, quando resolvemos sair da Tapadas das Mercês, praticamente mês e meio depois da primeira conclusão, no entanto ainda vamos a tempo e eis que mais uma vez auto-estradas, pouco ou nada, calmamente chegámos ao primeiro local de visita e prospecção, aí estamos, nós somente nós no início onde vamos iniciar o “Trilho da Barca D’amieira”. Note-se que este trilho da Barca d’Amieira e os Passadiços de Nisa foram inaugurados em Abril de 2021.
Já caminhámos quase meio quilómetro em calçada plana sempre acompanhar o rio Tejo que corre docemente por estas bandas, lindo está a ser o percurso, mas a Sofia hoje não está nos dias dela. Reparámos que o caudal do rio subiu uns bons metros em determinada altura porque nos ramos das árvores que o ladeiam há rostolho e restos de outras plantas nelas penduradas. Pelo caminho fomos encontrando ao longo deste, cerca de 10 elementos pictóricos, sendo os mais engraçados o “Índio” e a Garça Real”, já mais adiante vimos a “Cegonha”, sendo este mais um dos elementos ali colocados. Aqui o trilho é mais estreito e uma possível queda para o rio é fatal a altura da margem muito alta e lá em baixo rochedos, cautela é o que vamos ter. Ainda passámos pela formiga que também gostámos, mais adiante a raposa, nesta altura passou um comboio da CP do outro lado do rio. Finalmente chegámos ao trilho feito em passadiço de madeira, mas logo começámos a subir e eis que a cara da Sofia se modificou e porquê?
Lembrou-se de imediato o que tinha passado nos passadiços do Mondego, tanto que olhou para eles e não viu o fim. Ainda estivemos para voltar para trás, mas ela ajudou-me a concretizar a minha ideia que era de saber até onde era o fim. Fomos andando subindo e descendo até que na última elevação avistámos uma ponte pênsil. Já estamos perto, andámos mais uns metros e ficámos no início desta ponte onde lá em baixo passa a ribeira de Figueiró. Não consegui que a Sofia viesse a passar a ponte e muito menos depois a atravessar subir uns degraus mais e andar de baloiço que fica do outro lado da margem. Fui eu, atravessei a ponte subi a escadaria, andei de baloiço e ainda subi mais outra escadaria para chegar ao ponto mais elevado. Depois destas minhas voltas em que a Sofia ia-me observando da outra margem, cheguei finalmente ao pé dela.


Agora o que temos de fazer? Muuuito fácil, voltar para trás, fazer o mesmo percurso porque a nossa autocaravana está no início, defronte Amieira do Tejo. Com estas voltas devemos ter andando uns seis quilómetros, mais qualquer coisinha. A meio do caminho, vimos mais uma vez um comboio a passar do outro lado, mas desta vez era de mercadorias, bem composto, muita carruagem tinha. Já dentro da autocaravana, seguimos para Ortiga onde vamos pernoitar no parque de campismo mesmo junto à barragem de Belver. O jantar de hoje foi petiscos que trouxemos para as ocasiões como esta.

21 – Março – Não conhecíamos este parque, ficámos a gostar e possivelmente viremos aqui mais vezes, bem localizado e muitas coisas para se visitar ao seu redor, aldeias, vilas, parques e praias fluviais, em que algumas até são lindas, pois, repito não somos fãs deste tipo de praias, gostamos, sim, de praias, mas oceânicas. Iniciámos o dia com uma caminhada a pé atravessando a barragem de Belver, vimos sem dúvida que é proibido a sua passagem a pé, mas fizemos “vistas curtas” e se aparecesse alguém era “ouvidos de mercador”, não apareceu ninguém, mas vimos alguém, mas que não se estava para chatear, ainda bem.
Por aqui o Tejo passa despreocupado e o seu caudal é regulado por esta barragem. Adorámos esta caminhada de ida e volta. Fomos visitar o castelo de Belver, parei o carro num largo na vila e fomos a pé, só que a Sofia quando viu a enorme subida, esta ingreme, resolveu ficar cá em baixo, eu cheio de força resolvi subir, porém quando cheguei à entrada do castelo estava encerrado, só que neste dia e neste horário deveria estar descerrado pois estava mencionado na placa existente. Não é caso único, ao longo dos anos temos situações iguais. Na descida apanhei umas flores do campo, muito lindas para oferecer à minha querida, ficou contente. Prontos para darmos início a mais um percurso de carro, apenas por pouco tempo, porque passámos muito perto do início ou fim do trilho da Barca d’Amieira a que a este troço é mais conhecido pelos passadiços de Nisa.
Estacionámos a autocaravana num parque amplo, onde já estava uma outra parceira e partimos para este pequeno percurso, porque ontem já havíamos feito o outro lado. Também a Sofia hoje encontra-se com mais forças e partiu desenvencilhada para a etapa. Fizemos o percurso sempre em passadiço com pequenas subidas e poucos degraus e abordámo-nos do baloiço lilás, daqui temos uma visão que alcança a outra margem onde estivemos ontem, mais montanhas, rio Tejo e uma pequena ribeira que passa por aqui. Para fazer contraste ao baloiço as árvores envolventes estão também pintadas de lilás, é um lindo cenário para este local sossegado. Aqui perto existe um pequeno parque onde está uma joaninha e uma borboleta feitas em metal com dimensões enormes.
A Sofia desceu os degraus que a levaram até à ponte pênsil, atravessou-a e refez o trajecto. Conseguimos ver numa clareira um javali e suas crias, estas figuras também feitas em metal em que o javali adulto, move-se lentamente com a corrente do vento, situação engraçada que se torna ainda mais quando a luz solar incide sobre ele e as suas cores alteram-se. Estivemos nestas bandas algum tempo, de seguida fomos até Nisa onde temos programado ficar esta noite. Chegados a Nisa, demos início a uma volta por sítios que nunca estivemos, e nós que já aqui permanecemos pelo menos duas vezes, há muito tempo.
Descobrimos novas ruas, numa delas a decoração é fantástica, baseada em utensílios de barro, colocados no chão e paredes, bem como a calçada da rua ser feita com quadrados de tijolo nas cores brancas e laranja, referenciando-se às imagens que são feitas nas bilhas e outras peças produzidas em barro, gosto, que ideia imaginária. Esta volta foi feita no final do dia, tivemos de encontrar um local para jantar, não foi nada fácil, mas lá num cantinho de uma rua com pouco movimento, vimos o restaurante, este nada de especial, mas mesmo assim do nosso agrado.

22 – Março – Iniciamos o dia com mais umas voltinhas por Nisa, por fim seguimos direitinhos a Portalegre, cidade já visitada por nós há muitos anos com os nossos dois filhotes, Ricardo e Gonçalo, que quando regressávamos de férias por altura da exposição internacional de Sevilha, já podem ver há quantos anos isso sucedeu.
Então a exposição de Sevilha foi em 1992 atá aos dias de hoje, é só fazer as contas. Mais tarde eu e a Sofia resolvemos dar também umas voltas por estas bandas e viemos almoçar a Portalegre. Hoje será apenas uma volta de reconhecimento e ainda por cima tivemos grandes dificuldades onde estacionar. Quando conseguimos estacionar fomos a pé para a zona antiga, o percurso foi extenso, acabámos por almoçar num tasco na Avenida da Liberdade.
De seguida fomos para uma terra com o nome de Alegrete, vila inserida em pleno parque natural da serra de São Mamede, muito perto da ribeira com o mesmo nome. Esta povoação foi formalmente incorporada na coroa portuguesa em 1267, mediante o tratado de Badajoz, celebrado entre D. Afonso III e D. Afonso X de Castela, seu sogro.

                                         

                                         

                                                                                                                                                          Pequena volta por esta vila e castelo muito arruinado devido a muitas incursões dos castelhanos que tantas vezes tentaram conquistar Alegrete e seus arredores. Nesta altura preferimos terminar as voltas por hoje, amanhã será outro dia.

23 – Março – Prosseguimos a andar por estas bandas, quem saiu logo na rifa foi Arronches, mais uma vila que pouco ficámos a conhecer, se é que tem algo de interessante, mas como todas as nossas vilas tem história, é isso que vou contar um pouquinho.
Primeiro dizem que foi uma povoação romana do tempo de Caio Calígula. Uns séculos mais tarde, D. Afonso Henriques conquistou-a aos Mouros em 1166, mas foi perdida de novo. Foi recuperada por D. Sancho II em 1235, no entanto só em 1242 ficou definitivamente em poder dos portugueses. Num outro período foi a vez dos nossos amigos castelhanos de tomarem Arronches. Mais tarde D. Nuno Álvares Pereira em 1384 reconquistou-a. Em 1661 a vila foi invadida por D. João de Áustria, para que fosse quase de imediato abandonada por causa da aproximação do exército português que se aproximava. Este gajo era filho bastardo de D. Filipe III de Portugal em que o pai o designou oficialmente, capitão geral da conquista do reino de Portugal e mandou-o para a estremadura e foi daí que invadiu Portugal com um poderoso exército, mas foi escorraçado com uma pesada derrota na batalha do Ameixial em 1663. Teria mais para contar, hoje ficaremos por aqui em relação a história. Encontramo-nos muito perto da fronteira espanhola, desta forma pensámos e se fossemos até Badajoz, também uma terra que gostamos de visitar. Assim foi, colocámo-nos a caminho e aí estamos nós no centro da cidade a procurar lugar para estacionar.
Depois de umas voltas encontrámos um parqueamento pago num local perto do corte inglês um dos sítios que queríamos ir. A nossa vinda até ao corte Inglês ainda deu para comprar uma mala azul que a Sofia gostou bastante, também éramos para comprar micas para arquivo de postais e fotografias, mas não tinham. Fizemos mais umas voltas por este lado da cidade e regressámos à nossa terra, mais concretamente em direcção a Vila Viçosa onde iremos pernoitar. Quando chegámos conseguimos um lugar perfeito numa das praças centrais, fomos à procura de uma padaria e percorrer algumas ruas da vila. Passámos a noite nesta terra sossegadamente.

24 – Março – Principiámos a manhã subindo uma das ruas principais de Vila Viçosa e seguimos até ao castelo com a sua rica história – Em 7 de Julho de 1382, Gonçalo Vasques de Azevedo, Fronteiro entre tejo e Odiana, junta aqui capitães, alcaides e outros fronteiros menores, para defender o Alentejo invadido pelo castelhanos. Entre eles estava o jovem Nuno Álvares Pereira.
Em Julho de 1383, partem seis mil homens de Vila Viçosa para a fronteira de Elvas. Com a morte do rei D. Fernando, Vila Viçosa pela voz do seu alcaide-mor Vasco Porcalho, e contra a voz dos seus naturais, toma o partido de Castela. Vila Viçosa só volta a ser portuguesa após a batalha de Aljubarrota. Tantas cousas ficámos a saber desta nossa visita, vale infindavelmente a pena. Nós somos tudo ou quase tudo na vida, por exemplo, neste momento, achamo-nos os alcaides-mores de Vilo Viçoso e seus afins e Algarbes, que acham! Demos continuidade ao passeio, passámos defronte ao palácio Ducal, não o fomos percorrer, mas em tempos já fez parte da nossa visita na companhia dos nossos filhos, Ricardo e Gonçalo. Aconselho a visita, pois é muito interessante.
Demos por terminada a visitação e vamos em direcção a casa, porém existem umas proibições do vira à esquerda e não vires à direita que nos encaminharam por uma outra via que não seria aquela a desejada. Com isto e sem que com antecedência informem de que o trânsito mais à frente se encontra cortado pela simples ou imensa razão de ser a estrada onde há anos esta derrocou numa extensão de cerca de 150 metros, causando a morte de 5 pessoas numa zona de exploração de mármores. Há anos estivemos no redor deste buracão a tirar fotos e a olhar para o fundo monstruoso deste local, quem nos diria que este seria um sítio muito perigoso.
No entanto hoje quando percorríamos esta EM255, só nos apercebemos onde estávamos quando à nossa frente e depois de percorremos muitos metros é que estava uma placa a informar do corte da estrada. Mais uma boa sinalização no nosso Portugal. Esta sinalização deveria estar no início da estrada, pois esta não tem mais direcções do que a que havíamos direccionado. Lá voltámos atrás e resolvemos passar por Coruche, uma outra terra pouco conhecida por nós, sei que estive há muitos anos com o Rui Fernandes num almoço com ele e mais uns amigos dele, estes caçadores. Nesta altura realizámos uma voltas montados na autocaravana pela vila e marginal junto ao rio Sorraia para aparcarmos numa zona de parqueamento de autocaravanas junto ao Lidl.
A partir daqui iniciámos um percurso extenso a pé pela vila onde reparámos que é uma vila morta, apenas o mercado ou feira de rua, feita onde estamos é que tem mais movimento. Existem vários morais nos mais diversos locais; escadas, túneis, etc., obras de arte feitas com amor e não como marcação de espaços ou lugares. Gostamos de aqui estar e iremos passar a noite nesta povoação.

​25 – Março – Chegámos ao fim de mais uma pequena volta pelo nosso Portugal, tantas coisas que nos estão ainda escondidas e que algumas ainda podemos desvendar, não todas.

O regresso a casa começou, como sempre sem pressas, perto da nossa casa fomos dar mais uma lavadela à nossa casinha ambulante “Uma casa em qualquer terra”, bem limpinha e levá-la até ao parque de campismo de Almornos localizado em Almargem do Bispo a 8 quilómetros da nossa casa. É só trocar de viatura pelo boguinhas, IQ Toyota da Sofia que está à nossa espera. Até já. Ficamos à espera da próxima volta, que seja breve.






O Misterioso Iraque - 2025

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