quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Heading for Scotland - 2024

 


HEADING FOR SCOTLAND

Dia 16 de Junho – Já faz alguns anos que viajamos por algumas das estradas que iremos cruzar este ano. Tantas as vezes que já atravessámos estes países, mas nunca é demais passado todo este tempo voltar a revolver neles coisas do passado.
Chegou a altura de iniciarmos mais uma das nossas viagens, fazendo parte do grupo os seguintes elementos, Cândida; Carlos; Cláudio; Gilberto; Júlia e Sofia. Combinámos encontrar-nos na estação de serviços de Aveiras, todos chegaram a horas decentes menos eu e a Sofia. Cumprimentos da praxe a aí vamos nós pela A1 em direcção a Vilar Formoso. Todas as viaturas têm rádio onde podemos contactar rapidamente e o seu uso é frequentemente utilizado para as nossas conversas, algumas da treta. O tempo foi-se passando e já rodamos pela scut, ou seja, a A23, ou também conhecida como auto-estrada da Beira Interior, aí atravessámos os distritos de Santarém, Portalegre, Castelo Branco e Guarda.
Algumas horas se tinham passado e aí estávamos a transpor a fronteira e rolar na A62, onde fizemos uma paragem que aproveitamos para descansar e comer dos nossos farnéis pois somos umas pessoas prevenidas. Retomado o caminho até Burgos onde fomos pernoitar no Camping Fuentes Blancas, situado na carretera Cartuja de Miraflores, com isto tínhamos feito 720 quilómetros para este primeiro dia. Pensamos ainda jantar no restaurante existente neste parque, mas já tinha fechado, optamos por comer dos mantimentos que havíamos levado, foi a melhor escolha do momento.

Dia 17 de Junho Já instituímos o que iremos fazer hoje aqui em Burgos, assim como a etapa que vamos percorrer. O camping onde pernoitamos está situado a poucos metros da Cartuxa de Miraflores, uma das razões que nos levou a principiarmos o dia a visitá-la.
Soubemos que a sua fundação data do ano 1442 como Ordem dos Cartuxos, considerada uma das mais austeras de todas as ordens religiosas criadas na idade média. Durante toda a existência, professou o voto de pobreza como nenhuma outra, não caindo na ostentação e no luxo de suas instituições. Os monges cartuxos são, na realidade, eremitas que vivem em comunidade e suas vidas são regidas pelos princípios da contemplação e oração. Vimos e apreciamos imensas obras de arte sendo uma delas feita pelo escultor português Manuel Pereira que nasceu no Porto, mas viveu parte da sua vida em Madrid (1588-1667), sua obra é reconhecida aqui com a realização da estátua de S. Bruno, uma perfeição ainda mais por ser um dos nossos conterrâneos. Num lugar de honra deste convento fomos encontrar o túmulo de João II de Castela e Isabel de Portugal, ou sejam os pais de Isabel a Católica.
Lá no cimo, num retábulo estão bem destacadas as armas de Portugal e de Espanha. Ficamos contentíssimos por termos descoberto mais um trecho da nossa tão riquíssima história. Assim finalizamos a nossa vinda aqui, vamos então até Burgos para darmos mais uma voltas nesta cidade que já todos conhecemos, porém, eu e a Sofia há muitos anos que por aqui já não passávamos, vamos rever parte do património da cidade. Já tarde partimos para San Sebastian em que fizemos uma longa tirada de 247 quilómetros em tempo recorde, porém no final do dia surge a dificuldade em encontrar um camping, o eleito primeiramente, já se encontrava esgotado, fomos para o segundo e esgotado estava, portanto tivemos de nos desviar um pouco e com alguma sorte lá encontramos lugar para pernoitar num camping sossegado e agradável.





























Aqui jantamos no restaurante deste camping que aconselho (Camping Oliden), boa cerveja e uma variedade de pratos, qual deles o melhor.

Dia 18 de Junho O destino de hoje será a linda cidade de Perigoux, para isso teremos de percorrer cerca de quatro centenas de quilómetros, e nós que desde que saímos de Portugal temos evitado as vias com portagens, será que vamos continuar com esse propósito, veremos. 









 
A saída deste parque foi sem presas, já com tudo organizado fizemo-nos à estrada tinham passado poucos quilómetros quando transpusemos a fronteira que separa estes dois países, Espanha e França e ingressamos em pequenas vilas e lugarejos, para depois andarmos por estradas com pouco trânsito ladeadas de arvoredo, lindo percurso o de hoje. Até que chegou a fome e estreamos o presunto de porco preto comprado nos nossos vizinhos espanhóis. Houve aglomeração de todos os intervenientes para apreciar o Cláudio a utilizar todos os conhecimentos, ciências de cortador. Nota, estas coisas não se fazem à toa. Tínhamos faca e suporte específico para tão ilustre método de cortar em pequenas fatias, finíssimas tão “Ilustre Pata Negra”. Foi um sucesso este almoço de estrada, aquilo que alguns chamam, almoço volante. Concluímos tão árdua tarefa a mais significativa de hoje para seguirmos o nosso itinerário até mais um camping, encontrado sem complexidades.

Dia 19 de Junho – Ontem quando chegamos ao camping, deparamo-nos com um espaço completamente relvado, mas com o piso inconsistente, este situado nas margens de um rio com um caudal abundante.
Tem chovido substancialmente por estas bandas. Assim passamos esta noite relaxados só que quando chegou a hora de partimos deparamo-nos com o caos, a minha viatura ficou atolada pois tive todo o cuidado de não acelerar muito, mesmo assim começou a enterrar-se, e nada a tirava dali, até o Cláudio conhecedor da faculdade de desempanar não conseguiu. Então retirou a sua viatura do local enlameado onde se encontrava e logo lavrou uns bons metros de terra enlodada, este acelerou com força, também acho que se não fosse dessa maneira teria dificuldade em sair mesmo com 4x4, é que tinha chovido muito durante a noite e eu a Sofia já havíamos falado que de manhã é que seriam elas.


Não possuíamos cordas ou cintas para amarrarem uma viatura à outra, foi o responsável pelo parque que já tarde arranjou esse material, aí o problema resolveu-se, mas o estado eu que ficou aquela parcela do parque não dá para esquecer tão cedo. E pronto, lá partimos para visitar Périgueux que é uma comuna francesa na região administrativa da Nova Aquitânia no departamento de Dordonha que durante o período romano tinha o nome de Vasunna. Começamos por visitar a catedral de Saint-Front com as suas cúpulas de inspiração Bizantina que domina esta linda cidade. O arquitecto chamado Abadie, restaurou-a, ele que ficou conhecido por ter desenhado o Sacre-Coeur em Paris. Fizemos um percurso pelas ruas e ruelas da parte antiga, as senhoras compraram os seus magnéticos, eu uns postais, o Cládio um cinto a Cândida uma bracelete o Carlos não esteve para gastar fosse o que fosse. E pronto, volta da praxe concluída e partimos para Dinan. O percurso de hoje também está a ser fantástico com paisagens lindas, no entanto a meio do caminho reparei que os meus sapatos que já percorreram mais de uma centena de países têm de ser lançados janela fora, durante muitos anos foram comigo de férias, uns 33 anos, bem velhinhos e grandes recordações e milhares de quilómetros andaram. Isso mesmo chegou o seu FIM.
Quando disse ao resto do grupo que os ia atirar pela janela do carro, alguém teve a ideia de que não deveria deitá-los fora, também cogitei e surgiu a conceito de os deixar na porta de alguém ou colocá-los à porta de um museu ou outro local onde as pessoas os lograriam admirar, então vão ficar guardados à espera que esse momento chegue. Conseguimos percorrer mais uma distância considerável até chegarmos a Partheney, e será aqui que vamos pernoitar.

Dia 20 de Junho – O que nos reserva o dia de hoje, primeiramente percorrer mais uns bons quilómetros pela região Nouvelle-Aquitaine, para seguidamente passarmos pela zona do Pays de la Loire e chegarmos à Bretagne. Foi o que sucedeu até ingressarmos em Dinan cerca das 18h00.
De imediato encetamos o trajecto por esta cidade construída sobre uma colina com vista para o vale do Rance, localizada na Alta Bretanha. Uma cidade medieval cercada por altas muralhas que têm origens dos tempos dos Celtas que por aqui vagueavam. As ruas calcetadas e pitorescas, onde nos deparamos com diversos restaurantes e creperies com decorações medievais. Há um pequeno porto que é o ponto de partida para excursões de barco no rio Rance. Passamos pelo castelo, mas já se encontrava encerrado, umas fotos e retomamos o percurso, passamos pela torre do relógio com os seus 46 metros de altitude, mas não entramos porque o preço era elevado e não estávamos para subir uma eternidade de degraus, mais adiante vimos a basílica de Saint-Sauveur, esta que nunca chegou a ser concluída.
Tantas as voltas que efectuamos até que a fome se abeirou de todos e ingressámos num restaurante com boa aparência. Por nós (Sofia e Gilberto) passávamos ao lado porque a maioria dos pratos são hambúrgueres de diversas qualidades e apresentações, quase todos pediram de qualidades diferentes, eu não consegui comê-lo na totalidade a Sofia idem, no entanto o Cláudio, foi o que teve menos sorte. Uma parte da carne pareceu-nos ser tripa, pelo aspecto e cheiro nauseabundo, ele também não o conseguiu comer na totalidade. Ou seja, não deveríamos ter comido neste local, malvada recordação da porcaria que comemos. Dia terminado, dirigimo-nos para o cam
ping para repouso da comandita.

Dia 21 de Junho – Andamos a usufruir ao máximo a nossa presença aqui na Bretanha, terra de eternas discórdias, especialmente na 1ª guerra mundial para que ultrapassados poucos anos ser um dos acontecimentos mais mortíferos da nossa existência em que um louco conseguiu desencadear a 2ª guerra mundial, que afectou todo o globo. Mais adiante voltarei a pormenorizar mais factos da loucura transumana. Por hoje vamos para uma outra localidade fantástica que é Dinard conhecida como a pérola da Costa Esmeralda, uma elegante estância balnear que manteve o seu espírito Belle Epoque.





Aqui existem um sem número de digressões costeiras, mas a nós falta-nos tempo e algum dinheiro para estas preciosidades exploradoras, permanecemos com estas informações e fizemos um percurso muito interessante que nos satisfez. Tempo é dinheiro e nunca conseguimos ver tudo o que desejamos, portanto partimos para o Monte Saint-Michel este sim a preciosidade do nosso conhecimento. Este está situado numa ilha rochosa na foz do rio Couesnon no departamento da Mancha na região da Normandia onde foi construída uma abadia e santuário em homenagem ao arcanjo São Miguel, ou seja, o neto da Júlia Agostinho da família dos Malatos. Antes de aqui chegarmos tivemos de arranjar camping, o que não foi nada fácil.

A marcação deste teve que ser pela net, um questionário tão complexo e entravado que só depois de preenchimento de todos os nossos dados, às vezes é mais fácil de transpor certas fronteiras do que a reserva deste camping, retardou o seu tempo e a entrada definitiva no pórtico outra tramóia, nada facilitado uma confusão afrancesada.

O tempo que aqui perdemos foi imenso, então resolvemos  ir visitar o Monte Saint-Michel amanhã com mais tempo. No final do dia que chegou, fizemos o nosso jantar que foi delicioso acompanhado por um dos licores da Sofia.

Dia 22 de Junho – Depois de tamanhos atropelos para arranjarmos um camping vai ser hoje que iniciaremos a visita ao Monte Saint-Michel, com isto um pouco de história o que já se torna habitual nestes momentos – este mosteiro, fortificado no século XIII, integra um conjunto de mais três cidades cujas fortificações e progresso são notáveis, sendo elas, Aiques-Mortes, ponto de reunião dos cruzados rumo à Terra Santa, Carcassonne, célebres por suas defesas e Avinhão, sede alternativa da cristandade.

Estas cidades marcavam a fronteira dos reinos no final da idade média, servindo como elementos de defesa e dando aos povos novas oportunidades sociais. Só na França foram construídas mais de 300 entre os anos 1220 e 1350, também foram construídas e projectadas em toda a Europa desde Portugal até à Polónia. Relatando agora o dia de hoje; existia um transfere desde o camping até quase à entrada que nos colocou a poucos metros do ingresso. Iniciamos a visita com as nossas fotos, algumas panorâmicas, capturando a sua totalidade.

Quando entramos as senhoras começaram a examinar as montras há procura de algum artigo que lhes chamasse atenção. Iniciamos a escalada entre rampas e escadas que nos levaram até ao cimo, e por fim entrámos na igreja, em que estivemos a observar os preparativos para a missa, assistimos ao seu início, mas optamos por sair quando iniciaram os cânticos e as palestras, ainda mais em francês que a maioria não entendia nada. Ficamos ainda algum tempo no topo, apreciar bem do alto, as paisagens encantadoras que circundam este monte. Na altura em que encetamos a descida a fome abeirou-se de todos e paramos para comer umas sandes e crepes típico da Bretanha, estes são feitos de uma massa escura de trigo sarraceno com recheio salgado e chamado de “gallete”, também os há de recheio doce. 
O Monte Saint-Michel e a sua baía tornaram-se património Mundial da Unesco em 1979.

Dia 23 de Junho – Uma das nossas prioridades de hoje é conseguir um camping, que nos dê oportunidade de ficarmos perto dos locais que iremos visitar. Esta é a razão que fica em aberto para o final desta manhã, altura em que o iremos procurar.
Iniciamos o trajecto por estes locais históricos que ficaram na mente desta e de outras gerações próximas, uma marca de guerra que dizimou países e famílias, um erro de mais um louco que queria conquistar o mundo, como isso fosse possível. 
No trajecto fomos visitar Saint-Malo cercada por muralhas medievais e seu centro histórico intramuros, parámos e fomos percorrer a catedral de S. Vicente, ainda tivemos tempo para atravessar una língua de areia até a outro forte localizado numa pequena ilha. Esta travessia só foi possível porque a maré estava em baixo. Fartos de andar e de passarmos por diversas creperias, retomamos o trajecto delineado para procurar onde ficarmos.
O interesse de todos foi de tal ordem que rapidamente encontramos camping, este situado na cidade d’Aleth, já em Saint-Malo, quase dentro da fortificação do memorial 39/45 em Saint-Servan, local onde é permitido visitar parte dos bunkers do forte da cidade, esta visita só foi permitida a partir do ano 2022, após restauração e aprimoramento do local.
O Carlos resolveu ir visitar este local para que passados alguns minutos eu o acompanhar nesta visita que foi muito interessante, nunca calculamos que projécteis lançados dos navios de guerra a algumas milhas da costa conseguirem perfurar e vincarem o seu impacto em bunkers em ferro com espessuras tão espessas. Percorremos umas centenas de metros nesta zona com vontade de permanecermos por mais tempo, mas não nos foi possível. É bem provável que um dia aqui voltaremos, essa vontade ficou em aberto.
Mais tarde estivemos a ver a possibilidade de apanharmos barco para visitarmos as Ilhas de Jersey e Guernsey, conseguimos bilhetes para irmos todos, mas somente até Jersey, uma das linhas do canal. Regressamos ao nosso pouso e fomos tratar do jantar farto em costeletas de porco, vindas do nosso Portugal. Estavam bem confeccionas, uma delícia. Fomos depois descansar com uma noite parecida como aquelas de Agosto que dizemos “Luar de Agosto que lhe dá no Rosto”.

Dia 24 de Junho – Ontem foi dia de procurar como fazer a travessia para as duas ilhas do canal.


Primeiramente não sabíamos ao certo o porto onde na realidade poderíamos apanhar o ferryboat, o preço mais económico e qual a maneira de visitarmos duas ilhas do canal, Jersey e Guernsey. Após alguns contactos muito morosos, optamos por ir desta vez somente até Jersey, pois o transporte das autocaravanas, depois o estacionamento nas ilhas é difícil e muto complicado, está tudo montado para irmos e permanecermos alojados em hotéis, e é isso que nós não queremos. Assim ficou estabelecido que as autocaravanas ficavam deste lado, duas no camping e a do Carlos no estacionamento do porto. Nesta altura já com os bilhetes adquiridos foi só embarcar e lá vamos a caminho de Jersey que é a maior das ilhas do canal que fica entre a Inglaterra e a França, esta uma dependência autónoma do Reino Unido, com uma mistura de culturas de ambos os países. Iremos visitar principalmente um complexo de túneis da guerra que foram um antigo hospital escavado num rochedo com o trabalho de escravos quando decorria a 2ª guerra, esta ilha foi ocupada pelos alemães durante cinco anos.

Neste momento acabamos de desembarcar e vamos procurar o autocarro que nos vai levar a circundar a totalidade da ilha. Também um pormenor o motorista é um português que emigrou para aqui há uma récula de anos, natural da Madeira. Já estamos apresentados, ele um falador e temos como companhia muitas crianças francesas que vieram até aqui igualmente para passear. Este autocarro é uma relíquia, que até então, anda a fazer estas voltas pela ilha. Ao longo do percurso vamos tendo informações do que poderemos ver e por onde estamos a passar.
A metade do itinerário foi feita uma paragem de alguns minutos. Retomámos o trajecto por estradas estreitas e sinuosas e chegámos ao ponto da partida. Seguidamente fomos apanhar outro autocarro que nos levou até aos túneis do hospital de guerra. Compramos os bilhetes e fomos informados que a temperatura dentro destes túneis é muito baixa. Percorremos a totalidade destes túneis onde ficamos a compreender como seria a vida dos soldados, médicos, enfermeiros, etc., naquela época em que só a guerra era o seu dia a dia. E a família o que seria, onde estavam e o que fariam pela vida! Assim vou relatar apenas os homens que aqui trabalhavam, ou seja, a mão-de-obra estrangeira que eram recrutados na França, Bélgica ou Holanda. Também centenas de argelinos e marroquinos, franceses desempregados foram entregues aos alemães pelo governo de Vichy e enviados para aqui.
Cerca de dois mil espanhóis que se refugiaram em França após a guerra civil espanhola foram entregues para trabalhos forçados. A maioria eram trabalhadores, escravos soviéticos vindos da Ucrânia, também 1000 judeus franceses foram importados. No entanto a 1 de Agosto de 1941, os alemães aceitaram a convenção de Haia, para que nenhum civil fosse obrigado a trabalhar em obras militares, porém em vários casos certos trabalhos eram considerados pelos alemães como jardinagem. Este e outros foram mais um dos dramas deste conflito estúpido.


Por fim a nossa vinda a esta ilha concluiu-se, vamos embarcar e regressarmos a França. Amanhã novas aventuras esperam por nós.

Dia 25 de Junho – Somos uma cambada de saltimbancos ontem em Jersey, hoje em França, agora vamos já embarcar para Inglaterra, isto não é para qualquer um. Podemos considerar que temos os dias contados para esta viagem, praticamente encontramo-nos no início, mas temos de nos acautelar para que lá para o final não tenhamos dissabores.

Os trâmites fronteiriços com a Inglaterra foram rápidos, com a saída do Reino Unidos da comunidade as coisas pioraram para outros povos, mas para os europeus as coisas parecem mais simplificadas. Chegados a Portsmouth, foi encaminharmo-nos para o camping que ainda está a alguns quilómetros a norte. Este camping com o nome de “Three Oaks Fishery and Camping”, situado numa zona verde onde nos pareceu que a maioria das pessoas que por ali passam vão-se dedicar à pesca, poucas haverá como nós que de passagem procuram um local para descansar uma noite, pouco mais. Os proprietários com aspecto de campesinos, são simpáticos e possuem dois cães muito habituados aos estranhos. Foi muito agradável a nossa passagem por estas bandas.

Dia 26 de Junho – A distância que hoje iremos andarilhar vai ser de três centenas e tal de quilómetros, muito além dos quilómetros feitos nos últimos dias, iremos ter como destino a cidade de Lincoln em que vamos conhecer o castelo Normando contruído no século XI, como também a catedral que o início da sua construção principiou no ano 1088, para se prolongar ao longo de mais uns anos.

Numa condução preventiva e agradável fomos percorrendo estes longueiros quilómetros por estradas secundárias em que o trânsito também é intenso, assim desta feição conseguimos ter um panorama mais irrepreensível transpondo vilas, aldeias, campos de cultivo e mais que nos fomos deparando, caso contrário circulando por auto-estradas tudo isto passava-nos ao lado. Apercebemo-nos que os bifes não são nada acessíveis nos cruzamentos, acessos e saídas das estradas, uns mongos, sacaninhas do reino de sua majestade. Finalmente estamos em Lincoln, já havíamos avistamos ao longe a tão alta catedral.
Hoje foi o dia dos nossos amigos e comparsas, Paulo (Jardinas) e Natalina terem chegado a Manchester, já nos telefonaram a dar notícias das peripécias que têm tido, desde a avaria do avião até ao carro alugado aqui em Inglaterra que tão poucos quilómetros tinham andado e já se encontrava empanado numa das ruas de Manchester, estão com uma sorte do caraças. É esta a época da história que todos nós estamos a atravessar, “tudo feito com uma perna às costas”, quem vier a seguir que se desenrasque. Agora como se faz tarde, pensamos melhor e só visitaremos esta cidade amanhã, vamos andar mais um pouco para encontrar um camping que a Cândida já localizou. Ficamos num camping rural, arrumamos as nossas diligências em U para que possamos ripostar algum ataque índio. Preparamos a jantarada que estava uma delícia. A noite chegou e a temperatura arrefeceu um pouco.

Dia 27 de Junho – Acampamento aciganado levantado, caravanas a caminho de Lincoln. Primeiramente encontrar lugar para o estacionamento das caravanas, e é que conseguimos depois de algumas voltas junto à catedral e perto do centro da cidade, tivemos alguma sorte arranjar estes lugares, possivelmente por causa das horas.



Rapidamente iniciamos a visita à catedral, sua construção iniciou-se no ano de 1072. Antes era uma igreja a de Santa Maria em Lincoln. Esta Obra finalizou-se em 1092, no entanto em 1141 a cobertura feita em madeira foi destruída por um incêndio. Existia um bispo que a reconstruiu e a expandiu, mas esta foi novamente destruída, desta vez por um terramoto em 1185. É a terceira mais extensa de Grã-Bretanha e a sua altura é um tema de debate por ser considerada a segunda igreja mais alta do mundo com 160 metros de altura. Também existem 13 sinos na torre sudoeste, dois na torre noroeste e cinco na torre central.
























Sem dúvida uma edificação desmesurada. Falando um pouco desta cidade soube que os romanos a conquistaram no ano 48DC, construíram uma fortaleza no alto de uma das colinas e alteraram o seu nome primitivo que era Lindon para Lindum Colonia, não viesse o diabo tesselas. Posteriormente a cidade e suas vias declinaram e passados poucos séculos estava praticamente deserta. Mais tarde chegou a ser a terceira maior cidade de Inglaterra. Praticamente nos nossos dias foi atingida pela febre tifóide em Novembro de 1904.

Nas duas guerras mundiais, Lincoln mudou para produzir armamento, sendo os primeiros tanques inventados, projectado e construídos em Lincoln por William Foster & Co., na segunda guerra produziu mais tanques, aviões, munições e veículos de combate, os alemães sabendo do poderio desta cidade lançou 6 bombas de alto explosivo contendo cerca de 500 bombas incendiárias. Uma troca de mimos que causou alguns danos, não tantos como esperariam os nazis. Nesta altura colidiram um spitfire e um Hurricane dobre a cidade. Esta foi e é uma grande cidade industrial como a firma Ruston & Hornsby produziu motores a diesel para navios e locomotivas, mais tarde em 1950 uniu-se com antigos colegas Frank Whittle e Power Jets, dando início à produção de motores de turbina a gás para a produção de energia terrestre e marítima. Quando aqui estivemos pouco ou nada sabíamos da história desta cidade. Poucas pessoas que visitam esta cidade conhecem o seu poderio.
O certo é que percorremos uma grande parte desta cidade, entramos no castelo, subimos e descemos ruas e ruelas e apercebemo-nos da vicissitude destes habitantes. Neste dia a Sofia recebeu uma chamada no telemóvel que não atendeu, pois, o número era-lhe completamente desconhecido, mas o indicativo era de Inglaterra. Passado um ou dois dias o mesmo número chamou, desta vez atendeu, e quem seria a pessoa do outro lado, nada mais do que o sobrinho da Sofia que viu na net que ela estava na terra onde reside e trabalha Lincoln, só que nesta altura já nos encontrávamos a milhas de distância. Visita concluída com grande sucesso, entretanto partimos e vamos ter que fazer 327 quilómetros por estradas secundárias, vias rápidas complicadas com muito trânsito para chegamos ao destino final em Edimburgo.
O facto importante para hoje foi o nosso encontro a meio do caminho com os nossos amigos, Jardinas e Natalina, tudo bem programado o Cláudio estava a controlar já há muito tempo pelo telemóvel a distância que nos separava deles, mas a certo momento deu-se a acoplagem, paramos beijos e abraços, histórias e não sei mais quê! Lá prosseguimos viagem até Edimburgo para que fossemos encontrar um Camping onde ficaremos alojados as próximas duas noites. O eleito foi o Mortonhall Caravan & Camping Park, espaço grande, onde tentamos jantar no seu restaurante, mas foi impossível, estava preenchido. Resolvemos fazer o jantar para todos o que estava mais uma vez delicioso.

Dia 28 de Junho – Já nos encontramos em Edimburgo agora com companhia de mais dois elementos foi então fantasiar o programa para hoje.

Assim deixamos as carripanas no parque e fomos apanhar um autocarro que passa aqui por perto para nos levar até ao centro da cidade. Ainda foi uma distância considerável, valeu a pena pois o estacionamento por estas bandas é dificultado pelos poucos espaços disponíveis, mais o tamanho dos veículos, já não acontece com o do Jardas que é um carro alugado em Inglaterra. Assim percorremos várias ruas do centro da cidade, fizemos algumas compras, nomeadamente os magnéticos das senhoras que estão viciadas nestes objectos. Como sempre entramos na catedral para darmos uma olhadela e apreciar a arquitectura de muitas décadas atrás, penso que nenhum de nós entra para rezar, a não ser a concubina Júlia: Não pensem mal da palavra que acabei de empregar, mas é apenas uma forma de realçar a companhia da madre Júlia, assim desta forma fundamento que uma “concubina não é mais do que a condição do casal que vive junto em união estável, mas que não tem seu relacionamento reconhecido legalmente. Estado da relação cujas pessoas envolvidas não casadas (uma ou outra). Diz-se também de uma união livre e estável”, pronto aqui está a real justificação. Até tirei uma foto a todos eles com carinhas de anjinhos, podem apreciar! Nestas voltas deparamo-nos com figuras tão carismática no seu vestir ou caminhar que nos chamaram várias vezes atenção, e pergunto há festa na cidade? Por vezes parecemos uns parolos a olhar, estamos nesta altura noutro patamar da nossa presença por estas bandas.
A determinada altura passamos pelo pub “Deacon Brodies Tavern”, um local histórico e carismático, muito antigo na Royal Mile, este recebeu o nome de William Brodie (1741-1788), um marceneiro e diácono. Este durante o dia era um bom cidadão e homem de negócios, mas à noite mantinha uma vida secreta de jogos de azar e mais as amantes não poderiam faltar. O seu lado sombrio significava que tinha de assumir o roubo para pagar as suas dívidas, acabou mal, foi enforcado em 1788, toda esta vida deu origem a um romance. Na verdade, este pub existe desde 1806, ou seja, uma enorme taberna, em bom português uma enorme tasca com uma grande variedade de cervejas e óptima comidinha. Por cada sítio que passamos, tantos são emblemáticos, eu poderia estar hoje a escrever umas boas dezenas de páginas, mas se tornaria fastidioso. Mais adiante não poderia faltar o escocês vestido a rigor a tocar a gaita de foles, instrumento regional.


É que todos se detêm para o apreciar e tirarem as suas fotos, isto passou-se connosco. Por vezes temos de nos abrigar porque mais uns pingos vão caindo, mas logo prosseguimos. Esta é uma cidade escura os seus edifícios a tornam assim, entretanto já vamos vendo alguns edifícios com cores fortes que no meio dos cinzentos escuros sobressaem com furor.
Encontrámo-nos em pleno Verão, sucede que mais parece um dia de Outono ou mesmo de Inverno, há pessoas agasalhadas, estas são turistas como nós, outros encalorados ou sejam os povos cá do norte da europa. Chegou a hora do almoço, falta descobrir um restaurante e local que nos agrade, sim descobrimos quase defronte do Museum Context - Harry Potter” o restaurante Bertie’s onde quase todos comeram Fish & Chips com boa cerveja cá da terra. Há tarde demos continuidade ao nosso programa pela cidade, mais factos históricos percorremos e por fim resolvemos dar um passeio de comboio ou eléctrico como queiram falar pela cidade sendo um dos pontos o cais onde se encontra ancorado o velhinho Britannia, antigo iate real da monarquia britânica que esteve ao serviço de 1954 a 1997.

Conseguimos desta forma conhecer mais um pouco de Edimburgo. Agora vamos regressar e voltar para as nossas casas que ficaram à espera de todos nós.

Dia 29 de Junho – Para hoje temos como destino final, chegarmos a Inverness, cidade já muito acima do local donde vamos sair.

Será mais um dos percursos intermédios relacionados com as distâncias, mas com paisagens admiráveis, pois estamos na Escócia, região mais linda da Grã-Bretanha. A jornada tem decorrido com regularidade, a temperatura um pouco fria e aqui está esta equipa formada por 8 elementos cheios de garra para desbravar esta região Escocesa. A determinado momento numa via como tantas outras que já aqui temos percorrido em que a velocidade é reduzida, por várias razões, uma delas as estradas serem mais estreitas a outra porque caminhamos pela esquerda e finalmente conduzir autocaravanas, não é o mesmo do que andar de mota ou automóvel. Porém ao sairmos de uma pequena vila e entrarmos numa via com dois sentidos uma autocaravana que seguia no sentido contrário, ocupava uns bons centímetros da nossa faixa de rodagem veio embater no espelho direito da minha autocaravana partindo-o, bem como o dele.















Isto aconteceu porque a autocaravana conduzida por um holandês para se desviar de um poste de iluminação colocado no meio da berma, este teve de se desviar mais para a minha faixa de rodagem provocando o acidente. Não foi fácil que o holandês compreendesse o que tinha provocado, já parecia em Portugal, sempre a fugirem à realidade dos factos. Participação efectuada e caso finalizado. Como se demorou algum tempo na conversa da treta resolvemos comer no desvio onde estavam estacionadas as autocaravanas e o carro alugado do Jardinas. Já havíamos percorrido muitos quilómetros e passamos perto do Castelo de Balmoral, parámos fizemos um desvio pequeno para o irmos visitar, mas não era possível a sua visita esta teria que ser reservada com antecedência e o valor da entrada seria um preço simbólico de 24€, valor praticamente irrisório para português.

Tiramos as fotos possíveis no átrio de acesso e pouco mais neste castelo que é uma das residências da família real britânica desde 1852. Outra nota de relevo sobre este local; devido a preocupações com os problemas de mobilidade da rainha Elizabeth II, esta morreu em Balmoral às 15h10 a 8 de Setembro de 2022 com 96 anos.



Esta foi a primeira monarca a morrer em Balmoral. E esta foi a primeira monarca que faleceu na Escócia desde que Jaime V, faleceu em 1542. Já chega de história por agora e já nos pusemos a caminho, temos uma mão cheia de quilómetros ainda por percorrer. Mais à frente parámos numa destilaria onde a fomos visitar, entretanto a Cândida e o Claúdio fizeram aqui as suas compras, daqui saíram carregadinhos de Whisky da “Royal Lochnagar Distllery”: Não saiu caro, mas também não foi barato, é sem dúvida um whisky escocês de qualidade, a mim nunca esta marca me passou pelas goelas, só o ver, mais nadinha. Seguimos caminho por estradas estreitas, mas com paisagens lindíssimas, atravessamos a área do “Malt Wisky Trail “, não se parou, mas fomos mais devagar, até que chegamos ao camping ainda de dia, “Bunchrew Caravan Park”, dos melhores que temos encontrado nesta viagem.

Dia 30 de Junho – Principiamos o percurso por esta cidade de Inverness situada na costa nordeste da Escócia, onde o rio Ness vem ter com um braço do mar de Moray, primeiro descobrir estacionamento para a totalidade das viaturas, encontramo-lo num local magnífico perto do centro, apenas tivemos de fazer um percurso pequeno e eis praticamente no centro onde visitamos a catedral de Inverness do século XIX, mais adiante a igreja Old High St. Stepen’s do século XVIII, onde os beatos Carlos e Júlia estiveram a orar por todos nós, foram orações do “Arco da Velha”. Ali perto encontrava-se um mercado vitoriano, mas como era domingo encontrava-se encerrado.


É um local onde se vendem roupas, alimentos e artesanato. Havia também para se visitar o museu de arte e galeria que conta a história local e das terras altas, ficou dispensada a nossa visita, porque não estamos nessa de irmos a museus.
Terminada a visita a esta cidade muito arrumadinha e limpa fomos para o Loch Ness à procura do monstro, assim que chegamos, mal havíamos avistado o lago, o Cláudio deu um grito arrepiante que nos assustou, pelo som vindo dos rádios “está ali, eu vi-o, o monstro está ali, estão a ver”, nós não vimos nada ele deve estar a sonhar com o monstro. Quem ficou seriamente assustada foi a Júlia que já se passou uma hora e os batimentos cardíacos estão desordenados. Fomos percorrendo a estrada que ladeia este lago, sempre a olharmos para ver se vimos alguma coisa estranha, mas nada, não se iludam, pois, o monstro que encontrámos foi um feito em material cerâmico que estava à entrada de uma loja onde se vende toda a quinquilharia que se pode imaginar, tudo relacionado com o pseudo-monstro.

A menina Júlia, cagarolas, já estava mais calma e até teve coragem de se sentar em cima do monstro. Ao longo de todos estes trajectos existem imensos lugares onde se pode parar para observar o lago e a paisagem envolvente.

É fantástico circular por estas estradas escocesas, eles escoceses, têm o cavalheirismo que se circule por elas, sendo estreitas e em muitos locais quando temos de nos cruzar com outras viaturas temos de parar num ponto existente para um parar e dar passagem ao outro, é que no meio dos 100, 200,400 metros ou mais, o cruzamento é mesmo impossível, temos de conduzir com muita atenção para ao longe calcularmos onde iremos parar, nós ou o outro que avistamos ou nos avistou.
Fantástico existe compreensão mútua e nada de abusos ou faltas de educação. Próxima paragem programada apara hoje Dunvegan.

Dia 1 de Julho – Outra aventura programada para este dia, explorando pontos turísticos, icónicos das terras altas da Escócia com destino à ilha de Skye, residência do Clã Mac Leod, onde irá receber mais 4 clãs provincianos vindos para lá dos montes Hermínios, estes ainda são familiares do Viriato. Depois de serem feitos uns bons quilómetros, sempre por vias secundárias, estas são aquelas que nos mostram a maior diversidade de locais e paisagens lindíssimas por estas bandas.

No percurso deparamo-nos com Skye Museum of Island Life no lugar de Kilmuir, este dedica-se a preservar um município de casas feitas em palha para demonstrar como viviam os habitantes desta ilha no final do século XVIII. Deu-se início à visita em que tivemos de pagar 6€ à entrada, digo que pagámos, pois, como se trata de um pequeno lugar habitacional, não deveria ser pago. Sim já não vive aqui ninguém, mas é sempre um lugar, uma pequenina vila, ok. São casas onde estão representadas todas as actividades da vida quotidiana bem representadas deste povo, tais como era a cozinha, quarto, estábulo dos animais, ferreiro, etc. Tudo muito bem representado com materiais e roupas da época. A Sofia comprou aqui uma vaca escocesa peluda.
Aproveito para focar situações desta raça: é um animal de origem escocesa, mais especificamente das Terras Altas da Escócia. Esta é uma raça das mais antigas que se tem registos que data do século VI. A vaca peluda está habituada às condições climáticas extremas, com chuvas fortes e ventos congelantes. Durante as estações mais quentes acabam por perder essa pelagem mais densa e quando o Inverno chega, logo nasce uma nova camada de pêlo que pode chegar aos 30 centímetros. Esta vaca também é conhecida pela Highland Cattle e possuiu habilidades para buscar alimentos o que possibilitou a sobrevivência em montanhas íngremes, onde geralmente o rebanho pasta, também se alimenta de algumas espécies de plantas que outros bovinos evitam e podem escavar com seus chifres longos através da neve para encontrar plantas enterradas.
Todos ficam a saber mais algumas coisas desta chifruda peluda. Retomou-se o caminho e por vezes encontrávamos ovelhas em pequenos rebanhos ou isoladas a pastarem nas encostas. Os vales e encostas das montanhas estão sempre verdejantes e as estradas sempre estreitas, só nos locais próprios é possível o cruzamento, porque a largura das estradas não dá para que o cruzamento se efectue. Por fim chegou a hora de comermos, tralha para fora das autocaravanas, colocadas as mesas cá fora e mais uma vez o presunto é a base na nossa alimentação. O que este presunto tem durado, temos comido bastantes vezes e em quantidade, ainda não é desta vez que o iremos terminar. Juntamos umas cervejas, queijo, pão e ficamos regalados com as quantidades e qualidades dos produtos.
Degustação finalizada e lá seguimos até à próxima paragem no alto de uma falésia com uma paisagem fantástica. Aqui a Natalina colou um dos seus autocolantes “Rumo à Escócia” num placard existente onde mais autocolantes de outras partes do mundo estavam colados. Neste local existe uma queda de água enorme que vem lá do alto da serra e termina lá bem em baixo no mar. Paragem terminada e eis que vamos percorrer os últimos quilómetros e atingirmos Dunvegan onde conseguimos lugar no Kinloch Campsite, o Jardinas teve de ir para um hotel onde pagou um valor exorbitante, 180€, eu disse, um roubo e é que não foi?






À noite fomos todos jantar num restaurante que estava lotado, mas esperamos e conseguimos ser atendidos. A comida foi excelente e o ambiente não se ficou atrás, aconselho este restaurante: The Old School Restaurant, Dunvegan IV55 8GU Tel. +44 1470 521421. Note um pouco dispendioso, mas não se vai lastimar.

Dia 2 de Julho – Vamos hoje concluir a visita à ilha de Skye, começamos a retroceder o trajecto, utilizando novos caminhos, no entanto sucede que para o final tivemos de percorrer a mesma estrada que nos deu acesso inicialmente, isto porque só existe uma ponte de entrada, antigamente a travessia do estreito era suportada por barco.


Já do outro lado tivemos de arranjar um local agradável para nos despedirmos dos amigos, Natalina e Jardas que vão iniciar o regresso a Manchester, ficamos com menos dois figurantes que foram companheiros durantes alguns dias. Agora viagens em sentidos opostos nós em direcção de Contin cuja distância será na ordem dos 250 quilómetros, vamos ver se conseguimos encontrar um castelo para visitar, porque há dias vimos articulando em visitar um destes lugares.


Os trajectos que estamos a efectuar são lindos, esta é a Escócia transparente, não conheço na Europa paisagens que se assemelhem a estas, somos unânimes nesta narração. A determinado momento recebemos fotos via net dos outros parceiros que se encontravam também a sul e já bem longe da nossa posição que neste momento estamos a caminhar na direcção nordeste. Parece que é desta onde iremos visitar um castelo, estamos à entrada do Dunrobin Castle & Gardens e prontos para pagarmos 14,50£, cada um de nós, como se pode ver é cara a admissão, mas dias não são dias.

É um castelo incrivelmente bonito, conservação perfeita, locais visitados são imensos, não vi nenhuma sala encerrada para que não fosse visitada. Do que mais gostei; dos quartos, salas e biblioteca, resumindo tudo, tudo mesmo.
Seguidamente fomos até aos jardins, também fabulosos e bem tratados. Vimos ainda uma demonstração e treino de falcoaria de duas aves. O falcão é uma ave perspicaz, esperta, tem movimentos e mudanças de direcção rapidíssimas e perfeitas. Mais uma novidade para se registar no cardápio da vida. Um pouco deste castelo; é uma casa histórica dos condes e duques de Sutherland, as ovelhas ronhosas da minha família de marqueses de bronze que em certas alturas ganham dez e gastam onze. A parte mais antiga do castelo data de cerca de 1275. Tem uma biblioteca com mais de 10 000 livros. O castelo foi usado como hospital naval durante a primeira guerra mundial e como internato para rapazes entre 1965 e 1972. Valeu a pena esta visita, agora vamos voltar ao caminho, mas já muito perto do seu final.



Para o final da etapa a temperatura baixou bastante e quando chegamos ao parque foi feita uma sopa caldosa para correr com o frio existente. Outro dia concluído com sucesso.

Dia 3 de Julho – Outro troço que realizamos, mais uma vez por estreitas estradas ao longo da costa, onde a realidade supera muitas vezes a ficção e mergulhamos na fantasia pelas deslumbrantes paisagens naturais.





Tantas vezes determinados locais nos convidam a parar e subir pelas montanhas que parecem nunca mais acabar tocando o céu. Há imensos trilhos por entre os bosques para admirar, castelos que noutros tempos foram palcos de muitas batalhas, passear por ruelas de vilas medievais.
Podemos em muitos sítios ouvir a gaita de foles e homens vestidos com saias, beber whisky. Mas a maioria de nós não estamos nessa, por esta e outras razões vamos papando quilómetros e apenas as paisagens nos fazem sonhar se um dia faremos algo mais aventurado. Nesta altura alguns estão dominados pelo frio e eis que já estamos velhotes e assim mais nada faremos, vamos sim a caminho de John O'Groats que fica mesmo lá no cocuruto da vasta Escócia, ou seja o local mais a norte desta imensa ilha. Este local é uma pequena aldeia situada no extremo norte da região das Terras Altas Escocesas, considerada popularmente como o ponto mais setentrional da ilha da Grã-Bretanha, embora o ponto mais setentrional seja de facto Dunnet Head. Por fim chegámos, está um frio e vento do caraças para receber estes Lusitanos friorentos.

Dia 4 de Julho – Esta Escócia é fantástica em paisagens, são únicas, não nos estafamos de dizer. E o seu herói, não podia olvidar de redigir algumas palavras sobre ele. Quem não viu o filme Braveheart, que retracta a figura histórica de William Wallace, guerreiro, patriota escocês e herói medieval em que a sua acção situa-se em finais do século XIII, tempo em que os rebeldes escoceses lutavam contra o domínio do rei inglês Eduardo.
É que ainda criança, assistiu à morte de seus pais às mãos do exército inglês, Wallace é acolhido por um tio que lhe dá uma educação esmerada e erudita. Este depois de correr parte do mundo, volta à Escócia e apaixona-se por uma jovem camponesa. Para escapar à deliberação real de que um senhor feudal inglês tinha direito a dormir com uma noiva no dia do seu casamento (direito de prima nocte), este contrai matrimónio secretamente. Contudo a sua noiva é morta por um nobre inglês, e no decorrer da vingança, Wallace assume o comando de um pequeno exército de camponeses com o intuito de lutar pela soberania da Escócia. Chega mesmo a derrotar o poderoso exército inglês na batalha de Stirling Bridge, mas fracassa em conseguir o apoio dos nobres, líderes dos clãs escoceses, mais interessados em manter as suas regalias junto da coroa inglesa. Apesar da ajuda da princesa Isabel, nora do rei inglês, Wallace é traído pelos nobres escoceses, vindo a ser aprisionado pelos ingleses, torturado e executado em praça pública sem nunca renegar à legitimidade da sua luta. Este relato é tirado do filme Braveheart, com certeza tem um pouco de fantasia.
Hoje mais uma etapa, ainda pelas altas montanhas onde faremos 340km por estradas pavimentadas e estreitas e com pouco trânsito nesta altura do ano, daqui a um mês já não poderia afirmar tal narrativa. Paramos defronte do lindíssimo castelo de Mey. Este se encontrava num estado de semiabandonado quando em 1952, um ano antes de eu ter nascido, este ter sido adquirido pela rainha Elizabeth, a rainha mãe, então viúva do rei Jorge VI do Reino Unido, o qual havia falecido no ano anterior. Este passou à categoria de castelo real e começa a ser restaurado para uso como residência de férias. Nessa qualidade visitou-o regularmente nos meses de Agosto e Outubro desde 1955 até à sua morte em 2002. Note-se que a última visita ocorreu em Outubro de 2001.



Com toda esta resenha não o fomos visitar, mas tiramos as fotos necessárias para nossa recordação. Estamos a circular pela via panorâmica “route 500”, sendo esta uma rota de pouco mais de 500 milhas, 516 para ser mais exacto, de paisagens costeiras deslumbrantes, praias de areia branca, montanhas escarpadas, aldeias piscatórias remotas. É uma riqueza de experiências inesquecíveis a North Coast 500, uma das viagens rodoviárias mais bonitas do mundo. Será hoje que iremos percorrer a totalidade dos quilómetros que estamos a fazer por ela!

Dia 5 de Julho Combinámos que hoje será o dia em que iremos fazer uma viagem de comboio entre a cidade de Fort William e Mallaig e vise-versa. Fomos de manhã adquirir os bilhetes que nos custaram a exígua quantia de ida e volta 18,30£x2, coloquei o valor de uma viagem para parecer mais barato, só que depois há que multiplicar e ter o valor total de cada passageiro, isto vezes seis é um valor muito alto para se andar de comboio.

Já nos encontramos na estação, vamos apreciando a sua movimentação, quase a totalidade ou mesmo todas as pessoas são turistas. Vimos um cego a viajar com cão guia, muito bem-ensinado estava este animal para orientar com tanta precisão este homem. Estivemos a passear pela estação e apreciar o comboio, o simbólico “Jacobite Steam Train” que é um serviço de trem turístico puxado por uma locomotiva a vapor. É uma peça engraçada que nós em Portugal também temos, só, que não está ou estão tão bem aproveitadas para o turismo como estes. Partimos, estamos bem instalados, achamos imensa graça ao seu trajecto e velocidade que por vezes atinge nas descidas, é um passeio cinematográfico, muitos lagos passamos como o Eil e o Eilt, sim há uma letra diferente no nome, é mesmo assim. Passámos sem parar nalgumas estações, sendo estas Lochailort, Arisaig, Morar e outras, mas o ponto alto é atravessar por cima do viaduto ferroviário de Glenfinnan, onde ao entrar ou à saída dele tiramos fotos excelentes, mais à frente o museu na estação de Glenfinnan, não o fomos visitar.
Finalmente chegamos a Mallaig e fomos procurar restaurante para almoçar. Conseguimos um, localizado perto da estação ferroviária e da baía numa parte superior de uma pequena casa com janelas debruçadas sobre a baía com uma parte da sua estrutura ser feita em madeira. Este tem o nome de Cornerstone Restaurant, sito em Davies Brae, Mallaig PH41 4PU Escócia tel. +44 1687 462306. Foi o local aprazível para serem festejados os anos de casados dos amigos Cláudio e Cândida. Comemos todos pratos típicos desta região, um bom vinho tinto Italiano da Sicília e umas sobremesas a calhar, tudo bom e boa disposição.


Os casados tiveram a honra de oferecer-nos este almoço, o que nós agradecemos. Mais umas voltinhas e regressamos a Fort William. O regresso já não teve o mesmo impacto da ida, no regresso, já estávamos cansados e prontos para chegarmos às nossas casinhas ambulantes que nos esperavam.

Dia 6 de Julho – Caminho para Glasgow que é a maior cidade da Escócia, sendo a terceira mais populosa do Reino Unido.

Fizemos as nossas paragens como de costume, entre elas a de nos aprovisionarmos em gasóleo, note-se que aqui na Escócia foi o local onde comprámos gasóleo mais barato desde a nossa saída de Portugal. Junto a uma destas estações de abastecimento vimos uma exposição de casas pré-fabricadas que nos chamaram atenção, como somos curiosos fomos dar uma volta pelas ditas e deparámo-nos com interiores e dimensões fantásticas, muito bem acabadas e acolhedoras, tanto eu como a Sofia ficamos fãs deste tipo de habitação, pois nunca havíamos presenciado tal classe.
Agora já em Glasgow, onde iniciamos as nossas voltas pela baixa da cidade, seguimos até à estação central ferroviária para vermos os comboios, no entanto ficámos impedidos porque só é possível a quem tenha bilhete. Visitamos noutro local a catedral, sendo esta a mais antiga da Escócia, ao mesmo tempo o edifício mais antigo da cidade. Um pouco mais acima o Necropolis que é um cemitério vitoriano em que estão enterrados 50 000 indivíduos.

Ninguém quis ir ver como era, apenas eu é que dei uma grande volta a Sofia ficou um pouco mais abaixo, o resto da malta têm muito medo dos mortos, sabem perfeitamente que um dia têm o mesmo fadário. No final fomos jantar ao Strip Joint Glasgow, onde devorámos uns nacos de carne que estavam apetitosos. Já noite regressamos ao Red Deer Village Holiday Park, onde iremos descansar os cansaços de hoje.

Dia 7 de Julho Como ontem não tivemos tempo para visitar um dos pontos de maior interesse em Glasgow, combinamos que hoje de manhã não poderíamos falhar.

O eleito foi o “The Riverside Museum of Transport and Travel”, onde a entrada é gratuita. Neste museu estão expostos mais de 3000 objectos apresentados, tais como eléctricos, comboios, carros, autocarros, bicicletas, motas e muitos mais objectos, sim uma infinidade.
Este foi um local que nos deteve por várias horas, onde pudemo-nos debruçar sobre modelos de carros antigos que já não os víamos há muitos anos, o mesmo com as motas, até existe uma sala onde há uma colecção de discos em vinil que para uma parte dos jovens que aqui vêm desconhecem como antigamente se reproduzia música, apesar de hoje ter voltado à ribalta o vinil. Num local vi um automóvel da marca Hillman modelo Imp, modelo produzido entre 1963 e 1976. O primeiro IMP a circular na Escócia em 1963, foi conduzido pelo próprio Príncipe Filipe de Edimburgo. No entanto tive um colega quando eu trabalhava nas Máquinas Messa Comercial, Lda. Em Lisboa, de nome Mendes natural da Madeira tinha um carro destes. Várias vezes andei com ele e outro colega o Eduardo Machado. Como o peso do condutor, o carro ia sempre de lado por causa do seu peso excessivo. Nós fartávamos de rir pois o Mendes pesava mais de 100kg e nunca passava dos 40km hora, tantas eram as vezes que outros automobilistas apitavam para ele andar um pouco mais rápido, mas ele com a sua grande calma era-lhe completamente indiferente.
Porém este automóvel acabou de ser produzido numa nova fábrica em Linwood na Escócia, onde de momento nos encontrámos. Quem diria que tinha mais algo para escrever além da nossa estadia hoje aqui. Esta fábrica pertencia à Rootes Group, mais tarde “Chrysler Europe”, investiu uma quantia considerável que a levou há falência, fechando o ciclo de produção do IMP em que produziu meio milhão de exemplares. Por isso, este é considerado como o pequeno assassino de seus pais. Este carro tinha o motor de 741cc atrás e um porta bagagens de 27 litros, existiram transformações no motor que na altura debitavam qualquer coisa como 110 a 125 cv, um valor apetecível para aquela época. Com toda esta resenha fico-me por aqui com situações relacionadas dom o Hillman Imp. Visita concluída, agora só temos de percorrer 146 quilómetros pelas estradas estreitas, Escoceses até à cidade de Dumfries.

Dia 8 de Julho Ontem à noite os nossos comparsas estiveram num árduo fim do dia a lavar grandes quantidade de roupa. Ainda não tinha salientado, mas sucede que a Cândida tem uma máquina de lavar roupa instalada na autocaravana para que não haja roupa suja nesta e noutras viagens.

Será hoje o último dia da nossa presença nesta Escócia encantadora. Vamos aproveitar as últimas munições cruzando vilas e aldeias que se vão deparando pelo nosso caminho, e são tantas a maioria agrícolas e várias indústrias têxteis.
Já nos encontramos a visitar Dumfries que foi a cidade do condado histórico de Dumfriesshire com o castelo rodeado por um fosso com várias imponentes torres, sendo esta uma fortaleza medieval. A sua turbulência histórica deve-se muito à sua proximidade com a Inglaterra que levou a disputas fronteiriças. Uma das nossas visitas foi ao museu da Casa Velha na margem do rio Nith onde o poeta Robert Burns viveu de 25 Janeiro de 1759 a 21 de Julho de 1796. Ele é considerado na Escócia como poeta nacional, um ícone da cultura. Esta é uma cidade pitoresca, com casas reconstruídas à época em que foram edificadas, flores por todos os lugares e cortada por um rio que corre deleitoso ao longo dela. Pouco mais teria para relatar. Vamos percorrer mais alguns quilómetros até entrarmos em território Inglês e chegarmos à cidade de Liverpool.

Dia 9 de Julho – Programa para hoje, Liverpool, cidade portuária situada no noroeste da Inglaterra, onde o rio Mersey desagua no mar da Irlanda, esta cidade teve um importante porto de comércio e imigração do século XVIII até ao começo do século XX. Ela também, é muito famosa por ser a cidade natal dos Beatles. Aqui existem duas equipas de futebol conhecidas mundialmente o Everton e Liverpool.
Quando chegámos a nossa preocupação foi arranjar parque para estacionar as autocaravanas, procurámos e lá conseguimos lugar num local até bem perto das docas e do museu dos Beatles. Há entrada no parque o Cláudio entrou sem qualquer problema eu seguia atrás dele pelo mesmo pórtico, porém, como tinha o espelho retrovisor do lado direito estilhaçado e preso por fita americana, calculei e vi muito mal a parte traseira, direita da minha carrinha em que roçou pela barra de ferro ali colocada. Ou seja, tudo muito estreito não se compreende para quê aquela monstruosa barra. Tive culpa porque podia ter feito aquela manobra mais pausadamente e com cuidado, nada disso aconteceu e lá fiquei com mais uns arranhões.
Quando chegar a Portugal vai ser logo reparada e vai ficar como nova. Problema posto de parte e seguimos para o museu dos Beatles, já anos atrás, ou seja, em 1996, já aqui estivemos nós com os nossos filhos, Ricardo e Gonçalo, Carlos e Júlia que trouxeram as suas filhas Cláudia e Andreia, isto foi há 30 anos atrás, outra época, outros costumes. Sim estes anos são sem dúvida um grande passo para a nossa velhice. Hoje está um dia de Inverno a chuva vai caindo de vês enquanto para que nós andemos mais depressa e vamo-nos abrigando. Comprámos os bilhetes de acesso ao museu pelo valor unitário de 20,84€ que acho caro, mas… sim é um passeio obrigatório em Liverpool, a cidade dos sonhos de quem ama os Beatles, não é o meu caso. Este museu segundo dizem é um encanto, com fotos, objectos e instrumentos musicais. Eu e a Sofia fizemos todo o percurso ao longo do museu, calmamente, não é que dessemos tanta atenção como a maioria das pessoas o faziam, nós não somos tão meticulosos para apreciar, ver ou ouvir, isto porque achamos um museu pouco atractivo e um tanto imaginado. Visita concluída, agora descobrir o local onde estão as estátuas dos músicos para as fotos da praxe. Já sabemos onde se encontram e aí estamos na fila até chegar a nossa vez para as ditas fotos. Estas famosas estátuas de bronze dos quatro membros da banda foram criadas pelo escultor Andy Edwards e inauguradas em 2015.
De seguida fomos visitar a catedral de Liverpool, no entanto o Cláudio e a Cândida foram até à loja oficial do Liverpool comprar uma camisola para o Gui. Na catedral não tivemos oportunidade de entrar, estava naquele momento a desenrolar-se uma missa pelos novos doutores, distintos deste ano. Quando chegámos já estavam a sair, eram umas largas centenas de estudantes, já doutores, professores e familiares, todos vestidos a rigor. Cá fora os festejos eram com sorrisos, abraços e num canto tudo bem regado com bebidas espirituosas, uma festa que irá prolongar-se por largas horas em bares principalmente, grandes tosgas se avizinham. Vamos buscar as viaturas e eis que fomos avisados pelo funcionário de que a minha viatura e a do Cláudio por serem mais compridas a saída terá de ser feita uma parte de marcha atrás.
Por aqui se vê a dificuldade da entrada e saída daquele pórtico com dimensões tacanhas. Foi o Cláudio com manobra penosa e com a nossa ajuda na manobra de marcha atrás por estreitos acessos e com mais cautela lá retirou os machibombos daquele lugar dramático.
Agora a caminho da Chester, ainda tivemos de ver por onde iriamos sair da cidade, a opção foi por um dos túneis, fizemos umas manobras um pouco trapalhonas no acesso a este túnel para podermos nos colocar ao caminho, no final deste túnel havia uma portagem, eu como não tinha o valor correcto a portageira recebeu menos uns tostões, mas deu ordem para perseguir.

Dia 10 de Julho – Esta cidade de Chester tem a reputação de ser uma cidade medieval inglesa por excelência, porém como muitas aldrabices que todos os dias passamos e somos informados esta é sim uma cidade onde os seus edifícios são da era vitoriana. Possui sim, a mais completa muralha da Grã-Bretanha.



Pudera, é uma cidade limpa e seus edifícios conservadíssimos é agradável andarmos pelas suas ruas e vermos o seu arranjo. Nas nossas visitas a cidades é costume visitarmos as catedrais, esta não podia faltar. E pergunto para quê visitarmos tantas catedrais, há sempre outros locais que deveriam ser visitados e não o fazemos, ainda não percebi, e será que alguma vês vou perceber. Nada disso, sei perfeitamente qual e donde parte sempre esse intento, mas passo à frente. Andamos a passear pela cidade, vimos muitas construções vitorianas feitas com grande quantidade de madeira que sobressaem ao serem pintadas a branco com suas ripas de madeira que ressaltam a preto.

Ao fim de algumas voltas resolvemos ir até uma zona onde vimos um terço da muralha onde poderíamos passear por cerca de 3 quilómetros por cima dela, não o fizemos, fiquei com pena. Nesse local lográmos ver o relógio Eastgate Clock, sendo este o símbolo da cidade. Conseguimos ver já no final do percurso as ruínas de um anfiteatro romano que tinha sido descoberto em 1929, quando uma das paredes do poço foi desenterrada durante uma obras. Somente entre os anos de 2000 a 2006 ocorreram as escavações em que de momento apena 2/5 são visíveis, o restante permanece enterrado atrás de uma parede de tijolos da parte que se encontra exposta.

Neste anfiteatro estavam dois legionários a darem instruções a um grupo de crianças que queriam combate-los. Visita concluída, lá vamos para a estrada fazer mais alguns quilómetros.

Um pouco à frente deparámos com um canal onde circulam barcos próprios para estes canais, eles são muito compridos, estreitos, baixos e com o calado raso, só assim poderão circular em locais tão estreitos, pontes ou arcos baixos e por vezes até roçam nas margens. Esta foi mais uma novidade do dia de hoje, assim partimos e parámos na cidade de Shrewsbury que é mais uma cidade histórica muito plana com cerca de 660 edifícios com enquadramentos em madeira do século XV e XVI, também existe um mosteiro benedito, cuja fundação data no ano 1074.


Nasceu nesta cidade Charles Darwin que foi um naturalista, geólogo e biólogo britânico. Darwin, estabeleceu a ideia que todos os seres vivos descendem de um ancestral em comum, argumento agora amplamente aceite e considerado um conceito fundamental no meio científico.



Ele editou um livro no ano de 1859 que causou espanto na sociedade científica daquela época. Um génio para aquela época. Foi uma paragem importantíssima em que ficamos a conhecer mais uma cidade interessantíssima com muita história. Agora é fazer o resto da tirada para o Riverside Caravan Park, situado em Stratford-Upon-Avon.

Dia 11 de Julho  Estamos no início do 26° dia de férias, pelas minhas contas faltam-nos 19 dias para o seu término, que pena nesta altura continuava por esta Europa fora a descobrir novas paragens, não tenho vontade nenhuma de ir em direcção a casa.







Esta cidade de nome Stratford ao princípio era chamada de Straetford que queria dizer via romana. Existem várias atracções turísticas na cidade as de maior destaque não poderiam deixar de ser a casa natal de Shakespeare, bem como as casas Hall’s Croft que em tempos foi a casa de sua filha Susannah e a casa nova New Place que foi sua propriedade e onde viveu seus últimos dias até à sua morte em 1616.
Há ainda a destacar a igreja onde foi baptizado e enterrado o dramaturgo inglês. Todos estes locais foram visitados por nós à excepção da igreja. No parque de campismo onde tínhamos parqueado as autocaravanas a distância entre esse lugar e a cidade ainda era um pouco distante, tivemos de ir de táxi, este um bote que navega num dos muitos canais tão frequentes em Inglaterra, foi muito engraçado o percurso até chegarmos à doca situada num jardim em que estavam um número elevado de embarcações estacionadas, quais delas a mais sublime, todas com decorações diferentes, havia uma que tinha barris, jarros e baldes em cima a decorá-la, tudo pintado à mão, com cores fortes. Quase todas as ruas estão floridas e sempre arranjadas, um autêntico jardim. Existe num dos jardins da cidade uma roda gigantesca onde o Cláudio e Cândida foram dar umas voltas, os restantes ficaram em terra apreciar o passeio dos amigos lá pelas alturas.
Entrámos no Teatro Real de Shakespeare para vermos uma imensidão de vestuários utilizadas em peças de teatro, quadros e outros apetrechos. Esta sem dúvida uma cidade muito animada com muitos restaurantes com diversas opções do que poderemos comer. Entramos num que tinha uma ementa que nos encheu as medidas, todos gostamos. Mais tarde chegou a hora do regresso ao camping em que o retorno foi feito da mesma maneira da chegada, em bote de canal, uma pequenina lancha que não transportava mais do que a totalidade de todos nós. 
Destino calendarizado para a tarde de hoje, chegarmos a Londres. A partir daqui as estradas secundárias ficaram dadas como concluídas, elas existem só que o tempo que iriamos demorar seria imenso, desta forma a opção é seguir por vias rápidas ou auto-estradas. Todos os dias antes de partimos, temos o cuidado de ver os parques de campismo que nos sejam mais benéficos, hoje não fugimos à regra e partimos com o intuito de alcançarmos o parque o mais breve possível.
A Cândida e eu registámos nos nossos GPS o dito parque e eis, lá vamos a caminho. Ou seja, ambos as maquinetas davam o mesmo trajecto, por vezes umas pequenas diferenças e assim nos aproximávamos no final. A determinada altura, já nos arredores de Londres, ambos começam a enrodilharem o percurso, volta à direita, mais volta à esquerda, quando demos por conta estávamos praticamente no centro de Londres. Eis o que se passa! Não pode haver aqui nenhum parque, mais duas dezenas de quilómetros já em engarrafamentos medonhos e o parque assinalado, não era parque nenhum, mais um daqueles locais assinalados em GPS que enganam montes de utilizadores. Desistimos e remarcamos outro parque nas imediações de Londres. Mais uns bondosos quilómetros andarilhados para sairmos daquela barafunda, ainda passámos no bairro Judeu onde podemos ver montes de rabinos e judaicos na sua labuta pelas ruas da cidade.
Questiono como foi possível andarem três autocaravanas naqueles locais da cidade? Seria permitido, a verdade é que ninguém nos abordou, também não me lembro de ver alguma polícia nas ruas. Mais umas voltas e já estávamos no caminho correcto para o parque de campismo, este “Lee Valley Camping and Caravan Park”. Como já se tornava tarde, optamos mais uma vez por confeccionar o nosso jantar, este estava apetitoso e como sempre bem cozinhado. Assim se fazem coisas boas. Este parque tem excelentes instalações, é tranquilo tanto de dia como de noite. Aqui perto fica uma estação de metro a de Edmonton que a iremos usar amanhã quando formos para Londres
.

Dia 12 de Julho Uma particularidade que devo salientar é que a nossa passagem e paragem em Londres, não fazia parte do programa das festas, ou seja, como os nossos amigos já estiveram aqui em Londres há alguns anos não havia razão para voltarem cá agora.


É uma situação despropositada porque nós também já estivemos em Londres por duas vezes, mas há mais anos, não encontrámos qualquer razão para que todos voltássemos a visitar Londres, Londres é sempre Londres, há sempre algo de novo para se contemplar.

No entanto sucede que as pessoas repetem sempre o mesmo quando aqui vêm, mais parece que não há mais nada para se ver. Vou esperar que não se repita o que já se viu, mas…. Deixamos as autocaravanas no parque, com excepção da do Carlos, esta mais fácil de manobrar e o espaço que ocupa nos parques de estacionamento mais curto e se transpõe mais despercebida como autocaravana.

Percorremos o percurso entre o parque e a estação de metro mais próxima em Edmonton e ficou estacionada num parque de uma grande superfície comercial, vamos esperar que não haja problema com este estacionamento, logo veremos.

Apanhámos o metro e saímos pertíssimo do parlamento, aqui fizemos uma volta por fora, mas nada de entrarmos, mais adiante passamos junto Big Ben, olhámos, apreciámos e seguimos para as margens do rio Tamisa para apanharmos um barco e fazermos um percurso ao longo deste rio e vermos uma parte da cidade a partir do leito do rio é diferente, são imagens díspares com outra beleza.

Passámos por diversas pontes, uma delas a mais conhecida como a “Tower Bridge”, um bilhete postal da cidade, lá ao longe o “Shard” o mais alto arranha-céus de Londres, passamos pela City Hall para mais adiante finalizarmos o percurso. Gostei deste passeio em que o tempo ajudou, nada de chuva ou nevoeiro o que é frequente nestas paragens.

Estamos agora na zona de Greenwich onde vamos almoçar num restaurante de comida italiana onde fomos atendidos por um funcionário português, sim há portugueses em qualquer parte do mundo. Seguiu-se a subida até ao Royal Observatory Greenwich, aqui já todos tínhamos vindo, serviu para visitar o telescópio equatorial construído em Dublin e instalado aqui no ano de 1893. No final do dia visitámos a Abadia de Westminster, onde realçamos os mosaicos da catedral que consistem em pedaços de mármore, pedra, terracota ou vidro, que são aplicados a uma superfície já preparada. Há mais de 120 variedades diferentes de mármores. Estes são provenientes de 25 países dos cinco continentes. Tantas, outras coisas há por visitar em Londres e ainda não foi desta vez que consegui dar uma outra volta diferente para poder dizer: eu conheço Londres. No regresso ao local onde se encontra estacionada a autocaravana do Carlos, nada de especial se passou, multas nada.

Dia 13 de Julho –  Mais um dia em Inglaterra, desta vez vamos viajar mais para sul e visitar uma cidade com muita história deste país. Canterbury em bom português Cantuária no condado de Kent é conhecida como “The Garden of England” (O Jardim da Inglaterra), esta é uma região produtora de cervejas, onde está localizada a mais antiga cervejaria da Grã-Bretanha.

Mal saímos de Londres escolhemos o trajecto mais rápido para chegarmos, aconteceu que no caminho encontrámos uma portagem para passarmos uma ponte sobre o rio Tamisa, não fazia parte do plano; pagarmos portagens, mas não podíamos fugir. Já em Canterbury conseguimos parqueamento com facilidade, onde pagamos estacionamento, não todos. O Carlos fez de conta que pagou, eu de conta fiz, o Cláudio de conta pagou. Suma somos uns portugas que não gostam de pagar estacionamentos. Antes de começarmos o passeio vou mencionar mais um pouquinho da história. Esta cidade é o principal centro religioso do Reino Unido por abrigar o arcebispo de Cantuária, líder espiritual da igreja anglicana, com sede espiritual na catedral da Cantuária.
Esta é uma das cidades mais visitadas do Reino Unido, tanto que a sua economia depende muito do turismo, por essa razão aqui estamos nós para o seu engrandecimento, se não viéssemos cá este ano era uma desgraça para a sua economia, só nos têm de agradecer a estes seis portugueses. No entanto num dos locais que passámos deparámo-nos com uma porta e montras centenárias em que estas encontram-se totalmente tortas ou inclinadas, esta conhecida pela “Crooked House, sabe-se que um deslizamento interno da chaminé deu à casa sua aparência assimétrica. Hoje uma estrutura de aço a mantém ainda de pé. Ainda passámos pelo arco ou portão, como queiram interpretar de St. Augustine, lindo sem dúvida e tão parecido como a entrada para a catedral, parecem gémeos.


Não lográmos entrar na catedral, mas soubemos que foi fundada no ano de 597 e mais tarde entre o ano de 1070 a 1077 foi completamente reconstruída. A extremidade leste foi bastante ampliada no início do século XII após um incêndio em 1174.


Um arcebispo foi assassinado na catedral no ano de 1170. Vimos o castelo e mais do que um dos canais que passam por esta cidade, estivemos no jardim principal onde estavam a tirar fotos de casamento duas bichas, até se beijaram, acto tão romântico para os restantes convidados promoverem tal conduta.
Vão ter muitos meninos, reconhecemos que o baixote já deveria estar grávido de uns 4 meses, não nos vamos enganar. Assim concluímos a nossa visita, vamos percorrer os últimos quilómetros para irmos comprar bilhetes de barco para amanhã fazermos a travessia do Canal da Mancha com destino a França. Mas ao entrámos nas zonas de embarque quando demos por conta apercebemo-nos que podíamos embarcar de imediato, não perdemos mais tempo. É que embarcamos mesmo e o trajecto de barco foi feito rápido e com uma temperatura excelente. Já em França foi só procurar local onde permanecermos, sendo o eleito Camping Le Grand Gravelot em Calais.

Dia 14 de Julho Nós não paramos e eis que estamos organizados para a primeira visita de hoje. Este o Museu da Guerra em Calais situado no meio do parque Saint Pierre, mesmo defronte da prefeitura. A marinha de guerra alemã construiu este importante bunker de comando.



Após a guerra este bunker foi transformado num museu que trata da ocupação e libertação da europa ocidental, com ênfase na situação na França. Este museu mostra recortes de jornais, fotos, motores de aviões, salas que representam a actividade de certas ocupações naquela altura, uniformes e outros objectos. Um pouco adiante, noutro local da cidade, deparamo-nos com uma parada militar e mão sabíamos o propósito, mas a net diz-nos tudo e soubemos que o dia 14 de Julho é a festa nacional francesa ou dia da Bastilha, este é um feriado nacional em memória ao episódio histórico da “Tomada da Bastilha” em 1789.

As comemorações deste feriado consistem em grandes celebrações e paradas militares por todo o país, com destaque para o desfile militar nos Champs-Élysées em Paris sempre prestigiado com a presença do presidente da república. Estivemos bastante tempo à espera que se desenrolasse o desfile, mas consistiu sempre, naqueles longos minutos em que estivemos a assistir a palestras atrás de palestras e não saiam disso, uma “cansera”. Até que desistimos e partimos para visitar “Haringzelle Batterie Todt” ou “Museum of the Atlantic Wall” situada a 30 quilómetros de Calais.

Prontos para iniciarmos a visita desta bateria construída pela Alemanha nazi durante a segunda guerra mundial. Esta bateria consistia em quatro canhões de 380mm com um alcance de 55,7km, capazes de atingir a costa britânica, cada um protegido com um bunker feito em betão com grossas vigas de aço. Também existia o canhão Krupp K5 montado em carris, um gigante destruidor. Foi a 3ª divisão de infantaria do Canadá que atacou estas baterias em 29 de Setembro de 1944.

O recheio aqui existente de material de guerra é estupendo, desde armamento, munições, comunicações e muitas mais coisas aqui vimos. Ficamos a saber mais situações da segunda guerra mundial que ignorávamos, muito aliciante, mesmo este local. Finalizada mais uma visita de estudo, seguimos para a Bélgica que fica aqui ao lado, destino a cidade de Bruges.

Dia 15 de Julho  Há muitos anos que tenho idealizado conhecer a cidade Belga de Bruges, vai ser desta vez e com certeza todos vão gostar. Esta é a capital da província de Flandres Ocidental no noroeste da Bélgica, distingue-se pelos canais existentes, as ruas em paralelepípedos e construções medievais, tem um imenso porto que fica muito perto e torna esta cidade um local para ser visitado.



Sem darmos por conta encontrámos o centro rapidamente e aí começámos a desbravar os muitos arruamentos e canais em que num deles apanhámos um dos botes e fizemos um percurso muito interessante. Até a guia e 2ª comandante do barco era uma mulher simpática e muito palradora, não estava calada um minuto, adquirimos muitos explicações dos lugares por onde navegávamos. Mais um projecto de andar nos canais de Bruges concretizado. Há imensos museus, mas o nosso interesse é relativo, porém seria uma forma de aprendermos algo mais sobre a cultura da cidade e dos cidadãos.

Os Belgas vibram e têm muito orgulho nas suas raízes, mas os portugueses não gostam dos Belgas, ainda mais nós, Gilberto, Carlos, Sofia e Júlia, porque há muitos anos quando nos encontrávamos em Bruxelas uma Belga, dona ou empregada de uma loja foi insurrecta para connosco sem qualquer motivo para ter aquela atitude a partir daquele ápice, Belgas, são para esquecer.
Com todas estas voltas chegou a hora de almoçar e o local mais económico do momento foi o Burger King. Depois deste rápido e económico almoço foi hora de percorrer mais ruas da cidade e voltarmos à Grote Markt a praça principal em que vimos imenso artesanato típico e uma grande variedade de iguarias. Final do dia encontrar como é habitual todos os dias, local para pernoitar. Descobrimos um mini camping ‘T Veld’ na localidade de Zedelgem, este é sim um mini camping muito agradável, bem organizado e com um ambiente familiar, é de louvar.

Temos à nossa volta uns amigos cavalinhos e vaquinhas que durante a noite foram ouvidos os mugidos das ditas e o relinchar e o bufar dos ditos. Há muito tempo que não víamos uma tal viatura Citröen Ami8 com a matrícula holandesa DZ-06-98 que nos fez lembrar também as nossas matrículas portuguesas do antigamente.

Dia 16 de Julho Hoje será um dia praticamente a conduzir, iremos percorrer cerca de 300km por estradas muito movimentadas para chegarmos a Vijfhuizeb onde se situa o camping “Camperpark N205”, este vai servir como base para podermos visitar as cidades situadas ao seu redor.

Saímos do camping ’T Veld localizado em Zedelgen a alguns quilómetros a sul de Bruges, cruzamos esta cidade e encaminhamo-nos para norte pela A11 para mais adiante cruzarmos a fronteira com a Holanda. Portanto já estamos a circular em estradas holandesas, nem demos por conta que mudámos de país, hoje circular na maioria da europa é assim, fronteiras não existem praticamente. Mais uns quilómetros e vimos pela primeira vez nesta viagem os célebres moinhos holandeses na povoação de Serooskerke, mais as fotos do costume e seguimos viagem na N61 depois adiante N62 e A58 em direcção de Roterdão, onde os engarrafamentos começaram logo nos arredores. Nós que nem desejávamos passar por esta cidade, mas para seguirmos para norte não podíamos fugir a estas zonas industriais tão movimentadas, são camiões por todo o lado, mais os caminhos de ferro que por aqui passam, não interferem no trânsito, mas dá para entender que por aqui se trabalha.


Mais adiante avistamos a quantidade de suportes e barreiras existentes ao longo desta estrada que controlam a entrada da água do mar, evitando o alagamento das terras produtivas e habitadas.

Estas barreiras são um feito notável de engenharia, um marco mundialmente reconhecido em engenharia hidráulica. A distância vai-se encurtando, mas ainda estamos longe e as médias que estamos a fazer são baixas, mas pressa também não temos.
Chegou a altura de pararmos para comer e beber, num recanto ou simplesmente num parque detivemo-nos e montámos o estaminé para degustar o que já resta do nosso presunto ”pata negra” que teimosamente ainda perdura. Já com os bojos cheios partimos. Nesta altura começou a cair uma chuva miudinha para mais adiante uma forte carga, choveu a valer e com muita força deu para lavar as nossas carrinhas que andavam carregadas de pó. Os quilómetros foram-se encurtando e eis que encontrámos o parque para as próximas duas noites, sim vamos permanecer neste local por duas noites para conseguirmos fazer as voltas que pretendemos.

Dia 17 de Julho  Já estabelecidos num camping a meio caminho de Haarlem e Amesterdão, apenas teremos de fazer estes percursos em autocarro e comboio.


Hoje vamos iniciar a nossa visita por Haarlem, fomos apanhar o autocarro que passa muito perto deste parque, percurso rápido da nossa parte bem como os quilómetros feitos de autocarro, por fim já perto do centro da cidade saímos e fomos visitar a igreja de São Bavão ou a igreja grande de Haarlem, esta é uma igreja gótica que no ano de 1559 foi elevada à categoria de catedral, aqui além de outros objectos reparamos no órgão esplendoroso que aqui se encontra, data de 1738 onde tocaram vários famosos, músicos e compositores como Händel e Mozart, este com apenas 10 anos de idade.

Este órgão dispõe de 62 registos e cerca de 5000 tubos, o menor dos quais é do tamanho de um lápis, e o maior dos quais é um tubo de 37 centímetros de diâmetro e de mais de 10 metros de comprimento. Reparamos também nuns baús ou caixas fortes de há muitos anos atrás, feitos em madeira e ferro com cadeados daquela época, peças muito interessantes. Visita completa, passamos por um e depois por outro dos canais da cidade onde nos encontramos com o moinho de vento Adriaan que foi incendiado em 1932 e reconstruído em 2002, ou seja, o moinho original datava de 1779, aproveitámos para tirar fotos como uma recordação desta urbe.

Pensamos que ficámos a conhecer o mínimo indispensável, vamos para a estação do caminho de ferro e partirmos para Amesterdão, viagem rápida, chegámos à estação central desta cidade já conhecida por todos nós.
Deambulamos por ruas e canais, não mais do que uma duplicação do que já fizemos anos atrás nesta cidade com uma arquitectura pitoresca, cheia de cafés, restaurantes e pontes. Pensámos visitar a casa de Anne Frank, não foi possível, soubemos que para tal deveríamos ter feito reserva online com meses de antecedência, apenas estivemos parados à porta onde ela, sua família e mais quatro pessoas esconderam-se dos nazis durante cerca de dois anos. Percorremos a rua do putedo, coitadas a pedirem reforma, mas eu e Sofia de imediato comentámos que quando aqui estivemos e já foi há longos anos, fizemos este percurso com os nossos filhos Ricardo e Gonçalo, aconteceu que a rua foi percorrida apenas de um lado e quando chegámos ao fim, o nosso filhote Gonçalo, questionou – então não vamos ver o outro lado. Houve risota e comentários de imediato. Nessa altura o maroto do Gonçalo tinha apenas 8 anos. Saudades desses tempos e de mais outras coisas. Fizemos um passeio de barco por alguns canais, mas no final sem grande impacto, isto porque andar de barco nestas circunstâncias já se torna um pouco corriqueiro.






Aproveitámos e jantámos num restaurante que estava quase a encerrar, vimos que a maioria já tinha as portas fechadas, note-se que já era noite. Por fim regressámos de comboio para o camping onde as nossas queridas autocaravanas nos esperavam, eram precisamente 23 horas quando chegámos. Vamos descansar, pois, as pernas já nos pesam. Amanhã outro destino nos espera.

Dia 18 de Julho Viajar pela Holanda é fantástico, este sim um país pequeno, quase plano, onde podemos ver os seus moinhos de vento que julgo serem inéditos deste país, onde plantam lindas tulipas, estas de todas as cores, onde há milhentos tamancos, mais o queijo gouda, milhões de bicicletas e existe um povo tolerante.

Um país que sempre teve uma brilhante equipa de futebol que ficou conhecida como a laranja mecânica no ano de 1974, tendo um brilhante jogador Johan Cruyff. Podíamos ficar à vontade um mês a passear, todos os dias iriamos descobrir mais e mais coisas, apesar do nível de vida aqui ser muito elevado comparado com o nosso Portugal, é pena, pois temos um território rico e um oceano invejável por todos os europeus. Mas, adiante, mal saímos do camping dirigimo-nos erradamente para sul para visitar duas pequenas vilas indicadas como ponto turístico, mas na verdade não era bem aquilo que desejávamos, ainda conseguimos passar junto a mais um moinho de vento para de seguida seguirmos em direcção de Zaanse Schans, esta uma vila fascinante, já perto começámos a avistar o local repleto de moinhos em que a vila é uma réplica de uma antiga vila holandesa dos séculos XVII e XVIII. Em Zaanse Schans o cenário é lindíssimo com moinhos de madeira edificados na orla do rio Zann. Há muitas casas e pontes, há lojas que fabricam e vendem queijos, tamancos em madeira e todas as quinquilharias que os turistas procuram, eu procuro postais deste local, bem como as senhoras os imanes. Um pouco de história deste lugar: Jaap Schipper criou um plano em 1946 para Zaanse Schans, tornar este sítio um local de preservação de história holandesa e a partir de 1961, vários edifícios foram para aqui transportados por estrada ou pela água.



Como diversos moinhos históricos já não tinham qualquer utilidade em outras regiões do país foram trazidos e montados nas margens deste rio para que as pessoas pudessem entender como eles funcionavam, também outras construções também foram trazidas para aqui, sendo a mais antiga uma casa do ano de 1623. Todas as construções são originais, não existe qualquer réplica.



Com todas as voltas que hoje fizemos o tempo começou a escassear e partimos em direcção a Warmenhuizen onde se situa o Camping de Kolibrie onde este encerra pelas 19h00, razão de tanta pressa nesta altura.

No trajecto cruzámo-nos com um carro que o Carlos Neves disse não gostar, apenas ele, pois todos os restantes gostaram; esse carro é um Porsche de cor azul modelo 911 Carrera 4S. Tenho pena de não ter um igual, até podia ser com aquela cor “azul cobalto”.

Dia 19 de Julho Damos continuidade da nossa estadia pelos Países Baixos que no nosso dia a dia continuamos chamando-lhe Holanda. A nossa primeira paragem será Alkmaar, situada na província da Holanda Setentrional e muito perto do canal Noord-Holland a norte de Amesterdão e situada numa zona relativamente pantanosa. Já em Alkmaar seguimos em direcção da Praça Waagplein, sendo esta a principal da cidade e onde fica Waag um edifício do século XIV, aqui acontece a tradicional feira da pesagem dos queijos Gouda.





Quando aqui chegámos não fazíamos uma pequena ideia de que hoje iriamos assistir a tal acontecimento. Antes já nos havíamos deparado com uma enchente de multidão que descia uma das ruas principais que dá acesso a esta praça e quando chegámos a grande novidade. Vimos uma praça super movimentada ao fundo um canal com diversas embarcações e no meio do recinto uma azafama de homens e mulheres vestidos com roupas tradicionais ou de outras épocas num frenesim os homens andam a carregar e a movimentar grandes queijos, uma tradição medieval para pesarem centenas de queijos e os transportarem de um lado para a outro em cima de padiolas.


As mulheres estão mais envolvidas na venda de pequenas quantidades de queijos aos turistas ou habitantes que por ali andem a deambular. Aqui podemos ver várias qualidades de queijos, não os sabemos distinguir, mas sabemos que o mais conhecido é o Gouda, mas há outros como o Edam e Leyden. O Edam é um queijo de pasta prensada, meio dura ou dura, feito de leite de vaca e em forma de bola, envolvido por uma película vermelha. O mais famoso o Gouda, sendo este um dos melhores do mundo que representa 60% da produção queijeira holandesa, tem um sabor adocicado e uma cobertura preta enquanto o seu interior é amarelo com o passar do tempo o seu sabor intensifica-se, este pode ser servido como queijo de mesa ou como sobremesa.

Eu aconselho que acompanhado por um bom vinho tinto é de comer e chorar por mais. Por fim o Leyden que também é conhecido como Komijnekaas, é um queijo tradicional de casca dura, também feito de leite de vaca, tem um formato oval e a casca é polida e protegida por colorau ou pasta plástica, no seu interior pode-se adicionar colorau e cominhos, estes vão lhe dar um sabor que contrasta com nata e nozes.

Descrevo estes pormenores destes queijos para quando estes lhes passarem pelas beiças já saberem alguma coisa dos ditos. Isto é para não morrerem estúpidos em relação a queijos holandeses. Há um dos nossos amigos que conseguiu emprego por algum tempo aqui na Holanda é ele o Carlos que foi galardoado como estivador de 1ª classe, o seu amigo beija-flor o irá condecorar com a medalha de “mérito de bom samaritano” quando chegar a Portugal.



Todos nós compramos queijo de diversas qualidades nesta feira para podermos avaliar a qualidade dos diversos gostos. Tinha-me esquecido de mencionar que muitas regiões da Holanda estão situadas em áreas abaixo do nível do mar que foram transformadas em terra firme, apôs o bombeamento da água para o mar. Nesta altura chegou o momento de nos deslocarmos para Deventer onde está situado o nosso camping desta noite o Stadscamping Deventer.

Dia 20 de Julho – Parque de campismo muito agradável este em Deventer, enorme, na margem de mais um rio em que do outro lado se situada a cidade. A fracção principal deste parque, ontem quando chegámos já se encontrava toda abarrotar, tivemos de ficar numa zona que praticamente já ficava fora do parque, mas aqui na Holanda não é problema, pois consideramo-lo um país seguro. Usufruímos na mesma da electricidade, no entanto os restantes serviços encontravam-se na área de camping propriamente dita.

Já havia mais pessoas nas mesmas circunstâncias que nós e mais ainda haviam de chegar. O combinado para o início desta manhã foi caminharmos um pouco a pé para embarcarmos num barco para atravessar o rio Issel e visitarmos esta cidade de Deventer que recebeu a carta de cidade no ano de 956 que a partir desta data foram construídas fortificações. Surpreendeu-nos o pouco movimento existente, pois trata-se de um sábado e ser ainda muito cedo, fizemos uma caminhada pela parte antiga da cidade nas ruas mais pitorescas e deparámo-nos com crianças a banharem-se nuns repuxos existentes numa das praças antigas, sim está um dia de calor e elas divertem-se, não sejam elas ainda crianças.
Foi uma curta passagem por aqui, pois temos de fazer ainda uns bons quilómetros até França onde iremos recomeçar a nossa visita pela Normandia. Então partimos com esse intuito. No entanto sucedeu que passados alguns quilómetros o Carlos Neves comunicou-nos que queria comprar a autocaravana na Alemanha, quando no dia anterior e ainda hoje mesmo antes de partimos tinha dito que viria à Alemanha noutra altura. Muito estranho, mas como há conversas que ele está sempre a dizer que quer comprar uma nova e a Júlia está sempre a denunciar a atitude dele, por vezes contrária. Sim é de aproveitar tanto que é-lhe mais fácil descer alguns quilómetros e fica com o assunto resolvido. Então rota alterada e aí vamos em direcção a Colónia onde iremos ficar esta noite. No trajecto fomos vendo onde podemos encontrar camping porque nesta altura do ano é complicado encontrar vagas. Ao fim de algumas tentativas encontrou-se o Reisemobilhafen Köln, bem localizado. Também estamos a conduzir em auto-estrada a forma mais rápida, mas sucedeu que a determinado momento quando eu seguia na frente um carro da polícia ultrapassou-me e acendeu as luzes de emergência que piscavam e começou a reduzir a velocidade à minha frente – mas o que se passa! Não fiz nenhuma manobra perigosa e a velocidade do carro da polícia ainda mais lenta, mas não fez qualquer sinal para parar, ou seja, o que fosse até que deixei-me ficar mais longe e por fim parou no meio das duas faixas impedindo que o trânsito se desenrolasse.
Acabei também por parar e eis que saem da viatura dois polícias e encaminham-se para os rails separadores, recolhendo um maço de lixo ou outra coisa que ali se encontrava. De certeza, houve alguma denúncia alertando a polícia daquele embrulho, ou seja, o que fosse. Fiquei mais descansado porque aquela atitude nada tinha a ver comigo. Mais uns quilómetros e chegámos aos arredores de Colónia, agora é irmos para o Camping. deixámos as autocaravanas no parque, excepto a do Carlos que nos levou até perto do centro da cidade. Foi encontrar parque para a estacionar o que não foi nada fácil, ficou à porta de um serviço de beneficência ou lá o que fosse e partimos a pé. Num local da cidade onde fomos ter havia sinal de que ali havia festa, fomos andando e começámos a ver situações bastante estranhas, vimos nuns placardes que era uma festa gay, não mais do que um desfile Gay em Colónia, também conhecido como o “Orgulho Gay de Colónia”, que é uma extravagância de duas semanas do orgulho LGBTQ+.
A verdade é que todos nos sentimos totalmente atópicos de toda aquela gente. Ocorreu que nos embrenhamos no meio daquela multidão, mas eles iam na sua e nós na nossa caminhada. Tirámos imensas fotos, rimo-nos, contestámos e como nada fosse connosco. Ficámos a ver pessoalmente aquilo que nunca pensaríamos que nos ocorresse. Mais uma novidade para todos. Ainda fomos até à catedral de Colónia. Mas já não conseguimos entrar, pois estava a encerrar, tivemos muita pena, gostava imenso de ter entrado. Já com alguma fome fomos então para o Brauhaus Sion, uma das cervejarias mais antigas da Alemanha que sobreviveu à 2ª guerra mundial. Aqui todos devoramos joelho de porco “EISBEIN” e boa cerveja alemã.






E chegou a hora de regressarmos, porém quando já estávamos perto da autocaravana e seguíamos em cima de uma ponte começou a chover incessantemente e ainda nos molhámos, andámos mais depressa e abrigámo-nos debaixo de um alpendre de um prédio, mas a chuva era de tal ordem que alguns pingos tocados a vento vinham para cima de nós. Coitadas daquelas pessoas que vinham a caminho, é que ficaram totalmente encharcadas, nós vimos.

Dia 21 de Julho Destino deliberado para hoje, Stuttgard, local onde o Carlos vai comprar a autocaravana. No entanto já está decidido quanto à cor, marca e modelo, apenas tem de se preocupar com o preço, qualidade, quilómetros e acabamentos, serão estes os pontos mais essenciais.
Vamos ter que fazer mais 384km até chegarmos ao camping em Stuttgard (Cannstatter Wasen), para isso temos bons auto-estradas pela frente e correntemente devoramos esta distância. Por fim chegámos ao stand onde existem numerosas autocaravanas, quase todos os modelos, marcas, cores, etc., mas nenhuma era do agrado do Carlos, ele quer um Rodstar e tem de ser vermelha e tem de ter um comprimento de 540. Aqui os preços são convidativos, mas temos de ir para outra povoação onde ele também já tem registado nos seus apontamentos. Seguimos viagem, mais uns quilómetros que fizemos e chegámos aos arredores de Stuttgard onde se encontra o outro stand que o Carlos quer visitar para ver se encontra uma viatura que concerne nas suas apetências. Como hoje já se faz um pouco tarde, não vamos ter tempo para irmos ao Grühn & Grühn. G&BR, situado em Engelboldstraβe em 70569 Stuttgard, amanhã será o dia D para a compra já programada há muito tempo pelo Carlos e ambicionada pela Júlia.
Vamos dirigir-nos para o camping que já se encontra reservado, este fica bem localizado na cidade ao lado do enorme recinto onde todos os anos se realiza o festival folclórico de Stuttgard no Cannstatter Wasen, que é um dos festivais tradicionais mais importantes da Alemanha que se realizou entre o dia 20 de Abril e 12 de Maio de 2024. Este espaço também serviu de apoio ao campeonato da Europa de futebol de 2024 que se realizou na Alemanha, sendo Stuttgard um dos palcos deste torneio. Também aqui muito perto fica o estádio MHPArena do Stuttgard feito para a prática de futebol e atletismo com uma capacidade para 60441 espectadores. Mais impressionante é o “Gaskessel Stuttgard”, testemunho da herança industrial, um cilindro na posição perpendicular com dimensões incríveis com 102,5 metros de altitude e 69 metros de diâmetro. Originalmente construído como caldeira de gás que começou a funcionar em 1949, após a destruição da primeira caldeira a gás destruída durante a segunda guerra Mundial. Este foi desactivado em 2021, mas continua a chamar a atenção de quem por ali passa. Ao fim do dia fomos jantar num bom restaurante onde devoramos umas salsichas alemãs, não podia faltar a cerveja alemã.

Dia 22 de Julho Acordámos ao som de martelos e máquinas vindos do lado onde se encontram numerosos operários a desmantelar todos os pavilhões pré-fabricados que estiveram a operar durante o campeonato da europa de futebol. Dali a pouco já nos encontrávamos todos prontos para sairmos e deslocarmo-nos com o Carlos e apoiá-lo a negociar para comprar da autocaravana. Vamos todos em autocaravana em procissão acompanhar o Carlos para ajudá-lo a gastar euros, ele hoje está no dia de gastar. Um pouco mais à frente do parque deparamo-nos com o tal reservatório gigantesco, um pouco mais adiante podemos ver o enorme estádio do Stuttgard, um pouco mais atrás o museu da Mercedes Benz.
E lá seguimos viagem até ao dito stand de autocaravanas, também fica perto. Já no stand tivemos de arranjar locais para estacionamento, não foi fácil, ficou cada uma em lugares dispersos. Entrámos e logo vimos que este não tem as dimensões do anterior, existem igualmente muitas unidades, quase todas amontoadas, o espaço para nos movimentarmos é reduzido, nalguns lugares nem temos acesso para podermos entrar e ver o interior delas, mas o Carlos logo à entrada viu entre elas a desejada, é que não é nada fácil ir de encontro às nossas ideias. Contacto com o vendedor a demonstrar o seu interesse por aquela viatura que se encontrava num local difícil para poder ser apreciada. Foi necessário retirarem outras viaturas para que a vermelhinha ficasse em condições de ser visionada. Neste local existia uma outra viatura em que o Cláudio o aconselhou, porque não esta? Mas esta, era branca tinha mais 60 centímetros de comprimento. O Carlos quer simplesmente uma vermelha, mas porquê! Ele até é do Sporting, onde predomina o verde e branco. Ao fim de algum tempo a compra conclui-se, a compra e a possibilidade de a levar já. Sabemos que a papelada não é concluída de imediato, mas foi apenas para gerar pressão nossa sobre o Carlos. Ficou acordado que a virá buscar nas próximas semanas. Negócio fechado e vamos até ao camping.
Mas há outro assunto ou problema com a bateria do Cláudio. Ele tem ali um dilema que o anda a consumir há vários dias, tem visionado a parte do painel solar a bateria e ligações, e não sei que mais. O certo é que há ali qualquer ligação desarranjada ou a bateria não se encontra em condições. Ele, Cláudio concluiu recentemente que o dilema é da bateria, partimos em direcção a um posto onde se vendem baterias o Cláudio seguiu na sua viatura e eu e Sofia fomos à pendura do Carlos. A meio do caminho e por causa da má sinalização e do trânsito denso perdemos o contacto com o Cláudio, uns por um lado outros por outro e lá seguimos no encalço da loja de baterias. Quando nós lá chegámos já a bateria pesadíssima tinha sido retirada da viatura do Cláudio e este já tinha a informação de que a bateria estava em excelentes condições e carregada, ou seja, o que havia pensado não é real, tem de agora rever as suas ideias e quando chegar a Portugal resolver tal questão.

Regressámos ao camping para mais tarde sairmos e caminharmos até um dos centros de Stuttgard, conseguimos estacionamento ao fim de uma dúzia de voltas, até então demos umas curvas por esta zona da cidade, mas não consigo dizer que conheço Stuttgard. Começou a escurecer e logo nos veio à ideia de que temos de ir jantar. Na net descobrimos uma das excelentes cervejarias desta cidade para jantar, A Sophie’s Brauhaus, boa comida, bom ambiente e não poderia faltar a boa cerveja alemã.

Dia 23 de Julho O que ficou acordado ontem à noite é que nós Sofia e Gilberto gostaríamos de visitar o Museu da Porsche, entretanto ontem segunda-feira, encontrava-se encerrado. Os nossos amigos estiveram nesta cidade no passado ano e já o visitaram, razão para não estarem interessados o que achamos correctíssimo. Outra hipótese é que existe mais um museu de renome na cidade, nem mais do que o Museu Mercedes Benz, este, eles também não conhecem, mais uma razão para todos seguirmos e visitarmos tão consagrado museu do automóvel que abrange a história desta marca.




Cedo entrámos neste museu e eis que só ficamos a saber determinadas situações quando nos deparámos com a realidade da visita, e eis que o edifício actual que fica do lado de fora do portão principal da fábrica da Daimbler é baseado em um conceito único do trevo usando três cilindros sobrepostos com o centro removido para formar um átrio que lembra a forma de um motor da Wenkel. Junto filme para melhor elucidação.
Este edifício foi inaugurado em 19 de Maio de 2006. A disposição deste museu é extraordinária. O início da exposição inicia-se no cimo, ou seja, a partir daí vamos descendo por pisos, sub-pisos e escadarias sempre a vermos viaturas ligeiras, pesadas ou componentes e acessórios da marca, um sem número que podemos observar. Inúmero uns quantos modelos que vislumbrei vê-los tais como o modelo; Formel-Rennwagen W25, este foi um carro de corrida monoposto com rodas independentes construído de 1934 a 1936 para a fórmula de 750kg que significava que o carro poderia pesar 750kg no máximo com rodas, mas sem pneus, sem combustível, óleo e água de refrigeração. Há aqui mais de 160 viaturas, algumas muito antigas, desde a invenção do automóvel entre os anos 1886 e 1900.





Foram tantas as viaturas que me impressionaram, mas ver ali um carro com a matrícula portuguesa QE-70-96, essa é de mais, ou seja, um Mercedes-Benz 200D W124 que percorreu 1 900 000 quilómetros ao longo de 13 anos como táxi na cidade do Porto, conduzido pela mão de José Mota Pereira, é obra. Todos nós perdemos aqui umas boas horas, perdemos? Não, ganhámos conhecimento e gosto por vermos tais obras de arte. A nossa hora de entrada no museu foi às 8h51 e a saída às 16h52. Mais não digo. Partimos para percorrer 314 quilómetros até Nancy em auto-estrada e algumas estradas em França, chegámos sãos e salvos.

Dia 24 de Julho –  Já nos encontramos mais perto de casa, de momento não será este o intuito de chegarmos, ainda temos mais 8 dias de férias, os nossos amigos, esses querem ir par casa mais cedo, têm sempre pressa ao contrário de nós. Com tudo, já nos encontramos em França na cidade de Nancy, nunca aqui estive é mais uma local que deveremos conhecer.

Nas redondezas desta cidade produz-se grandes quantidades de minério de ferro. Suas indústrias produzem roupas, alimentos e produtos químicos. Esta cidade desenvolveu-se em torno de um castelo dos duques de Lorena que vieram a fazer de Nancy capital no século XII. O Ducado de Lorena foi concedido em 1737 a Estanislau I, que estabeleceu sua corte nesta cidade, sendo esta das mais sumptuosas da Europa naquela época. Em 1914 explode a primeira guerra mundial e desafortunadamente Nancy é muito atingida pelos bombardeamentos dos zepelins alemães. Em 1983, o conjunto arquitectónico e cultural do século XVII a Praça Stanislas, Praça da Carriere e a velha cidade são reconhecidas como património de humanidade pela Unesco. Hoje viemos aqui quase de propósito para reconhecermos a veracidade destes locais, se é que não tem mais importância o nosso reconhecimento do que dos outros. Será que somos uns ingratos pela nossa atitude, também não tivemos qualquer guarda de honra para nos receber. Estes franceses sempre foram uns ingratos para os Portugueses. Realmente conseguimos visitar a maioria dos locais principais da cidade, incluindo todos os que foram reconhecidos pela Unesco. Mais uma vez tivemos de partir e a meio do caminho estivemos a preparar os nossos peticos ambulantes.


A Sofia fez mais um dos dela – uma lata de feijão com tomate, vinagre e ervas aromáticas da Heinz, juntou mais umas salsichas, tudo aquecido e pronto para se comer. Resultado, uma delícia preparada num instante. Esta refeição foi acompanhada por um vinho branco bem fresquinho da marca Bacchus de 2022. Este é um branco seco com um final crocante, baptizado em homenagem ao deus do vinho Bacchus, é uma das variedades de uvas mais interessantes da Inglaterra para vinhos tranquilos.
Quem diria numa altura tão modesta como a de hoje pararmos na estrada e bebermos tão boa pinga. Todos prontos para recomeçar o trajecto e eis que vamos a caminho do Futuroscope por estradas sem portagens e poucos troços de vias rápidas, vai ser demorado, mas daqui a algumas horas lá estaremos. Finalmente chegámos, fizemos nada mais, nada menos do que quantos quilómetros, digam lá? Unicamente 592 quilómetros a nossa segunda maior etapa desta viagem.  

Dia 25 de Julho Aqui estamos todos prontos para ingressarmos no Futuroscope, local onde existem 40 atracções e espectáculos estão à nossa espera, vamos ver se teremos capacidade para ver tudo. De certeza que o tempo irá ser o nosso maior inimigo, temos de andar depressa, esperar que não haja filas infindáveis como nos sucedeu nas duas vezes que cá estivemos, porém nessa altura era o mês de Agosto que sempre arrasta mais enchentes do que neste mês de Julho, vamos ver. Adquirimos os bilhetes de entrada que nos custaram a módica quantia de 54€, como se pode ver não é um preço barato, pelo contrário, bem carote. Mas aí vamos, combinámos começar por uma das atracções no local oposto à nossa entrada.



Poucas pessoas estavam na fila para iniciarmos o espectáculo, foi rápido, mal terminámos este, fomos logo para o pavilhão ao lado, este também terminou, seguimos para o próximo, e assim sucessivamente.
Foi uma azafama durante toda a manhã. Depois do almoço tudo se repetiu, entrada e saídas pelas diversas atracções numa delas em que as cadeiras se movimentam, esmaga uma parte da minha máquina fotográfica, fiquei mais do que lixado e triste pelo acontecimento, vai-me custar uma nota negra a reparação da máquina. São imensas as atracções, apenas vou focar algumas como referência, são elas: Dança com robôs, viajar no tempo, Dynamic Vienne, Destination Mars, etc., mas das que mais gostei foi uma aventura 3D que nos coloca em cima de uma joaninha e nos leva numa imensa aventura infantil. No final do dia tivemos um espectáculo de luzes e jactos de água. Ao fim de tantas horas a andarmos à pressa, saímos cansados e dispostos para relaxar.

Dia 26 de Julho  As coisas decorrem tão depressa, mais parece uma corrida para a morte, nada disso. Como neste ou em outros trajectos, poderíamos fazer mais paragens, mas não as fazemos porque existem locais já bem conhecidos por nós, ou teríamos de fazer desvios consumáveis o que precisaríamos de muito mais tempo. Logo, para podermos fazer esta viagem englobando outros lugares, precisaríamos de pelo menos o dobro do tempo, mas todos nós ainda não nos achamos com esse propósito.





O destino já programado para hoje é chegar a Espanha e dirigir-nos até Pamplona que é a capital da província de Navarra. Esta é conhecida pela largada de touros, nas festas de San Fermín no mês de Julho entre o dia 6 e 14, durante estas datas os fulanos mais ousados correm à frente de uma largada de touros em “pontas” ao longo de um percurso de 849 metros por três ruas do centro histórico. Nesta correria estão sujeitos a levarem umas valentes cornadas, ficando feridos, ou muito feridos, inclusive até a morte. Quando chegámos indícios de festas, já nada se avizinhava, tudo já se tinha passado, entretanto numa loja de venda de artesanato e outros fins, convidaram-nos para tirarmos umas fotos com umas pequenas vestes dos verdadeiros valentes, incluindo touros a sério, umas réplicas perfeitas, também em “pontas” qual a sério, qual carapuça, nós apenas uns cobardes, mas mesmo assim não nos livrámos de umas cornadas e duns arranhõezinhos.
Pequena nota; os touros que nós enfrentámos, tambem em "pontas" eram da "ganadaria Pé-Rapado", da região ribatejana. Uma brincadeira que iremos recordar. No final as nossas madames estiveram com pensos rápidos e um pouco de tintura e mercúrio a tratar-nos. Conseguimos dar mais umas voltas pelo casco antigo. A fome não poderia faltar entrarmos num tasco e devoramos umas tapas e umas cañas . Esta noite vamos estar hospedados no camping Ezcaba um 5*****.

Dia 27 de Julho O itinerário de hoje levar-nos-á para Ciudad Rodrigo, uma cidade espanhola muito perto da nossa fronteira noutras palavras, esta encontra-se na raia espanhola e portuguesa. Uma cidade com muita história em que engloba também muita cronologia com Portugal. Vai ser um dia com uma mão bem cheia de quilómetros que temos de fazer atravessando as Comunidades Autónomas de Navarra, La Rioja, Castela e Leão e Salamanca. Ciudad Rodrigo situa-se na margem direita do rio Águeda, (este rio vai desaguar no rio Douro em Portugal), ocupa o topo de uma colina, tem uma muralha principal muito antiga contruída no século XVIII com alvenaria de péssima qualidade, existe também um castelo e uma catedral.


Nesta cidade houve um cerco entre as forças anglo-portuguesas para defrontarem as forças francesas que se tinham apoderado desta cidade na altura da guerra peninsular, esta guerra feita mais uma vez pelos traidores franceses, os nossos hermanos se aproveitaram mais uma vez, mas foderam-se. Sem dúvida mais uma vitória das forças anglo-portuguesas que perderam 1100 homens, entre mortos, feridos e desaparecidos os avecs tiveram 530 mortos e feridos e 1470 prisioneiros. O número de combatentes do nosso lado eram 10700 do lado dos traidores apenas 2000. Note-se que eles estavam entrincheirados nas muralhas com forte poder de artilharia que ali tinham deixado os invasores de Portugal. Com toda esta conversa acabámos de chegar a esta cidade, eram para aí umas 19h00, tivemos de encontrar camping fora da cidade o que foi fácil. Deixámos duas caravanas nesse parque e mais uma vez fomos na do Carlos, esta por ser mais pequena e fácil de manobrar neste tipo de urbe.

Quando transpusemos a entrada da muralha, logo nos apercebemos que as nossas dificilmente ali entravam. Como a hora já era tarde o movimento de pessoas e carros estava muito reduzido, assim conseguimos estacionamento sem problema. Iniciámos um percurso pedonal pelas ruelas e praças, mas muitas coisas já se encontravam encerradas. Ao fim de algum tempo, como já é normalíssimo entre nós fomos jantar numa explanada onde comemos uma paelha que não estava assim tão mal, mas o nosso grau de exigência é muito elevado. A temperatura estava óptima, apenas um pouco de vendo nos incomodava. Já noite dentro e no meio das conversas, concordámos que temos de nos ir embora. Assim terminou mais uma contenda, ceia nos nossos vizinhos espanhóis.

Dia 28 de Julho – Toda a malta preparada para partir, uns vão directos para casa, outros ainda vão ficar pelo norte de Portugal mais quatro dias.  Arrancámos mais uma vez com todas as forças por estradas ainda espanholas, GPS ligados e pelas indicações deles prosseguimos alguns quilómetros, mas eis que, algo estava errado no trajecto em que um deles nos indicava, todos nós atrás dele, verificámos que nos estava a levar por vias fronteiriças do lado espanhol e a aumentar o trajecto em quilómetros, uma volta mais longa sem razão.

Tivemos de voltar para trás e retomar a via até Vilar Formoso. Alguns quilómetros mais à frente chegou a hora das despedidas, abraços, beijos e um até breve. E lá foram uns para a direita, ou seja, nós os outros para a frente onde um pouco mais adiante seguirem pela esquerda. A partir de agora somos só nós e apenas teremos contactos pelos telemóveis. Não podemos esquecer que foram 43 dias a vivermos em comunidade. Por brincadeira ainda nos fomos contactando pelos rádios durante uns bons quilómetros, mas depois estes morreram pela distância, foi também uma prova do alcance destes aparelhómetros actuarem, ainda mais numa zona tão montanhosa como a que estamos a atravessar. Agora somente nós, lá vamos os dois em direcção a Bragança que fica ainda a uns bons quilómetros donde nos encontramos, nada mais do que 260 quilómetros, no entanto prevemos que iremos fazer umas paragens pelo caminho, nós que gostamos muito de Trás-os-Montes.
Pouco havíamos andado e logo parámos numa terrinha que não diz absolutamente nada a ninguém, Vilar Torpim. Um baloiço junto à estrada que deu para a Sofia baloiçar, de seguida fizemos umas voltas por umas ruelas e calçadas muito antigas, mas asseadas. Pessoas nem vivalma, um ou dois gatitos, fumo das chaminés e na estrada dois habitantes que seguiam a sua marcha. Finalizada a nossa prospecção, seguimos para norte em direcção a Escalhão onde iremos encontrar o restaurante para almoçar. Está um dia encalorado. Esta será a terceira vez que vamos almoçar a este restaurante de nome “O Lagar”, situado na Rua do Lagar, 1 6440-072 em Escalhão, deixo aqui o endereço para que saibam que vale a pena virem aqui almoçar ou jantar. Chegámos e ainda estivemos à espera que abrisse, no entanto ao lado existe uma padaria muito antiga “Padaria Glória” onde tentámos comprar pão.
A porta encontrava-se aberta, havia ainda algum pão, mas ninguém para nos atender. Numa segunda tentativa entrei por ali dentro, caminhei pelas diversas salas, estas cheias de sacos de farinha, balanças, lenha, até que bem longe chamei mais do que uma vez, “Hó da casa”, por fim apareceu a padeira que me informou que ainda não havia pão, só por voltas das 17horas é que sairia o pão do forno, mas eu questionei, mas há entrada ainda há pão. Informou-me que aquele pão já não era para venda porque era do dia anterior. Iria ter pão fresco, mas unicamente para o final do dia. Pena nossa, conheço a qualidade daquele pão, pois é servido no restaurante onde vamos. Escalhão é uma vila muito antiga, foi sede de concelho no início do século XIX, com foral dado por D. João IV em 1650, foi constituída freguesia em 1801 e tinha nessa altura 1808 habitantes, hoje apenas restam 566 habitantes.
Durante a guerra da restauração o povo de Escalhão aguentou diversos dias dentro da sua igreja matriz, cercada pelos espanhóis, terminando o cerco quando estes atiraram um sino para cima do oficial espanhol que se encontrava no adro, terminando desta forma o cerco. O rei D. João IV, concedeu a Escalhão o título de Honra. Ainda tivemos tempo para conhecer mais um pouco desta vida tão distante da civilização, mas ainda consegue sobreviver aos tempos que passam. Gente maravilhosa que aqui existem. Venham até Escalhão e viram mais vezes, não só para comer, também para conhecer. Chegou a hora do restaurante abrir, apenas nós e mais um casal com mais idade do que nós acompanhados de sua filha, provavelmente com uns 50 anos. Há muitas coisas para comer tais como; Bacalhau à Narciso, Naco de Vitela, Costeleta de Vitela, Polvo à Lagareiro e outros, produtos tais como o porco Bizarro, vitela mirandesa, borrego das ladeiras, borrego da Marofa e cabrito do Vau. Como podem ver tudo coisas boas.
Nós optámos hoje por comer um bacalhau que não vou dizer, acompanhado por um vinho cá da terra e uma sobremesa que ficámos a chorar por mais. Pancinha cheia e prontos para fazer mais uns quilómetros, mais adiante cruzámos uma zona do Douro vinhateiro, logo adiante a barragem do feiticeiro mais uma das obras do programa de Sócrates. Algumas horas se tinham passado e aí estávamos nós a entrar no camping Sobre Águas, muito bem localizado e perto da cidade de Bragança está instalado no coração do Parque Natural de Montesinho num local pitoresco em que a natureza aqui impera: No final da tarde fomos beber umas cervejas e comer mais algumas coisas no bar deste camping localizado numa encosta com vista para todo o parque. Maravilha aqui estarmos.

Dia 29 de Julho – Já em Bragança bem instalados no parque de campismo que é atravessado pelo rio Sabor que o torna ainda mais natural, apesar deste estar inserido no parque natural de Montesinho. Um conforto mensurável que fica afastadíssimo das grandes cidades nos confins do nosso Portugal. Pouca gente aqui vem, pior ainda desde altura em que as Scuts se começaram a pagar.

A partir do dia 1 de Janeiro do próximo ano, algumas vão deixar de se pagar e por acaso todas aquelas que vêm em direcção a Bragança estão incluídas, já era sem tempo. Vamos sair e dar uma volta pela cidade que para nós é bonita e muito desenvolvida. Também teremos de encontrar um centro para fazer a inspecção da autocaravana que já está na altura, ou seja, desactualizada há algum tempo. Por esta razão foi entrar na cidade e encontrar o centro de inspecções. Não foi fácil o GPS indicava uma posição errada, tive de lhes telefonar para me darem a posição correcta. Eram só uns 200 metros mais abaixo, estes GPS, já nos enganaram uma série de vezes. Inspecção efectuada sem quaisquer problemas, apesar do espelho do lado da Sofia se encontrar danificado por causa do Holandês de merda. Também andávamos com medo por causa da GNR ou PSP nos abordarem e nos multarem, não iriam acreditar que a validade tinha terminado quando viajávamos por fora de Portugal, eles apenas nos multavam e a nossa justificação não valeria de nada.
Quando andávamos à procura de local para estacionar passámos por uma patrulha da GNR que estava a desviar o trânsito para outro local, quem diria se não nos poderiam mandar parar, só que agora já nos encontramos em ordem, podem mandar parar à vontade. Mais outra merda do GPS, indiquei o centro da cidade e ele colocou esse centro por detrás da estação dos comboios, que merda, sei perfeitamente que o centro não é por estes lados. O que fiz, encontrei um local do outro lado já perto do castelo onde se podem parar as autocaravanas, só que depois tivemos de subir uma quantas ruas para lá chegarmos. A Sofia não tinha vontade nenhuma de andar a subir daquela maneira. No caminho comprou o seu imane daqui, pois ainda não o tinha na sua colecção.
Cruzámos mais umas praças, ruas, ruelas e pracetas e eis que nos encontramos no centro, assim todo o trajecto que fizemos a pé já deu para conhecer outros lados da cidade. Mais umas voltas e resolvemos ir almoçar ao melhor restaurante de Bragança o “Solar Bragançano”, azar, encontra-se fechado por ser segunda-feira e nós com tanta vontade de lá ir. Fizemos mais umas voltas e optamos entrar num outro que de aspecto era bom a comida também não foi má, a Sofia optou pelo polvo à lagareiro e eu por costeletas de borrego, mas o serviço e o preço não se enquadravam naquilo que desejávamos. Finalizado tal acto, tivemos de percorrer a pé até ao estacionamento da autocaravana cerca de 2 quilómetros para de seguida nos pormos ao caminho para Valpaços.
Efectuámos a maior parte do trajecto por estradas secundárias e quando lá chegámos não encontrámos nenhum local onde ficar, então resolvemos ir para Mirandela que também não é muito longe dali. Como andávamos em estradas secundárias, assim continuámos só que numa terrinha tivemos de voltar para trás a estrada praticamente não tinha saída e a passagem era por cima de uma ponte de outras datas que não me arrisquei a passar, no entretanto a Sofia ainda saiu para andar uns bons metros para se certificar da possibilidade de seguirmos. As notícias que trouxe eram más; temos de retroceder, foi isso mesmo que fizemos, voltámos atrás uns quilómetros e prosseguimos a viagem até ao parque de campismo de Mirandela, onde ficámos a descansar.

Dia 30 de Julho Estamos em Mirandela no parque de campismo, mais conhecido na gíria dos mirandeses pelo nome de “Três Rios – Maravilha”, porque aqui passam três rios, o Tuela, Rabaçal e Tua, dizem ainda beijados pelo Sol da Terra Quente, ora vejam se não é mesmo fazer grande propaganda a este lugar, também para lá do Sol posto! Nesta altura a ocupação é enorme e há muita miudagem que lhe dá um aspecto de um pouco vulgar, pelos comportamentos barulhentos e provocatórios.

Quando entrámos reparámos logo que o local não era agradável. No local onde pensámos inicialmente ficar, mudámos de sítio para nos colocarmos mais uns metros afastados, tanto que à noite o barulho persistiu por muito tempo. Aproveitámos e fomos para a cidade, como sempre não se torna fácil o estacionamento, tivemos de arranjar local um pouco distante, mas só nos faz bem andar. Volta pela cidade, fotos tiradas nalguns sítios, reparámos que vai haver festa nos próximos dias, estão a preparar os recintos e as ruas estão engalanadas. A Sofia já reparou mais do que uma vez que os preços aqui pelo norte são mais acessíveis do que na saloiada onde vivemos e arredores, resolveu comprar umas calças de ganga e uma camisola. Ali perto uma mercearia com bom aspecto, vende enchidos tradicionais, aproveitámos e comprámos alheiras de Mirandela, vamos esperar que sejam de boa qualidade, não nos basta dizerem que são de Mirandela, por vezes apenas lhe dão o nome, vamos então esperar que tenhamos comprado qualidade.

Ainda tivemos tempo de nos embrenharmos por uns becos e ruelas que nos mostram o que de velho e mal conservado se encontram estes locais, muitos edifícios em ruínas outros já desmoronados, emparedados ou com tapumes pela frente. Estão à espera do quê? Mais uma vez finalizámos as nossas voltas pedonais diárias. Temos pela frente ainda 349 quilómetros até à próxima paragem. O percurso esteve a desenrolar-se normalmente, passámos por Sever do Vouga, mas não parámos, ficou-nos na mente que deveremos numa próxima viagem passar por estes locais e pararmos, ao redor desta terra há muitos sítios que ainda não conhecemos. No caminho havíamos pensado ficar em Aveiro, como o tempo está muito nublado resolvemos prosseguir e optámos pela Nazaré.
Assim chegámos aos arredores e fomos procurar camping, sucedeu que no primeiro que parámos pertíssimo da Nazaré não conseguimos lugar, pois este exigiu a permanência mínima de 3 dias, porque não um mês ou mesmo um ano. Só visto as precursões o mesmo que pioneirismo destas atitudes neste Portugal tão miserável. Ali perto fica outro camping onde fomos muito bem recebidos e com muita qualidade. Jantámos no restaurante do parque, no entanto começou a cair alguma chuva. Fomo-nos recolher na autocaravana pois esta é a nossa última noite que vamos dormir nela, as férias estão a chegar ao fim, amanhã regressamos a casa.

Dia 31 de Julho Ao fim de quarenta e seis dias vamos iniciar a última etapa, estamos já muito perto de casa. Não temos saudades nenhumas de ir para casa, ainda mais nesta altura em que a tristeza nos acompanha.

Fizemos estes quilómetros calmamente e por fim na Tapada das Mercês. É um costume antigo que quando estou a circular pela estrada de acesso ao prédio olhar para a nossa varanda, tantas as vezes que o nosso olhar se deparava com uma figura na varanda a fumar o seu cigarrinho, era ele o nosso Gonçalinho, agora a tristeza e as lágrimas nos carregam até ao final das nossas vidas. Beijinhos para o nosso querido filho o nosso grandalhão, Gonçalo.



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