domingo, 22 de agosto de 2004

Café Turco e Estados da Antiga Jugoslávia - 2004






CAFÉ TURCO E ESTADOS DA ANTIGA JUGOSLÁVIA





Este ano consolidou-se, mediante o pouco tempo que temos de férias para fazer uma grande viagem pela Europa, deslocando-nos somente de carro e num período muito curto, porque o nosso amigo Jorge Silva apenas pode dispor de duas semanas de férias. Foi sem dúvida uma viagem, designadas férias em contra-relógio, composta por três viaturas num total de três famílias, sendo elas, família Silva, Almas e  do Carlos Neves onde totalizamos 10 passageiros.Mapa de Lisboa para Istambul, Turquia



1º Dia – 7 Agosto

Abalamos num sábado bem cedo pois o calor ia apertar a meio da manhã até ao final da tarde. Combinamos que deveríamos fazer o máximo de quilómetros nas primeiras horas para depois circularmos com mais determinação. Sem dúvida fizemos uma tirada razoável, não aquilo que esperava, mas para primeiro dia não estava mal, tanto que no dia anterior tinha sido dia de trabalho para todos. A nossa paragem deu-se em plena autovia espanhola não mais do que na A5 num recanto onde podíamos permanecer, aí tiramos os nossos petiscos e bebidas onde nos regalamos com os pastéis de bacalhau, chamuças, rissóis e outros.
Logo abalamos e fizemos mais duas tiradas até atingirmos Barcelona, sem dúvida tivemos um dia somente a conduzir, atravessando toda a Espanha. Na zona que compreende Guadalajara e Saragoça foi espinhoso com as montanhas pela frente e o imenso calor que apertava a toda a hora. Eram 22h00, lá estávamos nós arranjar parque de campismo para nos restabelecermos destes dolorosos 1300 quilómetros.
Regalamo-nos com um espectacular jantar à luz das estrelas e algumas luzes muito fracas que disponhamos.

2º Dia – 8 Agosto

O programa para hoje será quase idêntico ao anterior no que respeita a fazermos quilómetros, vamos ter de atravessar a França e chegarmos perto de Itália.
Como sempre evitaremos as auto-estradas, tanto mais que em França são caríssimas. Este início de só querermos fazer quilómetros tem o propósito de chegarmos o mais rapidamente aos países da antiga Jugoslávia, porque é a partir desse ponto que iniciaremos verdadeiramente as nossas férias.
Temos feito toda a viagem sem atropelos e numa média simpática, com um senão quando atravessamos Montepllier. Isto com a ideia de que não utilizaríamos os auto- estradas, sucedeu que nos perdemos numa das estradas que atravessam esta cidade. Sempre conduzimos muito juntos para que nenhuma outra viatura se interviesse entre nós, mas com engarrafamentos e semáforos sucedeu o imprevisto. Eu seguia à frente e sempre com atenção dos outros dois carros que seguiam atrás. A dado momento deixo-os de o ver e como não podia parar naquele cruzamento segui e estaciono um pouco mais à frente. Passados momentos saio da viatura e
olho para o local de onde vínhamos, não os vejo espero mais algum tempo e ando a pé até ao outro lado da rua, continuo a não ter visão deles, os pensamentos surgem ao segundo e penso imensas conjunturas entre elas o que devo fazer. Mais algum tempo ali estive e lá vem a ideia de caminhar até ao final da via pois será por ali que têm de passar, mas antes ainda disse e se voltar para trás e tentar apanhar esta estrada mais atrás e se eles passam por aqui, grande confusão, raio porque está isto acontecer. Lá resolvi andar até final da saída da cidade e por aí eles têm de passar. Andei cerca de 2 quilómetros e fiquei na berma da estrada esperando que eles aparecessem. Não eles não vêm, já estou possesso de tanto ali estar. Eu tenho telemóvel, mas como sou noviço nestas andanças não contraí o roaming necessário para quem sai do país, mais outras coisas que também não sabia, mas passaram por mim dois francesas que lhes pedi se podiam ligar para o telefone do Carlos que por acaso tinha o número, foi o ponto final deste imbróglio, falei com ele e a situação esclareceu-se e demos início à nossa viagem, mas ainda perdemos bastante tempo com esta assadela.
Já a meio da tarde depois de percorremos umas centenas de quilómetros surgiu um segundo caso, este em nada semelhante com o anterior, incidiu que quando estávamos em Nice um francês da tanga resolveu armar-se em esperto e embaraçou a manobra do amigo Jorge por diversas vezes, não sabendo ele que estava no meio de nós. Quando deu por conta eu que ia à frente tinha reduzido a velocidade e parado ficou preso entre as nossas viaturas, saiu o digno capitão gancho “Carlos” que o intimidou e o gajo baixou as orelhas e nem ai pronunciou. Assunto resolvido pacificamente, mais adiante tivemos a nossa paragem em Monte Carlo onde terminamos a nossa etapa de hoje. Demos a nossas voltas ao final do dia e chegou o tão merecido descanso.

3º Dia – 9 Agosto  

Todos sabemos que o aproveitamento dos dias vai dever-se em grande parte à nossa saída cedo ou
muito cedo, hoje não fugimos às regras toda a malta já está preparada para a largada. Passado algum tempo já estávamos a cruzar a fronteira entre a França e a Itália, nesta altura ainda nos encontramos em auto estrada, pois nesta zona não podemos estar a inventar, não há outras opções, pois perderíamos muito tempo. A distância ia encurtando e o calor era imenso, ainda parámos para comprar mais água, porque estávamos sequiosos e encalorados. Quando chegamos a Veneza já estava a escurecer, foi jantarmos e partimos de seguida para dar a nossa primeira volta pela cidade. Pouco tempo passou e a Sofia começou a queixar-se de dores na barriga, eram cólicas provocadas por algo que lhe caiu mal, pois já não aguentava mais e aquela hora já estava tudo fechado, valeu um beco e uma lista telefónica para minimizar o caos instalado.
Retomamos o percurso e quando chegamos à praça de S. Marcos tivemos de socorrer-nos de um hotel, invadindo o seu espaço e sem pedir nada a ninguém entramos e logo fomos directos para os sanitários sentar-nos na sanita, digo fomos, pois, eu também já não estava em condições. O meu caso deveria ser pelos nervos. Até perdemos a vontade de sair daquele sítio tal era o medo de que voltasse acontecer, não a partir daqui correu tudo bem e foi quanto bastou para que o resto da noite fosse risota completa entre todos os intervenientes. Até deu para bailar nesta descomunal praça. Não podíamos ficar derrotados por causa da caganeira. E férias são férias.

4º Dia – 10 Agosto

Acordamos mais tarde, nem sempre somos obrigados a levantar-nos cedo. Vamos visitar Veneza, ontem foi apenas uma fuga. Há elementos entre nós que nunca
aqui estiveram e gostaríamos que ficassem a conhecer esta cidade de outra forma. 
Um dos locais de passagem foi o local do crime de ontem à noite onde houve a explosão intestinal, bem perto estava um letreiro que indica aqui nada de porcarias, mal sabem que aqui uns portugueses fizeram merda. A criminosa tirou uma foto para que a acusassem se quisessem é que não havia condições. Demos imensas voltas pelas ruelas e canais, passamos pontes afamadas, fomos a diversas praças, contemplámos mercados onde vendem toda a tarecada para turistas, estivemos no
grande canal e em todo o lado até que já estávamos todos cansados e deliberamos dar uma volta pelos canais de barco. Todos admitimos e fomos dar esse passeio. Seria mais engraçado ser em gôndola, mas de dia não é tão engraçado como nós já o fizemos há anos, mas de noite. Todos aprovamos e finalizamos a nossa visita a esta cidade de barco.
Demos voltas e mais voltas e ficamos a conhecer melhor Veneza, terra de encantos e mistérios como todos nós já vimos no cinema, infelizmente não poderemos assistir aos espectáculos que aqui se desenrolam, trata-se de preços muito elevados e só possíveis para turista carregado de notas, nós não,
somos apenas viajantes que gostam de correr mundo a gastar o menos possível e ficarmos com conhecimento em outras áreas que não esbanjar dinheiro, onde depois faltaria noutras situações. Desta nossa forma de viajar, ficamos felizes e prontos para mais aventuras. É isto, assim lá estamos nós apreciar uma das entradas para um desses espectáculos, muita gente e pessoas felizes à sua maneira, interessante a nossa postura perante tais casos. Fomos também ver ou comprar coisas baratas nas lojas, estivemos na borda do cais de uma das praças a ver os barcos que transportam passageiros para locais mais distantes, onde a ondulação por eles provocada por vezes escala para os passeios. Hoje foram muitas horas dedicadas para esta cidade.
Agora vamos ter de nos por a caminho pois queremos chegar o mais depressa à Croácia. Chegamos à fronteira, cumprimos todos os trâmites necessários, e acelerar até à próxima cidade de Split onde iremos tentar pernoitar, mas antes ainda fizemos as nossas paragens necessárias, tais como tomar uma banhoca neste mar Adriático, visitar umas quedas de água mais adiante.
Como o dia está a terminar temos de nos por a caminho para prepararmos o nosso jantar requintado. Já no parque todos falamos e divertimo-nos com o preparar das refeições, fizemos aqui o final da nossa festa de hoje com uns copos de vinho e cerveja como acompanhamento, comemos bem e fomos todos descansar em paz.


5º Dia – 11 Agosto

Outro dia que se avizinha movimentado, tivemos de parar em Split, era obrigatória tal paragem, onde fizemos um percurso pela cidade e saboreamos o célebre gelado. Como estamos em prova, pois muitas vezes as nossas férias mais parecem uma corrida, foi só arrancar e directos para a Bósnia-Herzegovina, onde chegamos já perto das 15h00 e tivemos de arranjar local para comermos. Isso aconteceu numa pequena cidade onde as paredes estavam todas escavacadas pelas balas de uma guerra que aqui se desenrolou há muitos poucos anos, havia muitas casas deitadas abaixo e um clima de intranquilidade nas ruas e nas pessoas que por nós passavam.
Conseguimos encontrar um restaurante onde comemos bem e barato e conhecemos uma Bósnia de nome “XAXA” que para nós ficou a ser conhecida pela pachacha, fomos muito bem atendidos por ela e seu nome deu para grandes risotas, imaginamos que todos nós a iremos recordar ao longo de toda a vida sempre que venhamos a falar da nossa ida à Bósnia.
Depois deste soberbo almoço passamos por imensas vilas onde fomos ao longo do caminho deparando com casas deitadas abaixo, outras com as janelas partidas ou buracos de balas, até igrejas estão partidas ou furadas. Finalmente chegamos à cidade mártir de Saravejo onde a luta foi feroz e não se
podia ir à rua, em qualquer local havia um atirador furtivo que atirava em tudo que mexia, até as crianças não estavam imunes desta guerra, eram abatidas. Há por todo o lado indícios do que aqui se passou. As pessoas tornaram-se estranhas e até uns fulanos nos perseguiram a pé durante algum tempo, mal-estar o nosso com atitudes desse tipo. Entramos numa praça onde a reconstrução das suas casas terminou e será a única que nos atraiu e tivemos seguros que estavas num local civilizado.
Continuamos o nosso passeio, mas sempre de olho bem aberto, pois em nada nos despertou confiança. Sempre muitas coisas destruídas e danificadas, são sempre marcas profundas para nós o que será para os habitantes. Ao final do dia, depois de jantarmos fomos arranjar onde dormir já nos arredores desta cidade. Ficamos num motel junto à estrada nacional que nos vai levar para Mostar. Por detrás passa um rio barulhento por causa do caudal e da quantidade de rochas que travam o seu percurso, no entanto dormimos bem pois o cansaço não nos larga.


6º Dia – 12 Agosto

Carros carregados. O Mégane com o peso que
transporta vai quase de rasto, arrasta-se, grande motor equipa este carro. O jipe do menino Jorge um Nissan Patrol segue na maior, não tem problemas de peso, por fim o Land Rover do Carlos vai leve que nem uma pena, benefícios do motor que o equipa. O único problema existente é da chapeleira que o vai incomodando ao longo da viagem, pois a sua malta tem o propósito de colocarem toda a tralha em cima, dificultando-lhe a visão.
O panorama da viagem de hoje é idêntico ao de ontem, podemos ver casas em ruínas, aldeias, vilas e cidades com feridas da guerra fatídica que assolou
esta região. Já perto de Mostar as marcas de guerra mais visíveis se tornam logo que entramos na cidade é descalabro total, tantas casas destruídas, muros, templos e portões de acessos a quintas ou moradias, furados por balas, vi um portão que deveria ter mais de uma centena de buracos provocados pelos projécteis. Ficamos felizes por ver que célebre ponte mandada abaixo por orde de um sargento Sérvio, já está reconstruída e como antigamente lá estão jovens atirarem-se daquela altura para a pouca água que passa nesta altura do ano, não é nada fácil tanto que a pontaria é feita para um local onde existe mais um pouco de profundidade. 
Concluída a nossa visita, logo nos pusemos a caminho novamente da Croácia para visitarmos a cidade histórica de Dubrovnik. A nossa chegada estava prevista para início da tarde, mas não se verificou tal pontualidade, fizemos várias paragens pelo caminho, eram 3h00 quando chegamos. Não podemos parar os nossos carros como é nosso costume, tivemos ainda de andar para que pudéssemos visitar a histórica cidade.
Percorremos as principais praças, ruelas e ruas todas com um aspecto da idade média. È um encanto andar a pé, conseguimos ver casas com centenas de anos, há calçadas que mantêm o seu traço dos anos longínquos, só faltam os transeuntes vestirem e usarem os seus apetrechos como noutra época. As horas que aqui estivemos foram curtas, podíamos ficar mais dois dias aqui, mas não há tempo, temos de correr depressa.

7º Dia – 13 Agosto

Mecanismos e cooperação deste grupo accionados e aí está mais um troço idealizado para hoje, não mais do que irmos directamente para o Montenegro. Logo que tínhamos feito alguns quilómetros deparamos com uma questão; ou fazíamos uma travessia de barco que encurtava a distância em cerca de 90 quilómetros ou fazíamos a estrada ao longo de uma baía imensa. A opção vamos encurtar caminho e vamos já a direito. Não mais do que variar a nossa viagem e andar um pouco de barco. Nesta altura não existe qualquer fronteira
para entrar no Montenegro Apenas duas placas que distinguem os territórios “Republika Crna Gora” e Sr Jujoslavija”, ultrapassada esta linha fomos directamente para a capital “Podgorica”, onde passado duas horas estávamos à procura onde eu poderia comprar os postais ilustrados do costume. Aconteceu que os pude encontrar nos correios. Fizemos um percurso pela cidade e concluímos que é uma cidade recente e que não encontramos local ou edifícios que nos desse uma prova de interesse histórico. Vamos partir na
direcção da Albânia, são muitos poucos quilómetros.
Chegamos à fronteira e desta vez tivemos algum trabalho em passar para o outro lado, havendo controlo nas viaturas que conduzíamos, pagamento de uns tostões para entrarmos e passaportes verificados, assim lá vamos nós entrar. Foi grande o impacto que tivemos de imediato nesta cidade fronteiriça, mais nos pareceu que ninguém fazia nada, tudo muito parado e pouca gente para a dimensão da cidade. O trânsito nas estradas é desordenado, praticamente não há regras,
por isto vimos imensos acidentes. O carro eleito deste país são modelos antigos da Mercedes a cair de podre. Imensos carros de bois carregados de palha, bicicletas e bermas carregadas de lixo. Há troços que o piso é feito em terra batida com uma camada de gravilha, ou seja, nunca tiveram alcatrão. Chegados a Tirana, já não ficámos espantados com tudo o que conseguimos ver. País pobre sem qualquer evolução em tudo. Aqui só existem morais com frases e pinturas alusivas ao proletariado que também apareceram em Portugal muitas réplicas depois do 25 de Abril. Conseguimos conhecer parte desta cidade e não gostamos de
nada, não consegui memorizar algo de positivo existente. Turismo não deve existir, apenas viajantes como nós que vamos correndo mundo. Quando saímos de Tirana ainda passamos por uma zona onde existem centenas de casamatas que foram construídas em tempos, pois o regime comunista Albanês anterior pensava que podiam ser invadidos, razão da sua existência não era mais do que para combater os possíveis invasores. Fomos ainda percorrer uma distância considerável porque queríamos chegar hoje à Macedónia, conseguimos fazer um percurso por montanhas e lá conseguimos pernoitar. Nós estamos a prepararmo-nos para fazer a volta ao mundo em 90 dias. Somos mesmo uns pepes rápidos.

8º Dia – 14 Agosto

Estamos no 8º dia de viagem e avançamos cheios de mecha para que acerquemos ao nosso destino eleito desta viagem, não mais do que Istambul.
Eram 8h00 da manhã já estávamos a sair para a tirada de hoje, onde tínhamos pela frente uma zona muito montanhosa e estradas desastrosas para se circular com segurança. Depressa chegamos a Skopje, cidade que em 1963 foi abalada por um desmedido terramoto. Não estivemos muito tempo na cidade, completámos o nosso percurso de reconhecimento, passamos no entretanto pelos pontos principais e terminamos junto à ponte  de pedra do século XV, sobre o rio
Vardar. Retomamos o nosso caminho para a fronteira com a Bulgária, foram mais uns quilómetros debaixo de um intenso calor. Ultrapassados o trâmites fronteiriços dirigimo-nos para Sófia onde finalizará o nosso dia. Nesta capital fomos procurar local para pernoitar, rapidamente descobrimos uma residência que nos deu guarida e foi só largar toda a tralha, inclusive os carros e lá vamos nós para o centro de Sófia de elétrico. O nosso filho não quis ir, mas soubemos que
se arrependeu e lá foi ele a pé até ao centro. Como se calcula não nos encontrou e lá teve ele de retroceder a pé, ainda uma mão cheia de quilómetros. Quando a cabeça não tem juízo o corpo é que paga. Nesta cidade jantamos e estivemos nela até altas horas, regressando da mesma forma. Gostei de ver esta burgo, teria muito mais para se ver, mas ficará ou não para outra altura.

9º Dia – 15 Agosto

Fomos em direcção à fronteira com a Turquia, é uma distância considerável, tivemos de cruzar algumas cidades e um número elevado de vilas e aldeias por
estradas ainda longe da qualidade das que encontramos na Europa Ocidental, não existe muito trânsito mas já encontramos algumas brigadas da polícia que estão atentos à velocidade. Aconteceu que fomos interceptados uma vez dizendo-nos que seguíamos em excesso de velocidade. Lá conseguimos evitar que não fossemos multados, foi graças ao oficial que nos mandou então seguir, ou seja desta já nos livramos. Porém quando chegamos ao posto fronteiriço havia um engarrafamento medonho, perdemos cerca de 3 horas até chegar a nossa vez de tratar da papelada para depois nos deixarem passar. Nesta altura já começava a escurecer e ainda estávamos alguma distância de Erdine a cidade Turca onde iríamos ficar.
Depois de percorremos estes quilómetros lá chegamos mais uma vez desancados e fartos de termos estado à espera aquele tempo todo. Em Erdine conseguimos um hotel Turco não era mais um hotel porco e em ruínas com uma grande quantidade de fulanos sentados no hall à espera que as mulheres subissem para lhes olharem para as pernas. Depois fomos à procura de local para o jantar, negativo, já era um pouco tarde e só havia frango para comer e coca cola. O franco depois de assado era branco, a cor de assado nada tinha, mas que nojo aquele, comemos meia dúzia de bodegas e fomo-nos deitar, não mais do que terminar um dia pela negativa.

10º Dia – 16 Agosto

Quando acordamos sentíamos totalmente traumatizados, hotel muito fraco, jantar, não podemos dizer que jantamos, os quartos péssimos, apenas temos como propósito de chegar quanto antes a Istambul. 
Pouco tempo demoramos a lá chegar  dia estava chuvoso, bastante trânsito e o primeiro impacto foi atravessar a ponte sobre o Bósforo que nos levou até à Ásia. A sensação de pisarmos território Asiático é fantástico. Nós que nunca tínhamos ido a este continente cá estamos a passear por uma zona donde avistamos Istambul. Mas, brevemente regressamos à parte Europeia, foi a partir daqui que
começamos a nossa lide de hoje, vamos tentar ver o máximo. Visitamos a Mesquita de Ayasofya que foi construída pelo império Bizantino entre 532 e 537 para ser a catedral de Constantinopla, logo ao lado está a Mesquita Azul e o Hipódromo, um pouco mais abaixo a grande cisterna. Quando chegamos a Ayasofya tinha caído uma grande carga de chuva, foi aqui que nos refugiamos durante umas horas, foi completamente impossível estar na rua. Neste dia houve grandes inundações que provocaram grandes enchentes e até mortos. Parte do nosso grupo tinha-se separado horas antes e optado por outras voltas. Depois fomos até ao Grande Bazar onde o Rodrigo vestiu roupas que as bailarinas
Turcas usam para a dança do ventre. Divertimo-nos com a figura que representou, estava uma gaja tipo matrafona, linda. Conseguimos aproveitar todo o tempo até ser noite onde fomos jantar a um cabaré e vimos um espectáculo de dança e cantares turcos. Foi sem dúvida um final de dia excelente onde nos divertimos e comemos bem. Não esquecer que o menino Jorge não estava autorizado pela menina Paula a olhar para a dançarina que se rebolava à nossa frente. Jóorge estás a olhar para onde Jóorge?
Regressamos ao hotel divertidíssimos onde nos desforramos da noite anterior.

11º Dia – 17 Agosto

Hoje começou o nosso regresso, vamos ter seis dias
para chegarmos a Portugal. Ontem ao final  da tarde alguém perguntou quantos dias íamos demorar a chegar a casa. Achei ridícula e sem propósito tal questão, nunca esperei que me fizessem tal pergunta, mas, pronto encaixa. 
Aí vamos nós nesta corrida desenfreada em direcção à fronteira com a Bulgária, conseguimos atravessá-la na totalidade e no final do dia estarmos já na Jugoslávia, mais propriamente na Sérvia, onde descansamos. Combinamos à última da hora que iremos passar pelo Kosovo, para mim está sempre tudo bem, desde que para os outros esteja bem.

12º Dia – 18 Agosto

A nossa entrada triunfal no Kosovo.
Quando nos aproximávamos da fronteira, começamos a ver imensas placas informativas, algumas não conseguimos traduzir, outras nem tanto assim, aconteceu que fomos sempre andando com todas as cautelas, pois sabíamos que estávamos em território problemático, a certa altura deparamo-nos com uma placa de  stop, afrouxamos mas nada de parar. Andamos ainda uma distância razoável e eis que chegamos a um posto de controlo, de onde saem apressados uma quantidade de soldados armados em direcção a nós com um propósito ameaçador, armas apontadas e a quererem dizer que tínhamos de ter ficado na placa de stop.
Esta ideologia gaiteira partindo de soldados que nunca mandaram, nem o sabem. Este é outro mundo outra linguagem que nós dificilmente entenderemos. Nós vimos bem a placa, agora termos de ficar lá parados onde não havia ninguém, é muito estranho. A questão agora é que nos obrigaram todos a sair dos carros e que tínhamos de tirar tudo dos carros para eles espiolharem. A situação estava a ficar descontrolada, até que chegou um oficial que colocou ordem aquela malta. Este
oficial era uma senhora com todo o aspecto de ser uma responsável digna do posto que ocupa, porém os soldados eram uns tresloucados que queriam abusar da situação. Quem eram eles – Sérvios, mortos de raiva por causa da situação política que se estava atravessar. O certo é que todos os problemas foram ultrapassados e fomos informados de todos os procedimentos para entrarmos no Kosovo. Indicou-nos que no posto das Nações Unidas, mais à frente fizesse-mos um seguro para podermos entrar com as viaturas em segurança,
também fazíamos o nosso registo e que a partir daí as formalidades ficavam ultrapassadas. Poucos quilómetros fizemos começamos logo a ver memoriais sobre famílias inteiras que tinham sido dizimadas, reparámos pelas datas que tantas foram mortas no mesmo dia, ou um, dois ou três dias depois, deveriam andar atrás das pessoas, apenas para não ficar ninguém daquela família. Guerras monstruosas que no final verdadeiramente não há vencedor. Quando chegamos a Pristina tivemos dificuldade em cambiar
ou levantar dinheiro. Grande espanto nosso a moeda que aqui circula é o Euro, quem diria que este futuro país já optou por esta moeda. As caixas multi-bancos já estão carregadas com esta moeda e tudo é pago com ela. Podemos dizer que neste aspecto estamos em casa. 
Depois de um almoço com pratos característicos desta terra e boa cerveja, continuamos as nossas voltas por esta cidade onde acabamos por pernoitar no Hotel Pristina.

13º Dia – 19 Agosto

Vamos para Belgrado, actual capital desta Jugoslávia retraçada em novos estados e mais os que daí advêm. No percurso já feito hoje, passamos por locais que o ambiente de guerra é iminente, tropas, carros de combate, quartéis, sacos de areia a fazer reforço de guaritas ou a cruzarmos pelotões de soldados. Quando chegamos a Belgrado, tivemos interesse em procurar onde a aviação dos EUA largaram bombas sobre edifícios estatais que as bombas os perfuravam não causavam destruição da maioria das paredes exteriores, mas houve excepções que verificámos em que não era o interior mas faixas laterais. Quando tirava-mos fotografias reparámos
que muitos transeuntes olhavam para nós com desprezo. É arriscada a nossa atitude, mas sem problemas de maior. A meio da tarde seguimos viagem para Zagreb, atravessamos uma das províncias do que resta da antiga Jugoslávia a Vojvodina. Já a escurecer chegamos ao destino final programado para hoje. Tivemos tempo para conhecer alguma da vida nocturna desta cidade, descobrimos sem querer o local onde estava o consulado de Portugal, foi um final de dia bem sucedido.

14º Dia – 20 Agosto

Hoje demos mais umas voltas por Zagreb e logo pusemo-nos a caminho, onde chegamos à fronteira com Eslovénia à hora do almoço. Pouco tempo perdemos porque temos de cruzar todo este país até chegarmos a uma nova fronteira, esta a da Itália.
Conseguimos fazer uma boa média em Itália, onde andamos sempre em auto-estrada, gastamos uns bons euros em portagens mas tivemos grandes benefícios, pois entramos em França e fizemos na mesma forma imensos quilómetros. Este foi um dia que foram feitos trajectos em grande velocidade sem sermos alguma vez multados. Conseguimos arranjar um local excelente para jantar e comemos uns pratos de comida francesa em que muitos de nós não apreciamos. Não se pode agradar a todos.

15º Dia – 21 Agosto

Hoje, vai ser outro dia de arregaçar as mangas, muitos quilómetros para se fazerem, ainda para mais conduzir em estradas nacionais e numa altura do ano em que toda a gente se encontra de férias, mais as passagens pelo centro de certas vilas é complicado. Sem dúvida que já fizemos umas centenas de quilómetros esta manhã. Depois do almoço fomos agraciados com uma lazeira que nos deu a todos quebra, mais o sol a entrar pela janelas é doloroso, tanto que optamos por mudar de estrada e lá fomos circular apenas em auto estrada. Foi ver os quilómetros a passar e despertamos mais um pouco.
Depois de muitas horas entramos em Espanha, onde mais quilómetros fizemos até atingir a cidade de Teruel, já ao cair da noite. Um pouco estafados ainda fomos procurar local para dormir, mal dos nossos pecados hotel impossível, há festas na cidade e está tudo esgotado, conseguimos parque de campismo com dificuldade, estes espanhóis foram simpáticos e arranjaram-nos um recanto algures onde ficamos.
Sem dúvida já estamos perto da nossa terra, amanhã será o dia da conclusão desta grande viagem.

16º Dia – 22 Agosto

Primeira volta da manhã foi conhecer Teruel, não tivemos dúvidas é uma cidade bonita com história, onde existem edifícios muito antigo e bem preservados. Gostei imenso desta cidade de Aragão, espero um dia cá voltar novamente.      
Outra etapa fizemos para Cuenca, mais outra cidade bonita que fomos visitar neste último dia. Pode-se ver que todos os momentos são proveitosos e não queremos deixar nada por mãos alheias. Chegados a Cuenca e mal tínhamos estacionado, logo surge a pergunta “nunca cá estivestes”, não e tu. Esta questão foi colocada porque havia grande pressa que a nossa chegada a casa fosse o mais rápido possível,
estávamos ali a perder tempo na mente de alguém que aqui não vou focar. O certo é que uma grande parte de nós deu uma volta imensa por esta cidade, todos gostaram e vimos casas edificadas das escarpas dos rochedos que serpenteiam este enorme vale, chamadas de casas colgadas, valeu pelo que vale quem não quis arredar pé, nada viu, tenho pena. 
Concluída nossa visita aí vamos nós com fogo no
rabo a caminho de Portugal. Agora não sei porquê tanta pressa, mas na verdade sei qual era a pressa, se preciso fosse para recordar o dedo apontaria. 
Para mim gostei destas férias, pena que fossem sempre uma correria desenfreada. Com mais uma semana ficariam equilibradas e seriam finalizadas com a classificação de excepcionais, assim ficam pelo suficiente. Fico à espera das próximas para que sejam excelentes.  

 


    

 












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