sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Raid em sete países da África Austral - 2015




ÁFRICA DO SUL - SUAZILANDIA  MOÇAMBIQUE
ZIMBABWE - BOTSWANA - LESOTHO - NAMIBIA


2015-RAID EM SETE PAÍSES DA ÁFRICA AUSTRAL

CABO DA ROCA -CABO DA BOA ESPERANÇA -CABO AGULHAS





Dia 08
8108km           
Lisboa (Portugal) - Dubai (EAU


Hoje não era para madrugarmos, mas como é dia de embarque o alerta foi dado pela Sofia, eram sete horas da manhã. Aconteceu que já tínhamos articulado há vários dias que teríamos de encetar a nossa viagem no Cabo da Roca. Desta forma saímos de casa às 9 horas e lá vamos nós a caminho deste ponto tão importante, nada mais do que o ponto mais ocidental do continente Europeu. Estava imenso vento e não podia faltar o frio, tiramos as nossas fotos como de costume, estava iniciado o primeiro lugar visitado nesta que será uma longa viagem. Ainda tivemos tempo de sobra para a Sofia ir comprar ao decatlon uma mochila que nos estava a ser imprescindível.
Fomos almoçar, despedimo-nos do nosso filhote, Gonçalo e do nosso mais do que querido bichano, também conhecido pelo Zezinho de nome próprio Pini. Aportámos em casa do meu irmão Paulo que nos foi levar ao aeroporto, onde chegamos por volta das 12h40, fomos fazer todos os tramites de embarque, despachamos as nossas malas e vamos a caminho da gate 46, onde chegamos passados uns bons minutos, ela fica no extremo desta imensa gare, também poucos minutos esperamos para iniciarmos a nossa entrada, tudo muito rápido e sem tempos mortos. Entramos nesta aeronave que nos vai levar até aos Emiratos. Este trajeto foi cansativo sete horas e quarenta deu de sobra para nos fatigar. Ao chegarmos tivemos de esperar pelo próximo avião cerca de 3 horas, mais uma seca; dormitei enquanto a Sofia ia lendo um dos seus livros, começou pelo “Terra Abençoada de Pearl Buck”. Mais uma chamada para o embarque e estamos nós a começar outra façanha de 8 horas dentro de um passaroco destes, um Boeing 777-300, igual ao que nos trouxe na primeira etapa deste dia.
Estamos cansados, ou não deveríamos estar! Depois de semanas de trabalho como as que temos tido, são devastadoras e que nos consomem mentalmente e fisicamente, já não somos meninos, mas mesmo assim lá nos vamos safando, essa é a verdade.
 
Dia 09
11338+506km   
 Dubai (EAU) - Johannesburg-Phalaworba (África.  Sul)

Continuamos dentro deste cargueiro, mais nos parece isso, havendo uma classe de passageiros que são tratados como reis a outra ou seja a de maior número de pessoas, nada mais do que aquela que é conhecida como a “económica”, esta carga é quase transportada à pazada, poucas condições temos, vamos apertados a comida é “comida de lixo” e o tratamento muito diferenciado, sabemos que os outros pagam muito mais, mas deveria haver um ponto de equilíbrio entre ambos que não este.
Conseguimos dormir ainda umas boas horas, pois quando acordámos sobrevoávamos o sul da Tanzânia.
Já está a faltar pouco mais de duas horas para chegarmos e irmos ao encontro dos nossos amigos que nos esperam em Johannesburg. Finalmente chegamos, feitas todas as sendas de desembarque, vistos e recolha das malas, quando nos aproximávamos da saída, eis que logo vimos parte do pessoal que por nós esperavam, abraços, beijinhos, notícias e malabarismos dos dias que estiveram nos Emiratos.
Desta forma pusemos-nos a caminho do Kruger Park e passados alguns quilómetros paramos e fomos todos almoçar, mais um momento de coboiada. Tomamos os nossos cafés, mas azar tanto eu como o Cláudio viramos duas canetas deste produto tão apetecível, abalamos depois para os nosso jipes e aconteceu que o Carlos invadiu um jipe para tirar um livro e encontrou uma bíblia, caramba que é isto, que grande confusão uma bíblia aqui, mais uma olhadela e apercebeu-se que este não era o seu jipe saiu e eis que aparece dono. Desculpas da praxe e esclarecimentos no que tinha acontecido. Assunto solucionado e vamos colocar-nos a
caminho, ainda temos uma centenas de quilómetros pela frente, mas com uma vantagem, são na maioria feitos em autoestrada. Temos como ponto de chegada uma das entrada principais para o Kruger Park, sucedeu chegarmos já com noite, por volta das 18h00, a esta hora já está um pouco escuro, lá fomos montar as tendas que equipam os tejadilhos das nossas pick-up, seguidamente tratar da nossa paparoca, estava deliciosa, comemos bem e bebemos ainda melhor, fizemos os nossos cafezinhos e lá fomo-nos deitar, acho que estamos todos um pouco cansados, deitar cedo, pois amanhã vamos ter uma etapa pequena, mas se sairmos cedo mais  animais iremos ver.

Dia 10
249km
Phalaborwa (África do Sul) - Klaseri (África do Sul)

Começámos este dia por entrar no parque e pouco tínhamos andado e já havia alguém que dizia – ali elefantes, não vês, eu não, mas como ainda estavam um pouco longe.
Outra das frases proferidas foi que – são de pedra, estão parados, estão andar, mas enganaram a visão de alguém do nosso grupo, eram mesmo verdadeiros, num local destes nunca haveria elefantes em pedra. A verdade é que mal tínhamos entrado e não esperávamos encontrar de imediato animais. Mais adiante vimos mais animais, aqueles que parecem estar em toda a parte “gazelas”, mais adiante hipopótamos, os simpáticos elefantes e poucos mais animais conseguimos ver, parecia que também tinham ido de férias. Avistamos alguns embondeiros, que continuam a ser uma árvore vistosa e que se destaca na paisagem pelo seu imenso porte. Os trilhos ou estradas são cruzados em qualquer momento por animais, temos de ser cautelosos, pois eles surgem a qualquer momento.

Pela hora do almoço fizemos a nossa paragem técnica para atestarmos as nossas barriguitas,  pois esta vida de viajante deixa-nos cansados e esfomeados. O local é esplêndido, bastantes sombras e muitos pássaros, alguns muito atrevidos que ficam à nossa volta à espera de lhe darmos alguma coisa. Nesta de se aproximarem tanto de nós, aconteceu que ainda consegui apanhar um dos mais atrevidos, palrou tanto que parecia que o estavam a matar. Passamos a digerir um almoço farto em farináceos e atuns, em água, as cervejas não podiam faltar e os sumos para algumas senhoras e crianças, assim se matou a fome.
Conseguimos repousar um pouco porque ainda vamos transitar mais uns quilómetros neste parque para avistarmos zebras, antílopes, girafas, elefantes, etc. Também estamos com sorte, a temperatura está agradável, mais parece que estamos no nosso verão, tal é o calor aqui, somos um grupo que também a sorte nos protege. Depois de termos andado mais de uma centena de quilómetros neste parque chegamos ao final desta nossa visita. De maneira alguma podemos dizer que ficamos a conhecer bem este território que se alarga até Moçambique, tal é a área que ele abrange, mas conseguimos ter uma ideia que nos dá uma amplitude agradável. Finalmente chegamos a Klaseri, onde encontramos um lodge onde vamos pernoitar, para o encontrarmos percorremos uma imensidão de quilómetros através de uma propriedade gigantesca que quando chegamos a um portão ficamos indecisos se era ali, a verdade é que o nosso Gps estava a presentear há muito tempo aquele trajeto, mas para nós isto ficava nos confins do mundo, tanto que havia um guarda que nos abriu o portão e nos indicou que sim, era lá para dentro que estava a receção.
Não bastando continuamos a andar e só muito mais longe deparamos com uma enorme cancela que também estava fechada, esta sem guarda, nós mesmo a abrimos e seguimos para muito mais adiante encontrar-mos a receção. Espanto nosso, investigamos que nestes confins os proprietários eram Europeus que administravam o negócio. A localização deste local é espantoso, encontra-se junto a um pequeno lago com muitas árvores a rodeá-lo e com umas instalações onde podemos fazer os nosso grelhados e descansar em sossego. Comemos bem, bebemos os nossos cafezinhos, falamos e fomo-nos deitar neste local fantástico.

Dia 11
355km
Klaseri (África do Sul) - Lobamba (Suazilândia)

Hoje o dia começou bem cedo, ainda está um pouco escuro o Sol está surgir, silêncio total, unicamente se vai ouvindo ao longe os chilrear dos passarinhos e a nossa azafama de arrumar a tarecada e o barulho dos copos e cadeiras para nos pormos a tomar o nosso pequeno almoço, é um ritual perfeito e bem ordenado, todos nós temos as nossas tarefas para que ninguém seja sobrecarregado.
Passada uma hora já estamos prontos para nos metermos ao caminho, desta forma retomamos o mesmo trajeto até sairmos desta imensa área e alcançarmos a estrada nacional que nos vai conduzir hoje até à Suazilândia. Já estamos a circular numa via alcatroada, acabou o pó e os solavancos, vamos apreciando a paisagem e presentearmos as nossas tagarelas pelos rádios que trouxemos de Portugal, é uma forma muito prática de comunicarmos e serve como passatempo, pois há conversas e situações que surgem de outra forma passavam e com certeza não seriam abordadas. Por volta das 02h00, paramos para almoçar num local onde se encontravam algumas máquinas agrícolas e uns camiões de transporte de pessoas em safaris, lá perto da entrada estava um trator muito antigo que nós todos admiramos, o sistema de travagem era estranho mas funcional.
Vimos dentro de uma cerca imensos animais, a tartaruga estava com cio e de maneira nenhuma largava a companheira, insistia, mas não conseguia nada, coitado. Recomeçamos a nossa tirada e chegamos à fronteira, tratamos de toda a papelada, pareceu-nos fácil, pois ainda usufruímos mais sete pelo caminho, vamos ver se tudo é assim facilitado, nós não estamos habituados a tanta facilidade e rapidez. Fizemos mais umas dezenas de quilómetros e chegamos à capital Mbabane, não tem nada de especial para se ver, apenas a capital e mais nada, ainda fomos procurar onde cambiar dinheiro para podermos andar desafogados, é importante nestas paragens possuirmos dinheiro deste país, pois teremos menos problemas em pagar seja o que for. Ainda demos uma grande volta para encontrar uma caixa multibanco onde levantamos algum dinheiro para hoje e amanhã. Não conseguimos ver um banco aberto ou uma casa de câmbio. Somente uma caixa multibanco onde a Cândida levantou alguns Rands.
Estamos já perto do local onde vamos ficar esta noite, passamos novamente por uma estação de serviço da Galp, tínhamos ficado admirados quando entramos neste país e começamos a ver bombas da Galp, é engraçado existirem estes negócios da nossa terra tão longe da nossa Pátria.
Estamos na região de Lobamba, local onde o rei deste pequeno país tem a sua residência. Também, hoje tivemos que andar mais uns bons quilómetros para encontrarmos um local para dormir, este lodge como o anterior ficava a umas dezenas de quilómetros do itinerário onde circulávamos, tivemos que fazer este desvio, porque não é fácil encontrar sítios em condições e seguros onde podemos pernoitar. Todos estes locais estão vedados, porque a maioria encontram-se dentro de parques naturais e a distância a que se encontram da civilização é para isso mesmo, estarem recatados do bicho humano. O percurso foi feito praticamente em trilho, pelo meio de grandes propriedades onde o terreno por vezes tinha grande buracos e socalcos que nossas máquinas iam ultrapassando.
Chegamos finalmente e vimos que se trata de uma local muito bem arranjado e com circunstâncias de receberem imensas pessoas, tal é a sua grandeza. Logo quer chegamos  resolvemos alugar uma casa para todos, esta com dimensões grandiosas, são dois andares em que no 1º piso há dois quartos e uma sala imensa onde se encontram uma dúzia de camas, algumas com beliches, ao lado uma cozinha, totalmente equipada, saindo desta está localizada a casa de banho que parte do seu teto está coberto com uma espécie de junco, com o restante a céu aberto, pois quando estamos a tomar banho de chuveiro podemos admirar a imensidão de estrelas. No andar superior encontram-se mais outra dúzia de camas. Note-se que esta casa é toda feita em madeira, mas muito bem acabada e bem decorada, foi uma boa aposta esta.
Na receção fomos encontrar um número muito numeroso de pessoas de diversas nacionalidades que estavam a cozinhar e a divertirem-se. A maioria eram muito jovens e dele fazia parte um Moçambicano que ainda trocou algumas frases connosco, dizendo que a maioria deles estavam ali para aprender português. Note-se que estamos já muito perto da fronteira com Moçambique. A estadia desta gente aqui, depreende-se que ali ao lado não devem ter condições destas, bem nos parece. Mais tarde arrumamos a nossa tarecada e pusemo-nos a tratar da nossa jantarada, todos contribuímos para esta azafama, uns tratam de uma coisa, outros de outra, assim fizemos os nossos grelhados mais os outros acompanhamentos. A parte dos grelhado não estava a correr muito bem, pois estava a chover, engendramos uma cobertura para envolver a nossa fogueira e lá conseguimos finalizar este assado. Durante este tempo e quando nos encontrava-mos no pátio, fomos  bocejados com uma visita inesperada, apareceu na escuridão uma grande bicharoco junto a uns ramos muito perto de nós, um gnu se aproximou, nessa altura o Carlos caminhou
em direção dele, a reação deste animal não foi mais do que bater com os cascos da frente no chão, provocando um grande estrondo e arrancou num galope infernal, naquela escuridão. Quase de seguida fomos jantar para dentro de casa. Montamos toda a logística , mesas, cadeiras, aproveitando o bordo de algumas camas e lá jantamos e bebemos os nossos cafés. Já tarde nos deitamos no local onde achamos que estaríamos melhor, isto porque a oferta de camas é elevada e o espaço muito grande.
Barulho não há, silêncio total, tanto que estamos dentro deste parque “Mlilwane Wildlife Sanctuary”, onde existem muitas espécies de animais, alguns irão circundar a nossa casa de noite, mas isso não é problema. Vamos descansar em paz.

Dia 12
248km
Lobamba (Suazilândia) - Maputo (Moçambique)

O amanhecer foi cedo, o Sol começou a romper lá no horizonte e já nós nos encontrávamos a iniciar as nossas tarefas, distribuindo a tralha espalhada pela casa e tratando dos pequenos almoços, são aqueles trabalhos que se estão a repetir diariamente e que se vão prolongar ao longo desta nossa viagem. Como concluímos a nossa etapa já no final do dia, ou seja, já um pouco pardacento, nem temos tempo de ver o aspeto do local onde permanecemos, desta forma pela manhã lá estamos todos a dar a nossas voltas de reconhecimento e preparados para tirarmos mais algumas fotografias.
Esta é uma reserva muito grande onde podemos encontrar em qualquer altura animais, alguns já estão tão habituados que a nossa presença em nada os incomoda. Há no meio de um recinto com palhotas dois javalis, enormes que caminham e comem, calmamente algumas ervas, sem que se desviem da nossa passagem. Num outro local vimos pela primeira vez crocodilos que estão apanhar os primeiros raios solares, dormem em cima de uma ilhota, mas de certeza a mirarem a nossa presença, estão bem seguros dos seus domínios. Também vimos um tipo de cubata, modelo típico da Suazilândia, não se vêm em mais lugar nenhum, só mesmo aqui, na verdade nós as contemplamos e deparamos com umas forma geométricas pouco comuns, são mesmo engraçadas.
Ao longo deste caminho e ainda não abandonamos estes parque vimos grandes quantidades de animais a pastarem. Não podemos esquecer que o seu dia começa pela fresca, mais logo o calor aperta e querem é descansar, mesmo estando no Inverno as temperaturas são muito afáveis. Acabamos de sair do parque e lá vamos percorrendo mais uns bons quilómetros pelo meio de campos de cultivo, isto sempre em trilho. Uma grande poeira vamos deixando na nossa passagem, há buracos por todo o lado que fazem com que nós vamos dando alguns saltos dentro destes pick-up. No final deste trilho deparamos com uma estrada nacional, viramos logo à direita e vamo-nos encostar de imediato na faixa de rodagem, pois a circulação é feita por este lado, mas eis que algo está errado, toda esta faixa é só de um sentido, nós estamos errados, circulamos em sentido contrário, erramos pois quando chegamos a esta estrada, tipo via rápida tínhamos de atravessar toda a faixa de rodagem para o outro lado, ou seja, passar pela faixa central e apanhar a outra via que estava do outro lado, seria esta a nossa via correta.
Com toda esta trapalhada, muito perigosa, fomos fazendo marcha atrás e retomamos a via no seu sentido correto para depois fazermos a travessia para o outro lado. Isto aconteceu porque a sinalização não existia, só quem faz este trajeto diariamente o sabe, não bastando, atravessar uma via com dois sentido separados por um valado de vegetação e o centro em terra batida só nestas paragens. Não andamos muito mais ainda foram uns cem metros. O Cláudio e Pedro, vinham mais atrasados e não cometeram tal erro pois à sua frente tinham um carro que estava parado neste cruzamento e tiveram mais esta chamada de atenção que no entanto ficaram parados a ver para que lado nós tínhamos ido lá nos viram a proceder á nossa manobra de recurso.

Temos de chegar hoje a Maputo, mas antes temos de atravessar a fronteira, ainda não sabemos quais os trâmites necessários e se demora tempo, isto porque é do nosso conhecimentos de outros anos as fronteiras em África são morosas e complicadas. Pelo caminho fomos encontrando mais algumas bombas de gasolina da Galp, aqui são mato, mais vendedoras de estrada que vendem de tudo um pouco, há um produto que deve ser novidade nestas paragens – baldes em plástico com resistência para aquecer a água, vejam só, é mesmo novidade pois pelo caminho vimos imensas pessoas a venderem este artigo, elas sorridentes e bem felizes de volta do seu local, digamos stand de vendas. Não bastando neste jornada ainda fomos intercetados pela polícia em excesso de velocidade, havia sinalização de 60km, nós rodava-mos por volta dos 80km, depois de alguma conversa concluímos que eles queriam era dinheiro, mas tiveram de preencher o documento
da multa, pois nós não estávamos naquela de suborno, pusemo-nos a caminho e logo pensamos que não seria a única, mais vezes íamos ter este problema. Esta trajeto é longo e por vezes teremos de atingir velocidades muito acima das  permitidas por lei.
Perto da hora do almoço atingimos a fronteira, esta pouco frequentada nas entradas de viaturas e pessoas, fomos tratar da papelada, mostrar passaportes, documentação dos carros, preenchimento de documentação de emigração e pagamento de taxas. Ao fim de algum tempo estávamos despachados e com algum espanto, enxergamos que não demoramos assim tanto tempo. Puxemo-nos ao caminho e mais alguns quilómetros à frente paramos e fomos almoçar para que não desperdicemos muito tempo, optamos pelas sandes de atum, salsichas, batatas fritas e alguma fruta, para de seguida mais outra tirada até Maputo. Estes quilómetros foram rápidos com exceção de quando atingimos a periferia desta cidade encontrarmos engarrafamentos e alguma desordem na condução, com isto entramos na cidade e fomos procurar onde dormir,
optamos por um hotel que não foi barato, mesmo com os descontos que praticaram por sermos ainda um grupo numeroso. Tinha boas condições e o aspeto de que tinha sido restaurado há pouco tempo. Já noite dentro como de costume, resolvemos ir até ao Mercado do Peixe, local ícone aqui em Maputo. Nenhum de nós sabia onde ficava este mercado, tanto que demos umas quantas voltas por ruas em que algumas tinham o trânsito cortado e lá nos aproximamos, mas eis que ouve um engano na marginal e tivemos de passar por cima de um monte de terra, mas a polícia que estava do outro lado da estrada verificou aquela manobra e mandou-nos parar. Logo disseram que tínhamos feito uma manobra perigosa e que esta era punida com 10000 meticais. Nós dissemos que não havia razão, pois  aquele local até estava coberto por uma camada tão grande de terra, se havia alguma marcação essa não se via ou não existia, no meio da conversa o mais novo e mais implicativo queria era dinheiro para ele, isto à sombra de um terceiro que teve o descaramento de dizer, dividimos esse valor, tanto argumentámos que o polícia mais velho optou por tudo ficar sem efeito para desagrado dos mais principiantes  queriam por força receber algum.
Enfim seguimos viagem para o mercado e conquistámos estacionamento mesmo à porta para todas as máquinas, logo fomos rodeados de gente a ofertarem o melhor preço e o melhor marisco, mostraram-nos os mariscos que tinham, são imensos, mais uma grande diversidade de peixes onde chegámos a comprar três quilos de camarão de Moçambique, sim daquele que é enorme, mais dois quilos de um outro mais pequeno e por fim um pargo ou parecido, não consegui saber mesmo o que era. Finalmente optamos por aquilo que calculamos ser a melhor opção. Fomos entrar num recinto cheio de mesas o telhado coberto com chapas onduladas com o chão em terra batida, buracos das ratazanas, mas minimamente limpo, sentamo-nos e vierem logo de imediato as célebres cervejas desta terra, nem mais do que a Laurentina, grande cerveja, bem fresca são uma maravilha.

Posteriormente apareceram as travessas  com o marisco, aquele mais pequeno foi frito e acompanhado de um molho de coco. O peixe estava muito bem grelhado a malta nova deliciou-se, mas coitados não tinham barriga para tanto, ainda deu para que todos provassem. Mais cervejas e outros acompanhamentos, assim passamos esta noitada junto ao oceano Indico, numa noite esplendorosa, tal como era descrita por pessoas que nós conhecemos e que passaram a sua vida nesta grande terra Moçambicana. Finalmente regressamos ao hotel e eis que a Cândida apercebeu-se que tinha perdido o telemóvel, foi-se deitar a pensar como este tinha desaparecido.  Amanhã  usufruiremos de mais uma grande jornada. 

Dia 13
536km
Maputo (Moçambique - Inhambane (Moçambique)

O despertar foi cedo, tomamos o nosso pequeno almoço numa esplanada deste hotel voltada para o oceano que desta forma nos maravilhou ainda mais esta aragem da manhã. No entanto havia um grande desassossego da Cândida e do Cláudio em procurarem onde encontrar o telemóvel.
Esta inquietação também foi-nos abrangente pois equipa é equipa e só se ganha se houver entrosamento. Resolvemos ir até ao mercado, quando chegamos o Cláudio foi ter com uma peixeira que nos tinha atendido na noite antecedente e disse-lhe o que se tinha passado, esta não sabia se alguém tinha encontrado o telemóvel, o Cláudio ainda disse que oferecia 300 euros a quem lho entregasse ok, mais umas voltas e algumas perguntas a outra pessoa  e passados momentos estava a peixeira a chamar-nos  a dizer que sabia quem tinha encontrado o objeto, mas que este não tinha sido roubado apenas o encontrou no chão.
Esta chamou o rapaz, este perguntou como era o telemóvel e passou-o para a mão do Cláudio, este puxou de 150 euros e perguntou-lhe se estava bem assim. Se estava, quando viu este dinheiro na mão ficou tão contente que nem preço discutiu. Mais adiante o Cláudio proferiu, este sacana sabia muito bem que isto era meu pois aparecia a minha fotografia e dos filhos no ecrã, foi vê-lo cair e de certeza pensou, isto já é meu. De qualquer das formas Cláudio e Cândida ficaram contentes, pois havia informação que dificilmente a adquiriam rapidamente. Assunto resolvido pusemo-nos a caminho e fomos dar uma grande volta por esta cidade, circulamos toda a marginal, até ao final, onde neste momento está em obras de expansão.
Estão a aumentar mais uns quilómetros no seu comprimento, há novos e modernos edifícios, alguns dos antigos foram restaurados ou demolidos, andamos pelo centro desta cidade, descobrimos praças, jardins e edifícios muito bonitos, vimos onde se situa a estação central dos caminhos de ferro de Moçambique, mercados centros comerciais e alguns quartéis, estes vindos da época colonial. Estamos a caminho da saída desta cidade, o Pedro verificou que a viatura dele está com a direção desalinhada, vamos ter de encontrar uma oficina. Caso complicado os alinhamentos nesta terra são todos feitos a olho, máquinas há muito poucas, temos esta ideia porque já demos imensas voltas por aqui e não encontramos ainda nada. Por fim depois de grande procura lá nos disseram onde podia-mos fazer o alinhamento, coisa muito complicada.
Mas ainda não foi desta, também era manual, mais umas voltas e lá longe encontramos finalmente a máquina tão necessária. Temo-nos de por a caminho, este percurso é muito longo e temos hoje de chegar o mais longe possível. No projeto desta viagem, esta era a etapa mais longa, mas foi verificado que terá de ser dividida por várias razões, é que há locais que vamos ter de visitar e  não queremos que seja apenas uma etapa de ligação. Acabamos de   passar por uma placa de sinalização que nos diz Xai-Xai a 198km, ainda fica muito longe o nosso destino de hoje, mais concretamente Inhambane, vamos atravessar o rio Limpopo, estamos a circular na nacional 1, uma via com muito trânsito, bem sinalizada e com um piso excelente, é para nós novidade termos uma estrada onde circulamos com segurança e cheia de polícias.
Acontece que há imensas vilas e cidades junto a ela, por isso encontramos sempre à entrada sinalização de 80km, passamos alguns metros a segunda placa anunciar 60km, com tudo isto há sempre nestes sítios polícias munidos de detetor de radar a multar quem circule acima destes limites, são mesmo rigorosos. Nós já tivemos hoje uma paragem por circularmos fora dos limites de velocidade, onde fomos multados e pouco ou nada argumentamos a multa ao nosso câmbio rondou os 15€, mais uma vez e contra vontade dos polícias tiveram de passar o documento da infração. Já fizemos umas centenas de quilómetros o que vamos vendo ao longo deste percurso são dezenas ou centenas de casas pintadas de vermelho com a sigla da Vodafone=Vodacom, esta empresa gastou milhares de litros de tinta para pintarolar todas as casas.
Não é bonito este panorama, não é mais do que o aproveitamento desta multinacional para fazer a sua propaganda aproveitando-se na necessidade de um povo pobre que vive miseravelmente. Também vamos vendo carros junto às bermas, totalmente desfeitos por acidentes, há camiões que podemos reparar que o acidente foi recente, calculamos que há muitos acidentes, vamos esperar que nada nos aconteça ou venha-mos a presenciar. Já estamos com pouco gasóleo estamos à espera de encontrar uma bomba de abastecimento. Por fim já avistamos um posto de abastecimento, andamos praticamente nas lonas, vamos ver quanto isto leva, ok, o nosso o marcador já ultrapassou os 110 litros e continua a encher, chegou aos 147 litros, temos sim uma boa margem para fazermos estes percursos longos sem ter de andar com a preocupação de encontrar onde há gasóleo.
Percorremos mais duzentos quilómetros e já estamos a desembocar em Inhambane, vamos em direção à praia do Tofo, onde vamos encontrar local para comermos e dormimos. Ainda demos uma boas curvas e lá conseguimos descobrir um resort, localizado junto à praia. Aqui alugamos uma casa toda acabada em madeira com uma enorme cobertura em juta, é grandíssima e aqui vamos ficar todos, usufrui de três quartos e uma sala bem grande, está bem equipada e em condições de nós descansar-mos a fadiga desta tirada. Mais tarde fomos jantar a um restaurante também ele muito bem ornamentado e com uns bons pratos, comemos todos muito bem e ficamos radiantes com este local paradisíaco.
Todas as construções seguem o mesmos moldes de arquitetura, até as ruas são em areia ou terra batida. Não pensávamos que num local destes aparecesse tal oferta, reparamos que há imenso turismo e que tais instalações estão para aí vocacionadas.
Ainda ficamos na rua a observar este céu tão estrelado e admirar a praia que está aqui mesmo ao nosso lado. Temos de nos ir deitar porque amanhã usufruiremos mais outra etapa.

Dia 14
452km
Inhambane (Moçambique) - Nova Mambone (Moçambique)

Dormimos mais um pouco, estamos todos cansados e sempre precisamos de recuperar as nossas energias, nem a meio estamos desta grande viagem.
Concluímos o nosso pequeno almoço, composto por torradas, cereais, sumos e cafés, para termos vigor. Arrumada toda a tralha e carregadas as viaturas, fomos até à praia do Tofo, dar uma volta e ver a água do Índico que é límpida e com uma temperatura de fazer inveja às Caraíbas, não se fica nada atrás. Esta praia fica localizada numa península que agora temos de a fazer na totalidade no sentido inverso, ainda são uma boa porção de quilómetros até chegarmos a Inhambane, tem uma linda paisagem e todo o caminho é ladeado por palmeiras e coqueiros com algumas palhotas pelo meio.
Presentemente já estamos no centro da cidade apreciar toda a construção que os portugueses aqui deixaram, alguma recuperada a maior parte encontra-se degradada à espera que alguém desembolse umas notas. Não conseguimos comprar passagem de barco para o outro lado, estes transportam pessoas e se houver algum pedido ainda podem colocar lá dentro um carro pequeno, para nós era importante fazer esta travessia, poupávamos cerca de 70 quilómetros. Deu para tirarmos umas fotografias e falarmos com um grupo de rapazinhos que estavam a regressar da escola. Fomos dar mais umas voltas pela cidade e lá vamos a caminho de Nova Mambone e porque vamos para esta terra!
O Cláudio tem aqui em Moçambique uma individualidade que conhece há imensos anos, sabendo o seu telefone lembrou-se e telefonou-lhe esta manhã a dizer que se encontrava em Moçambique e que se encontrava em Inhambane. Teve um  inesperado  convite de por lá passar, dizendo-lhe ele que estava acompanhado de mais alguns galifões -  não é problema apareçam cá todos. Desta forma lá vamos nós a caminho onde fomos encontrar mais uns quantos polícias, quando passávamos ou cruzávamos as localidade tivemos sempre o cuidado de passar dentro do limites de velocidade, quando desaparecíamos era acelerar, pois dentro desse espaço já sabíamos que não há qualquer controlo de velocidade.
Fomos andando, negociamos pelo caminho alguns cocos, muito baratos mais à frente encontramos na estrada um homem acompanhado por duas filhas que tinha um porco morto, onde já faltavam algumas partes, também têm em cima de uma fogueira uma grande panela, com certeza para cozer alguma daquela carne, mas quem quisesse também podia comprar esta para febras ou bifanas. Neste local também passa o Trópico de Capricórnio. Nisto, mais a norte a estrada começou a ficar em mau estado, já temos de nos desviar dos buracos e das lombas, há imensas cubatas por todos os lugares, o dia já está a escurecer, ou seja cerca das 5h30 o Sol começa a pôr-se.
O pôr do Sol em Moçambique é muito lindo, parece que lá ao longe está tudo arder, conseguimos tirar umas fotos que evidenciam essa beleza.  Já saímos da estrada nacional e estamos a circular numa estrada regional que está em melhor estado de conservação. Aproximamo-nos do nosso destino, agora já bem noite, há pouco trânsito e não conseguimos ver o que está na estrada, há algumas pessoas que circulam bela berma e a nossa visão é difícil.
Conseguimos chegar sem enigmas, agora estamos a falar com a esposa do senhor Dinis que é amigo do Cláudio, esta preparou-nos um grande jantar composto por cabrito assado, feijoada de coelho e gambas com  molho de coco que todos nós gostamos, mais vinho, cervejas e sumos. Possuímos aqui comida até dizer basta. Mais tarde chegou o senhor Dinis, onde nos falou da terra e conjunturas da vida daqui que nós achamos imensa graça. Final da noite fomo-nos deitar com mais uma tarefa concluída.  

Dia 15
498km
Nova Mambone (Moçambique) - Mutare (Zimbabwe)

Nesta noite todos dormimos nas nossas tendas montadas em cima das pick-up, acordamos com o banzé dos trabalhadores que o senhor Dinis tinha trazido para descarregarem um camião tir carregado de cervejas, este cagaçal não era mais do que todos eles a falarem e apreciarem as nossas carripanas que estavam armadas num largo junto ao camião. Começamos por nos dirigir aos poucos para a casa de banho, esta era grande mas com poucos recursos para uma higiene matinal, não havia água quente, muito menos canalizada. Tínhamos dois bidões, um com água pouco potável para a tirarmos  com um fervedor o outro apenas com água de má qualidade para ser usada na sanita.
Lá fomos todos remediando, sem fazermos qualquer comentário entre nós, mas todos estávamos  apreensivos com este dificuldade. A boa vontade deste casal superou tudo e nós ficamos muito agradecidos. Quando fomos tomar o nosso pequeno almoço, tinham ajeitado uma mesa abastada com tudo que possamos imaginar, ficamos admirados e prendados. Seguidamente viemos todos par a fora de casa e preparamos a fotografia, aquela que não é mais do que a foto-familiar , todos agrupados em frente das máquinas e lá vamos tirando uma, duas e três para elegermos a melhor, ato finalizado e vamo-nos aprontar para mais uma estirada, não será das mais longas, mas vai dar que fazer, pois
no dia anterior fizemos uma mão cheia de quilómetros numa estrada que está em muito mau estado. Sabendo que ainda temos de andar uma boa distância para trás o senhor Dinis informou-nos que a estrada má são cerca de mais 50 quilómetros, depois disso começa um troço em excelentes condições. Ontem fizemos parte deste troço de acesso a Nova Mambone de noite, agora estamos a ver que ao longo da estrada aparecem imensas construções feitas em juta, demasiada gente vive por aqui em moldes muito desusados.
Depois  de termos feitos alguns quilómetros avistamos no meio da estrada uma iguana muito grande que ali foi posta por rapazes para que seguidamente um carro lhe passasse por cima, em principio na a matou, mas nós paramos e eu retirei-a do meio da via puxando-lhe pelo rabo, sim ainda estava viva, mas estava ferida no lombo, provavelmente ainda escapa, mas reservo algumas incertezas. Ao longo do trajeto também contemplamos imensos sacos cheios de carvão para venda, ou seja é o negócio dos povos desta zona.
Atualmente estamos a passar a ponte sobre o rio Save, obra concluída pelos portugueses na época colonial sendo o eng. Edgar Cardoso o responsável. Nesta altura está muito degradada, não nos dá grande segurança, também não compreendemos porque estão as tropas a fiscalizar esta ponte, pois mandam-nos parar e depois ficam à espera de nós lhes presentearmos alguma objeto, comida, bebidas ou dinheiro, eles incessantemente querem algo, arranjamos um pouco de dinheiro e o tropa ficou satisfeito.  À frente um camião acidentado virado sobre a berma com parte do motor fora da cabine e com um grupo de homens a comerem ali perto, não conhecemos na realidade o que podem estar ali a fazer, se a desmontá-lo ou a guarda-lo, não sabemos.

Chegou a nossa hora do almoço, vamos parar junto a umas casas que neste momento não se descobre ninguém, mas todo o aspeto de serem habitadas . Comemos aqui à vontade, isto mesmo no mato, lá de tempos a tempos passa um carro, mas sem problemas, note-se que aqui já estamos onde a Renamo atua. Continuamos a circular na N1, estamos a 10 quilómetros de Inchope, esta a cidade mais perto de nós, vimos uma grande queimada de capim, está atingir uma área bem grande, o fumo é vastíssimo e há floresta, muitas vezes estas queimadas entram em desgraça. Posteriormente já estamos a cruzar Chimoio antiga Vila Pery, lembrei-me que um colega antigo do Jaba (Paulo Santos Silva), era natural daqui, tinha-me falado algumas vezes deste local como sendo de sonho.
Foi aqui que compramos um cacho de bananas por meia-dúzia de tostões, avançamos o nosso caminho e chegamos à cidade junto à fronteira com o Zimbabwe, Manica, aqui aplicámos os últimos meticais que tínhamos de gasóleo, compramos mais umas cervejas " Manica" e vimos uma loja de calçado que tinha em letras bem rechonchudas a frase "Vende-se sapatos de calamidade", o que é que isto quer dizer?
Chegamos à zona fronteiriça entre estes dois países, há um engarrafamento de quilómetros, só de camiões, mas sabemos que os podemos ir ultrapassando e abeirar o posto da fronteira, logo que chegamos balbúrdia total, os camiões impediam o nosso acesso,
com paciência conseguimos estacionar as três viaturas e fomos tratar da papelada para sair de um e entrada no outro país, ainda demoramos umas duas horas, unicamente com problemas da papelada das viaturas, mas conseguimos. Neste lugar ainda contemplámos um fulano ir de encontro a uma porta de vidro e partir o vidro com a cabeça, tal foi o embate e a dureza da sua cabeça, pois o vidro era bem grosso. Agora é já noite, vamos diretos a Harare, capital deste país, mas já vimos que não vai ser possível lá chegar, já acordamos e ficamos em Mutare ou imediações, lá iremos descobrir o local onde poderemos comer e repousar.
Fomos descobrir um parque que vinha assinalado no Tom Tom, situado numa zona ajardinada, mas em condições muito precárias. Os sanitários estavam um nojo, mas o guarda/rececionista, existente foi lavar tudo aquilo e lá conseguimos remediar. Isto aqui já foi um parque bem tratado e cuidado, podemos ver, mas os tempos são outros e a manutenção é cara e desta forma chegou a este estado lastimoso. Conseguimos fazer os nossos grelhados e colocar os carros num sítio em condições para dormimos sossegados. Vamos descansar amanhã outra etapa virá.

Dia 16
314km
Mutare (Zimbabwe) - Lago Robertson (Zimbabwe)

Acordamos dentro do horário antevisto, fomos tomar as nossas banhocas duma forma arcaica, teve de se tirar água quente para dois baldes para seguidamente com uma pequena caneca nos borrifarmos, tal é o nível deste parque, tomamos os nossos pequenos almoços e vamo-nos por ao caminho. Hoje não vamos percorrer muitos quilómetros, estamos dentro dos prazos inicialmente estabelecidos para o nosso raide na África Austral, as máquinas vão-se portando bem, isto com alguns problemas de menor dimensão, tais como a arca do Pedro que teima em não trabalhar e estar sem óleo nos travões, também a  arca  do Carlos está somente a funcionar uma parte o restante tudo está nos trinques.

Já estamos a percorrer há vários quilómetros uma região encantadora, também para a média de velocidade que estamos a fazer é contributo da estrada, esta tem pouco trânsito e um bom piso. Não temos encontrado polícias para nos chatear, não vimos manobras perigosas e aqui vamos todos sem stresse. Encontra-se a chegar a hora do almoço e resolvemos parar já muito perto de Harare num restaurante onde vendem frangos assados, pizas e gelados.  Compramos frangos e Pizas e deliberámos ir às nossas viaturas buscar as últimas cervejas Moçambicanas , nomeadamente a Manica.
Aqui não se vende cerveja, atuámos um pouco de tolos e com  à-vontade lá nos deliciamos desta forma. Aproveitámos para estar um pouco à cavaqueira e abalamos para a capital deste país. Fomos fazer a primeira paragem junto à estação dos caminhos de ferro, onde depois apreciamos esta estação, deparamos que está muito mal tratada. Sim já foi um local muito movimentado, hoje pela conjuntura política está desta forma, até as catenárias lhes falta os fios elétricos, até esses levaram. Os carris parecem que estão todas torcidos, há vãos que o comboio ao passar vão dão imensos solavancos.
Tiramos as nossas fotografias e seguimos até ao centro onde demos mais uma voltas. Concluímos que esta cidade não têm grande história nem locais que nos despertem grande atenção, também a tarde já está a meio e faltam-nos alguns quilómetros para chegarmos ao nosso destino, estamos a ver o Sol a pôr-se, mais engraçado se torna, pois o horizonte fica mesmo à nossa frente. Para chegarmos ao lodge por nós alvitrado, verificamos que ainda temos de percorrer uns quilómetros em terra batida. Este local fica numa zona muito engraçada e onde se encontra o Lago Roberston, circundado de grandes herdades, todas elas cultivadas.
Chegamos e fomos unânimes em que deveríamos dormir em habitações, pois ficamos encantados com este local que está muito cuidado e bem apetrechado, não seja ele explorado, ainda por europeus. Mas mesmo assim quando fomos para os nossos quartos verificou-se que faltava roupa, alguma  parecia já ter sido utilizada, as camas estavam por fazer e os empregados e empregadas tinham sumido, fizemos mais do que uma tentativa para os localizar e somente pela terceira vez foram encontrados e com pouca vontade lá nos foram fazer as camas e trocar as roupas.
Também havia alguns mosquitos, desta forma tiveram de montar as redes mosquiteiras em volta das camas para nos proteger. Seguidamente fomos tratar dos nossos jantares e lá nos fomos deitar, amanhã temos pela frente uma grande tirada que vai rondar os 800 quilómetros.

Dia 17
858km
Lago Robertson (Zimbabwe) - Victoria Falls (Zimbabwe)

Tivemos de madrugar, levantamo-nos cedinho, fomos tomar as nossas banhocas, as casas de banho são dentro das casas, mas o local onde esta fica, podemos olhar para o céu e ver as estrelas, há um espaço em forma de lua por cima do chuveiro que não está coberta com o colmo, é de veras muito engraçado.  Ainda demos uma volta de reconhecimento pelo parque, apreciamos um Jipe de matricula holandesa estava com profundos problemas em começar a trabalhar, após várias tentativas e dando uns grandes soluços e fumaceira lá começou a laborar. Interrogamo-nos como é possível este carro aqui chegar, tão longe está do seu país, na verdade aqui está ele, mas  bem mamado. Neste local também está um jipe parado no meio da via com um pneu furado e os outros praticamente carecas. Vamos pôr-nos ao caminho, refazendo repetidamente o trilho de ontem, mesmo no final quando acaba e começa a estrada de alcatrão, encontra-se a polícia bem montada em motas modernas a multar o transgressor, desta vez não nos mandaram parar porque estavam ocupados, continuamos a nossa caminhada, há um preconceito entre nós, se fizermos a maioria do percurso de manhã,


dá-nos maior espaço de à tarde concluirmos o restante mais à vontade, é isso que se está a passar. São l3h30, vamos parar para almoçar, encontramo-nos numa estrada que tem pouco movimento, é dentro de um parque natural onde paramos, é aqui que vamos tratar do nosso apetite. Mal tínhamos  entrado e já um guarda estava de volta de nós a dizer que ali não podíamos ficar, nós dissemos que apenas íamos comer e logo partia-mos, ok, assim, está bem. Neste espaço de tempo não mais fomos incomodados por ninguém, sabemos que há muitos animais, mas esses não querem nada connosco. O Carlos ainda foi à chinchada e descobriu umas laranjas que tinham um sabor estranho, provamos, mas não comemos. Terminado o nosso almoço fomos fazer o resto do percurso, pois hoje temos de chegar às Cataratas Vitória. Vamos a fazer uma boa média, bem acima dos 120 km, a estrada não é má, perto das localidades é que vamos vendo a polícia, esta nunca nos mandou parar.
Pela tarde paramos e fomos comprar algumas peças feita em madeira, tais como girafas, búfalos, elefantes, hipopótamos, etc., ficamos bem abastecidos de  lembranças e presentes. Mais uma vez o Sol está a pôr-se e já estamos muito perto do destino. Quando chegamos tratamos de imediato do local onde ficar, neste caso um parque de campismo moderno, logo ao lado estão as tão  desejadas cataratas que faziam parte do nosso imaginário, mas a partir de amanhã vão ficar a fazer parte da veracidade do nosso intelecto. Fomos jantar fora, onde quase todos comemos pisa, há tanto tempo que não sabíamos o que era comer pisa.
Ainda demos umas voltinhas a pé por esta cidade que está repleta de estrangeiros que aqui se dirigem para apreciar esta maravilha da natureza, já tarde fomo-nos estender e descansar a fadiga destes 858 quilómetros, foi a maior distância que percorremos nesta viagem.

Dia 18
136km
Victoria Falls (Zimbabwe) - Kasane (Botswana)

Às 8h00 da manhã a terra ainda está húmida, sente-se o cheiro da terra, sentimo-nos mesmo no campo, corre uma brisa que ainda mais nos faz pensar o local maravilhoso onde nos encontramos. Do ar ouvimos a força das águas a correr nas cataratas que estão por detrás de nós, mas que ainda não as contemplámos, é um som forte, retumbante da queda das águas.  Hoje irá ser um dia estupendo, estamos a pensar passar todo o dia nesta zona, há muito para visitar, sabemos que o calor vai apertar, mais para o meio da manhã, depois do almoço é que são elas, iremos ver as força que temos.

Vamos pôr-nos a caminho da ponte que separa dois países, Zâmbia e Zimbabwe, lá no fundo podemos ver as águas turbulentas que vão apressadas no seu leito, vimos algumas embarcações nos seus rápidos de encontro às suas paredes rochosas numa velocidade e manobras descontroladas, mais à esquerda está um imenso desfiladeiro.
Também se faz aqui jumping do alto desta ponte e rafting para o outra margem, se andarmos poucos metros entramos em território da Zâmbia, só mais adiante está instalada a parte administrativa da fronteira, ou seja estamos na Zâmbia mas não estamos oficialmente. Vista esta zona, vamos então visitar a parte das cataratas do lado do Zimbabwe. Notamos no início  as quedas de água e começamos a ver lá ao longe a existência continua destas, são imensas e de uma grandiosidade como nunca vimos, fomos tirando as nossas fotografias, mas com um se não, há uma pluviosidade imensa, não bastando o Sol está logo pela frente, as fotos perdem qualidade.
Conforme vamos caminhando encontramos imensos macacos, como sempre sociáveis e desconfiados, vemos enormes miradouros onde podemos estar em segurança, não vá o diabo tesselas. Estivemos nesta zona ainda algumas horas em que apreciamos todos os recantos deste parque, já cansados fomos até ao centro onde aportámos para almoçar, pois já é bastante tarde. Já tínhamos andado por todos os locais, havia a hipótese de irmos até à Zâmbia, mais propriamente Levingston e podermos apreciar as cataratas desse lado, não havia lá muita vontade e ficamo-nos por aqui.
Desta maneira concluímos que se nos puséssemos a caminho ainda poderíamos chegar á fronteira e permanecer já do lado do Botswana, assim foi, todos para dentro das pick-up e vamos lá. Percorremos cerca de 100 quilómetros numa estrada, bem comparada às nossas IC, já com uma paisagem um tanto desértica, muito calor e vamo-nos aproximando da fronteira. Quando chegamos, verificamos que da parte do Zimbabwe os tramites de saída foram rápidos, quando passamos para o outro lado surgiram os problemas, tais como de não podermos entrar com carne crua, congelada, porque há altos riscos de contaminação, mas cozinhada tudo bem, se quiséssemos até a podíamos ali cozinhar, mas havia algum desacordo entre os
intervenientes alfandegários, permaneceu a voz da gaja tipo canhão e do gajo, tipo artolas, toda a carne ficou na fronteira, ainda eram uns bons quilos de carne comprada na África do Sul. Nesta resenha o Carlos passou-se, pisou alguns pacotes, esborrachando-os, ficando muito nervoso. No final de colocarem toda a carne num monte para destruir sendo esta incinerada. Ficamos com algumas dúvida, mas fomos informados que podíamos assistir. Para nos recalcarem, ainda ficaram com a identificação do Carlos, possivelmente para limparem o cú ao papel. Lá nos fomos embora até à próxima cidade, aqui há vários ofertas para pernoitar, azar nosso à primeira que fomos não havia, lugares, dizem eles eu fiquei com dúvidas, fomos para a segunda hipótese, sim aqui tivemos sorte, marcamos lugares à nossa chegada e perguntamos se não faziam safaris, sim fazem.
Então estivemos a tratar de um safari que vamos de estar acordados às 4h00, nessa altura virá a camioneta buscar-nos, esperamos que possuamos sorte de ver alguns animais que não conseguimos ainda ver, sorte é o que precisamos. Pelo começo da noite tratamos do nosso jantar, a fogueira estava com dificuldade em acender o carvão não ajuda. Ainda fui roubar uns paus de lenha bem seca a uns vizinhos que tinham uma enorme fogueira e um monte de lenha escondida num valado, só ficaram com 4/5 paus a menos. Tivemos de nos deitar de seguida, pois vamos ver se conseguimos estar despertos tão cedo. 

Dia 19
181km
Kasane (Botswana) - Savuti (Botswana)

Apesar das poucas horas que dormimos, conseguimos estar todos prontos a horas para partimos. Está ainda escuro, um pouco fresco, mas já vimos à nossa volta a quantidade de pássaros a chilrear e a saltar de tronco para tronco.
Chegou a nossa carripana para nos dirigirmos ao Chobe National Park, este é um dos parques mais emblemáticos do Botswana, logo que entramos, depois de andarmos ainda uns bons quilómetros em alcatrão, deparamos com troncos de árvores em alguma vegetação, estes estão já secos mas a passarada gosta imenso de lá dormir, ou seja ainda se encontram nas árvores grande quantidade empoleirados a dormitar, ao nosso passar por baixo ou mesmo perto não se sentem incomodados.
Aconteceu que não tínhamos andado, tanto assim, vimos dois leões de volta duma carcaça de elefante, este tinha morrido à pouco tempo, víamos sangue no chão e parte da boca e do rabo já estavam carcomidos. O guia informou que este animal não tinha sido atacado pelo leões, teria morrido de morte natural. Estivemos apreciar os leões e deliciarem-se com aquele pitéu, duro de roer, por fim um deles desistiu e ficou um macho magricela a tentar comer alguma coisa, vimos a dificuldade que tinha em perfurar aquela pele grossa, não desistiu e conseguia tirar bocadinhos daquele animal gigante.
Caminhamos na esperança de ver mais leões, leopardos ou rinocerontes, mas não tivemos qualquer sorte, fomos descobrir uns búfalos  que comiam rebentos de umas árvores. Mais adiante uma manada de elefantes, para depois avistarmos algumas girafas e impalas e pouco mais vimos. No regresso voltamos a passar junto do elefante que continuava a ser devorado por leões. Tal passamos por volta de 3h00 neste safari que pouco nos mostrou. Voltamos ao local onde ficaram as nossas máquinas para de seguida colocarmo-nos a caminho pra chegarmos a Savuti, outro local curioso. No trajeto fomos vendo alguns elefantes e alguns embondeiros enormes que nós tiramos fotos.
O percurso de hoje não é longo mas estamos a antever que vai ser demorado e trabalhoso, tanto que andamos a circular num trilho em areia macia e com uma grande espessura, há que caminhar com cautelas não fiquemos nós aqui aterrados. Não é que ficamos mesmo, tínhamos andado uns vinte quilómetros e lá estamos nós enterrados na areia. Andávamos todos no  folguedo de circular numa pista toda em areia, ladeada de árvores rasteiras e sem espaço para manobras de recurso, aconteceu que ao mudar de velocidade, houve um abaixamento da mesma que atascou de imediato o Cláudio, conseguimos em pouco tempo retomar o percurso, mais meia dúzia de quilómetros e lá estávamos novamente, desta vez as coisas complicaram-se, ficamos enterrados e quando o
Cláudio preparava-se para nos socorrer, este nas manobras de aproximação também atascou, o espaço do trilho é tão estreito que só podemos aproximar--nos um dos outros de marcha atrás, comunicamos com o Pedro que seguia mais à frente e este na manobra para nos vir socorrer também atascou. E agora todos na mesma onda, ninguém se pode rir de ninguém, estamos todos na mesma. Mãos à obra, eu fui buscar alguns paus o Carlos de pá em punho lá vai tirando alguma areia, lá atras vimos o Cláudio numa azafama também.
Há imenso calor, não bastando as moscas que são aos milhares entram para dentro da nossa boca, parecemos uns malucos à sapatada às moscas, nós a transpirar e elas a morderem, que raio, desta forma o nosso trabalho torna-se mais demorado e extenuante. Neste esforço medonho resolvi arranjar mais alguns paus e fui levá-los ao Cláudio que agradeceu. Este aproveitando a minha presença, disse para o ajudar abanar a pick-up para ver se ia areia para debaixo das rodas, desta forma ela começava a subir e resolveríamos a situação, a verdade é que desta forma conseguimos colocar a viatura dele em posição de seguir viagem, desatolada, vamos agora para a do Carlos, praticamente o mesmo processo e já está em condições
também de seguir viagem, andamos e chegamos ao pé da do Pedro, como já estávamos formados em desempanes, foi rápido, no entanto todos retiraram ar do pneus, mais alguns instantes e estamos todos prontos arrancar. Percorremos mais uma boas dezenas de quilómetros neste trilho, até que entramos numa porta de controlo do Chobe National Park, conhecida por acesso Ghoha, fizemos a nossa paragem, fomos saber pormenores onde nos disseram que o próximo lodge estava cheio e que teríamos de ficar por aqui, achamos esta informação pouco esclarecedora da forma como nos foi anunciada. Notamos que este fulano queria era apoderar-se de algum dinheiro com a presença nossa aqui esta noite. Resolvemos avançar e já ao escurecer chegamos ao dito lodge, porém tivemos enigmas, o guarda deste local disse-nos que não havia lugares, estavam cheios que as marcações teriam de ser pela net e que nós desobedecemos ao controlo que passamos, concluímos que este processo estava todo armadilhado, eles tinham
comunicado entre si e queriam que nós andássemos todos estes quilómetros para trás, pois expressaram  que tínhamos avançado sem autorização, reparamos que este país vive na sombra das autorizações, tivemos montes de argumentos, mas tudo estava complicado, até que ingressaram um casal de turistas que ouviram parte desta conversa e entraram no diálogo; ela Brasileira ele Canadiano, foram muito prestáveis no ponto de dizerem que se é por falta de espaço eles cederiam parte do seu local  e que podíamos passar esta noite todos juntos. Por portas e travessas lá aceitaram, mas com pouca vontade.


Quando entramos verificamos que o parque estava vazio, apenas nós, mais o casal e que nós encontramos aqui, mais ninguém. Desta forma a desconfiança que logo tivemos no início prevaleceu, não temos dúvidas, que gente esta, muito complicado o trato com pessoas assim. Mais tarde fizemos todos uma grande fogueira comunitária onde cozinhamos e serviu para que á sua volta estivéssemos a conversar algumas horas sobre todos nós e critérios de viagens. Foi muito agradável este encontro para além de sabermos muitas coisas, uma delas marcou-nos, esta gente anda nesta viagem vai para um ano e vão dar continuidade por mais noves meses, isto sim é que é qualidade de vida. Ainda são jovens e já têm um horizonte muito engrandecido de viajar, sim conseguimos aprender muitas coisas nesta noite de luar aqui no centro de África. Já tarde fomo-nos deitar e escutamos a algazarra dos animais que se guerreiam nesta noite, sabemos que alguns estão bem próximo e que quando estivermos acomodados e no silêncio eles vão-se aproximar de nós e caminharão entre nós.
Concluímos que esta viagem tem superado em muito, tudo o que  idealizamos para ela, também merecemos, nós que sempre, é verdade sempre viajamos ao longo de muitos anos com o tempo contado, sem espaços de manobras para algo de inesperado possa acontecer. Já vamos com 12 dias de viagem com exceção do Carlos, Júlia, Pedro, Cláudio, Cândida, Guilherme e Catarina, estes sortudos já vão no décimo nono dia, contanto com a estadia de milionários nos Emiratos. Amanhã vamos fazer mais outra etapa que não vai ser longa.

Dia 20
224km
Savuti (Botswana) - Maun (Botswana)

Não definimos nenhuma hora de partida, sucede que já estamos tão assimilados neste fuso horário e hora de inverno que bem cedo acordamos, fomos tomar os nossos banhos, preparamos os nossos pequenos almoços, não esquecemos que a Tana e Gui, querem sempre torradas, ou chamo-lhe mais queimadas, pelo feitio que nós as fazemos. Fomos despedir-nos dos nossos companheiros de ocasião, tiramos umas fotografias de todo o grupo, cruzamos endereços de e-mails e um desejo para que continuem a viajar desta forma saudável, beijinhos, cumprimentos e cá estamos preparados para arrancarmos.
Mal saímos ficamos logo em trilho de areia que nos fez relembrar o que tínhamos passado no dia anterior, fomo-nos cruzando com
vários animais, elefantes, girafas, gnus e até um kudu se atravessou mesmo à nossa frente, tinham-nos dito que este animal é raro ver-se, há muito poucos. Fizemos uma centena de quilómetros sempre em trilho até que chegamos a uma zona que está alagada, há desvios assinalados com restos de árvores, de vez em quando andávamos por cima da água, num deste lugares estava um elefante a banhar-se calmamente, ficou a olhar para nós e quando saímos dos carros, este começo a abalar do lago e com cautela afastar-se, mexendo aquelas orelhas colossais.
Passamos esta zona alagada  e penetramos novamente na zona arenosa, onde percorremos mais 80 quilómetros, ou seja estávamos a transitar, já na parte norte do deserto de Kalahari. Todos saboreamos este percurso e da paisagem desértica que encontramos, algum calor e uma vegetação seca ou quase nula. Posteriormente entramos em asfalto, nós já tão bem habituados aquele piso, agora andar em estrada com sinalização e regras de trânsito, não, não, assim não presta. Estamos já muito perto de
Maun  onde também começamos a ver indícios do delta do Okavango. Se tudo correr bem amanhã estaremos a sobrevoar este região. Finalmente chegamos a Maun, fomos procurar um local onde pudéssemos pernoitar, conseguimos um parque muito engraçado junto a um braço deste delta, selecionámos os lugares que mais nos agradaram e seguidamente abalámos até ao aeroporto marcar os lugares de avião ou helicópteros para amanhã conhecermos este grande território que é a foz do Okavango. Soubemos preços e optamos por marcar em avião, foi aquele que nos deu melhores preços e trajeto mais detalhado.
Assim pela manhã cá estaremos a sobrevoar,  apreciar a vida animal vista do ar. Regressamos ao parque, o Cláudio, Carlos e Pedro ainda tiveram  tempo para darem uma grande lavagem nas máquinas que se encontravam muito emporcalhas, seguidamente fizemos o nosso fogo para tratarmos dos próprios grelhados, também  pela noite confecionámos os nossos cafés, conversamos e acabámos numa resenha das próximas etapas para vermos o tempo que nos restava, finalmente fazer ó ó.

Dia 21
622km
Maun (Botswana) - Gobabis (Namíbia)

São 6h30 da manhã, já estamos na gare do aeroporto para encetarmos o nosso voo sobre o delta do Okavango, até parece que vamos fazer uma grande viagem, praticamente são feitos os mesmos processamentos, passaporte, bilhete, bagagem, água, etc., como se pode ver também nestes viagens que em cada avião vão 4 pessoas e no outro cinco, mais propriamente 3 adultos e duas crianças o perigo de sabotagem na aeronave é eminente, por isso todas as precauções são poucas.
Como vimos o primeiro grupo já partiu, nós vamos esperar mais um pouco e também vamos seguir viagem, entramos para a avioneta tipo carroça, porquê? As madames tem de ser empurrão, o rabo já lhes pesa, também não é assim tão prático, porta pequena, fazer uma pequena torção sobre o apoio da asa e já estão lá dentro, agora nós, sem dúvida foi-nos muito mais fácil. Todos tivemos de colocar o cintos de segurança e motor a fundo, lançamo-nos sobre a pista e começamos a altear. Estamos já numa altura razoável e começamos a ver de imediato os contornos dos braços deste grande delta o único no mundo que desagua no deserto.
Já vamos vendo a vida animal lá em baixo, manadas de elefantes e búfalos, lá longe algumas girafas. É fácil vermos estes animais de grande porte, os mais pequenos a nossa visão não os reconhece, mas é belo toda esta paisagem vista cá de cima. Fantástico este percurso, dá-nos um cenário que nós já idealizamos, mas com estas cores, verdes e azuis, só mesmo daqui. Há trilhos feitos por animais que nos parecem estradas, não são mais do que quando caminham em fila indiana deixam este rasto tão perfeito, Não cometem erros ao fazerem curvas, tem a noção de que querem ir
naquela direção e não estão cá com problemas de que temos de contornar este e depois aquele obstáculo, os animais têm bons engenheiros que nós humanos desconhecemos, é a direito que tem de ir, vão mesmo, isto também quando têm de atravessar locais alagados e com vegetação vê-se mesmo esta precisão que só conseguimos contemplar cá de cima. A nossa altitude dá-nos pormenores da visão como nos parecerem veias ou artérias, os braços, mais grossos ou finos do cursos de água lá em baixo. Não esqueceremos como a água se some nestas areias, é fantástica esta nossa viagem, andámos a sobrevoar este delta cerca de 1h10, eu continuava. Fizemos uma aterragem de mestre a Sofia e Júlia, sentem-se enjoadas, também no cais de desembarque deparamos com a Cândida que se queixou do mesmo, eu ainda pensei; estão as três grávidas, a Cândida vá lá, agora a Sofia e Júlia, só se for na barriga das pernas.

Mal concluímos o passeio, aí vamos nós a caminho da Namíbia, vamos ter de andar hoje ainda 600 quilómetros. Completámos ainda uma mão cheia de quilómetros até chegarmos à fronteira, os processos de abandonar este país e a entrada no outro, mais propriamente a Namíbia, foram ordeiros e muito rápidos, podemos dizer que não desbaratamos o nosso tempo com passaportes e papelada das viaturas. Ultrapassados este obstáculo, atingimos  a segunda parte do percurso, praticamente todo com paisagem desértica mas com uma boa estrada onde se circula com segurança e rapidez. Já noite chegamos ao parque onde vamos resfolegar a fadiga
destes 622 quilómetros. Montamos o nosso estaminé perto de um grupo de pessoas já com idade avançada, mas dentro do espirito de viajante, foram nossos vizinhos por uma noite. Fizemos o nosso jantar, bebemos os nossos cafés, conversamos e como havia net perto da entrada do parque o pessoal foi para esse lugar, enviar mensagens e saber novidades da nossa terra, eu mais uma vez, tentei colocar uma série de fotografias na net, mas sem sucesso, porque o sinal caía muitas vezes impossibilitando essa transmissão.
Mesmo da maneira que inventei em colocar o computador em cima de uma cadeira e sendo abandonado por umas duas horas num local onde não passava ninguém, ou seja quem quisesse pegava no computador e eu dizia-lhe adeus. Há pessoas séries e eu sempre acreditei nisso. Por fim tomos arrumamos o equipamento de comunicações e fomo-nos deitar. Amanhã teremos mis uma distância que nos vai colocar no centro deste deserto.

Dia 22
468km
Gobabis (Namíbia) - Solitaire (Namíbia)

Presentemente são 6h00 da manhã já estávamos todos de pestana aberta, qual sono, qual carapuça, com isto, digamos, estamos de férias e queremos viver toda esta aventura, vamos tratar  dos nossos pequenos almoços e ao mesmo tempo divertimo-nos a não ser que houve um pequeno desacato e o Carlos queria enviar um cadeira de lona na tola na Júlia, ou seja estão a ensaiar uma nova peça de teatro da cornucópia com o título “Se não vais levas” . Tudo isto no folguedo, ninguém vai pensar que é verdade, ou seja; todos os dias temos atos para contar. Também foi neste parque que comprei os primeiros postais da Namíbia, na minha coleção de postais ainda não tinha qualquer postal deste país, esta aquisição foi feita na receção    
           que tinha uma série deles colocados numa vitrina tipo antiga portuguesa, ou seja o balcão tinha uma cobertura de vidro e por baixo lá estavam uns montes espalhados e desordenados, envoltos em pó e alguns muito velhos com as pontas todas encarquilhadas. O Carlos comprou também um autocolante para colocar no seu jipe. Partimos e dentro de pouco tempo estaremos em Windhoek. Chegamos, temos de imediato um problema a resolver, é que ninguém tem dinheiro deste país, então fomos procurar um banco ou casa de cambio para proceder á sua troca, conseguimos depois de uma procura exaustiva. Não foi fácil o câmbio.
Agora munidos de massa, vamos começar a gastar – comprar bonecadas, postais e pedras, dar uma voltas para termos uma visão da cidade, por fim almoçar.
Com isto o tempo começou a escassear e decretámos ir almoçar num restaurante em que desjejuamos bem, bebemos boa cerveja com o nome desta cidade, foram também rápidos no atendimento e ainda demos mais uma volta para reiniciarmos a nossa viagem em direção a sul. Tem estado um dia de calor, não há muito transito nesta via.  Transitámos já uns bons quilómetros e desembocamos numa via de 2ª categoria, mas permanecemos a andar bem, mas com o Sol a pôr-se  e a vermos lá ao longe as montanhas com uma cor alaranjada.
A nossa vinda, mais uma vez foi de noite ,nem poderia ser de outra maneira. Este local é aprazível, tem um restaurante muito bem ornamentado, há uma pastelaria em que os bolos são mesmo aqui produzidos, um mini mercado onde podemos encontrar de tudo, bar e sala de jogos. Cativam desta forma quem aqui pare, tanto que este local está designado como cidade, mas apenas com uma população de 72 habitantes, bem cómica esta classificação.
Aqui mesmo jantamos no restaurante onde nos apresentaram um menu bem composto pratos muito bem apresentados e  servidos, o preço também foi-nos acessível, valeu a pena a nossa aposta. Já noite, chegou a nossa tranquilidade, bem o merecemos. 

Dia 23
535km
Solitaire (Namíbia) - Mariental (Namíbia) 

Esta África deslumbra-nos, acordamos sempre bem dispostos e com a perceção que temos de nos por a caminho, outras paragens esperam por nós, mas este local onde nos encontramos ainda nos reserva outras veracidades.
Soubemos que um dos elementos desta pequena população morreu aqui há cerca de 1 ano, era ainda muito novo e foi enterrado dentro deste lodje, nós estivemos junto da sua campa, tem imensas dedicatórias e outras placas que ficamos sem saber se eram de outras pessoas que pudessem estar ali enterradas. À porta entrada estão imensas viaturas, antigas expostas, algumas sem rodas outras sem portas, sem vidros ou mesmo sem motor, servem apenas como objeto decorativo, está gracioso pela quantidade ou pela
forma que foram ali colocadas. Neste local existem várias aves e alguns roedores a sua vida desenrola-se concomitantemente com as dos visitantes, torna ainda mais aprazível  vir até aqui. Mesmo aqui enfrente começa a C19 uma estrada toda em macadame, não confundir com a nossa IC19, está é bem melhor. Resumindo este lugar vai ficar na memória de todos nós sempre que falemos desta viagem à Namíbia. Estamos todos prontos e vamos prosseguir a nossa viagem até ao Canyon que se encontra aqui bem perto. Encontrámo-nos a caminho, nesta estrada um pouco poeirenta em que se pode circular com segurança
e velocidade, trânsito, um carro de vez em quando, já estamos bem perto do Canyon. Chegamos e logo deparamos com uma cobra, pequena mas segundo nos disseram perigosa, começamos a descer  a este desfiladeiro e avistamos realidades bem lindas, talhadas pelas correntes de água que por ali passaram. Rochas e arenitos que quase estão a cair, mas nós lá fomos passando, esperando que nada nos aconteça, sabemos que de vez em quando estas coisas caem sem anunciar. Caminhamos cerca de 1h00, sem nos cansarmos e tiramos todos umas dezenas de fotos, este sítio molda-se para isso. 
Terminada esta visita, aí vamos nós a caminho da duna 45 em Sossusvlei, estamos ainda longe, mas sem darmos por conta estaremos no seu encalço. No trajeto ainda vimos avestruzes que connosco se cruzavam, bem longe já se vêm as primeiras dunas avermelhadas para finalmente chegarmos ao sopé desta imensa duna, não é a mais alta, mas a mais famosa.

Mal chegamos propusemo-nos a subi-la, não fomos todos  lá cima, mas alguns encheram-se de coragem e aí vão, aquele que teve mais dificuldade, quem acham que foi, eu, sim eu. No caminho ia fazendo umas paragens, sentava-me, descansava e repunha as forças, paragem atrás de paragem lá cheguei. Notem que os meus rolamentos já se encontram um pouco gastos e a massa de lubrificação com muitos anos de uso, apenas 62.
Mas subi e lá no topo deu para repousar e contemplar a linda paisagem que nos rodeia, aqui deixei de ver o local donde saímos, tal é a distância e a curvatura desta duna 45. Finalizamos a nossa permanência neste sítio enchendo uns sacos de areia para acarretarmos como lembrança para Portugal. Resolvemos transitar mais uns quilómetros até atingirmos o fim deste percurso, pusemo-nos ao caminho e a certo ponto, indicava uma placa que só se poderia seguir caso a viatura fosse 4x4, não é problema para nós, prosseguimos e a certo ponto areias moles e batidas pela circulação, duas nas viaturas ficaram atascadas.
Não foi por nabice, apenas pela confiança e à vontade, se por acaso algum ficar atolado, há mais um, se esse um lhe acontecer o mesmo, ainda resta outro e se o outro tiver a mesma sorte. Neste caso todos para fora das pick-up e mão à obra. Não ficamos todos atascados, mas valeu para que saíssemos todos e apreciássemos as manobras de recolagem das naves. Não bastando, ainda demos assistência a uma solitário que ali passava com a sua dama, ficou atascado e lá estávamos nós a desenrasca-lo . São
estas coisas que nos fazem regozijar e diversificamos as notícias de todos os dias, não pode ser sempre o mesmo acontecimento. Já são duas horas, estamos bem longe do possível local onde acabaremos esta noite, fogo à peça é qualquer coisa como 400 quilómetros para andarmos, encontramos todo tipo de estradas em macadame e alcatrão, com curvas e sem que tenhamos algum problema, para por fim atingirmos Mariental. Atualmente andamos à procura de parque para ficar,
não é fácil, um deles já não existia o outro ficava ainda muito longe por fim encontramos um quase no centro desta cidade onde permanecemos esta noite. 

Dia 24
663km
Mariental (Namíbia) - Springbok (África do Sul)

Presentemente vamos fazer a terceira etapa mais longa, sempre como de costume o nosso alvorecer começou logo pelas 6h00, toda a malta acordada, banhocas matinais, pequeno almoço mais a conversa da treta para dar ânimo a todos. Antes tínhamos estado a lavar os carros à mangueira, estes encontravam-se com uma boa camada de pó e alguma lama. Partimos em direção da fronteira deste país com a África do Sul, fomos encontrando pelo caminho grandes herdades de vários hectares, estas com grandes vedações em arame farpado e alguns casos eletrificado para que o gado de pastagem e outros animais selvagens não tentem atravessar esta via, seria muito perigoso.
Também há vários quilómetros a via férrea nos tem vindo acompanhar, mas não conseguimos ver ainda nenhum comboio, por vezes vamos vendo grandes quantidades de macacos que ficam no meio da linha ou em cima duma destas vedações. Ainda paramos para lhes tirar umas fotografias, mas eles não querem isso e afastam-se de imediato, dizem entre eles que ficam muito feios nas fotos dos humanos, grandes malandros. Ainda continuamos na zona desértica, mas já começamos a ver ao longe algumas montanhas, mas despidas de vegetação, como será a temperatura em pleno verão nesta zona, já que agora está muitíssimo calor e encontramo-nos  no inverno.
Abeirou a hora em que costumamos almoçar, mas está a ser preocupante, aqui não há nada a próxima cidade está a 120 quilómetros e não sabemos a sua dimensão, vamos ter de andar e esperar que tenhamos alguma sorte. Quando chegamos verificamos que a cidade não é muito grande, mas demos uma volta e encontramos um restaurante que por fora demonstra ter bom aspeto, daí determinamos entrar e tratarmos das nossas barrigas. Não há mais clientes, apenas nós, sentamo-nos e escolhemos uns pratos típicos da Namíbia, mais as cervejas do costume “Windhoek”, ficamos contentes com o serviço e a decoração está linda,
composta por objetos antigos, cortinados e mobiliário que se enquadram perfeitamente. Todos gostamos daquilo que comemos, bem confecionado, saboroso e apresentável, bebemos também os nossos cafés e pusemo-nos ao caminho, estamos ainda longe, vamos percorrendo este vasto deserto, com retas a perder de vista, passaram-se algumas horas e o nosso gasóleo começa a dar sinais de que há pouco nos depósitos. Há alguém que vai perguntando se o posto de abastecimento ainda está longe, sim ainda faltam alguns quilómetros, não vale a pena desesperar, pois ninguém fica para trás, sabíamos que só na fronteira havia abastecimento e assim foi quando lá chegamos o nosso carro levou
qualquer coisa como 157,06 litros o do Cláudio um pouco menos, ficamos totalmente atestados e poderemos percorrer mais umas centenas bem à vontade. Nesta fronteira a papelada decorreu rapidamente e sem quaisquer problemas, prosseguimos a nossa viagem e passadas algumas horas lá estávamos no nosso local de acolhimento para esta noite. Local agradável e onde pernoitamos descansados e prontos para prosseguirmos o nosso trajeto amanhã.

Dia 25
567km
Springbok (África do Sul) - Cidade do Cabo (África do Sul)

Está na hora de voltarmos à estrada. Prevenidos de todos os equipamentos de navegação e aqui estão as três equipas acelerar nestas vias bem delineadas e que estão ladeadas por imensas cearas que nos transmitem  imagens de como se deve tratar e cultivar estas centenas de quilómetros.
É que já estamos a circular há cerca de 2 horas e não nos cansamos de ver todas estas terras cultivadas. E eis-nos a passar perto de uma montanha vastíssima, parece que ali colocaram  uma mesa gigante lá no meio. Então mais adiante passámos por um pequena vila que está situada mesmo na borda de um lago, tudo muito verdejante e não há nenhum vento, pois as margens são refletidas na sua água, um autentico espelho. Há também imensas vinhas,  sendo a África do Sul um dos grandes produtores de vinho do mundo. Vou aproveitar este dia para
descrever um pouco de história deste produtor mundial: A  África do Sul tem uma história de mais de trezentos anos de plantação de videiras e é a única região vinícola do mundo  localizada entre dois oceanos - Atlântico e Índico. A maior parte destes vinhos são produzidos por grandes cooperativas. No entanto os melhores vinhos provém de pequenas propriedades particulares, embora a maioria dos vinhos sejam brancos. Finalizando esta enumeração ficamos todos a saber que o maior produtor mundial de brandy é mesmo esta África do  Sul.

Agora estamos fartos de conduzir e já é tarde, mais precisamente 2h15, paramos num pequeno parque junto à estrada e comemos umas sandes e batatas fritas que temos nas nossas lancheiras. Este local torna-se engraçado pois por cima de nós há imensos ninhos onde os pássaros saltam de flanco para flanco com medo destes abelhudos. Aproveitamos para descansar e falar um pouco para depois retomarmos o nosso caminho. Temos como objetivo para hoje de chegarmos à Cidade do Cabo.
Este percurso continua a ser imensamente preenchido por grandes lavouras, é que já percorremos cercas de 400 quilómetros e o panorama continua o mesmo. Mais tarde começamos a nos aproximar do nosso  destino final, o anoitecer está aí, vamos ter de procurar um local para dormimos, não vai ser assim tão fácil, sim temos um ou dois locais que podem ser os preferidos, mas é uma incógnita.
Acabamos de chegar e procuramos o primeiro endereço, mais umas voltas neste emaranhado de trânsito, subimos uma colina e vimos que neste local hoje existem construções recentes e o tal porque desapareceu, ok vamos partir para a segunda hipótese, é bem longe daqui, mas vamos até lá. Assim mais voltas e voltas, os gps, ajudam e muito, se ajudam. O que seria de nós andarmos a perguntar aqui e ali, munidos de mapas que tempo iríamos perder só nisto, com certeza uma a duas horas, assim em 40 minutos chegamos a este parque enorme, isto já noite.
Isto de chegarmos pela noite já faz parte do nosso ritual, o que seria de nós se abeirássemos de dia! Aconteceu  que a receção já estava fechada o segurança disse-nos que não havia problema que nos instalássemos e pela manhã fizéssemos o check-in. Então entramos e procuramos  um local onde passássemos a noite e permanecêssemos à  nossa vontade. Fomos montar as nossas tendas adaptadas no cocuruto das pick-up, seguidamente cuidar mais uma vez da nossa fogueira para fazermos uns grelhados e o nosso café. Ficámos todos ainda na conversa e lá nos fomos todos deitar.

Dia 26
79km
Cidade do Cabo (África do Sul) 

Hoje levantamo-nos um pouco mais tarde, não vamos fazer muitos quilómetros, apenas conhecer esta Cidade do Cabo. Cerca das 9h30 partimos em direção ás docas para visitar o museu de Nelson Mandela, antes, ainda passamos pelo monumento que está nesta cidade a relembrar o grande navegador português Bartolomeu Dias que chegou aqui em 1487, foi neste local que o Pedro se apercebeu que um dos pneus do sua pick-up tinha um rasgão, digamos antes, um grande brecha, isto acontece porque estes pneus já têm muitos anos, estão ressequidos.
Aqui ao lado existe um grande empreendimento com o nome “10 Rua Vasco da Gama”, para nós é gratificante vermos estes nomes tão longe da nossa terra, os nossos antepassados foram e são reconhecidos internacionalmente. Avançamos para o porto e quando chegamos tivemos grandes dificuldades em estacionar as nossas pick-up, uma das razões é que esta zona está praticamente toda em obras, prédios a serem demolidos outros a serem construídos, ruas esburacadas, camiões, escavadoras ou seja tudo remexido e o trânsito todo condicionado.
Ao fim de meia hora procuramos um parque que coubessem as três, porque as tentativas anteriores não tinham altura suficiente para passarem, descobrimos um parque ao ar livre que depois de lá estarmos dentro, confusão com uma fulana queria um dos lugares, qual foi a afronta para esta senhora que até chorou, valeu mesmo a pena. De seguida caminhamos até à zona portuária onde vimos a quantidade de comércio existente, grande zonas de diversão, restaurantes, pronto a vestir, etc., procuramos onde fica o museu de Mandela para tentarmos ir de barco à Robben Island onde esteve preso.
Não conseguimos comprar bilhetes, para a hora ou horas que tínhamos disponíveis tal era a procura, muita gente mesmo, também depreendemos que o preço dos mesmos eram muito caros.  Não perdemos tudo, fomos visitar o museu que lhes é alusivo, tem muita informação sobre os anos em que esteve detido desde manuscritos, fotografias ou objetos pessoais, está engraçado. Demos mais umas volta e decidimos ir dar um passeio em catamarã por esta enorme baía, foi engraçado vimos algumas focas e golfinhos, não chegando temos uma vista soberba vinda do mar desta cidade e  ainda se torna mais emblemática com o Table Mountain, nas suas costas.
Daqui também vimos um dos estádios que serviu para o campeonato do Mundo realizado pela África do Sul. A meio da tarde arrancamos para irmos até ao cimo do Table Mountain, chegamos mesmo em cima da hora do fecho, ainda nos deixaram passar e subimos no último elevador do dia, que sorte, é verdade nós até somos um grupo com sorte. Deste cimo vimos a imensidão da cidade, concluímos que é linda, há nuvens que ficam muito abaixo do ponto onde nos encontramos, outras que parecem que nós lhe tocamos.
Demos todos umas grandes voltas por esta montanha que nos faz lembrar uma mesa gigantesca, encontramos um grupo de mulheres, bem divertidas, naturais dos Emiratos Árabes Unidos, dançavam, cantavam e riam-se, tal é o facto de estarem fora da sua terra, lá não tinham tal liberdade. Concluímos a nossa volta, mesmo na hora do fecho, ainda usufruímos de nos apressar, caso contrário a saída tinha de ser a pé descendo imensas escadas e caminhado por um carreiro tortuoso.
Descemos para a cidade e fomos procurar um hotel para dormir, aconteceu que corremos imensos e encontravam-se todos esgotados, as voltas que demos por estas ruas, deu que ficamos a conhecer melhor esta cidade. Depois de todas estas voltas, decidimos ir para o mesmo local da noite anterior.

Dia 27
275km
Cidade do Cabo (África do Sul) - Kalk Bay (África do  Sul)

Vamos partir em direção do Cabo da Boa Esperança, lugar histórico para a época dos descobrimentos em que os Portugueses que aqui chegaram ficaram célebres por essa façanha.
Para nós vai ser o de glorificar tal facto, rememorar o que seria este local  500 anos atrás. Antes de lá chegarmos ainda temos de percorrer uma boa distância por uma estrada panorâmica que nos vai levar junto à costa, conforme nos vamos afastando continuámos a ver a Table Mountain, tal é a sua imensidão. Temos passado por enseadas espetaculares e praias de sonho, não será exclusivamente nas Caraíbas que existem praias e lugares como estes, aqui igualmente os há, desde as águas límpidas até às suas cores extraordinárias, as casas colocadas nas vertentes das montanhas, bem projetadas e arranjadas, não mais do que locais de sonho.
Temos feito diversas paragens para admirarmos e tirarmos fotografias, são verdadeiros bilhetes postais. São 11h10 acabamos de chegar ao Cabo da Boa Esperança, onde tivemos de comprar os bilhetes de admissão, pois este está englobado num parque nacional, onde se pode contemplar muitíssimos macacos e avestruzes. Chegamos e aprontamos as nossas máquina fotográficas para tirar as fotos para a posteridade, temos a bandeira portuguesa que ajudou a engalanar estes nove viajantes, sorrisos, macacadas e o olhar dos estrangeiros que iam apreciando a chegada destes portugueses ao local onde estiveram os seus antepassados, tiradas as ditas fotos, passámos aos descobrimentos, neste caso subimos uma grande ladeira que nos levou ao alto onde podemos apreciar a imensidão deste lugar, tais como rochas enormes e o mar está a mais de
100 metros lá em baixo, encontramos pássaros e alguns animais que desconhecíamos, galgamos carreiros tortuosos, escadas desengonçadas, cardos e vontade de ali ficarmos umas boas horas, não temos é tempo. Isto já é um mal necessário que não conseguimos combater. Se olharmos mais para sul, podemos imaginar que lá longínquo fica a Antártida, aquele continente gelado que um dia gostaria de conhecer, nem que fosse uma pontinha somente. Finalmente  fomos visitar o padrão dos descobrimentos que está aqui a pouca distância,  relembrando Bartolomeu Dias, andamos mias um pouco e abordámos outro que recorda Vasco da Gama, em qualquer  destes locais paramos e admiramos tais monumentos.
Estamos a finalizar a nossa jornada a este local e nós fomos unânimes em dizer "valeu a pena dar um salto de 500 anos atrás conduzindo três caravelas com volantes e sem velas".
Partimos, adeus Cabo da Boa Esperança, temos de descobrir mantimentos, pois já são 2h00 e os rebentos mais novos não perdoam, verdade Gui e Tana! Só passados 30 minutos encontramos um bom local onde pudemos almoçar e descansar parte da nossa fadiga. Comemos bem bebemos as nossas cervejas e sumos, hoje houve quem ingerisse um bom vinho Sul Africano, delícia, delícia, não vos diz nada esta frase não lembra nada?

O dia não acaba aqui, ainda tivemos força de visitar uma colónia de pinguins africanos que estão aqui instalados desde 1982, ocuparam este praia e acabou-se, aqui não há apartheid e conseguem viver em harmonia com as pessoas que partilham esta praia. Acabamos esta volta para nos direcionamos para um local onde pudéssemos passar a nossa noite, vimos pelo caminho uma vila muito graciosa de nome Simon's Town, para seguidamente chegarmos a Kalk bay, mas só depois de  termos dado vastíssimas voltas à procura de um local para dormir, nesta zona os parques existentes ainda se encontram encerrados, porque a época balnear ainda não chegou.
Encontramos o The Inn At  Castle Hill, onde o grupo ficou fragmentado em  dois sítios, porque lugares já não havia. Este aluguer não foi dispendioso e os quartos tinham excelentes condições. Dormimos bem, amanhã, outras histórias teremos e o percurso vai ser um pouco mais longo.

Dia 28
387km
Kalk Bay (África do Sul) - Swllendam (África do Sul)

O nosso pequeno almoço, ou seja  o meu, Sofia, Carlos e Júlia não faziam parte do preço que pagamos, contestamos mas de nada nos valeu, não deu para compreender, desta maneira fomos tomá-lo numa casa perto da marginal, foi aprazível, mas a outra malta que tinha vindo aqui ter connosco disse-nos que o pequeno almoço deles tinha sido muito bem servido, o nosso nem tanto assim,. Esta vila é pacata agora, não fazemos ideia o que será na época alta, por causa das praias que cobrem toda esta costa. No caminho para
Port Elizabeth, encontramos numa praia um numeroso grupo de pescadores que se encontravam a puxar aquela  rede gigantesca  que tinham lançado ao mar. Fizemos a nossa paragem e fomos apreciar aquela façanha e empenhamento. É um momento insólito para connosco, mas ao mesmo tempo apercebemo-nos que a desorganização era total, alguns falavam mais do que deviam, outros a vontade de fazerem força era praticamente nula, resultado quando a rede estava totalmente estendida na praia, tinha meia dúzia de peixes, pequenos, mas que grande fracasso. Eram mais as gaivotas que esvoaçavam na praia do que o peixe capturado.
Voltámos aos nosso carros e percorremos uma grande distância e avistamos uma zona residencial  onde a construção era pobre, toda ela composta por casitas em madeira ou tijolo, mas sempre cobertas com chapas de zinco, são áreas colossais  que estão vedadas por um muro em cimento, é nestes sítios que colocam a classe desprezível deste país.  Já perto do meio dia paramos numa cidade linda onde demos umas voltas e almoçamos. Não podemos perder muito tempo pois vamos partir a tirada ao meio para não sermos sobrecarregados com quilómetros, assim aí vamos por entre campos  e vales apreciar as terras amanhadas e cultivadas, são uma centenas de quilómetros que temos vindo a ver  este tipo de paisagem.
Este país em agricultura em África, quase de certeza que é líder. Chegamos a um ponto que também não podíamos faltar, bem conhecido e autêntico, não mais do que o Cabo Agulhas, este que é o extremo sul deste continente e que divide o oceano Atlântico do Índico ou também seja quando a corrente de Agulhas se defronta com a corrente de Benguela. Historicamente este cabo tem sido de má fama para os navegadores como um dos sítios mais perigoso para os veleiros. Dirigimo-nos para o local onde se encontra a placa a indicar o ponto deste cabo, caminhámos todos para a sessão fotográfica, é relevante para nós ficarmos munidos destas fotografias, nem que sejam para colocar nos álbuns ou arquivos e muito raramente voltar as vê-las, mas vá lá é inevitável.
  Além das fotos ainda vagueamos por cima das rochas e carreiros deste local, vimos que há imensos burriés (caracol do mar), que se possuísse-mos algum tempo tínhamos apanhado uma sacada para depois mais logo os virmos a cozinhar, mas tempo é que não há, sim sacos temos em abundância, é mesmo o tempo. Terminamos a nossa estadia aqui junto a um enorme farol, fazem lembrar os portugueses, arquitetura idêntica.

Vamos a caminho de uma cidade de nome  Swllendam, onde vamos passar a noite, há ainda uma mão cheia de quilómetros pela frente mas lá para começo da noite finalmente chegaremos.  Quando abeiramos fomos escolher umas casas para dormimos, mas rejeitamos, por causa do mau cheiro que expeliam, deveria ser por causa do junco que as cobriam, mas nós preferimos ficar no primeiro andar das nossas viaturas, é muito melhor. Assunto resolvido da dormida para depois irmos procurar um local onde jantar. Umas voltas pela cidade que não é assim tão grande comos nos pareceu e lá descobrimos um restaurante por nós eleitos que o dono é um fulano  natural da Madeira, grande pontaria.
Fomos bem atendidos a comida foi ao nosso agrado, havia boa cerveja e o ambiente era também afável, mas nunca chegámos a avistar o tal madeirense, este encontrava-se longe daqui.  Final da noite, regressamos ao parque para a merecida tranquilidade.       

Dia 29
610km
 Swellendam (África do Sul) - Port Elizabeth (África  do Sul)

Vamos fazer hoje uma tirada de ligação, sem dúvida vai ser longa e veremos que poucos pontos de interesse iremos admirar.
Escassas opções teríamos a partir do cabo agulhas na direção do Lesotho, vamos observar o que o dia nos reserva. Começamos esta manhã sem problemas de logística, arrumamos as nossas tendas que equipam as pick-up, acedemos os fogões para aquecer o leite e fazer torradas, no meu ver isto de torradas, pouco ou nada tem, vamos-lhe chamar queimadas. Mesas e cadeiras montadas e começamos a tratar das nossas barrigas neste local onde o silêncio é constante, muita vegetação, bem perto de nós encontra-se uma montanha desprovida de árvores, apenas até meio existe uma vegetação rasteira, está um pouco fresco e apenas nós  estamos neste espaço, não existe mais ninguém.
Partimos então em direção a Este, rapidamente começamos a ver os campos cultivados, as cores das plantações, são amarelas e brancas, por veze vimos umas de cor azulada, campos imensos para pastagens que vimos, manadas de bois e  bandos de avestruzes, estas muitas vezes em locais totalmente vedados e em espaços mais pequenos. Passamos por um ponto onde se encontrava uma fábrica grandíssima, não nos enxergámos o que ali se manufaturava. Continuamos o nosso programa e vimos que estava na hora de almoçar, desta forma entramos numa cidade de nome Plettenberg, onde encontramos o local exato para se comer, não demoram muito a fazer os nossos pratos o que nos facilitou não perdemos o nosso tempo precioso. Demos ainda uma volta até à zona da praia, vimos um sujeito  a fazer construções na areia, estas são fabulosas.
Também neste local existe uma construção em madeira grandiosa que compreende, bar, restaurante e uma esplanada com classe, enquadra-se perfeitamente. Partimos na direção de Port Elizabeth, ainda existe uma extensão por percorrer. O clima está um pouco nublado, mas até agora nada de chuva, sempre é melhor conduzir com o piso seco onde podemos fazer médias mais elevadas. Praticamente sem darmos por conta chegamos ao nosso destino, dirigimo-nos para um parque situado à beira mar, onde vamos pernoitar.
Este parece-nos muito barulhento, pois ainda chegamos de dia e há muita gente ao contrário de todos os outros em que pouca ou nenhuma existe. São barulhentos, música muito alta e muitos berros, já nos parecem ciganos. Fizemos o reconhecimento e dirigimo-nos para o centro da cidade procurar um local para jantar. Ainda demos uma volta pelo burgo, mas não nos pareceu de grande interesse, pretendemos um restaurante que andava em mente, mas não o conseguimos descobrir, tivemos de optar por um onde preparavam frangos, mais conhecido mundialmente pelos Beto's.
Nós já tínhamos comido uma vez e achamos que eram saborosos, desta vez ninguém gostou, ficamos desconsolados e tão cedo não os vamos esquecer. Regressamos ao parque barulhento que ainda ficava a 18 quilómetros, mas quando chegamos havia sossego total.  Vamos dormir então em paz ao barulho da ondulação do mar que está mesmo por detrás de nós, não mais do que 15 metros.

Dia 30
683km
 Port Elizabeth (África do Sul) - Maseru (Lesotho)

Vamos abalar para dar início à nossa segunda etapa mais extensa o clima não está brilhante, contemplámos o céu, este muitíssimo nublado e vamos esperar que se mantenha sem chuva, porque atingimos agora umas zonas de montanha em que a nossa velocidade terá de ser mais baixa e alongará o tempo de viagem. Com tudo isto não tivemos pressas em sair, andamos nas fotografias, caminhámos ainda até ao meio  dos rochedos que se encontram  por detrás de nós, apreciamos a forte rebentação das ondas, para depois sairmos em direção ao Lesotho.

Aconteceu o que já se esperava, tínhamos andado pouco mais de 20 quilómetros, começou a cair uma chuva miudinha que foi engrossando, não bastando, estávamos atravessar uma zona montanha com imensas curvas e subidas abruptas. Com estas contrariedades fomos galgando a distancia onde começamos a ver onde se encontrava um posto de abastecimento de gasóleo, porque já estamos com pouco e o gps deu informação de uma bomba  perto, mas há um erro de leitura, quando reparei que a informação dada era perto do local de partida e não no trajeto, nesta altura já possuía-mos pouco.
Passados alguns minutos nova leitura, este correta, mas que nos adverte só a 110 quilómetros, estamos mal, fomos andando e a luz da reserva acendeu-se, verificamos que tínhamos uma margem de manobra curta. O grande problema seria, se esta faltasse e um carro a rebocar outro nestas montanhas era drástico, ainda mais a chover como está. Calmamente fomos andando e verificávamos a distância a que estávamos com muita frequência, desde só faltam 80, mais adiante 60, lá longe 30, por fim acreditamos que rapidamente chegávamos.

Agora só faltam 10, já bem perto dissemos, vamos acelerar que já estamos próximo, pois estávamos, porque já avistava-mos a
dita. Quando finalizamos o abastecimento este levou 153,94 litros. Neste percurso voltámos a ver uma enorme quantidade de macacos que se avizinham da estrada, mas quando afrouxamos lá se vão embora. Voltamos a passar  junto de uma vila onde as casas são pequenos cubos que não poderão ter mais do que uma divisão, a maioria tem uma porta e uma janela, raramente há alguma com duas janelas, sinónimo de pelintrice.
Passamos por uma zona que nos fez lembrar o Monument Valley no Arizona, ou seja deserto com umas montanhas semelhantes, só faltam os cowboys. As horas foram desaparecendo e começamos a pensar em comer, porque há poucas cidades neste trajeto e temos averiguado que restaurantes nem velos, tanto mais que hoje é domingo. Por volta das 13h00, chegamos a uma cidade onde deparamos à nossa direita um imenso aglomerado de pessoas dentro de um cemitério,  seria uma festa, pensamos nós, porque algumas estavam dispersas por todo aquele lugar, possivelmente seria um enterro. Adiante procuramos um restaurante, mas nada, vimos um hotel e foi onde nos safamos, juntaram duas mesas para que comêssemos todos juntos,  estivemos bem
instalados, mais parecia um velho hotel do Oeste Americano, faltava apenas termos deixado os nosso cavalos cá na rua, estrado tem e corrimão para amarrarmos as rédeas. Foi agradável e fomos bem servidos. Arrancamos e aí vamos fazer o resto desta tirada, note-se que temos andado hoje sempre em estradas regionais, ainda não entramos em vias nacionais, não nos podemos queixar, estão todas, em bom estado de conservação, existem retas enormes onde podemos circular depressa, também já deixou de  chover há muito tempo.
Passamos por mais um lugar inóspito onde as casas ficam junto da linha dos comboios e há pessoas a comer no meio dela, fez-me lembrar a Índia, tanto que isto são barracas feitas em chapa ondulada. Vamos fazer os últimos quilómetros que faltam na nacional 6 para chegarmos de imediato à fronteira com o Lesotho. Chegamos, papelada  de fora para tratar dos trâmites fronteiriços, obstáculo superado e procurar, mais uma vez  onde pernoitar.
Tivemos de percorrer já de noite uma distância considerável e lá encontramos umas casinhas típicas deste país. Aí ficamos alojados, comemos alguma coisa, porque não há mesmo onde jantar. Amanhã vamos dar continuidade à nossa passagem pelo Lesotho.

Dia 31
542km
Maseru (Lesotho) - Johannesburg (África do Sul)

Estamos a três dias da finalização destas férias extraordinárias, percorremos uns milhares de quilómetros, passamos por locais que nunca iremos esquecer e tudo que imaginámos foi sempre superado com grande sucesso.
Hoje iniciamos mais um dia com a sempre boa disposição, acordar cedo, dá saúde e faz crescer, bem se pôde ver com a boa disposição do Gui que já salta e brinca. Também nos disseram que a nossa estadia aqui tem o pequeno almoço incluído, vamos ver se é verdade, pois o inglês destas pessoas é fracote e nem sempre nos conseguimos entender.
Durante a demora em nos dizerem onde o tomava-mos, voltamos a insistir se sempre havia ou não,
estes lá nos foram querendo dizer que sim. Por fim, depois de esperarmos, lá nos vêm chamar para irmos ter a um café que se encontrava ali perto, assim fomos todos para dentro de uma sala e lá nos fecharam, só nós mais ninguém, tinham umas coisas para comermos, coisa fraca, mas é o que tinham.
Partimos para a capital, neste trajeto fomos admirando a paisagem e as terras por onde passamos, pareceu-nos de todos os países que nesta viagem passamos o mais pobre de todos.
Quando chegamos ao centro vimos logo uma imensidão de filas, para os bancos, correios e outros serviços estatais, edifícios de aspeto rudimentares, completámos  mais umas volta e está visto, não nos mostrou interesse em perder mais tempo, de volta à estrada fomos para a fronteira que não estava muito longe. Havia uma fila, mais outra de pessoas que estavam a entrar e sair, nós ficamos logo intimidados, quando é que daqui abalamos? Nem tudo foi mal, no meio daquela confusão havia um guiché para estrangeiros o que nos agradou e foi rápido o nosso atendimento.
Cá fora deparámos com um grupo de vendedores, aos quais adquirimos uma série de objetos e resolvemos oferecer os restantes mantimentos que ainda contínhamos das nossas pick-up, para nós foi uma oferta exclusiva, pois os recetores, foram simpáticos e não se engalanaram ou gananciavam com toda aquela tralha. Houve dança e cantares, alegria que nós admiramos. Estamos contentes por assim ser e partimos para fazermos mais 500, onde circulamos ainda em montanha e estradas secundárias, depois de algumas horas lá chegamos à estrada principal que nos vai levar até Johannesburg.
Veio a hora da fome, procuramos no gps uma cidade que estivesse perto e aonde encontrar um restaurante e comer uns grelhados  que já ansiamos. Tanto mais que os nosso amigos árabes quando chegaram aqui à  África do Sul encontraram um de nome, lembram-se do nome? Aqui vai "Tennessee Spur", ora enxerguem, eu me lembrei. Sem dúvida fomos lá direitinhos, comemos muito bem e a comida é toda de grande classe. Está aprovado, venha a próxima viagem que o vamos procurar. Bem comidos retomamos o nosso trilho, mas já nos encontramos perto, mais 150 quilómetros em autoestrada e chegámos à periferia desta cidade, começamos por ver barracas e mais barracas, muito trânsito e já noite tivemos de procurar hotel.
O Carlos esteve a ver um num local critico, mas quando lá chegamos não vimos hotel nenhum, esta ideia tinha sido desacreditada entre nós, mas, mas. Então fomo-nos hospedar num em que tinha  excelentes quartos, um pouco carote, mas como era a última noite neste território foi aprovado em reunião de direção com 8 votos a favor contra 1 não. Tínhamos logo enfrente um centro comercial enorme onde fomos jantar , regressámos e fomos para as nossas roncadas. 

Dia 1
97km
Johannesburg (África Sul) - Dubai (Emiratos Ár. Unidos)

Chegamos aos derradeiros momentos de finalizarmos esta grande viagem, temos de aproveitar estas escassas horas que nos faltam e matutarmos que já estamos com saudades, tem sido tudo maravilhoso.

Dormimos todos bem, não tivemos grandes pressas em nos levantarmos, apenas que temos de ir tomar o pequeno almoço no mesmo centro comercial onde ontem jantamos , sendo este hotel caro não está incluído no preço o pequeno almoço, é estranho mas temos sempre surpresas. Já tínhamos como ponto certo irmos neste dia ao Soweto, todos sabemos que foi um local critico e que ainda nos transmitem na comunicação de que é perigoso, podemos ter dissabores e não se aconselha.
Está bem com todas estas precauções tomadas, transmitidas; fracamente, nós não tomamos quaisquer precauções, e partimos em direção a este local para nós enigmático. Do local onde nos encontramos ainda fizemos uma mão cheia de quilómetros por autoestradas que tem portagem, mas nós desde que cá estamos não sabemos o que é portagens. Eles que nos mandem a fatura destas desavenças, pois nós pagaremos em escudos, julgo que todos ainda temos uma moedas destas. Estamos a circular no tão conhecido Soweto, é uma cidade
enorme com casas de apenas um andar, emaranhado de ruas, muita gente, praticamente só se vê pequenos comércios, possivelmente poderá haver centros comerciais, mas não vimos nenhum, carros, sim imensos e as ruas asseadas. Passamos perto da casa de Nelson Mandela, onde depois saímos e fomos visitá-la, tivemos de pagar o ticket de acesso, entramos e fomos olhando a casa onde viveu com sua família, há imensos objetos pessoais, alguns manuscritos,  inclusive umas botas e a cama onde ele dormia, é um local pequeno, rápida também foi a nossa presença.
A Sofia ainda comprou um livro dele “Longo caminho para a liberdade”, já foi publicado em Portugal, mas não tem a mesma grandeza do que comprá-lo onde o escritor viveu, outro impacto sem dúvida. Concluída esta visita fomos ali ao lado onde está a residência de outro Nobel da Paz – Desmond Tutu, esta casa não era visitável porque ainda residem lá familiares seus, corda aos sapatos e caminho para as viaturas, mas sem que compremos algo que nos faça ainda recordar este local. Há montes de vendedores que têm todos os tipos de artigos, nós optamos por comprar vastíssimas coisas a um Moçambicano que ali tinha a sua banca montada, vendeu, bastantes peças em madeira
feitas manualmente e ainda nos fez descontos por sermos Portugueses, para revolta de um Sul Africanos nos dizer que nós só compramos coisas ao outro só por falar Português. Terminada a nossa visita, fomos fazer mias 80 quilómetros em autoestrada até ao aeroporto onde fomos entregar as nossas viaturas à empresa de aluguer que tinha destacado 6 homens para as conduzirem de regresso  até à cidade do Cabo, local de onde vieram para aqui. As entregas foram pacíficas, não demonstraram grande empenho nas verificações, cingiram-se no que nós lhes dissemos, tais um  para-brisas partido, pneu rasgado e suporte da tenda partido.
Nós ao contrário das restantes viaturas, não a atestamos, achamos que fazia parte do seguro ou franquia  paga inicialmente. Seguidamente fomos fazer os check-in e entrarmos para a zona de embarque. Ainda vimos uma grande aglomerado de árabes que estavam a fazer as suas orações. Ainda era cedo, aproveitamos para fazer umas compras; perfumes e cangalhadas, para embarcarmos e partimos em direção ao Dubai onde chegamos pelas 5h15. Nesta altura já fizemos 4 horas de viagem, vamos dormindo e completaremos a primeira tirada mais logo.

Dia 02
19446km
Dubai  (Emiratos Árabes Unidos) - Lisboa (Portugal)

Estamos a fazer uma viagem agradável, bem instalados o espaço entre cadeiras neste avião são excelentes, podemos movimentar-nos à vontade, há imensos filmes que podemos ver, boa música ou mesmo fazer jogos, tudo isto ajuda a passarmos o tempo de viagem entretidos, são muitas horas e nem sempre consegue-se dormir. Estas viagens longas de avião maçam-nos e parecem nunca chegar ao final.
Mas por fim chegamos, para que depois de algumas horas partimos em direção a Lisboa, onde iremos fazer mais 8 horas, se já estamos fartos o que será a seguir.
Desembarcamos e vamos fazer transbordo para o outro voo, acontece que voltamos a passar por todas as barreiras de controlo e logo surgem problemas. Se todos os objetos embarcados connosco na África do Sul, não tivemos nenhuma chatice por que razão já nos estão a chatear de não podermos transportar os rádios de transmissão que utilizamos nas pick-up, não passaram e de imediato foram colocados num vasilhame para serem
destruídos, mas que autoritarismo, se não passam, podemos fazer um despacho, para seguirem no porão, disseram logo que isso não era possível. Leis de merda internacionais que não se coadunam, só fazem mal entendidos entre os passageiros e os responsáveis de fiscalização. A nossa insistência  foi desmedida, perdemos muito tempo para que depois fossemos para o cais de embarque em cima da hora. Mas valeu a pena toda a nossa pressão,
por fim e com autorização de um superior deixarem passar os rádios. Finalmente estamos a entrar embarcar num Boeing 777-300 que vai completamente cheio para Lisboa, é que não há um único lugar vago, são 550 passageiros mais 17 tripulantes, é um gigante do ar. Estamos a viajar à cerca de 3 horas, estão-nos a trazer o almoço, onde eu pedi 1 garrafa de vinho perguntando a hospedeira se não queria outra, disse logo que sim o mesmo se passou com a Sofia que pediu coca-cola e deram-lhe também duas, o vinho é de qualidade e ajudou acompanhar o borrego que tinha pedido.
Seguidamente um grande café e ver mais um filme e acho que todos acabamos por dormir mais um pouco. São 12h45, estamos a chegar a Lisboa depois de 16 horas andar em aviões, bem dispostos e com boas recordações nas nossas memórias. Foram uma férias do melhor que há, sem enigmas e com saudade das próximas. Até já, o programa segue dentro de momentos.




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