SVALBARD
UTOPIA de 6 URSOS
A Júlia nessa altura retirou uma das suas malas do tapete, mas a Cândida disse que ia perguntar se eram mesmo para serem retiradas, sendo informada que sim, lá fomos com todas as malas atrás para adquirir bilhetes de comboio para o hotel reservado em Oslo. Esta nossa ida para Oslo deveu-se ao facto de a SAS, ter alterado o voo e a hora de saída para Svalbard que nos prejudica no tempo que havíamos programado da nossa estadia naquele arquipélago, mas paciência vamos dar uma volta pela cidade e conhecer mais alguns lugares, para o Cláudio é a estrear, pois nunca aqui esteve, ou seja nada está perdido.
Fizemos uma viagem rápida num tipo de comboio moderno em que a sua velocidade esteve um pouco acima dos 200km, bem acomodados e alegres. Em Oslo fomos deixar as malas no hotel para nos livrarmos da carga. E rapidamente já andávamos a deambular pelas ruas da cidade, tivemos o cuidado de arranjar hotel no centro desta para que não houvesse deslocações, chegou a hora do almoço o tempo estava frio, tanto que já não estamos habituamos a esta temperatura para esta época do ano. Mesmo assim sentámo-nos numa esplanada. Pedimos as nossas cervejas e as águas para a Cândida e Júlia que estão proibidas de ingerir álcool. Pouco tempo se passou e uns pingos começaram a cair e a temperatura arrefeceu mais, em conjunto com o vento que se pôs. Continuamos a comer e a determinada altura as senhoras pediram que lhes fossem cedidas umas mantinhas para se abrigarem do frio de alguma chuva que ia caindo por arrasto, desta forma conseguimos almoçar mas a sobremesa teve de ser no interior do restaurante.
Tudo o que pedimos estava delicioso e a funcionária que nos atendeu foi sempre muito simpática connosco. Ainda estivemos na conversa algum tempo e lá que abalámos para iniciar mais umas voltas onde compraram os souvenirs do costume. Conseguimos fazer um longo percurso, fomos ainda até à zona marítima, vimos o edifício da ópera e sobre ele caminhamos para termos um panorama diferente daquela zona.
A noite chegou, mas como a noite aqui não se vislumbra, estamos sempre com luz solar até às tantas da manhã sem que na realidade haja escuro. Tarde, enfadados de não termos descansado na noite anterior por causa do embarque fomos para o hotel.
Dia 5 Julho -
Algumas ideias surgiram então da nossa parte de como passar os dias que tínhamos pela frente, entre elas foi alugar um carro grande que nos transportasse nos próximos tempos, andamos de rent a car em rent a car, mas nada desse tipo de viatura, não havia ou estava esgotado, optamos por fazer o aluguer de dois carros pequenos para que gastássemos o mínimo possível, aqui tudo é muito caro, mesmo assim consideramos muito caro o aluguer que fizemos, mas era a opção mais acertada que tivemos. Fomos buscar as malas que haviam ficado na gare de embarque onde estavam a Júlia e a Sofia aguardar pelos restantes elementos. Carros carregados, ficamos algum tempo a pensar qual o trajecto que íamos fazer ou seja por onde começar, pois já todos tínhamos acordado que havia três locais que eram os eleitos, mas mesmo assim muito distantes, foram eles, Stavanger, Prekestolen e Bergen, a decisão foi mesmo a que atrás indicamos seguir este rumo. Assim partimos na direcção de Stavanger por uma rota um pouco a sul, circulando a norte de outra grande cidade Drammen, passando por Konsberg e percorrendo mais de duas centenas de quilómetros por montanha onde obtivemos vistas fantásticas e fomos vendo centenas de autocaravanas que cruzamos, dezenas de parques e zonas junto a lagos ou rios onde podem aparcar sem problemas, neste locais estão sempre cheios deste produto tão utilizado pelos noruegueses que é o país onde contemplamos mais autocaravanas.
Ao longo de tantos quilómetros não vimos excesso de velocidade, ultrapassagens perigosas e nabos que vão para a estrada passear a 30 ou 40 quilómetros e não se deixam ultrapassar, isto é vulgaríssimo nas nossas estradas. Temos paisagens incríveis montanhas que encravam um lago ou um rio, vales verdejantes com casinhas em madeira sem que lá esteja nesta altura alguém a viver as ovelhas que cruzamos pelo caminho, não vimos nenhuma morta, parecem selvagens mas não o são, encontra-se tosquiadas e contém localizadores, elas vagueiam nas encostas das estradas nacionais e todos tem cuidado para não as ferirem. Cerca das 14h00 paramos em Dalen num burger king para comermos, de seguida fomos para a margem do lago ver uma família que estava a tomar banho numa temperatura que para nós é gelada, eles estavam sem preconceitos e frio na havia. Partimos, pois ainda faltam muitos quilómetros para o nosso destino de hoje, fomos cruzando um sem número de túneis, alguns com muitos quilómetros, num deles existia um cruzamento de estradas com uma rotunda oval no seu centro, local bem iluminado e mais uma surpresa, nunca vimos, nem imaginávamos uma obra desta qualidade.
Passados mais uns quilómetros paramos para visitar um templo todo feito em madeira e ladeado com um cemitério com algumas campas com mais de 200 anos, tudo bem conservado e cuidado. Chegamos depois ao alto de uma cordilheira onde começamos a ver montes de neve, foi num deles que parámos e caminhamos a Cândida e eu, pisamos caquinha de ovelha e borramos as botas, foi um problema para desencardi-las, caminhamos imensas veze sobre a neve e ficava sempre a marca da trampa, tantas as vezes que carregava com o pé para que saísse e continuava a borrar aquele neve branquíssima, eu desisti e reparei que ainda ficou uma marca na sola, quando entrei para o carro estive à cautela para ver se havia algum cheiro, nada mesmo.
Fomos andando até que a estrada estava barrada por causa do deslize de pedras, resultante de obras para alargamento da via, calhaus por todo o lado, depois desta paragem continuamos sem problemas, desbravando montanhas, túneis, vales e vendo centenas de autocaravanas. Por fim chegámos a Sandnes onde tínhamos hotel reservado numa construção centenária feita em madeira, complexo perfeito e a casa onde iremos permanecer esta noite é deslumbrante, cuidada e decorada com objectos antigos. Mais uma noite se avizinha, mas todos sabemos que a noite por aqui só existe nas horas pois temos sol até muito tarde e este mal se põe no horizonte. Fomos todos descansar as mazelas da manhã e esquecer por agora Svalbard.
Dia 6 Julho - Ficamos hospedados no Kronen Gaard Hotell, é um hotel distinto, aconchegante, ele foi construído pelo comerciante de madeira Gabriel Block Watne em 1898, para que fosse a sua residência de Verão, criando desta forma um lugar de encontro para a sua família e amigos. A casa principal de estilo suíço tem 34 quartos confortáveis à sua volta tem um jardim e outras construções que convertem este local num cenário fabuloso que nós adoramos.
Todos dormimos muito bem e de manhã tivemos um pequeno-almoço basto para que tenhamos forças para escalar o trilho até ao Prekestolen . Tivemos mais uma vez que carregar as malas para as viaturas porque nesta viagem vão-nos acompanhar todos os dias. Principiamos a viagem até encontrar o ferryboat em Lauvvik que nos vai levar para o outro lado do fiorde em Oanes para seguidamente encaminharmo-nos para o calçadão que nos espera. Dali a pouco tempos já estávamos na base para iniciar a caminhada, para a Cândida, júlia, Carlos e Cláudio vão fazer esta caminhada pela primeira vez para nós, Sofia e Gilberto já uma repetição porque no mês de Agosto de 1993 havíamos aqui estado com os nossos filhotes, Gonçalo que altura tinha 10 anos e o Ricardo com 17.
Nesse ano quando iniciamos a subida já caiam uns pingos, nada que nos incomodasse, passamos por um pântano cheio de água e o passadiço em madeira estava em péssimo estado com algumas tábuas partidas. Continuamos andar e qual não é o nosso espanto, quando pela frente começa aparecer os primeiros obstáculos pois para continuar a subir tinha-se que escalar pelas rochas, uma a uma pois eram de grande dimensões, nessa altura a chuva já era em abundância, por entre as rochas, regos de água dificultando a subida, fomos subindo e já a mais de meio do caminho percorrido a Sofia começo a ficar alarmada como seria a descida pelas rochas que tinha passado, quis desistir mas nós insistimos com ela que nessa altura era uma jovem com 36 anos para prosseguirmos, pois pouco mais andamos e ficou junto a uma rocha a chorar mas dizendo-nos para irmos que ficaria ali à espera. Ok, continuamos os três mas íamos tristes por ela ter ficado para trás, foi então que dissemos, vamos ficar por aqui e vamos ter com a mãe e desta forma desistimos e quando chegamos ao nosso carro tivemos de mudar todas as roupas pois éramos quatro pintos encharcados.
Terminada a curta história dos repetentes lá vamos todos na primeira subida em terra batida, ou seja um caminho novo, mas ingreme para começo, um quilómetro mais adiante começamos a galgar calçada feita há anos pelo Sherpas, depois mais uma subida em que nós os mais velhos começamos andar mais devagar o Cláudio e Cândida com mais pedalada foram-se afastando. Mas fomos andando, tiramos uma fotos aqui ali e acolá, tivemos dificuldade em alguns troços, mas conseguimos ultrapassa-los, com isto cumprimos a primeira montanha de escadas mal-amanhadas e pedregulhos a servir de degraus. Assim fomos progredindo a nossa ascensão ao inferno a Sofia começou a ficar enfada e a lembrar-se do que havia acontecido em tempos passados, sem dúvida que hoje as coisas estão muito mais facilitadas, naquela altura nem uma escada havia, mas sente-se desanimada, vou ajudando-a e quando aparece uma zona mais plana ganha mais coragem.
Dia 7 Julho - Temos pela frente mais uma etapa, mas será mais curta, ligando-nos a Bergen, outra cidade interessante, antes vamos dar um passeio aqui por Stavanger, não chove e iremos então conhecer um pouco esta cidade que é a 3ª maior do país tendo sido fundada em 1125, por influência da igreja católica.
Hoje é das cidades da europa em que o custo de vida é dos mais elevados, tinham que vir estes 6 pé rapados de portugueses gastar alguns cêntimos que tinham na carteira. Fomos até à zona portuária admirar os poucos barcos que lá estavam nesta altura, ainda estivemos a ver uma manobra penosa duma barcaça que tinha um guindaste descomunal e poderosíssimo, a precisar de um reboque que lhe puxasse a mecha para içarem um dos guinchos super pesados. Saímos dessa zona e embrenharmos numa das ruas principais a Øvre Holmegate , esta é uma rua pedestre com casas coloridas e repletas de bares e restaurantes, conhecida como a Notting Hill, foi nela que ontem estivemos a jantar, num final de dia chuvoso.
Continuamos andar e viramos à direita para subimos uma pequena colina e termos mais uma vista da cidade, neste local encontra-se a Valbergjet uma torre de observação construída em meados do século XIX para guardar a cidade. Caminhamos para a parte mais antiga onde deambulamos por ruelas, circundadas por casinhas em madeira coloridas, muitas lojas e quase apenas trânsito pedonal, tudo limpo mas num país destes deparamo-nos com o pedinte, situação rara. Mais adiante demos por terminada esta volta e fomos buscar os carros que se encontravam no parque de estacionamento que tem ligação com o hotel em que estivemos. Agora é só colocarmo-nos ao caminho para chegarmos ainda hoje a Bergen, a distância será cerca de 210km, percorridos em ferrys, pontes e túneis, passando por imensas ilhas, é agradável, não será assim tão rápido mas lá chegaremos.
A temperatura não está encantadora, há também muito vento, por vezes quando vamos a viajar de barco tentamos vir para o exterior para apreciar a paisagem, mas é completamente impossível por causa do forte vento que está, alguns destes trajectos são longos e seria mais agradável estarmos cá fora, assim mantivemo-nos sentados no interior agasalhado. Já perto de Bergen, conseguimos alugar um apartamento com três quartos, uma casa de banho e uma sala, vai dar para remediar, é apenas uma noite.
Finalmente chegámos, conseguimos encontrar o acesso a esta casa que não era assim tão fácil e descarregamos a tralha para depois irmos até ao centro encontrar um restaurante onde pudéssemos jantar. No caminho apanhamos mais um pouco de chuva e lá conseguimos encontrar um lugar que nos agradou para a nossa ceia. Depois de jantarmos fizemos uma volta por uma parte da cidade mas a chuva não nos largou e tivemos de regressar a casa rapidamente. Mais um dia terminado com nota positiva.
Dia 8 Julho - Ontem quando vínhamos a regressar para o apartamento lembramo-nos que este não tinha pequeno-almoço, então comprarmos, pão, queijo, café, etc. para que hoje de manhã tomássemos o pequeno-almoço diferente dos outros dias, razão que no aluguer deste espaço está excluída esta refeição.
Malas feitas e pequeno almoço tomado e lá vamos nós para a zona costeira da cidade que é onde se encontram os locais de destaque, pois Bergen é uma cidade situada na costa sudoeste da Noruega que está cercada por montanhas e fiordes, entre eles o de Sogn o maior e mais profundo do país, esta cidade tem muitas casas de madeira coloridas situados no antigo cais que foi um dos centros do império mercantil. Nesta tão curta viagem, inesperada, mesmo assim já visitamos a 1ª e 3ª maiores cidades da Noruega, para não ficar para trás estamos na 2ª maior, por aqui passam a maioria dos cruzeiros que cruzam o norte da Europa, também foi capital do país até 1299, quando Oslo obteve o título, esteve sob o domínio da Alemanha nazista entre abril de 1940 e maio de 1945.O pormenor que já me esquecia mas ainda vou a tempo de descreve-lo.
É complicado e muito difícil estacionar os carros em qualquer cidade norueguesa, Aqui não se foge à regra, vimos numa das ruas que dá acesso à zona do cais uns lugares, mas que têm de ser pagos a Cândida resolveu o problema com um cartão de crédito, pois nós estamos na Noruega, mas ainda não trocamos euros em coroas, ou seja andamos tesos que nem uns carapaus e isso vê-se nestas alturas em que deveríamos ter algumas moedas para carregar o obliterador. O Carlos mais uma vez jogou em branco e cagou para o assunto, estacionou e pusemo-nos ao caminho, pois se por acaso tivesse uma coroa seria essa a que ele colocaria na máquina para pagamento. Caminhamos, então pela marginal onde à frente existem uns lugares de rua onde se pode comer, ontem à noite poderíamos ter vindo até aqui jantar, na verdade é que desconhecíamos completamente tais ofertas, foi pena porque havia de tudo para comer com grande relevo para o marisco e peixe. Passeamos ao lado das muito antigas casas feitas em madeira, algumas encontram-se em reparação onde pudemos ver parte da madeira podre, um dia acabariam por desmoronar-se.
Numa delas as escadas tem uma inclinação tão acentuada que é muito difícil subi-las. Neste molhe está uma mina submarina do tempo da 2ª guerra mundial exposta para ser admirada por todos. As madames compraram recordações como já é habitual. Tivemos então de finalizar esta volta para regressarmos às viaturas que uma delas está totalmente em transgressão a outra ou terminou o tempo ou está a terminar. Felizmente que nenhuma delas teve problemas, estavam ali as duas caladinhas para que ninguém as visse. A verdade é que não se vê polícia, sabem que o cidadão tem deveres e será quanto basta, parece que sim! Ainda tivemos tempo para ir até ao forte que está localizado na ponta do molhe onde também estão parados os navios de cruzeiro.Concluído o tempo que dispúnhamos para esta visita, vamos ter de nos colocar ao caminho para chegarmos hoje ao hotel situado no aeroporto de Oslo, ainda são uns bons quilómetros que não podemos menosprezar. Então, aí vamos arrancar percorrendo uma via que nos vai retirando do fiorde para nos embrenharmos em vales e montanhas, estas mais uma vez repleto de túneis, já bem no alto de uma montanha, começam, aparecer resíduos de neve do inverno rigoroso que por aqui passou meses atrás, mais longe começamos andar na estrada nacional 7 e encontramos um local soberbo para comermos umas sandochas e outros petiscos, um senão só vendiam cerveja para ser consumida no exterior, acabei por optar e beber outra coisa, mesmo tendo estado a comer numa mesa na rua. Dali a pouco partimos deparando com paisagens exuberantes que a todo o instante nos regalam a visão, esta Noruega é muito verdejante, cheia de rios, lagos, montanhas e vales, uma diversidade imensa, com boas estradas e os condutores são meramente cautelosos.
Fizemos uma mão cheia de quilómetros, não mais de 371 para chegarmos ao nosso destino final de hoje ao hotel Best Western Plus Oslo Airport,. No final da noite, lá estou eu a falar em noite, fomos jantar no restaurante deste hotel em que os pratos por nós pedidos foram agradáveis. Amanhã partiremos para o nosso Portugal que já sente a nossa falta.
Dia 9 Julho -
Aproveito este
último dia para relatar a verdadeira história dos “Trolls”.
Reza a lenda que os Trolls eram
pequenas criaturas estranhas que viviam nas montanhas e nos mares no norte da
Noruega. Eram semelhantes aos humanos, mas tinham cabelos desgrenhados, rabo,
apenas quatro dedos e um narigão enorme. Só era possível encontra-los à noite,
pois eles não suportavam a luz. Caso não regressassem aos seus esconderijos
antes do amanhecer viravam pedra. Eles eram dotados de poderes especiais e
podiam se transformar em lindas mulheres. Quando enfurecidos tinham uma cólera
que não conhecia limites, Para agradá-los os camponeses ofereciam pratos de
comida, especialmente, na noite de natal. Até aos dias de hoje, dizem que é
preciso estar bem com os Trolls para não correr oi risco de se deparar com sua
fúria. Afinal, muitas da montanhas norueguesas formadas por rochas talvez sejam
Trolls que não conseguiram romper a luz do dia e viraram pedra.
Aqui fica uma linda estória para vocês adormecerem os vossos netinhos e netinhas.
Vamos entregar as viaturas alugadas que se portaram excelentemente, gastaram pouco mas no final quando vier a conta das portagens vai doer mesmo, sei que nas entradas das cidades existem portagens que nós não as conseguimos ver, nos túneis e estradas tipo auto estradas elas existem, iremos ter surpresas.