segunda-feira, 28 de agosto de 2006

Por Terras dos Chiapas, Maias e Astecas - 2006







Por terras dos


 Chiapas
     Maias 

Astecas








· Capital: Cidade do México

· Extensão territorial: 1.964.380 km²

· Idioma: Espanhol

· Moeda: Peso Mexicano
















· Capital: Belmopan

· Extensão territorial: 22.970 km²

· Idioma: Inglês

· Moeda: Dólar de Belize












· Capital: São Salvador

· Extensão territorial: 21.040 km²

· Idioma: Espanhol

· Moeda: Dólar americano e colon




· Capital: Cidade da Guatemala

· Extensão territorial: 108.890 km²

· Idioma: Espanhol 

· Moeda: Quetzal


· Capital: Tegucigalpa

· Extensão territorial: 112.490 km²

· Idioma: Espanhol

· Moeda: Lempira















· Capital: Manágua

· Extensão territorial: 130.370 km²

· Idioma: Espanhol 

· Moeda: Cordoba














· Capital: São José

· Extensão territorial: 51.100 km²

· Idioma: Espanhol

· Moeda: Colón costa-riquenho










6 Agosto - Lisboa - Madrid

Já são tantos os anos em que as nossas férias são permanentemente gozadas durante o mês de Agosto, época em que a maioria dos europeus também as gozam, acontece que mais confusões sucedem nos aeroportos e nas unidades hoteleiras, por vezes, permaneçam quase cheias e algumas esgotadas, o que faz ainda que todas as despesas sejam mais elevadas. Há outros meses que bem podíamos gozar as nossas férias, mas por razões da entidade patronal não autorizar. Com isto lá estivemos a meio da tarde na Portela onde embarcamos em direcção a Madrid naquela companhia aérea que detestamos. A Ibéria com o monopólio das Américas faz do utente um pouco gato sapato e nos encaixam nos supositórios adultos, bem apertados para levarem o máximo de pessoas que nestas alturas mais parecem animais. Quando desembarcamos em Madrid já a noite ia longe. Fomos andando calmamente pelo aeroporto vendo algumas lojas, podemos ainda ver um pouco de televisão onde decorria um jogo entre o Real Madrid e Manchester United em que os Madrilenos ganharam por 2-1, conquistando a supertaça europeia. Também paramos para
comermos uns bocadilhos e mais umas canhas. Os espanhóis são leaders em fazerem estas sandes, sendo o presunto muito saboroso e diferente do nosso, há quem diga que o nosso é muito superior, para mim só se for na quantidade de sal, porque a sensação que sempre tenho é de que o nosso está sempre muito salgado.
Ainda dormitei um pouco a restante malta foi falando e lendo as revistas da treta, até que a hora da partida estava próxima e fomos até ao local de embarque, mais uns bons minutos e começou a entrada para o avião que nos vai levar até à terra do Sancho Pança e Pancho
Bilha, heróis mexicanos da época da coboiada que vi anos atrás. O que eu gostava de ver filmes de cowboys e mexicanos, estes já fazem parte do meu passado de outros tempos remotos. Já dentro do avião e lá vamos partir.

7 Agosto - Madrid - Cidade do México - Teotihucán - Cidade do México 


Prosseguimos a sobrevoar o espaço aéreo espanhol para daqui a pouco passarmos por cima da nossa terra indo desembocar no vasto oceano atlântico. São muitas horas de voo e vamos arranjar forma de nos entretermos, vendo um ou outro filme, ouvindo um pouco de música, lendo e dormitando assim iremos passar todas as horas que tivermos pela frente, é muito cansativo e não temos prazer em viajar de avião, até há pessoas que adoram, nós não.
Assim de manhã cedo chegámos ao México, nós todos vestidos à Verão, não é que quando estávamos à espera de arranjar táxi vimos que estava frio, então aqui não está calor, nós que saímos de Lisboa com um tempo maravilhoso, depois em Madrid que já era noite e calor não faltava, agora aqui frio, mas que raio, estamos enganados ou é por ser ainda cedo!

Apanhámos táxi para o centro da cidade do México onde se encontra o hotel alugado para esta noite na Praça da Constituição, mais conhecida como o “el Zócalo”, sendo esta a quarta maior praça do mundo é aí que vamos ficar. Há uma lenda muito engraçada sobre a Cidade do México – segundo a lenda dos aztecas que viviam em uma cidade menor e precisavam achar um local para fundar sua capital. Mas segundo uma profecia do deus da guerra Huitzilopochtli, o local só seria correcto caso eles achassem uma águia com uma serpente no bico, pousada sobre um cacto. Depois de muito perambular, eles avistaram uma águia com uma serpente no bico, pousada sobre um cacto numa ilha no meio do lago Texcoco. Um lago não era o lugar propício para fundar a capital de um império, mas quem disse que isso os impediria? Com profecia não se brinca. Ergueram diques para controlar o nível da água, construíram ilhas artificiais e canais comunicando uma parte com a outra da cidade. Fundaram Tenochitlán, hoje Cidade do México, naquele mesmo local, com a chegada dos nossos vizinhos castelhanos, os diques foram destruídos o lago foi aterrado e drenado. Dos canais originais hoje só restam os de Xochimilco, umas das grandes atracções turísticas da cidade.
Logo que saímos do aeroporto começamos a tirar as nossas fotos de chegada, pelo locais ou factos que são tão diferentes para nós, foram mais umas fotos para recordar. Começou a chover, as ruas molhadas e o tempo ficou nublado num instante, cruzamos um enorme placard que anuncia a cerveja Corona, muito consagrada e por nós bem conhecida. Até ao hotel ainda percorremos umas dezenas de quilómetros e eis que chegámos ao centro histórico desta cidade, localização esta escolhida pelos conquistadores por ser antigamente o centro político e religioso de Tenochtitlan, capital do império Azteca. Neste local o nosso hotel tem uma vista privilegiada para a praça onde vemos a Catedral Metropolitana e o Palácio Nacional do México, não bastando o edifício do governador e numa das esquinas o museu do templo maior. Alguns destes edifícios ainda são notórias as brechas nas paredes de um dos últimos terramotos, sendo o de 1985 o mais recente em que os estragos e mortes foram enormes e a reconstrução lenta e difícil para os edifícios mais antigos. Sabemos que esta cidade está construída em cima de uma zona sísmica que é desaconselhada a construção muito alta. Da nossa janela podemos ver uma enorme quantidade de tendas de manifestantes da classe operária, trabalhadores maltrapilhos, reformados, estropiados e pobres que se instalaram aqui há muito tempo, semanas ou meses e que não arredam pé, parecem que aqui vão ficar a morar e ninguém os vai daqui tirar, são atitudes de povos da américa latina, queiramos dizer acções reaccionárias, há uma bandeira mexicana de tamanho descomunal do centro desta praça. Uma forte força policial está aqui estacionada à espera de quê?

Fomos descobrir hoje nestas ruas adjacentes imensas novidades, uma grande quantidade de lojas em cada canto polícias e às portas dos bancos, reforço, não venha por aí um descendente do Pancho Bilha que já virou Pancho Caco fazer das suas e assaltar a caixa forte de um banco. A quantidade de viaturas nesta cidade, já ultrapassam os 9 milhões, não contanto com os 140 mil táxis, sendo esta cidade um autêntico formigueiro humano é que ninguém fica indiferente a tudo isto. Como todas as grandes cidades, esta na realidade é a soma de muitas pequenas cidades que se agrupam fazendo esta gigantesca metrópole, não muito longe daqui está um dos bairros da cidade que mantém ainda traços de uma aldeia ou pátio provinciano. Também é nesta cidade que há avenidas que mais parecem não terem fim, algumas ultrapassam os 30 quilómetros. A rede de metro está nesta altura feita para 3 milhões de utentes. Questiono-me, daqui a 40, 50 anos como será esta cidade quantos milhões de habitantes vai ter e carros e poluição, incalculável, correcto. Aqui há vendedores ambulantes em todo o lado. Cheiros de fritos de batata doce, bananas e de espigas de milho assado, ainda o apregoar dos vendedores de tomates de Oaxaca. Os camiões que por aqui circulam carregados até não poderem mais têm sempre de apitar e são estridentes os sons emitidos, em bom brasileiro que eu não sou, “escagacel”.

Existem nesta cidade imensos museus, mas o tempo que temos de férias e as voltas que há para os próximos dias e semanas tivemos de os esquecer, iremos direccionar-nos mais para as ruínas arqueológicas desta américa por nós desconhecida.

À tarde passamos por grandes avenidas, aquelas com muitos quilómetros para depois nos encaminharmos para Teotihucán uma das maiores cidades pré-hispânicas que, todavia, nada tem a ver com os aztecas, porque é muito anterior. Quando os aztecas floresceram e começaram a mover-se em direcção ao vale central, Teotihucán já se encontrava em ruínas. Estes 50 quilómetros que acabamos de fazer para aqui chegar é um destino clássico para os turistas que aqui vêm para apreciar as pirâmides do Sol e da Lua e a Calçada dos Mortos. É imponente a visão que ficamos quando chegamos ao centro deste complexo, a avenida tem 2 quilómetros, ou seja, isto das avenidas serem tão compridas, vêm do tempo desta gente, tudo grande. Aqui existiam palácios, templos e casas da nobreza desta civilização que atingiu o seu apogeu entre os séculos III e VII da nossa era.

Ficamos na base de umas das pirâmides apreciar o seu tamanho e a ver se arranjávamos forças e coragem para a subir, a eleita foi logo a da Lua. Eu e o Carlos ficámos logo em “pulgas”, faltava a Sofia e a Júlia que não estavam nessa, falámos com elas, mas havia vontade, apenas das forças duvidavam, mais conversa e pareceres em determinada altura eu lhes disse se subissem comprava uma pulseira em prata para cada uma que minutos atrás estiveram a ver. Não bastou, não as consegui convencer para ganharem forças. Partimos os dois Carlos e Gilberto e escadaria acima lá fomos desancando patamar um trás do outro e a meio chegámos, daí acenámos para elas que estavam na base à nossa espera. A determinada altura reparei que a Sofia tinha subido um primeiro patamar que representava já muita escadaria, ainda acenei como que dizer anda lá, mas vi que abanava com a cabeça a dizer não. Passaram-se mais uns minutos e já não vi lá a Sofia, pensei desistiu, mas eis que junto a um corrimão e atrás de outra gente lá vinha ela.
É pá já subiu bastante, será que vem cá acima! Com isto eu fui escalando outro e mais outro patamar de escadaria e cheguei ao topo. Dali uma vista deslumbrante sobre a imensidão deste vale, nem vi onde poderia acabar, mas logo defronte a outra pirâmide a do Sol, um pouco mais alta, mas lá está também com as suas dimensões descomunais, e a temperatura que aqui está, escaldante e o ar sufocante. Daqui vi que a madame Sofia está a pouco distância, fiquei contentíssimo e gritei anda, anda, estás quase, vi um enorme sorriso na cara dela e aí me convenci, ela veio mesmo e está prestes a chegar e é que chegou, dei-lhe um forte abraço e um beijo de satisfação e amor. Fiquei muito, muito contente pelo acto, sabendo que uma das dificuldades dela é o esforço que faz e o seu coração começar a bater desenfreadamente pelo cansaço e esforço despendido. Falei com ela sobre a Júlia, mas disse-me que ela não vinha mesmo.
Agora nós os três, Carlos, Gilberto e Sofia cá no alto apreciarem o que seria este lugar nos tempos remotos em que o povo daquela altura ali vivia e como a sua vida se desenrolava. Visita concluída resolvemos começar a descida que também não é assim tão fácil, não mais do que 43 metros. Quando chegámos à base fui então comprar duas pulseiras em prata maciça para oferecer às senhoras, ambas ficaram muito contentes. Finalizamos a nossa visita de regresso ao hotel e quando chegamos deparamo-nos com as ruas cheias de porcarias, papéis, caixas e um amontado de outros lixos malcheirosos.


Aconteceu que ocupamos o nosso dia fértil em conhecimentos destes povos que habitam estes lugares.  A meio da tarde fizemos o regresso à cidade do México percorrendo um outro lado da cidade onde passámos por um dos bairros mais emblemáticos desta cidade que mais parece uma favela gigante, é barraquedo atrás de barraquedo, um sem fim, um emaranhado de barracas umas feitas em tijolos, outras em madeira. Porca miséria, senhores, ali abunda a pobreza de um povo e o crime que não falta por aqui.
Quando chegámos ao nosso hotel, fomos arrumar a máquina que aqui alugamos, mas que ainda não tinha falado um Nissan que é um modelo por nós desconhecido, mas que nos vai levar até não poder mais, vai sim fazer umas
centenas se não uns milhares de quilómetros por estradas mexicanas, estamos cá para usufruir e ver. Quando a noite chegou o cansaço era evidente da viagem que havíamos feito mais a diferença horária e os quilómetros que palparmos a pé. Jantamos no restaurante do hotel comida mexicana e uma belas Coronas bem fresquinhas, fomo-nos deitar e pôr-nos às janelas apreciar o que se ia passando na praça ocupada pelas forças reaccionárias e depois para o vale dos lençóis fazer óó.

  
8 de Agosto - Cidade do México - Xochimilco - Monte Alban
 

Hoje ainda fizemos uma pequena volta pelo “el Zócalo”, tantas coisas vimos e uma delas o engraxador de calçado em que o cliente fica prostrado em cima de uma cadeira que mais parece uma escada com rodas, os sapatos ficam pela altura do nariz do engraxador que assim os pode observar e limpar, nós os 4 a ver aquele metódico trabalho, sim 4 parrecos a olhar para aquele trabalhador embrenhado e o seu cliente aproveitando para ler o jornal que deve fazer parte de tal emblemático lugar. Pronto, terminou a nossa tão curta estadia na Cidade do México, agora é andar e andar para percorrer grandes distâncias. Há ainda um local que se torna obrigatório de se visitar, este é Xochimilco, uma experiência única que nos faz lembrar o nosso Campo Grande por causa de se andar nuns barquinhos a que eles chamam “trajinera”. Logo à chegada tivemos imensas ofertas é só regatear o preço e escolher aquele que mais colorido for para nós, é que são todos muito folclóricos com capacidade à volta de 20
passageiros e uma mesa central também grande, podíamos ali fazer um grande almoço ou jantarada, espaço não nos ia faltar. O passeio desenrola-se por vários canais da região, onde passamos por locais onde vimos a vida tradicional de alguns habitantes. Nesta altura do dia há muitas trajineras em movimento e fomos vendo que alguns levam consigo grupos de músicos e cantantes que os fazem divertir. Sucedeu que a determinado momento fomos abordados por uma embarcação de músicos oferecendo os seus serviços musicais e eis que depois de conversa demorada o preço foi estabelecido e lá estão eles na sua embarcação juntinhos à nossa a tocarem e a cantarem melodias mexicanas, a maior parte por nós conhecidas, entre elas a La Bamba e
La cucaracha. Estão vestidos a rigor com os seus bigodes, laçarotes e sapatos e botas tipo anos 40 ou 50. A banda é composta 8 músicos do melhor que há nestas terras dos muchachos e muchachas, sendo dois violinos, um trompete, três violas e dois cantantes, cantaram bem, por vezes com um timbre estridente que nos furava os tímpanos. Terminada tão digna festa onde a alegria e disposição esteve sempre ao rubro partiram para outras terras, nós ficámos à espera de novas novidades, não demorou muito e chegou uma vendedora de roupas, comprei uma capa mexicana para poder ficar o mais parecido com eles, impossível, faltava-me a cor da pele, as botas o resto da roupa e uma coisa muito importante o célebre bigode. A dimensão destes canais
é tão grande pois até há polícia que patrulha de barco esta região, existem muitos mais vendedores ambulantes que vendem desde comida até outros objectos em barcos de dimensões reduzidas. Mais á frente um engarrafamento de barcos e trajineras, tivemos de parar para o trânsito escoar. Se quiséssemos tínhamos visitado uma série de ilhas, mas não foi nossa opção, apenas vimos
uma curiosa ilha, chamada das bonecas por esta estar repleta de bonecas abandonadas e penduradas nas árvores pelo antigo dono que desta forma afugentaria o espírito de uma menina que havia morrido afogada ali, situação meio macabra, mas que serve de atracção turística. Finalizada a nossa volta saloia, vamos dar início à nossa epopeia até à região dos Chiapas, ou seja, à descoberta do novo mundo da destruição hispânica.
Iremos percorrer a partir de agora 470 quilómetros até Monte Albán, vai ser mesmo andar e fazer o mínimo de paragens, porque ainda queremos chegar com dia e arranjar um local para dormimos. Esta tarde foi só mesmo fazer quilómetros em vias que passam pelo centro de muitas localidades, dentro destas uma quantidade de lombas
incalculáveis que fazem com que a nossa média de velocidade baixe, aproveitando quando a estrada estava livre era acelerar e ver se não havia polícia. Sucedeu que conseguimos fazer estas centenas de quilómetros, tal como esperávamos, um pouco cansados, fomos comendo e bebendo algumas coisas que havíamos comprado e conseguimos arranjar um local para dormir no Spa Temazcal, onde não tivemos tempo para usar o Spa se é que existia. 

9 de Agosto - Monte Alban - Estado de Tabasco


Tão perto ficamos do Monte Alban que pouco tínhamos andado e já nos encontrávamos nesta zona arqueológica. Este é um importante sítio arqueológico, trata-se de uma das mais antigas cidades pré-hispânicas, tendo sido a capital dos Zapotecas cujo apogeu se verificou entre os anos 500 a.C. e 800, cuja construção se terá prolongado por um período de 2000 anos, estima-se que a sua


população tenha atingido os 35000 habitantes. Ao iniciarmos a nossa visita por este sítio, entramos no museu onde ficamos a saber muito mais sobre estes povos, aqui existem muitos artefactos como peças de ouro, prata, turquesa, jade e osso. Num recinto estava exposto um esqueleto daquela época, segundo informação era de uma mulher jovem. Depois é que fomos andar sobre as mais diversas ruínas existentes, podemos ver a grandeza desta cidade e o quanto era de importante




e o conhecimento da população, pareceu-me que só lhes faltava para aquela época a maquinaria para a fabricação de roupas e automóveis, e porque não o telemóvel! Lá do alto temos uma vista soberba sobre a cidade de Oaxaca e dos vales que a rodeiam. O espaço é tão grande que depois de fazermos uma grande caminhada como o subir e descer escadarias, mais o calor intenso que estava, tivemos de encurtar o caminho e dar por terminada a visita, mas todos adoramos. De seguida iniciámos mais um percurso que nos leva até Santa Maria del Tule, onde existe uma árvore gigantesca. No caminho cruzamos novamente a cidade de Oaxaca de Juárez que é a capital do estado de Oaxaca. Neste ano esta cidade tem sido palco de grandes lutas populares iniciadas pelo professores em que a polícia federal interferiu com cargas de mimos, sendo a pancadaria a mais solicitada.
Em Santa Maria del Tule, facilmente descobrimos a árvore que simboliza a cidade, calcula-se que a sua idade seja mais de 2 mil anos sendo esta um cipreste mexicano, tendo o seu tronco 58 metros de circunferência e 14 metros de diâmetro a sua altura é de 42 metros e o peso está estimado em 636 toneladas. No tronco existem nódulo lenhosos que formam as figuras de animais, tais como o crocodilo, urso, elefante, lebre, esquilo, patos e outros
animais. Bem perto fica o palácio municipal e igreja de Santa Maria de la Asuncion, locais que visitamos para seguidamente seguirmos pela estrada nacional 190 onde fizemos umas centenas de quilómetros. Já mais perto do destino deste dia onde percorremos troços em muito mau estado, incluindo as centenas de lombas espalhadas pelas vias, mesmo assim conseguimos a conclusão dos nossos objectivos tendo no final do dia chegado ao estado de Tabasco onde pernoitamos num motel muito fraco a poucos quilómetros de Heroica Cardenas.

10 de Agosto - Heroica Cardenas - Mérida

Hoje mais umas centenas de quilómetros para percorrer porque nos encontramos no sul do México e mais para sul iremos, pois queremos ir até Tuxtla Gutierres, depois San Cristobal de Las Casas de seguida subir para Ciudad del Carmen, passando por Campeche e chegarmos finalmente a Mérida, uma corrida, mas hoje madrugamos e estamos cheios de pica por isso pelas nossas contas lá para o anoitecer chegámos. 
Dizendo um pouco da primeira cidade de hoje, ela é a segunda maior cidade do estado mexicano de Tabasco. No ano de 1863 os franceses invadiram a cidade ali permanecendo por alguns anos para depois serem deambulados para suas terras. Fomos andando e lá chegamos à nossa segunda paragem em Tuxtla Gutierres, capital do estado dos Chiapas. Esta cidade está centralizada em uma grande praça chamada Plaza
Cívica, cercada por prédios governamentais, como os escritórios do governo municipal e estadual, de um lado desta praça está o marco mais importante da cidade, a Catedral de San Marcos, em homenagem ao santo padroeiro da cidade, Marcos Evangelista, há também vários parques notáveis e outros espaços verdes. Partimos para San Cristobal de Las Casas o centro da cidade mantém seu layout colonial, espanhol e grande parte de sua arquitectura, com telhados vermelhos, ruas de paralelos e varandas de ferro forjado, muitas vezes com flores. A maior parte da economia da cidade é baseada em comércio, serviços e turismo que é baseado na história; cultura e


população indígena da cidade, embora o próprio turismo tenha afectado a cidade, dando a ela elementos estrangeiros. Os principais marcos da cidade incluem a Catedral, a igreja de Santo Domingo, com seu grande mercado de artesanato ao ar livre. Efectuámos as voltas possíveis e almoçamos num



restaurante à saída da cidade, comida da terra onde as senhoras beberam sumos de fruta e nós não podíamos ficar sem as cervejolas da região. Seguimos depois viagem e pelo menos 600 quilómetros iremos por estradas de montanha para depois apanharmos rectas e aí é mesmo andar sem parar, depois de

passarmos a Ciudad Del Carmen e chegarmos a Campeche, quando chegamos a esta cidade eram cerca das 20h00 horas, ainda estava dia, pois dali a Mérida foram mais 190 quilómetros, chegamos perto das 22h00, uma média espectacular para a distância e para a quantidade de quilómetros que hoje andámos. Conseguimos encontrar alojamento e depois de umas banhocas ainda fomos dar umas voltas por esta cidade, ou seja, se no início do dia estávamos com a pica toda, ora vejam ao fim de tantas horas e distâncias percorridas ainda estarmos assim, só nós mesmo.


Dia 11 de Agosto - Mérida - Playa del Carme - Chetumal




Noite bem passada numa casa colonial, gerida por um fulano um pouco excêntrico, o mobiliário é estranho no ar fica o cheiro a mofo, as cortinas das janelas e outros objectos de épocas remotas, tanto que tem um carro já com muitos anos de fabrico, americano, daqueles enormes, estacionado no átrio apodrecer, com tudo o que descrevo não tivemos qualquer receio em termos passado a noite num local tão ermo. Pela manhã em que o sol acabava de nascer recomeçamos a nossa viagem em direcção a Playa del Carme, local onde temos de entregar a viatura que foi alugada na Cidade do México, é que não podemos falhar, vão estar lá à nossa espera para a recepcionar. O início desta tirada que terá mais de 300 quilómetros são percorridos numa estrada tipo via rápida, para de seguida fazermos mais outro percurso com cerca de 70, vai ser mais um dia de correria.




A Primeira paragem surgiu em “Chichén Itza”, outro local histórico da civilização Maia conhecido mundialmente, até esta altura apenas nós não a conhecíamos, o Carlos e Júlia já conheciam tal local. Aqui existe uma pirâmide com degraus, conhecida como “El Castillo”.  Chichén Itza foi a capital do povo Maia, sendo assim tão importante para a história deste país, vamos fazer aqui um passeio imperdível. Logo no começo ficamos a saber que não podíamos subir a pirâmide, fiquei desolado, porque em locais como este gosto de escalar até ao topo. Tirei umas fotos cá debaixo que proporcionam a dimensão desta obra feita há séculos que se encontra em excelente estado de conservação. Ao lado existe a Praça das Mil Colunas, um campo para jogos de pelota, mais um templo abandonado no ano de 670. Com todas as voltas possíveis que aqui fizemos ficámos com uma ideia do que seria este local em tempos remotos, fantástico.

Agora temos de partir e seguirmos a mesma via até Cancun. Já a viagem ia longa quando começamos a ver onde encontrar uma bomba de gasolina para abastecermos porque já temos pouca. Neste percurso depararmo-nos com uma força policial a tentar acomodar uma manifestação de “obreros” em plena via rápida. Ali perto uma cabine para cobrarem a portagem, não nos foi cobrado qualquer valor porque esta estava em greve, mas uns dos grevistas pediu-nos dinheiro para ajudar os operários da classe trabalhadora que se encontram ali em greve, não lhe demos nada. Mas a cara deles perante a nossa atitude foi de rebelião, logo prosseguimos viagem e não encontrámos ainda nenhum local onde abastecer, o ponteiro indica que o depósito está na reserva.
Começamos então a andar ainda mais devagar, desligamos o ar condicionado e nas descidas o motor era desligado. Todos os quilómetros que fomos fazendo, nosso pensar encaminhava-se se a gasolina nos falta num sítio destes, vai ser lindo. Mais quilómetros fomos percorrendo e Cancun já estava mais perto, ainda falámos e se a gasolineira não se encontra logo à entrada? Fomos andando e muitos quilómetros se passaram, em determinado momento começamos a ver a cidade ao longe, já estamos safos. Mas quando começamos a percorrer as ruas da cidade não havia indícios de gasolineira, mas passados alguns quilómetros começámos avistar uma bomba, felicidade a nossa, parámos para abastecer, e não era que se encontrava encerrada, ainda perguntámos onde havia tão desejado combustível, foi-nos dito que na mesma via uns quilómetros adiante estava aberta, ou seja a nossa preocupação alastrou-se, vamos sair mal desta aventura, mas quando lá chegámos pusemos a gasolina necessária, menos angústia entre nós e a preocupação desvaiu-se, vamos então para a Playa del Carme. 


Percurso feito em bom piso e as vias nesta zona encontram-se em bom estado, nada têm a ver com outras que fizemos pelo México. Chegamos então, fomos tratar de fazer a entrega da viatura, facilmente descobrimos o local, como estávamos um pouco adiantados na sua entrega deixamos todos os nossos pertences dentro da viatura que se encontra estacionada defronte da loja, perguntamos também se dava tempo para irmos almoçar, tudo ok, sem problemas. Nós já com alguma fome optamos por um restaurante muito perto em que ficamos no 1º andar e do local onde a Sofia se encontrava avistava-se lá adiante o carro. Comemos bem num ambiente de Caribe e com umas cervejas excelentes, pois o calor apertava. Ao fim de longo tempo fomos para o carro tirar as nossas coisas pois a partir daqui vamos utilizar como transporte o autocarro para ficarmos o mais perto da fronteira com o Belize.



Fiquei totalmente desolado quando soube que o carro alugado já o tinham vindo buscar, foi-nos dito que tinham retirado as nossas malas, bem como os pertences, no entanto eu tinha deixado debaixo do banco do condutor uma pasta onde havia dinheiro, passaportes meu e da Sofia e outros bens pessoais. Passei-me logo com o fulano da agência, primeiro deveriam ter esperado por nós para que fossemos nós a retirar as nossas coisas do carro e como iam resolver a situação da pasta. Só ouvi desculpas, argumentos de que não resolviam nada, gritei, chamei-lhes nomes e surgiu uma luz ao fundo do túnel em que ele ia ver se conseguia falar pelo telefone para um local onde poderia vir a parar.


Agora é que são elas, nós nem a meio da viagem nos encontrámos, como vai ser sem algum dinheiro e o problema principal – passaportes, coisa linda. E não foi que a determinada altura em que nos encontrávamos ainda almoçar a Sofia, disse, olhem que o carro já não está naquele sítio, é que do local onde ela se encontrava podia ver a viatura. Não ligámos ao que ela disse, pois nunca pensaríamos que tal situação viesse acontecer.


Ao fim de muito tempo conseguiu entrar em contacto com aquela gente longínqua e sem nenhuma certeza, deixou recado, de quando lá chegassem tinham que voltar para trás. Nesta altura estávamos todos desolados com o que havia acontecido. A hora de partimos em autocarro ia-se aproximando e as notícias que íamos tendo eram escassas só mais tarde soube que o carro tinha sido intersectado na tal terra e que já vinha a caminho, perguntávamos quanto tempo ia demorar a chegar, ninguém sabia nada. Já perto da hora de partimos para Cozumel, combinamos que eu ia ali ficar à espera do carro e um dos fulanos da agência logo que chegasse iriamos atrás da camioneta. Chegou a hora da partida desta, e assim foram sem mim.


Fiquei a lixar a cabeça aqueles mondrulhos da merda daquilo que tinham feito, passou 10 minutos, depois 20, 30 e ao fim de quase três quartos de hora chegou o carro e lá tirei à frente deles a dita pasta que se encontrava como eu a deixei debaixo do banco do condutor. Presentemente foi entrar para outra viatura em que o fulano começou a conduzir bem depressa para apanhar o autocarro o mais perto possível, isto já bem noite foi acelerar e eu a olhar para os quilómetros que havíamos feito, quando havíamos já feito mais de 100 quilómetros pensei, na volta só em Chetumal é que nos vamos encontrar, fomos andando eu sempre com atenção na matricula do autocarro, pois foram tantos que ultrapassamos, mas ainda nada, continuamos andar e só por volta dos 200 quilómetros é que o vi, fez-se a ultrapassagem e julguei que o condutor faria sinal para parar mas não, logo me disse que só na paragem oficial na próxima povoação é que ele pararia, assim sucedeu.

Foi o encontro das forças reaccionárias, deu para beber neste encontro uma cerveja pois eu vinha sequioso. Agora já dentro do autocarro a contar mais histórias até ali chegar do que se tinha passado, foi conversa para mais uns quilómetros. E finalmente chegámos a Chetumal, bem noite, foi ainda encontrar um hotel para dormimos e pouco mais. Foi um dia com muitos percalços e que nunca o iremos esquecer.



12 de Agosto - Chetumal - Belize (Belize)

Vamos ver se hoje é um daqueles dias que nada nos vai apoquentar. Temos que arranjar um táxi que nos leve até à fronteira ou mesmo até à cidade de Belize. Procuramos e informamo-nos da melhor forma de lá chegar, a opção foi mesmo o táxi, partimos para a fronteira que ficava alguns quilómetros, documentação toda em ordem e lá entrámos neste país que pouco se houve falar, mas é um destino turístico destas zonas.
O transpor da fronteira é em moldes antiquíssimos, guiché, mais guiché, mostrar papéis mais além e agora fazer um trajecto a pé até zona do Belize, aqui repete-se o mesmo de à pouco, toda a gente olha para nós, aqui somos gringos, não faz mal, mal sabem eles que somos Portugueses. Entramos na terra dos Belizenhos e a primeira paragem é Altun Ha que são umas ruínas de uma antiga cidade Maia. Cidade que deve ter atingido os 10 mil habitantes entre os anos 200 e 900, mas no final desses últimos anos algo aconteceu pois  os túmulos dos ricos foram pilhados o que fez que mais nada fosse construído nessa altura, hoje é o que se vê, um amontoado de pedras e pouco mais.
Concluída a visita seguimos para Belize city, chegámos à hora de almoçar, fomos então procurar um local que nos encantasse, porém a oferta é reduzida, sendo a opção entrar num tasco onde não havia ninguém, apareceu depois uma mulher negra que nos perguntou se queríamos comer, perguntámos o que tinha,
dissemos umas quantas coisas e nós escolhemos uma delas. O nosso espanto quando nos colocou em cima da nossa mesa garrafas de Coca-Cola de 0,5 litro, nunca tínhamos visto tamanho tão grande quando demos por conta, tinha desaparecido, ficamos muito tempo na conversa à espera que fizesse a comida, eis que dali a muito tempo entra ela pela porta de entrada carregada,
questionamo-nos onde ela foi buscar as nossas sandes. Pensamos saindo daqui vamo-nos borrar todos, na verdade comemos tudo e nada nos aconteceu. A seguir ao nosso almoço fomos dar uma volta à beira mar e deparámo-nos com um local onde estavam a partir lanchas para outras ilhas perto da costa, perguntamos para onde iam, o preço e optamos por embarcar também, não demorou muito tempo e já estávamos a navegar a grande velocidade numa lancha equipada com três motores de 200 cavalos cada da Yamaha, distância foi longa e por fim lá chegamos ao Cayo Caulker, sendo esta uma ilha Caribenha com muita pouca gente, é um lugar lindo. Tomamos a nossa
banhoca, apanhamos um pouco de sol, até que enfim, divertimo-nos com umas crianças que ali se encontravam, sendo uma delas deficiente que ao fim de algum tempo perdeu dentro de água um fio em ouro que estava pendurado no seu pescoço, tivemos pena do que aconteceu, pois ainda o Carlos andou dentro de água a ver se o encontrava, tentativa em vão. Ainda demos uma voltinha e pouco mais, pois a hora de partida chegou, novamente o mesmo barco e a toda a velocidade, ainda deu para parar numa ilhota para apanhar pessoal de um resort e a todo o gás chegamos a terra, este percurso foi longo, pois o tempo do trajecto rondou os 50 minutos.
Desembarcamos, fomos desta vez dar uma volta maior pela cidade onde ficamos a conhecê-la melhor, aqui existem muitas casas, quase todas elas feitas em madeira, também a população ronda os 50 mil habitantes, soubemos que em Outubro de 1961 o furacão Hattie destruiu uma grande parte da cidade que foi a capital das Honduras Britânicas até 1981.
A empresa de camionagem dos transportes públicos é feita por autocarros do tipo americano, o mais certo é que tenham vindo de lá, apenas as cores diferem. Também ficamos parados admirar três fulanos que mais nos pareceram americanos, trajando umas jardineiras de ganga, chapéu, camisa e botas à cowboy.
Ao percorrermos estas ruas apercebemo-nos que existem muitos vendedores por estas redondezas que vão apregoando cocos, bananas e outras coisas.
Guardamos o início da noite para regressarmos ao hotel onde já havíamos deixado toda a tralha, foi então tomarmos umas banhocas e a seguir fomos jantar, a fome já se havia apoderado de nós. Comemos bem e ainda deu tempo para ficarmos na varanda apanhar um pouco de ar fresco porque a noite estava muito quente. Já era tarde quando nos fomos deitar, os quartos eram enormes e a cama excelente, isto para nos dar forças, pois amanhã mais outra tirada já está programada.
 


 









Dia 13 de Agosto - Belize - El Salvador (El Salvador)


No seguimento da nossa permanência no Belize; procuramos alugar um táxi para fazermos mais umas voltas. Encontramos coisa barata, cómoda e espaçosa e não foi que alugámos um Cadillac, conduzido por um nativo. Partimos na direcção do Blue Hole mas este encontra-se embrenhado na selva ao contrário do outro parceiro que está localizado no meio do mar. Foram feitos umas boas dezenas de quilómetros até chegarmos perto do local. A partir daqui é feito o troço final em caminhada pelo meio da selva, aí fomos informados que naquela zona havia muitos mosquitos por isso deveríamos utilizar um repelente, por acaso até tínhamos uns que serviram para a besuntadela e lá iniciamos o percurso pelo carreiro com muita vegetação e mais adiante começamos a ser bombardeados pelos insectos descontrolados que vinham pousar em cima de nós, eram aos milhares, não podíamos abrir a boca porque eles tentavam entrar, para ajudar o calor e a elevada humidade tornava o passeio incómodo.
Mesmo assim chegámos ao tal olho azul, mas nada de azul, perguntámos ao guia do parque que nos acompanhou, onde estava a tal cor, porque água era visível, agora a cor azul nada, diz-nos que por causa da quantidade de chuvas que tem caído não é fácil ver. Mesmo assim encontrámos um casal que se banhava naquela água barrenta, mas quente, nós apenas os apreciamos. Visita concluída neste local. Quando já vínhamos de regresso deparamo-nos com uma zona que tinha uma rede rudimentar a separar uns bichinhos que mais pareciam gatos gigantes, muito bonitos as queridas onças-pardas e pumas, animais de que eu gosto muito não fossem eles felinos, quando estava a tentar tirar uma foto à dita puma, esta pega na sua enorme garra e com agilidade do caraças consegue-a passar entre a rede e dar-me uma sapatada na minha mão fazendo uma arranhadela do caraças, tentamos logo estancar o sangue mas este não parava de pingar. Ela desapareceu num ápice e nós com lenços de papel tentamos tapar o arranhão. Lavamos com água e remediou-se, ninguém morreu. Fomos andando por este parque e mais adiante uma ave enorme, vim a saber que é era um “harpia”, que chegam a ter 2,5 metros de envergadura, naquela altura pousada num tronco de uma árvore olhava para nós de soslaio a ver quando nos poderia fisgar, tanto era que a determinado momento em voo picado vem na nossa direcção e espeta-se contra uma rede de arame grosso que nos protegia, tal era a força que tudo aquilo abanou, conseguimos tirar-lhe umas fotos e vimos bem a grossura das pernas o seu porte e aquele bico retorcido, é que metia respeito a fulana, mas tramou-se com a bicada que nos queria dar. Hoje o dia está a dar-nos muitas surpresas, que venham mais como estas.
Mais à frente quando nos aproximávamos de uma colónia de babuínos negros conhecidos também como macaco de Howler, estes emitiam gritos estridentes criando na floresta um desassossego entre a outra bicharada, quando ficámos mais próximas deles a movimentação nos troncos das árvores era grande, pois iam pulando de uma para a outra como que um aviso para nós não irmos mais longe. Estes encontravam-se no seu habitat natural e nada de intrusos.
Noutro ponto um jaguar se passeia, mais além os pelicanos e bem perto o senhor crocodilo dorme sorrateiramente olhando para um tapir jovem que por ali passa.
Adoramos esta horas que vagueamos pela selva deste país, muito mais poderíamos ver e saber costumes de tantos animais que por aqui abundam, esta selva embrenhada, esconde restos de civilizações antigas e muitas ruínas podíamos ainda ver, mas são umas férias relâmpago e queremos ver o mais que podermos no tempo que dispomos. Agora vamos partir em direcção ao aeroporto para apanharmos o avião que nos vai levar para outro país, neste caso El Salvador. Sendo uma viagem curta, tivemos de estar no aeroporto 1h 1/2 antes de partimos, poucas pessoas passam por este aeroporto, mas estas regras são idênticas aos de grande movimentação. Assim estivemos a passar tempo na gare até que por fim embarcamos. Já sobre a cidade de São Salvador o avião teve de andar a sobrevoar um espaço aéreo enorme porque havia uma trovoada impedindo a aterragem, ainda demos umas boas voltas e por várias vezes olhamos para um vulcão que ficava aos nossos pés, até que lá se fez à pista e aterramos em segurança.
Pensamos em alugar uma viatura para viajarmos aqui na Guatemala e nas Honduras, teremos que regressar aqui para entregar a viatura. Foi no aeroporto que fizemos o aluguer de um carro Coreano, Kia.

Já era escuro quando finalizamos o aluguer da viatura e lá fomos nós para o centro da cidade, descobrir hotel para dormir. Aquela hora da noite já muito pouca gente se via nas ruas, nalguns locais nem vivalma, quer dizer que andamos e andamos e nada, possivelmente noutra zona da cidade, mas não me pareceu que haja muita oferta, tanto que ao passarmos por lojas ou bancos, havia guardas armados em todos os locais, até em edifícios isso acontecia. As vivendas, prédios e lojas as grades abundavam. Num cruzamento vimos pessoas e aproveitamos para perguntar. Perante a informação lá seguimos para esse sítio onde fomos alugar dois dormitórios, mais nada ali existia. Ao abrirmos as portas dos quartos vimos que tinham mau aspecto tanto que só tinha uma almofada e uma toalha de bidé, eu achei logo que íamos dormir numa cocheira.
O Carlos ainda teve a ousadia de pedir toalhas e almofadas, arranjaram qualquer coisa. Cansados que nos encontrávamos fomos deitar-nos descansados e que pouco tempo ali estávamos e começamos a ouvir gemidos, depois mais gemidos, ora esta, não é que era um local de coito, outro termo, putedo. Rimo-nos os nossos vizinhos Carlos e Júlia fizeram o mesmo e todos caladinhos para não estragarmos as fodas. O certo é que acabamos por adormecer, já não sei se foi com o cansaço ou pela gemideira.


Dia 14 de Agosto - El Salvador - La Libertad


Pela manhã começamos as nossas voltas pela capital, desta vez com a luz do dia podemos ver a quantidade de pessoas que andam armadas, qualquer loja, casa ou outro negócio tem um guarda armado nas suas instalações, vimos que algumas armas estão tão polidas das mãos ou do roçar pela roupa, será que ainda disparam? São os resultados da guerra que aqui existiu por causa de um tão simples jogo de futebol. Vamos lá entender o ser humano, não me acredito que os animais lutem por uma coisa que não lhes dê prazer ou necessidade. Há transportes que nos fazem lembrar África, tudo ao monte e quantos mais levar ainda melhor.
Este é um país pequeno muito conhecido pela suas praias no Oceano Pacífico e tendo locais excelentes para a prática do surfe. Houve em 1969 a guerra do futebol entre El Salvador e Honduras, resultado final, centenas de mortos, tudo isto por causa de uma vaga para o mundial de futebol de 1970, ou seja tiveram de fazer três jogos o primeiro a Honduras ganhou por 2-0, o segundo El Salvador ganhou por 3-0 o último que deu o apuramento a El Salvador em que o jogo se realizou na Cidade do México ganho por El Salvador 3-2. Mas foi no segundo jogo que se realizou em El Salvador que se deu a grande merda, é que foram expulsos, jogadores, apoiantes e imigrantes nos dois países, foram de seguida perseguidos e assassinados, levando os dois países a cortarem relações diplomáticas no final desta guerra também conhecida pela guerra das 100 horas o resultado final foi 900 mortos salvadorenhos e 1200 hondurenhos. Valeu mesmo a pena morrer por uma merda de uma bola.
Depois de termos dado um bom giro pela cidade resolvemos visitar um vulcão extinto há muitos anos, mas as informações que havíamos arranjado para lá irmos eram muito poucas, tivemos de fazer várias perguntas às pessoas que íamos encontrando pelo caminho, há um fulano que quando já nos encontrámos na subida de acesso nos disse, não vão por aí porque daqui a pouco aparecem cá em baixo todos nus, vão-lhes roubar tudo o que possuem. Perante tal informação já não fomos por ali, informou-nos que mais adiante existe uma estrada alcatroada que nos leva junto da cratera do “El Boquerón”, facilmente lá chegamos, apenas fizemos um trilho a pé e podemos observar o fundo da cratera, coberta por uma vegetação muito baixa, mais parece musgo que lhe dá um aspecto único lindo de se ver. Soubemos que há pessoas que vão lá baixo, nós ficámos por aqui, vamos deixar essa ida para outro dia, quem sabe. Tirámos uma série de fotos que nos vão fazer relembrar este local fabuloso e ainda fizemos a nossa caminhada a pé, encontrámos muitos residentes daquela área, crianças que caminhavam para a escola, a verdade é que não nos apercebemos de qualquer perigo.
Tantas foram as vezes que ao longo dos anos nos vão avisando dos perigos possíveis, sucede que desses avisos, nunca nos apercebemos do perigo, sabemos que os residentes conhecem tais realidades e é com o bom senso que nos informam, graças a eles e aos nossos cuidados que nada nos aconteceu até à data, vamos continuar as nossas viagens e esperar que nunca nada nos aconteça.

Demos por finalizada esta visita, iniciamos a descida para a cidade e mais alguns percursos fomos fazendo para melhor a conhecer, já muito tarde fomos para a cidade de La Libertad para procurar hotel, conseguimos arranjar um local digno, sendo este muito simples, nada tem a ver com o da noite anterior que não era mais do que uma cocheira. Também o local onde jantamos foi excelente, num mercado de peixe como cenário de fundo o Oceano Pacífico.

Dia 15 - La Libertad - Guatemala (Guatemala)


Parte do programa de hoje será visitar a Joya de Cerén, um local arqueológico pré-colombiano, Maia. Não ficava muito longe donde estávamos, trajecto que fica a caminho já da Guatemala, assim que chegámos começamos logo a saber que o sítio tinha sido destruído por uma erupção vulcânica o que leva a crer porque muitas vezes lhes chamem a Pompeia das Américas. Foi possível conhecer pormenores da vida quotidiana de uma aldeia agrícola, vimos utensílios deixados quando este povo fugia das cinzas, sem dúvida há muitas semelhanças às de Pompeia, tanto que nós já lá estivemos, apenas a dimensão da cidade ser muito mais pequena e não haver os corpos petrificados. Concluímos esta visita e de seguida fomos ver mais ruínas, estas as de San Andres outro povoado também abandonado no ano 250 por causa da grande erupção da caldeira do lago Ilopango, localização. Usando um termo brasileiro para demonstrar o estilo que o Carlos Neves tem quando faz as suas partidas internacionais de golfe, agora no gramado destas ruínas tal estilo sobressaiu. São momentos como este que demonstra a atitude de todos nós quando estamos radiantes do nosso sucesso.
Agora! Agora vamos colocar-nos ao caminho pois a Guatemala está já aqui ao lado, mas ainda vamos ter de fazer muitos quilómetros até à fronteira, assim fomos andando desbravando quilómetros em cima de quilómetros e lá chegámos à fronteira de Las Chinamas. Aqui todo o processo de fronteiras tanto do lado de El Salvador como o da Guatemala foram rápidos e começamos a rolar na direcção da Cidade de Guatemala que está a umas duas horas ou sejam 132 quilómetros, temos problemas na qualidade das estradas, mau piso e muitas curvas faz que demoremos muito tempo a lá chegar. Perto de Barberena parámos para comermos alguma coisa e seguimos o nosso caminho num troço onde nos cruzamos com camionetas e autocarros tão típicos pelas suas cores e formatos e pela fumaça que deitam nas subidas, lembrei-me dos anos 60 e 70 em Portugal quando estes tipos de autocarros na altura conhecidos por carreiras deixavam na sua passagem nuvens de fumo.
Quando já próximos da cidade mais espécies destas fomos encontrando, não fossem elas a maior rede de transportes deste país, alguns super cheios com as pessoas todas de pé e algumas penduradas nas portas, tipicamente guatemalteco. Quando chegámos ficamos admirados com esta cidade situada a 1532 metros de altitude com edifícios modernos, alguns muito altos, no entanto espalhados por toda a cidade as casas coloniais, dignas de serem admiradas, muitas delas muito bem conservadas. A temperatura ronda os 30° e quando olhamos para o longe e vimos o cone de um dos vulcões, mais parece espreitar ou a dizer que um dia vou fazer mal a esta malta, mete respeito a altitude em que nos encontrámos mais aquele bicharoco muito, muito lá acima, cuidado.

Como temos de arranjar hotel, coube-nos passar num local que nos agradou e deparámo-nos com o hotel Tally situado na 7ª avenida, não me digam que já nos parece estarmos em Nova Iorque, que é isto da 7ª avenida, muito perto do centro histórico, melhor não há. Os preços são acessíveis de 4 estrelas e sossegado. O sol já se pôs a temperatura continua elevada e vamos ver se há um local do nosso agrado para jantar. Conseguimos um local típico para jantar um bocado longe do hotel, mas como temos gps, foi só marcar o ponto onde estamos para depois ao regressar retomarmos o ponto de regresso que não é mais do que o da partida. Depois noite dentro e com o “luar de Agosto que nos dá no rosto” regressamos sãos e salvos ao hotel. Mais uma vez nos tinham avisado que é perigoso andar de noite nesta cidade, como tivemos muito medo só viemos às tantas.

Dia 16 - Cidade da Guatemala - Panajachel 


Cá estamos fresquinhos da silva, depois de uma noite bem passada, como tantas outras que já se passaram, desta vez resolvi focar uma situação, que me tenho esquecido de dizer que os nossos pequenos almoços têm sido à base de feijões, sim, feijões não me enganei. Ou seja, há dias atrás quando entramos num tasco para tomarmos o nosso pequenos almoço ficamos espantados ou abismados como queiram, porque os ditos pequenos almoços têm como base os feijões e nós admiradíssimos dissemos comer feijões a estas horas, que raio, o certo é que experimentámos e já não queremos outras coisas, não é que são mesmo bons da forma como estão feitos e têm um sabor gostoso. Este prato é conhecido como “gallo pinto” e estamos novamente a comer o quê? Gallo pinto que é acompanhado conforme o gosto de cada pessoa por bacon frito, ovos estrelados ou omelete, mas que delícia.
Hoje continuámos a visitar esta cidade, mais propriamente a parte histórica e as novas avenidas que atravessam todo o burgo, já numa das parte de pouco movimento o Carlos descobriu sem querer uma sucursal da Cantel, deu para tirar mais uma fotos para mais tarde recordar tal facto, não conseguiu falar na altura com o gerente, pois este tinha ido para o México ver se apanhava do Cisco Pansa, sobrinho do Sancho Pansa, baldou-se mais uma vez ao trabalho, e nem se apercebeu que o patrão estava por cá. De seguida fomos até uma zona onde o comércio é quase todo feito em alcofa ou tendas aciganadas, nós a estes negócios chamamos de “boutique alcofa”, tipo feira de Carcavelos ou do Relógio, locais consagrados na nossa terra. Aqui ao lado encontra-se um edifício emblemático a tipografia nacional, não soubemos se é aqui que são impressas todas as documentações do estado ou das notas dos bancos, da próxima vez vamos mesmo ficar a saber. Por aqui existem muitas lojas com grades, ou seja, se queres comprar alguma coisa pedes e é através das grades que te vão dar o produto, não há qualquer acesso ao interior dessa loja, são muitas as lojas que têm este processo de atendimento, isto até se passa num local que só vende bugigangas.
O arame farpado também é muito usual nalguns edifícios mais baixos e em lojas ou garagens em que os muros sejam de fácil acesso. Numa das ruas no centro da cidade fomos encontrar um rebanho de cabras que por ali passava. Ainda dentro da cidade encontrámos uma lixeira descomunal, em que as ruas adjacentes tinham carradas de papéis e plásticos e o cheiro pestilento insuportável. O cidadão comum que por ali passava que são muitos, tinham de levar com toda aquela porcaria, pois os passeios estão repletos de lixo. Aqui os transportes, nomeadamente autocarros vão carregados de gente e em cima do tejadilho supercarregados de sacos, alcofas, cestos, etc.
Concluída a nossa estadia e visita à cidade de Guatemala, vamos dirigir-nos para outra cidade a Antigua Guatemala que fica a 42 quilómetros, tendo sido a capital da Guatemala por 200 anos e está rodeada por vulcões. Esta cidade teve um enorme terramoto em 1773, tendo danificado a maior parte dos edifícios, alguns nesta data recuperados. Passamos a visitar a igreja de La Merced o arco de Santa Catalina, catedral de San José, El Carmen e outros locais importantes. Foi muito agradável passearmos a pé pelas ruelas em que podemos apreciar o seu quotidiano e ficamos a conhecer este povo maravilhoso que se veste a rigor, sendo as mulheres as que mais dão nas vistas, andando todas engalanadas, usando trajes com cores fortes, como todas as mulheres, vaidosas. Parámos numa rua central e bem ali perto olhamos para o imponente vulcão que nos espreitava, somos minúsculos ao lado deste gigante adormecido. Os jardins nesta hora do dia, já muito perto da hora dos almoços estão cheios de gente que vão sentar-se um pouco a falar com amigos, também as crianças que vêm da escola encontram-se ali a brincar.
Chegou a nossa hora do almoço, descobrimos um local muito agradável que tem no seu interior um pátio florido e refrescante, porque o calor nesta altura do dia aperta e a humidade também é elevada. Deliciamo-nos com umas cervejas da marca Gallo, cerveja puramente Guatemalteca, pratos típicos com sabores excepcionais e um picante de nome “Pica Diablo”, tudo nos trinques e foi um almoço refartam-te que demoramos perto de 1h30 a consumi-lo, foi de reis tal refeição. Até que terminamos e quando saímos reparámos que parte do vulcão tinha desaparecido, as nuvens estavam a encobri-lo parcialmente tirando-lhe metade do seu volume. Vimos que no local onde estamos agora há muitos turistas, da parte da manhã era raro velos, já sei, estiveram na cama até tarde, agora é que apareceram. Num banco de um jardim uma senhora aparenta ter uns 80 e tal anos, todo o tipo de europeia, mas com vestes da terra está a fazer renda, bem vistosa e com uma cor de pele tratada, uma verdadeira senhora. Vim a saber mais tarde que existe nos arredores desta cidade uma enorme plantação de macadâmias.

Já falei um pouco desta terra encantadora, mas temos de nos por andar para o lago Atitlán outro trajecto com estradas sinuosas e muito trânsito. Quando chegámos detivemo-nos a ver um lago enorme com 126 km2, este era proveniente de um antigo vulcão gigantesco que aqui existia, esta caldeira foi formada há 84 mil anos, hoje à sua volta existem 3 vulcões extintos e escarpas muito altas. Aqui há uma variedade de culturas como a plantação de café e milho. 
Em volta existem muitas vilas, aldeias e lugarejos Maias, situados nas suas margens. A erupção deste vulcão há 1,8 milhões de anos, cujas cinzas dispersaram-se por uma área de 6 milhões de km2 em que foram detectados seus vestígios desde a Florida até ao Equador. É aqui que se situa o vulcão Atitlán na orla norte da caldeira mais o vulcão San Pedro e o vulcão Tolimán. O mais antigo é o San Pedro que parece ter cessado a sua actividade. O Tolimán iniciou o seu crescimento após a cessação da actividade do San Pedro. Sobre o Atitlán desenvolveu-se nos últimos 10 000 anos, permanecendo activo, sendo a erupção mais recente em 1853. Sucedeu que a 4 de Fevereiro de 1975 um forte terramoto de magnitude 7,5 provocou a morte a 12 mil pessoas. Este terramoto fracturou o leito do lago, fazendo que parte do volume da água fosse drenada para sub superfície, causando um abaixamento do nível da água do lago. Gostámos imenso de conhecermos este local e como se já faz tarde vamos para Panajachel que fica muito perto, é uma das cidades mais populares deste país onde vamos hospedar-nos esta noite.

Não foi fácil conseguirmos um hotel, por fim lá arranjámos dois quartos no hotel Mayan Palace, muito fraco, ficava numa rua muito movimentada mas com uma vista para um largo, das nossas varandas do 1º andar conseguimos ver a movimentação de pessoas, tais como aquelas que vendiam tarecada, comida e trapos, estes para turista. Daqui também partiam camionetas para a capital em que o motorista ou ajudante apregoavam “Gua gua temala” com voz estridente. O Diminutivo é para
abreviar Cidade da Guatemala ou capital. Fomos depois jantar num restaurante situado quase de fronte onde nós nos encontrámos, foi agradável e já muito tarde nos deitamos.


Dia 17 de Agosto - Panajachel (Guatemala) - Honduras


Não é que acordamos a ouvir na rua a gritarem “guate” “guate” “guatemala”. Excelente despertador, são as primeiras carreiras que se preparam para ir para a capital carregadas de cestos e sei lá mais o quê.

O passeio matutino de hoje está marcado para visitar a parte mais emblemática de Panajachel, aonde vimos as mulheres a trajarem com as roupas lindas, até parece que é domingo cá na terra, não é domingo, mas 5ª feira, será feriado, também não, são elas que são vaidosas como todas as mulheres. Não podemos esquecer que este planeta é dos homens, nos tempos remotos só homens existiam, há milhares de anos apareceram os primeiros extraterrestres que nos vieram visitar, sabem quem eram! As mulheres, foram elas que vieram embelezar este planeta caso contrário seria sombrio e desleixado viver sem as ditas. Aqui está a razão da vaidade ser feminina.
Eu a falar da beleza delas e não é que passou uma por nós e sorriu, mas com aquele sorriso maroto. Entramos numa praça onde vendem hortaliças, carne e peixe e quem estava lá? Carradas de gajas. Fomos andando pelo lugarejo e num cruzamento à nossa frente seguem não uma mas logo cinco, todas engalanadas e felizes, não as conseguimos ultrapassar porque iam umas ao lado das outras, também não nos chateamos pois apreciamos o seu andamento e postura durante algum tempo até que elas mudaram de sentido, mas abismados ficamos nós os quatro e comentamos uma série de situações sobre elas e desta terra que mais belezas existirão. Depois de tantas coisas lindas desta terra, lá teremos de nos por a caminho e agora, Honduras, é já aqui ao lado, mas teremos de fazer uns bons quilómetros, apenas 331 até chegarmos à fronteira.
Novamente em estradas com muitas curvas por vales e montanhas nalguns locais muito estreita, passamos por muitas vilas e lugarejos e fomos vendo vales onde a agricultura é fundamental para a vida destes povos. Nalguns sítios apanha do milho e de outros cereais faz que haja mais carroças e pessoas pelas estradas, muitas mais cautelas na condução teremos de ter.
Finalmente ao fim de 4 horas de condução parámos para almoçar numa tasca junto à estrada onde optamos por comer uns grelhados, como não podia deixar de ser, os feijões faziam parte do menu, como gostamos vieram mesmo a calhar. Concluída tão grata refeição aos quatro esfomeados, desandamos para mais outra tirada. Mais uma hora de caminho e chegámos a Esquipulas, uma cidade pequena onde existe uma linda igreja que vislumbrámos na nossa passagem pela nacional CA10 na direcção das Honduras, aqui já tão perto. Parámos um pouco para uma pequena volta, fomos ver a igreja, mais umas fotos e para dentro do carro. Já estávamos perto da fronteira, poucos minutos nos separavam e eis a tratar da documentação de saída e entrada no novo destino, também não se demorou muito tempo e já
rolamos para o interior das Honduras. Depois de fazermos hoje umas centenas de quilómetros, chegou a hora do descanso merecedor, foi arranjar local para dormir e jantar para de seguida nos deitarmos um pouco exaustos, o calor que tem estado também tem-nos saturado.


Dia 18 - Tegucigalpa (Honduras)


Iniciamos o dia a visitar as Ruínas Cópan muito perto de onde nos encontrámos, são mais umas ruínas Maias. Esta cidade foi famosa por ter produzido a melhor série de trinta e oito notáveis “estelas”, que retractam a maioria dos eventos ocorridos na sua história, estando instaladas na praça central, aqui existem pirâmides, praças, palácios e uma acrópole, também existe um grande estádio onde se jogava o jogo de bola mesoamericano. Aqui viviam muitos escriturários e artesãos, alguns deles construíram para seu uso casas em pedra decoradas. Como aconteceu com outras cidades o mesmo sucedeu a Cópan, foi abandonada e muito mais tarde redescoberta. Aqui ocorreram muitos terramotos e nenhum tecto se encontra intacto. E sucedeu que o rio Cópan mudou o seu curso de água e inundou uma grande parte da cidade e destruiu-a.
No percurso pelos diversos locais das ruínas vimos 10 homens a puxarem de rastos sobre a relva uma tábua, mais ou menos com uma espessura de 20cm e um comprimento de 4 metros, pesada que era, o esforço que despendiam ia fazendo com que o suar inundasse os seus corpos e as suas caras estavam ofegantes devido ao esforço despendido, para aliviar o cansaço iam parando de vez em quando para repousarem um pouco a fadiga e lá continuavam a sua árdua tarefa.
Finalizamos a visita por Cópan, agora temos mais 436 quilómetros para fazer até Tegucigalpa, já sabemos que são dramáticas as vias de comunicação neste país, com muitos acidentes, ravinas e montanhas. Fomos andando e conversando para passarmos o tempo, ocupados, a certa altura o trânsito parou porque houve um desabamento de terras que estava a obstruir os dois sentidos da estrada, mas a sorte encontrava-se do nosso lado pois já andavam tractores e escavadoras a mandarem toda aquela terra pela ribanceira abaixo. Passado tal obstáculo, toca andar e lá vamos percorrendo e encurtando a distância tendo a certo ponto parado numa tenda de estrada onde comprámos ananases em que o vendedor os cortava em pedaços para facilitarem as nossas vidas.

Apesar dos obstáculos que temos encontrado pelo caminho até estamos a fazer uma boa média, como exemplo, as cidades que fomos cruzando e que tivemos de reduzir a velocidade, passámos também por plantações de café e fábricas, mais lugares, vilas e aldeias. Até fizemos muitos quilómetros em piso térreo, passando por duas pontes feitas em madeira que são cruzadas por carros e camiões, locais muito perigosos, quando há enxurradas vão todas à frente com as águas e o entulho que ela arrasta.  Em determinada altura em que eu ia a conduzir, numa das estradas manhosas e já noite ao proceder a uma ultrapassagem a um camião tir, ocorreu que quando ia a meio da ultrapassagem apareceu pela frente uma carrinha que circulava a alta velocidade, como não tinha tempo para a ultrapassagem tive de travar a fundo e não tendo espaço para me colocar atrás do camião pois ambas as viaturas aceleraram recorri a
parar na berma em sentido contrário. Todos ficaram em alvoroço pelo que aconteceu, na verdade tal manobra da minha parte foi controlada e nada feito
ao acaso, vi com antecedência se tinha espaço na berma e retomei a marcha com toda a malta nervosa. É complicada a condução neste país, há muitos acidentes e uma parte como em Portugal por causa da mentalidade dos condutores, não facilitam as manobras a ninguém, já havíamos presenciado manobras do caraças. Assim demos continuação à nossa viagem, tanto que a partir daqui começamos a sentir solavancos no carro, seguimos. Já perto das 22h00 concluímos a etapa de hoje e eis-nos em Tegucigalpa, foi aqui que vimos que os pneus da frente ficaram nas lonas num só local por causa da travagem, ou seja, sistema de travagem Coreano da treta e pneus de má qualidade. Bem noite vamos descobrir novamente um local para dormir e outro onde jantar. 

Dia 19 - Honduras - La Libertad (El Salvador) 



O hotel onde estivemos hospedados esta noite foi excelente, muito típico instalado no meio de uma praça sossegada, despois de termos chegado esgotou-se o que nos pareceu não haver muitos hotéis por aqui.

Hoje iniciaremos o nosso percurso pelo centro desta cidade, sendo este um dos países mais pobres e menos desenvolvido das Américas, tendo como grande suporte a agricultura que emprega quase dois terços da população, sendo os principais produtos para exportação o café, banana, camarão e lagosta, que nós tanto gostamos acompanhados com umas boas cervejas.

Numa das ruas passamos por um túnel com muito mau aspecto, estreito tão chegado aos prédios em que o passeio para os peões não chega a ter 0,5 metro de largura, mais parece um buraco mal escavado com as paredes em betão, provavelmente não é betão, cimento e vá lá com saibro ou terra misturados. Há ruas ciscadas de vendedores ambulantes em que tudo se vende, frutos, hortaliças, peças de automóveis, enxadas, materiais eléctricos e não sei mais o quê. Podemos ver como esta cidade está tão mal implantada que no meio de uma rua bem alcatroada, encontra-se no meio um cubo com 1m3 de cimento para que no centro esteja o poste de electricidade, pela direita passa uma mota do lado esquerdo, sim um carro passa à vontade. Também vimos numa rua um monte de lixo em que três porcos foçam na porcaria, ali ao lado a universidade e uma igreja, grande contraste este. Muitas voltas fomos dando e foi local que não nos deixou grandes recordações, no entanto existem as zonas nobres e governamentais que se destacam do resto da cidade, concluímos que há pouco para se ver, razão de partirmos para a fronteira de El Salvador percorrendo aproximadamente 140km, mais uma vez por estradas péssimas, demoramos cerca de 2h30 e chegamos a El Amatillo, lugar fronteiriço, desta vez perdemos mais um pouco do nosso tempo para ultrapassar a alfândega de El Salvador.



Desde esta fronteira até ao Golfo de Fonseca que será a nossa próxima paragem onde iremos almoçar é curta, mais uns minutos e chegamos. Fomos até à zona das praias, não gostamos porque a areia tem muita terra misturada, mas, no entanto, estão algumas pessoas nesta pseudo areia, algumas a tomar banho outras apenas apanhar um pouco de sol, porque colocar uma toalha no chão é mau. Ao fim de algum tempo verificamos também que esta é uma zona de pescadores, barcos e redes espalhadas e restos de peixe pelo chão. Foi numa barraquita de pescadores que petiscámos, optando por uns camarões grelhados e umas saladas de tomate e cebola cortados em cubos pequenos, a salada estava óptima os camarões não tinham paladar, só nós os portugueses é que sabemos preparar tal marisco, pois não lhes colocaram sal e estavam muito cozidos, entretanto comeram-se e deu para beber mais umas cervejas cá desta terra.

Nós, neste caso eu e o Carlos gostamos de beber cerveja dos países que visitamos, assim ficamos a conhecer os seus sabores. Estivemos ainda sentados à mesa durante algum tempo a falar e descansar, pois está muito calor e alguma humidade, estivemos no entanto apreciando a labuta dos pescadores a consertar as suas redes e suas mulheres e filhos noutros trabalhos, outros a dormirem a “la ciesta”, como naquela altura apenas só nós ali nos encontrávamos olhavam muitas vezes para estas quatro aves penadas, em algumas alturas, os seus olhares nos pareciam intimidar, tanto que passado algum tempo fomos embora porque já não estávamos tão confiantes na nossa segurança é que não havia mais ninguém por ali. Pusemo-nos ao caminho em direcção de La Libertad e quilómetros não nos vão faltar, nada mais do que 198km, qualquer coisinha como uma 3h30, isto se correr tudo bem, esperamos que sim. Mais voltas e reviravoltas e chegámos, fomos procurar o hotel que havíamos ficado há dias quando por aqui passámos, mas não o conseguimos encontrar, fiquei tão danado comigo próprio porque sei que estaria num dos locais onde o procuramos, mas nada de o ver.

O Carlos viu que estava difícil e tentou convencer-me a desistir, mas ainda dei mais umas voltas inglórias, mas nada, agora é que tive de desistir, de veras aborrecido. Com isto encontrámos um outro hotel que também deu para remediar, mas muito fraco, tinha-se de subir umas escadas exteriores que saíam de um pátio, no cimo destas estava uma figura de uma cara de mulher estranha, mais parecia um espanta espíritos ou a cara do terror nocturno deste local, a Sofia e Júlia não acharam qualquer graça aquela figura.




Gostamos imenso desta cidade a La Libertad, mesmo na costa do Pacífico, optamos por escolher um restaurante para jantar instalado num 1º andar com vista para este imenso oceano, até música tivemos para nos encantar, eram três velhotes em que um tocava violoncelo, outro violino o último cantava e tocava guitarra, uma festa à grande em que nós todos interviemos com a nossa boa disposição para estes actos. Quando terminamos o jantar a Sofia começou a sentir-se maldisposta e aconteceu que quando íamos para o hotel vomitou, alguma coisa que lhe caiu mal ou podia até ser do que comeu ao almoço. Durante a noite melhorou e assim pode descansar.

Dia 20 Agosto - El Salvador - Manágua (Nicarágua)  

Acordamos todos bem, inclusive a Sofia que tinha estado mal disposta e vomitado, fomos tomar um pequeno almoço diferente dos outros dias, hoje a opção não foi gallo pinto, torradas e uns chazinhos para acalmar a digestão.
Demos umas voltas pela cidade que é a mais procurada de El Salvador por causa das suas praias em que a maioria dos turistas desta área são surfistas à procura das ondas que aqui se desenvolvem. Esta areia é negra derivado às cinzas vulcânicas, nesta altura havia muitos surfistas surfando as ondas e quase ninguém nas praias. Nós fizemos uma caminhada ao longo da marginal e ainda demos uma fuga até à praia, apenas para vermos como estava a água e andar sobre os calhaus negros que se juntam com a areia, levo uma pedra negra destas águas para recordar a primeira vez que estive neste oceano.
Mais tarde partimos para a capital para entregar o carro que alugamos aqui e seguimos, para   apanhar o avião para a Nicarágua. Pelo caminho avistamos o enorme vulcão que espreita a cidade e numa das vias rápidas um fulano a dormir em cima de uma rede que colocou debaixo do atrelado do seu camião, foi quanto bastou, aquele espaço para que o homem ficasse baloiçando e adormecer. Quando no aeroporto fomos entregar a viatura a funcionária levantou um problema sobre os pneus estarem lisos em determinado ponto, quando fizemos o levantamento do carro fizemos um seguro que abrangia os mais diversos problemas para nossa segurança, nunca nos veio à lembrança que levantariam problemas o certo é que a longa persistência e teimosia não a levaram a melhor. Agora vamos fazer o check-in e aguardar pela hora de embarque.
Chegou a hora de partirmos, todos dentro do avião para fazermos um percurso rápido. Não demorou muito e eis já em território nicaraguense a calcular como nos iriamos deslocar neste país. Alugámos mais uma vez um carro desta vez um Toyota para nos sentirmos mais seguros e andarmos mais à vontade.  Começamos por arranjar um hotel, mais parecia o local de uma antiga prisão derivado aos imensos pavilhões que o compunham, no entanto era apresentável e seguro. Percorremos ainda a cidade de Manágua para ficarmos a conhecer um pouco dela, na verdade não é um local que faça parte do nosso imaginário em conhecê-la. Existem vários monumentos, igrejas, catedrais, além de teatros, também existem muitos jardins e árvores por muitas das ruas e avenidas, como quase todas as cidades da América Central esta também foi destruída por um terramoto em 1972, não bastando a guerra civil dos anos de 1980, ajudou para que ficasse degradada. Finalizamos o percurso quando o sol se pôs no horizonte, vamos tratar de comer algo típico deste país que tem muitas coisas semelhantes a todos os outros que já visitámos.

Dia 21 Agosto - Manágua - Volcán Masaya - Granada - Manágua


A nossa vinda aqui tem como ponto forte os vulcões, vamos ter de nos apressar antes que um entre em erupção, seria engraçado. Logo seguimos para o “Vulcão Masaya” situado num parque com uma área de 54km2 que inclui dois vulcões e três crateras. Os vulcões já entraram em erupção diversas vezes, tendo sido muito temidos por indígenas e por espanhóis colonizadores, por isso o apelidam de boca do inferno. Neste parque existem muitos animais, entre eles coiotes, macacos, iguanas e veados. O acesso pode fechar-se se uma actividade vulcânica perigosa for detectada. Quando chegámos iniciamos o trilho à volta da cratera, dela vinha um cheiro pestilento a enxofre e várias nuvens a cobrem, tanto que em determinadas alturas saíam umas baforadas mais fortes que nos dificultava a respiração. Existem placardes a avisar que os gases são perigosos e que deveremos ter cuidados. Dali podemos admirar a actividade vulcânica existente, há barulhos estranhos vindos do fundo da cratera, Maravilha estarmos tão perto do perigo que pode ocorrer a qualquer momento.
No entanto uma outra cratera ao lado está verdejante, de momento não existe qualquer actividade. No entanto podemos observar uma cratera gigante. Ainda ficamos algum tempo neste parque mas depois seguimos para Granada, segundo informação, esta cidade está numa lista que diz ser das 25 cidades do mundo a visitar, por essa razão lá vamos nós até á jóia colonial da Nicarágua, entretanto não deixa de ser o mais pobre país da América Central. Fomos até à zona colonial ver os tão lindos edifícios com as suas sacadas e janelas enormes, alguns destes edifícios estão restaurados de uma forma que parecem terem sido feitos agora. Há brio na reconstrução, nos materiais utilizados e nas cores lindíssimas.
O povo é hospitaleiro, é agradável o contacto com eles e a simpatia, as crianças são também dóceis. Percorremos as ruas que nos levaram até à praça central onde está a catedral da cidade, pintada de amarelo, seguiu-se a igreja mais bonita de Granada a La Merced, passamos numa zona onde está entregue ao tempo um antigo templo ou palácio, difícil de o qualificar pois com as suas paredes rachadas até já uma árvore enorme que se criou no cimo da parede do telhado, isto da altura de um 3º andar. Adoramos esta cidade, valeu a pena aqui virmos, boas recordações vão connosco. Também aqui fica o lago Nicarágua, conhecido também pelo nome de Cocibolca com uma área de 8.624km2, sendo o maior lago da América Central, tendo uma profundidade de 26 metros, é o único lugar do mundo onde habita uma espécie de tubarão de água doce.
Aproveitamos e fomos dar umas voltas de barco por este lago, rodeamos uma ilha onde habitam macacos que por sua vez pendurados nas árvores parecem pedir-nos qualquer coisa, não fossem eles macacos. Aconteceu que depois de um valente almoço e um calor do caraças e de ter dado tantas voltas de barco, eu adormeci e os comparsas que estão connosco, Carlos, Júlia e Sofia, para terem gracinha, tiraram-me uma foto quando eu já ia na 2ª soneca. Podem ficar descansados que vai servir para recordar ao longo dos anos que poderemos cá andar.
Tendo este lago tubarões, vimos em vários locais crianças e pessoas a banharem-se sem grandes cautelas por causa dos ditos. Foi um passeio longo cerca de 2horas em que andámos a ver umas quantas ilhas, adoramos e recomendamos a quem venha à Nicarágua de passear de barco neste gigantesco lago.
Já no final da tarde ainda fomos visitar um mariposário situado na base do vulcão Mombacho, onde existem umas tantas centenas de borboletas, algumas delas com cores e formatos lindos, foi uma novidade para todos apreciarmos este tipo de insecto. A nossa vinda a este parque tinha como finalidade vermos mais um vulcão, mas teríamos de fazer uma caminhada de 3km pelo meio de uma vegetação muito densa e tivemos a informação que iríamos observar uma floresta porque a cratera encontra-se completamente coberta de árvores e arbustos, foi por isso que declinamos a nossa ida lá acima e ficarmos pelas borboletas e com o calor que aqui estava, foi a melhor opção, tanto que ainda temos muitos vulcões que podemos visitar.
Regressamos a Manágua para concluirmos as nossas voltas pela cidade, e amanhã iremos partir para a Costa Rica.


Dia 22 de Agosto - Manágua (Nicarágua) - Vulcão Poás (Costa Rica)


Ainda tivemos tempo para vermos mais um pouco de Manágua, desta vez fomos até ao palácio nacional e zona dos ministérios em que as ruas estão bloqueadas por forças de segurança, não soubemos a razão desta atitude. Ali perto uma catedral abandonada que pensamos ser por ter havido um abalo sísmico, pois as paredes encontravam-se rachadas. Passeamos junto ao lago Xolotlán onde nas margens se situa Manágua, este tem uma profundidade média de 9,5 metros e uma área de 1042km2, recordo que este lago foi fortemente poluído em parte pelas descargas de mercúrio feitas pela kodak na década de 1950. Apesar desta poluição, parte da população desta cidade ainda vive junto ao lago alimentando-se do seu peixe, outro facto em 1998 o furacão Mitch fez subir o nível das águas três metros em cinco dias, destruindo as casas de muitos habitantes que moravam em suas margens.
Seguidamente fomos entregar a viatura que havíamos alugado e comprar bilhetes para o autocarro que vamos apanhar para a fronteira com a Costa Rica que por sua vez nos levará até S. José, tudo fácil sendo ainda uma distância grande foi a melhor opção que poderíamos ter. Já seguíamos no autocarro quando vimos que uma parte da montanha tinha desabado logo à saída da cidade, isto já havia acontecido dias antes, mas era uma quantidade descomunal que desapareceu. Ao fim de 3 horas já nós estávamos na fronteira, tivemos de sair todos, este autocarro encontrava-se cheio, sendo maior parte turistas. Malas e utensílios tudo para a rua e colocados em cima de um estrado de madeira para que depois os funcionários da alfândega fossem inspeccionar o que poderíamos transportar.
Aos poucos e sem presas foram espiolhar, abrindo, malas, sacos ou embrulhos, nós praticamente éramos dos últimos e quando chegou a minha vez perguntei ao funcionário se era mesmo necessário abrir a minha mala, para espanto de todos mandou-me seguir e nem tentou abri-la, menos trabalho para ele e para mim, mas o que é que eu poderia transportar ali de ilegal, absolutamente nada.
Mas muitas pessoas tiveram de por toda a sua tralha fora das malas para que pudessem verificar. Colocámos as malas dentro do autocarro para depois seguirmos a pé até ao local aduaneiro da Costa Rica, pouco tempo mais demoramos, apenas tratar dos vistos e recomeçar a nossa marcha no autocarro da “Tica Bus”. Esta viatura faz o trajecto de El Salvador até à Costa Rica, ou seja, quando a apanhámos em Manágua já vinha quase lotada.
No final da tarde chegámos a S. José, aqui alugámos mais uma viatura para andarmos à vontade neste país, foi então que nos dirigimos até à base do vulcão Poás e procurámos hotel para descansar, conseguimos ficar num bed & breakefast La Riviera, sítio acolhedor e sossegado.

Dia 23 Agosto - Parque Nacional Vulcão Poás - Parque Nacional Vulcão Arenal 


Despertamos e fomos até à janela, vimos que está alguma neblina, possivelmente pela altitude a que nos encontrámos. Passada uma hora e pouco já circulávamos para subir mais uns quilómetros por entre vasta vegetação, de seguida tivemos de estacionar o carro e fazer o resto do percurso a pé, agora vai frio e o orvalho deixa-nos a roupa molhada, finalmente ficámos na orla da cratera a olhar lá para o fundo onde podemos apreciar a cratera com o centro cheio de água e as fumarolas de uma das suas vertentes. Vou descrever um pouco da sua existência, este encontra-se a 2708 metros de altitude, desde 1828 foram observadas 39 erupções a partir de 1989 tem aumentado a emissão de gases, ocasionando fenómenos de chuvas ácidas que danificam a flora em alguns sectores do parque.
Mantivemo-nos no cimo desta cratera a observar as fumarolas constantes e a olharmos para o centro a ver se haveria algum movimento da água, nada aconteceu e demos por finalizada a nossa presença, agora vamos ter de fazer o mesmo trilho de volta para partirmos para o próximo destino que será mais um vulcão, desta vez o Arenal. Fizemos um percurso espectacular por estradas pouco transitáveis, dando-nos paisagens fantásticas, pelo meio de campos agrícolas, aconteceu que ainda nos cruzamos com um grupo de guaxis, adiante uma queda de água, também cruzamos um rio em que o atravessamos por uma ponte provisória, pois a outra estava caída no desfiladeiro por baixo desta. Mais distante outra queda de água, muito maior, até parámos para nos colocarmos todos detrás dela, mais umas fotos tiramos.
Por fim chegámos ao final do destino de hoje, ainda nos restava tempo para irmos até ao cimo do vulcão, mas é que nem o víamos porque estava encoberto por uma densa nuvem, disseram-nos que ele está assim ao final do dia que de manhã é mais provável que esteja descoberto, mas sem certezas. A partir deste momento mais outro hotel para procurar e um restaurante onde jantar. Ainda tivemos tempo para descansar umas horas no átrio do hotel onde conseguimos apanhar sol, lermos e baloiçarmo-nos numas cadeiras bem relaxantes. Há noite escolhemos um restaurante típico onde seleccionamos quase todos marisco, mas não gostamos porque estavam insonsos e moles, gigantes eram mas pareceu-nos serem de água doce. Outra etapa concluída da melhor forma. 


Dia 24 de Agosto - Parque Nacional Vulcão Arenal - Tortuguero


Quando acordamos fomos ver como estava o tempo, mas ficámos desiludidos porque o vulcão continuava escondido, pensámos de imediato o que iríamos fazer, mas concluímos que não iríamos desistir de o ir ver, dirígimo-nos para o caminho que nos vai levar para o cimo e assim conseguimos chegar mais perto, mas para o alcançamos tivemos um grande trilho pela frente, as nuvens continuavam tão densas que o enorme cone mantinha-se escondido, de nada valeu a nossa insistência, voltamos para trás sem conseguirmos tirar uma única foto, frustrante a nossa visita ao Arenal. Ficamo-nos pelo observatório e nada mais.
Soubemos que este vulcão era considerado extinto, até que em 1968, fez das suas e entrou em erupção, depois de 400 anos de inactividade, e que desde a última erupção tem emitido de forma constante gases e vapores de água com algumas explosões que atiram para o ar fragmentos de rochas.
Temos conhecimento que na Costa Rica há muitas coisas para podermos visitar, foi por essa razão que partimos em direcção ao Tortuguero, vamos fazer muitos quilómetros por estradas e plantações de bananas até chegarmos a um local onde possamos deixar a viatura e apanhar um barco tipo chinês com lotação para 20 pessoas incluindo um pseudo marinheiro de riachos de água doce tibornada para chegarmos à aldeia. O riacho que descemos não tinha mais do que 2 metros de largura, noutros locais que fossem 4 metros, mas o marinheiro para provar aos passageiros que ele era um super capitão de costa colocou o motor a alta rotação e aí fomos todos a grande velocidade tantas as curvas que o riacho tinha que por vezes roçava no lado, margem se é que posso chamar margem ao ribeiro, porque não tinha mais do que um metro de altura, ninguém aqui se afogava, em determinado momento cruzou-se com outra embarcação idêntica numa altura em que a corrente da água era maior por causa da descida, roçaram-se mas nada aconteceu, foi então novamente a toda a velocidade que o marinheiro chegou à aldeia do Tortuguero, pronto aqui já há mais água e aí acostou devagar como deveria ser quando fez uns 4 quilómetros desenfreadamente, ninguém pode imaginar as curvas e tangentes a árvores por onde passamos.
A aldeia é um barraquedo, casinhas em madeira e zinco, o aspecto das pessoas era duvidoso e locais para dormir só dentro de barracas, e comer também em barracas. Foi o que nos aconteceu alugar duas barracas para passarmos a noite e jantarmos debaixo de um telheiro também sem condições, várias pessoas aqui vêm para ver principalmente tartarugas gigantes.
Esta aldeia a que eles chamam de vila, situa-se numa ilha de barra em areia, separada do continente pelo rio Tortuguero, fazendo fronteira com o mar do caribe. Tortuguero é conhecido pêlos seus canais navegáveis que atravessam a floresta tropical. As praias em redor são os locais de nidificação de quatro espécies de tartarugas marinhas, incluindo duas criticamente ameaçadas. Este parque nacional também abriga uma incrível biodiversidade de insectos, aves e mamíferos, incluindo onças e macacos. 
Final da tarde fomos até à praia com o intuito de ver tartarugas, mas nada aconteceu, só à noite isso será possível, então depois de jantarmos pizza, pouco havia aqui para se comer, fomos num pequeno grupo acompanhados por uma guia até à praia para nos mostrar onde as ditas tartarugas iam depositar os seus ovos. Conseguimos ver uma tartaruga abrir um buraco e de seguida começar a por uma grande quantidade de ovos, o bicho não se incomodou em nada com a nossa presença, apenas nos pediram para não fazermos barulho e não tirar fotografias. Em determinada altura a guia começou a olhar para mim com um ar intimatório e a dizer para não tirar fotos, eu ainda tirei duas, mas sem flash sem fazer qualquer barulho, mais barulho e histerismo estava a gordurosa a fazer. Quando abandonamos o local a gaja continuou a disparatar com um histerismo que só visto e a dizer a outro guia para me expulsarem, parecia que havia por ali crime, ela continuou a papaguear e a gesticular, mas a situação não se adiantou.
Eu não usei flash a mula nem se apercebeu se tirei alguma foto pois a máquina não produz qualquer som, apenas me viu a olhar para a máquina mais nada. Eu não cometi qualquer irregularidade, mal dela é que deveria ter era um ataque de asma e morrer sufocada no local e assustar todas as tartarugas ninja. Regressamos à zona do barraquedo, estivemos debaixo de uma cobertura de zinco a descansar e a falar para depois nos irmos deitar numa cama dura como cornos e possivelmente com muitas aranhas, pulgas, percevejos, todos os tipos de insectos e sei lá uma cobra, esta tinha de ser venenosa, caso contrário não tinha gozo. Conseguimos adormecer e acordamos vivos.

Dia 25 de Agosto - Parque Nacional Tortuguero - Golfo de Nicoya  


Fomos despertados às 4h00 da manhã para nos prepararmos para um passeio de barco pelos canais de Tortuguero. Todos acordamos ensonados e mal-encarados, é mesmo preciso ser assim tão cedo é que está mesmo noite. Comemos qualquer coisa só para dizer que não íamos em jejum. Lá fomos para a canoa em que o homem distribui um colete a cada um, a Sofia e Júlia lá os colocaram, mas nós não tivemos esse propósito tanto que pouco havíamos andado e avistamos um crocodilo com os seus olhinhos fora de água. Num caso destes o colete não serviria para nada, pois com aqueles meninos ali instalados nada nos salvava. No percurso avistamos muita passarada que estavam ainda a despertar, pois do sol ainda não havia sinal dele.
Mais tarde começamos a ver as copas das árvores a mexerem-se, eram então os macacos e pássaros de maior porte a começarem a sua vida. Cruzamos um local onde havia palafitas de habitantes daquela zona a viverem por cima do habitat dos crocodilos e mais bicharada. Foi uma volta gratificante onde vimos imensas criaturas, quando regressamos fomos tomar o pequeno almoço e apanhar o mesmo barco que nos tinha trazido no dia anterior. Hoje o fulano estava mais calmo não houve correria, apenas estava a andar contra a corrente. Como havíamos deixado o carro num local ermo, pensei que ele já não estaria lá ou tivessem levado as nossas malas, na realidade estava tudo como havíamos deixado.
Combinamos ir até ao Golfo de Nicoya que fica a uma distância razoável, é praticamente cortar a Costa Rica de costa a costa. Cruzamos uma floresta imensa, plantações de bananas, rios, vilas e cidades até chegarmos ao Golfo que fica no Oceano Pacífico, outra vez a cheirar tão grande oceano. Ao fim do dia chegámos, mais uma vez tivemos dificuldade em arranjar um local em condições para dormir, ficamos numas casinhas que teriam uns 5 m2, mas muito bem pintadas de ambos os lados, sendo lado exterior cor de rosa, fantástica cor para nós. Fomos ainda dar um passeio pela praia, mas o tempo encontrava-se nublado e ventoso a areia é escura com alguns pedregulhos por ela espalhados, só vimos também duas pessoas, mas essas dentro de água.
Aqui mesmo que o tempo esteja mal a temperatura da água é sempre agradável, nós é que somos uns mariquinhas.
Há alturas das nossas férias que o momento do jantar é como se fosse uma oração, temos de comer e escolher boas refeições e bebidas que nos agradem caso contrário não acabamos bem o dia, aconteceu hoje que descobrimos um excelente restaurante em que as nossas preces foram abençoadas pelos anjos cá do Oceano Pacífico. 





Dia 26 de Agosto - Golfo de Nicoya - Vulcão Irazú -  S. José


Agora é que nos apercebemos que as nossas férias estão a terminar, mas que raio, estávamos a gostar tanto e o fim está próximo. Vamos queimar os últimos cartuchos e partir para a próxima etapa, aproximadamente de 150km, umas 3 horas por paisagens graciosas deste país lindo até um vulcão, desta vez o eleito foi o Irazú que é considerado um vulcão activo a uma altitude de 3432 metros.
A última erupção foi no ano de 1963 e prolongou-se até 1965, esta erupção cobriu de cinzas a capital e a maior parte das terras altas centrais da Costa Rica.
Finalmente chegámos, o tempo nublado e a cair uma chuva molha tolos, tivemos de vestir as nossas capas e fizemos uma pequena caminhada até avistarmos uma das crateras, aquela que contém um lago verde, tinham-nos dito que destes 3432 metros podíamos ver ao mesmo tempo o Oceano Atlântico e Oceano Pacífico, azar o nosso, com o tempo que está poucos metros à nossa frente conseguimos ver, porém os dias claros no cume são muito raros, e na maior parte do tempo, o cume permanece coberto de nuvens. Sempre com o nosso ego no máximo detivemo-nos cheios de forças e a altitude dos mais de mais 3km, não nos fadigou, andamos às voltas visitamos ainda a cratera de
Diego de La Haya. Demos por terminada a nossa vinda a este vulcão que ficou com muito medo de nós e nem um som ou tremidela, respeitinho que nós somos muitos mauzinhos. Descemos, descemos, mais uns quilómetros até chegarmos a S. José, onde arranjamos hotel no Best Western. A partir daqui demos início ao percurso por esta cidade tendo a norte os vulcões e a sul montanhas, estando encravada num vale fértil.

Há noite estivemos à janela apreciar a azafama nocturna, mais tarde já nos encontrávamos na cama e começamos a ouvir tiros vindos da rua, ao mesmo tempo uma enorme algazarra e mais tiros, fomos espreitar por dentro da janela com cuidado para que ninguém nos pudesse ver, nunca sabemos as intenções dos bandidos. Pouco depois apareceu a polícia e pouco mais vimos, fomos, mas é todos dormir a última noite neste país rico em florestas tropicais, vulcões e bananas.

Dia 27 Agosto - Costa Rica - Madrid


Último dia na América Central. Pela manhã fomos concluir as voltas pela cidade neste domingo soalheiro. Logo que saímos encontrámos uma procissão numa das ruas, cheia de devotos e fumaça da mirra e do incenso queimado, tão igual aos cortejos da nossa terra, mais parece que lá nos encontrámos. Também não era procissão se não trouxesse banda, esta implantada em cima de um camião para que os obreiros da música não se cansassem. Faziam parte da segurança a polícia feminina montada em “biclas”, sempre é mais belo ainda com as senhoras a darem-se ao respeito, belas polícias.
Depois da festa demos mais umas voltas por mais umas ruas em que numa delas se encontra o edifício dos correios, linda construção, mais à frente a rua onde vimos muitas lojas de flores e livros, também passamos pelo teatro nacional o museu nacional, por fim a praça da cultura, foi uma volta engraçada para que depois fossemos para o aeroporto, aguardar pela nossa vez de regressarmos ao nosso continente a Europa que fica a muitas horas daqui.
Trâmites de embarque de pessoas e bagagens e dali a umas horas dentro do avião de regresso. Outra vez a Ibéria nos vai transportar, companhia essa que não gostamos de viajar, mas é que não há outra para os nossos lados.




















Dia 28 Agosto - Madrid - Lisboa

Lisboa: melhor época, hotéis, restaurantes, passeios e mais ...Viagem feita de noite, onde tivemos tempo para dormir, ouvir música e falarmos, chegando a Madrid de manhã. Aqui o transbordo durou quase 4 horas até que embarcámos para Lisboa em mais um charuto Ibéria. Já em nossa casa sãos e salvos, radiantes das férias que terminaram e já ansiosos das próximas que esperamos que não demorem muito, pois a nossa vida é viajar, viajar. Viajar faz parte da nossa vida e a certeza de que a vida de muitos, mas é necessário ter espírito aventureiro. Viajar  não é simplesmente ir de um sítio para o outro, há muito mais do que isso, até a aproximação com outros povos com outras culturas nos trazem mais felicidade e o sentido da amizade entre nós, Gilberto, Sofia, Carlos e Júlia, é muito importante pois viajamos em sintonia, por essa razão iremos continuar a desbravar este planeta tão belo, a nossa Terra.

Até já.
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