quinta-feira, 23 de junho de 2016

El Camiñito d'el Rey - 2016







 

 

EL CAMIÑITO D'EL REY

 

 

 

 

 

 

Dia 10 Junho


Normalmente programamos as nossas voltas deste tipo com alguma antecedência, mas nunca superior a 30 dias, isto para nos dar algum tempo de manobra, tais como convidar mais alguém que queira enveredar pelo mesmo trajecto ou surgir outra ideia que possa ser mais apelativa. Aconteceu convidar um grupo de pseudo viajantes para se porem também ao caminho, por diversas razões ninguém teve a ousadia de aceitar. Nós já meios gastos ou velhos consoante a classificação que nos queiram dar, lá fomos pôr-nos a caminho para realização de tal façanha, ainda mais que é vulgar ir-se a Espanha para fazer o trilho do El Camiñito d’el Rey, local soberbo para se caminhar e apreciar a beleza deste sítio tão carismático cravado nas paredes dos desfiladeiros de Chorro e Gaitanejo.
Já vamos a caminho, depois de passarmos a IC19, estrada com um índice elevadíssimo de acidentes, percorremos a ponte mais bonita que conhecemos, só não gosto do nome, pois quando foi inaugurada em 1966, tinha eu 13 anos chamava-se ponte Salazar. Deveria ser esse o nome que deveria prevalecer, não se perderia nada em manter-se o nome que foi baptizada. Nesta altura já temos umas horas de viagem, onde passamos pelos nossos Alentejos e entramos na vizinha Espanha. Lá estamos nós atravessar a cidade de Sevilha para depois chegarmos ao nosso primeiro local a visitar, não mais do que o El camiñito d’el Rey, Eu sabia que era desgastante fazer este percurso sem uma única paragem, mas foi isso mesmo que nos aconteceu. Isto porque tinha a indicação de que a última visita seria por volta das 16h00, era frustrante fazer uma tirada de 574km e ficarmos à espera de entrarmos no dia seguinte.
Aconteceu que quando chegamos e pusemo-nos a caminho para dar início ao percurso de aproximação a Sofia ia cá com uma cara que metia medo a um susto, Ela estava chateada, cansada por eu não ter parado 5 ou 10 minutos para desanuviar, mas dei-lhe a explicação dessa atitude e compreendeu, mas disse que eu podia ter falado desse assunto é que eu estava a ver que não chegávamos a horas, por causa dos engarrafamentos para atravessar Sevilha, mais a imensidão de trânsito, pois este era um dia de trabalho para todos os espanhóis, ao contrário de nós que é feriado. Quando chegamos ao portão de entrada tínhamos à nossa frente um grupo de pessoas que aguardavam a entrada fomos praticamente os últimos, depois de nós vieram mais umas quatro pessoas, foi chegar e partir de imediato. Desta vez vamos iniciar o percurso do trilho famoso.
Começamos a tirar as nossas fotografias deste vale encantador e detivemo-nos na primeira escadaria que deu acesso a um patamar superior, donde avistamos uma parte deste imenso vale. Estamos já a uma altura considerável e apreciámos a extensão de escadas, varandas e corredores que se misturam com a parte antiga que ainda resta, ao longe há mais vertentes rochosas e o rio que passa lá em baixo, mesmo por baixo dos nossos pés. Não está muito calor, corre uma pequena brisa o sol  está do outro lado da montanha, fazendo que haja sombra sobre os locais que iremos percorrer. Há  pessoas que já estão muito longe de nós outras que nem as vimos, tanta pressa para quê!
O percurso é comprido, mas vamos andando lentamente, paramos, falamos e observamos as aves a linha do comboio que aparece num viaduto do outro lado da montanha, pois o seu percurso é feito basicamente por túnel. Agora entramos numa zona que é feita num carreiro pelo meio da encosta da montanha para mais adiante recomeçar o passadiço feito em madeira, suportados por barrotes em ferro e reforçado com cabos de aço, assim podemos estar seguros e o perigo é apenas se alguma pedra ou rocha se desprender. Já estamos a percorrer a zona onde as escarpas são enormes onde bem lá do fundo o rio corre e salta nas rochas, tiramos imensas fotos, são recordações e imagens que futuramente nos avivam a memória.
Já estamos um pouco cansados e a Sofia vai perguntando se temos tempo para terminar todo o percurso, temos tempo de sobra, mas acontece que a nossa visão ainda nos dá uma imagem lá muito longe em que vemos o passadiço e parece-nos ver também pessoas, tão longe ainda estamos. Caminhamos mais e fomos vendo locais de observação, descanso e guardas que fomos encontrando pelo trajeto. Estes vão controlando se as coisas correm com normalidade. É expressamente proibido fumar ao longo de todo o percurso, há que ter cautelas, pois caso haja aqui algum foco de incêndio é muito grave e alguns locais têm árvores e arbustos. Já estamos a preparar-nos para atravessar uma ponte pênsil que liga as duas margens, há neste local um guarda que controla a passagem, esta não pode ter mais do que dez pessoas a passa-la. Aqui é quase obrigatório parar no seu meio para observar e tirar umas fotos. Depois de transpor esta ponte segue-se uma descida íngreme de várias escadas a percorrer uma parede em rocha que nunca mais acaba, por fim chegamos ao final, mas ainda temos pela frente um penoso percurso por meio da montanha, este com descidas e subidas para irmos  apanhar o autocarro que nos vai levar ao ponto de partida.
Fomos capazes de demorar mais uma hora a fazê-lo. Regressamos depois de fazermos mais uma volta pelo meio da serrania com imensas curvas e o autocarro completamente cheio, tanto mais que viajamos de pé com muitas pessoas nas mesmas circunstâncias, acho que é exagero e o perigo espreita a cada curva que vamos fazendo. Conseguimos um local excelente para dormir com uma vista soberba sobre o lago de uma barragem. Mais adiante o restaurante onde fomos jantar e beber uma boas cervejas, estava calor  e nós cansados a precisar de deascansar.
Nesta noite vimos o jogo de abertura do europeu que está a realizar-se em França com o jogo entre a anfitriã e a Roménia em que a França acabou por vencer 2-0, não foi um jogo vistoso. Amanhã iniciaremos mais um trajeto para visitar  uma cidade que fica a cerca de 70km.



Dia 11 de Junho



Acordamos, está um dia espetacular, o sol a brilhar, um calor ameno e um silêncio pouco usual, sem dúvida estamos mesmo no meio das montanhas com uma pequenita vila aqui mais a baixo. Preparadíssimos para a nossa 2ª etapa que não vai ser longa como a de ontem, mas não menos importante. Estamos a percorrer uma estrada com muitas curvas sobre as montanhas. Dizemos; destas paisagens não as temos em Portugal é que não há nada parecido que seja, mais se parece com uma zona que fizemos há anos no Rajastão na Índia quando íamos a caminho de Jaipur, isto apenas a compararmos o terreno e vegetação. Ao fim de algum tempo começamos a ver o nosso destino de hoje, nada menos do que Ronda. Chegamos e quase de imediato deparamos com imensa gente que se encaminham para o centro.   Ao longo desta manhã visitamos muitos locais históricos para depois almoçarmos numa das ruelas bem instalados numa mesa colocada na rua. Foi um bom almoço tipicamente da Andaluzia, acompanhado com uma boa cerveja espanhola.
Há imensos autocarros de excursões, algum trânsito e fomos estacionar a nossa viatura num parque situado nas caves de um prédio, onde o espaço de acesso era tão mau que a circulação para entrar e sair é ao contrário, entramos pela esquerda para os outras fazerem o trajeto pelo lado contrário. Tentamos chegar ao local que eu já tinha visto em fotografias, mas não temos qualquer mapa ou indicação de que é para a frente ou para algum dos lados. Nossa intuição levou-nos ao fim de algum tempo lá. Encontramos a dita ponte que nos fazia pensar como foi possível numa época tão remota ser erigida para ligar dois lados que são separados por uma garganta com muitos metros de profundidade ou sejam 98 metro. Em tempos ainda mais remotos esta cidade era ligada por mais duas pontes que se situam na parte mais baixa da cidade ou seja para ir ao outro lado que fica a poucos metros era necessário descer uma grande ladeira para passar uma dessas pontes para subir no lado oposto aquela vereda bem íngreme.
Pela tarde continuamos o nosso percurso, fomos visitar a parte baixa da cidade onde ainda existem muralhas árabes,  e onde a beleza do casario é constante, tudo muito bem conservado e a limpeza perdura.
Ainda passamos umas boas horas  desta tarde apreciar esta cidade, para depois iniciarmos outra etapa que nos vai levar a Estepona. Começamos a andar e lá estávamos a percorrer uma serrania que nunca mais tinha fim, curvas e mais curvas que nunca mais acabam, grandes subidas seguidas de descidas, quando chegamos fomos arranjar local para dormir, pois iremos ficar por aqui duas noites. Foi fácil e barato. Resolvemos ainda ir até à praia que fica do outro lado da rua, pena é que a areia é negra e há muitos seixos junto à água. Ainda fica-mos duas horas na praia, apanharmos um pouco de sol e descansarmos. Cerca das 9h00, fomos jantar num restaurante na praia onde comemos umas sardinhas assadas e uma salada, gigante caesar, tudo nos trinques. Fomos comendo e assistindo neste ambiente fabuloso a mais um jogo para o campeonato da Europa. Regressamos ao nosso hotel para o descanso dos guerreiros.

Dia 12 de Junho


Não temos qualquer programa definido para hoje tanto podemos ir até Málaga, Torremolinos ou Antequera. O certo é que não queríamos fazer grande caminhada e resolvemos ir até Marbella.
Mas antes estivemos na praia para apanhar mais duas horas de sol. Boa aposta esta, fomos conhecer a parte antiga desta cidade, julgávamos nós que eram só prédios altos e novos, mas que engano. Embrenhamo-nos nas ruelas e vimos pátios e praças totalmente floridos, imensos restaurantes com grandes esplanadas a encher as ruas e mais uma vez os prédios restaurados e com grandes floreiras nas sacadas e janelas, um autentico jardim de encantar. Já cansados de andar e o calor abrasador fomos almoçar a um hotel, onde abundam pratos mais económicos e bem confecionados.
De tarde enveredamos por ir a um jardim onde havia uma festa, aqui reparamos que são as festas populares de Marbella. Um autentico arraial, muito parecido com os desta época que se fazem em Portugal.
Também deu tempo para irmos até à marina ver os barcos, aqui fomos enganados, íamos à espera de ver grandes veleiros, nada disso, apenas barcos pequenos. Já foi tempo em que aqui paravam grandes veleiros, hoje nem pensar. O mal está por todo o lado, grandeza, esqueçam, coisas baratinhas, quanto basta.
Regressamos a  Estepona para depois dar-mos mais uma volta pela nossa praia. À noite jantar na praia e ao mesmo tempo apreciar mais um jogo de futebol entre a Alemanha e a Ucrânia, resultado final 2-0. Eu até gostava que a Ucrânia ganhasse, mas não aconteceu, apesar de ter feito um bom jogo.

Dia 13 de Junho

The final countdown – quase isto, hoje não é mais do que o regresso à nossa casa, sita da Tapada das Mercês. Estamos preparados para arrancar à vontade é sempre a mesma, ou seja nenhuma, não temos vontade de regressar.
Vamos iniciar o regresso mas temos de tomar o pequeno almoço, andamos poucos quilómetros e ao começar a subir a serra, eis o local ideal, uma pequena tasca à beira da estrada e lá vamos nós ao mata bicho. Comemos dois bocadilhos de jamon serrano um sumo de laranja natural e um café com leche, estava tudo bom e no final quando pagamos, não fomos enganados, saímos satisfeitos para a próxima etapa que se vai desenrolar ao longo de vários quilómetros pelas montanhas em direção a Sevilha. Mais uma paisagem linda, algum trânsito, fomos encontrando polícia e radares pelo caminho. Isto em Espanha de excesso de velocidade está complicado há imensos controlos e vemos que os espanhóis têm muita atenção com a velocidade. Vamos esperar que não sejamos surpreendidos com alguma multa, vamos com cuidado mas uma descida o carro embalada e lá está a polícia. Eles colocam-se em locais estratégicos e ao menor descuido somos apanhados. Sou dos que acreditam que a velocidade não é o principal fator para o acidente.
Já passamos Sevilha e vamos daqui a pouco entrar na montanha que nos leva até Aracena, estamos a pensar fazer uma paragem nesta terra, pois já passamos por lá tantas vezes e nunca fizemos uma paragem para dar-mos uma olhadela.
Vai imenso calor, já estamos a ficar com um ratito no estomago, razão para procurarmos uma sombra, fazermos uma pequena paragem para comermos umas laranjas que trazemos e esticarmos as pernas. Arrancamos em direção a Aracena  e como era o nosso intuito fomos visitar a cidade, dirigimo-nos até ao cimo para visitar o castelo, daí avistamos toda a vila e concluímos que pouco mais tem para se ver, não passa de um local vulgar, apenas tem turismo por causa das grutas, dizem que são belas. Mais umas fotos e estamos a caminho de Portugal onde vamos comer um queijinho de Serpa e beber uma boa cerveja.
Acertamos na muge, entramos em Serpa percorremos algumas ruas e vimos uma pequena mesa à porta de um café, foi quanto bastou para pararmos mais adiante e irmos a esse local. Mandamos vir o que tínhamos combinado, arranjaram-nos um queijo de Serpa, uma especialidade, mais o pão alentejano e por fim a imperial estava mesmo gelada. Ficamos contentíssimos para o finalizar destes quatro dias, correu tudo às mil maravilhas, vamos começar a fazer o último percurso até casa. Preparados para mais fins de semana prolongados ou quase umas miniférias.
 

Sem comentários:

Enviar um comentário

O Misterioso Iraque - 2025

O MISTERIOSO IRAQUE EXPEDICAO MESOPOTANIA